quarta-feira, 27 de junho de 2012

VICENTE PIRES IRREGULAR. A QUEM INTERESSA?

O Setor Habitacional Vicente Pires agoniza perante a incerteza e uma nova associação surge para resgatar as lutas que podem levar a cidade ao rumo que todos anseiam

(*) Por Geraldo Oliveira: proprietário do Blog Vicente Pires Alerta

O blog Vicente Pires Alerta vem há muito tempo chamando a atenção da população e das autoridades para as consequências de se postergar a regularização. De um local com natureza exuberante e promessa de qualidade de vida no passado, nosso setor se vê hoje ameaçado pelo crescimento desordenado, pelos danos ambientais e pela especulação imobiliária. Preocupa a atual situação de incerteza quanto ao futuro da cidade, pois não há um rumo definido ou planejado para a Vicente Pires que sonhamos. Queremos uma cidade regular e nossas escrituras nas mãos, com postos de saúde e escolas públicas construídos no quarteirão ao lado. Desejamos também serviços de segurança pública rondando nossas casas, transporte eficiente e tudo mais que representa qualidade de vida para uma região. Mas por que o acesso a tudo isso se torna cada vez mais incerto? A população de Vicente Pires já parou para pensar nas reiteradas promessas de regularização e no seu imediato esquecimento? Por que isso e a quem interessa esse rumo tortuoso que a cidade está tomando? São questões cujas respostas podem estar à nossa frente, mas para a grande maioria de nós elas são terreno para a especulação e para o imaginário. Minha vivência na Câmara Legislativa ao longo de 19 anos me aponta algumas certezas sobre tais questionamentos. E uma delas diz respeito à capacidade que uma população tem de se mobilizar, posto que sem ela não demonstra força. Durante tal período, presenciei comunidades inteiras do Distrito Federal, sindicatos, entidades de classe e grupos econômicos lutando para conquistar ou garantir espaço por lá. Com Vicente Pires não acontece isso e creio que jamais vai acontecer, caso os líderes políticos locais, os empresários, as entidades associativas e os próprios moradores não compreendam que é preciso buscar nosso espaço ou nosso “lugar ao sol”. Seja na Câmara Legislativa, na Secretaria de Patrimônio da União – dona de fato das terras onde moramos, no Ministério Público ou quaisquer outras instâncias, sejam elas públicas ou políticas. O MOVIMENTO REGULARIZA VICENTE PIRES necessita ganhar corpo e ficar consignado perante a sociedade do Distrito Federal como o grande anseio da população daqui. Recentemente, juntamente com o editor-chefe deste Jornal e vários líderes de bairros, fundamos a AMOVIPE – Associação de Moradores de Vicente Pires, como tentativa de se buscar um novo rumo para a cidade de Vicente Pires. Digo tentativa porque se sabe o quão difícil é trilhar esse caminho da boa fé e da busca de se realizar coisas em prol do bem comum, que pode conter pedras, espinhos e rasteiras sorrateiras. A nova associação tem propostas ousadas para a cidade, e para que a entidade tenha sucesso e credibilidade, seus dirigentes sabem que é preciso haver realizações. O colegiado de líderes de bairros que a fundou sabe que não pode ficar no terreno das promessas e da especulação, pois a população está cansada de ouvi-las repetidamente. A nova entidade entende que é preciso ação e reação, ou seja, ir à luta de fato e ganhar o caminho do “trabalho de campo”. E é com esse propósito que a AMOVIPE nasceu, com o intuito de realizar coisas e ser o contraponto às situações que são contrárias ao interesse da população de Vicente Pires. É consenso dos líderes comunitários fundadores que o destino da região não pode e não deve ser conduzido por um grupo político e por uma associação apenas, pois se sabe que esse não é o melhor caminho, por ser ele suscetível a condutas que não necessariamente atendam a coletividade. Por isso que na Democracia existem as mais diversas correntes ideológicas e políticas; e há quem governa e quem se opõe aos atos de governo entendidos como ilegítimos e contrários aos interesses de um povo. Um fato curioso, acontecido na Secretaria de Estado de Regularização, Desenvolvimento Urbano e Habitação - SEDHAB nos chama atenção para a passividade de líderes locais a atos de Governo que afrontam os interesses de nossa região. A SEDHAB, por razões que a AMOVIPE não concorda, retirou Vicente Pires das discussões do projeto da LUOS – futura Lei de Uso e Ocupação do Solo, uma lei extremamente importante para nós, pois ela ditará no futuro as normas de edificação, percentual construtivo e de uso dos lotes ou unidades imobiliárias por todo o Distrito Federal. Se Vicente Pires não participar das discussões, muitos imóveis daqui terão dificuldade de obter o habite-se ou a escritura por estarem em desacordo com os padrões estabelecidos na LUOS. Alega a SEDHAB que Vicente Pires foi retirada do processo devido à impossibilidade de se definir regras para um parcelamento ainda não regularizado. Ora, isso é um total contrassenso, pois se sabe que a situação da cidade só se agrava à medida que o tempo passa. Então, não faz sentido postergar as discussões que busquem essa regularidade, excluindo-nos desse processo. A AMOVIPE, portanto, dentre o seu roll de propostas ousadas, quer se contrapor a esse tipo de atitude e ainda lutar pelo direito de a população pagar o preço justo por seus lotes. A nova associação defende a regularização diretamente com a União e não aceita a atual proposta de se transferir as terras onde está nossa cidade para a TERRACAP, cujo histórico de atuação visa estritamente o lucro. Nas condições encaminhadas atualmente, certamente o povo de Vicente Pires “pagará o pato” da especulação imobiliária e não o preço justo, ou seja, aquele que considere as condições sociais das diferentes classes de renda das famílias que habitam a região e o desconto dos investimentos feitos de próprio bolso pela população. Então, caros amigos, há um novo grupo de pessoas se articulando por Vicente Pires, que quer lutar pelas questões éticas, pelo interesse realmente comum e pelo rumo certo que a cidade precisa trilhar. As filiações ocorrerão em breve, não acarretarão mensalidades e o objetivo da associação é ter representatividade e legitimidade para defender a região.

Até o próximo mês e um grande abraço a todos.

(*) Geraldo Oliveira é blogueiro desde 2010, tendo liderado o movimento intitulado MOVIMENTO VICENTE PIRES ALERTA, que culminou no fim da erosão da Rua 10 de Vicente Pires, entre as ruas 3 e 5. Em 2011, ele conseguiu algumas emendas na Câmara Legislativa para Vicente Pires, sendo uma delas para a construção da quadra de esporte da Escola Classe Vicente Pires, ao lado da Feira do Produtor. Atualmente, Geraldo é uma referência de luta para as questões de interesse de Vicente Pires na Câmara Legislativa.

Um comentário:

  1. Parabéns a nova associação AMOVIP, ela será um ponto de equilíbrio na liderança da nossa cidade.
    Em relação a LUOS essa retirada da Vicente Pires das discussões é uma falta de respeito com a Cidade e com os delegados da conferência. é uma inteira irresponsabilidade de quem tomou essa decisão desrespeitando a todos nós!

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