quarta-feira, 4 de julho de 2012

Riqueza com verba pública

CONVÊNIOS SUSPEITOS

Apoiada por deputados, Oscip comandada por jovem recebeu R$ 100 milhões da União, de estados e de prefeituras

Maria Clara Prates e
Ezequiel Fagundes

Uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) está engordando seus cofres com verbas públicas, o que chamou a atenção da Polícia Federal e dos ministérios públicos Federal e Estadual de Minas Gerais. Com escritório num prédio discreto em Belo Horizonte, o Instituto Mineiro de Desenvolvimento (IMDC) recebeu cerca de R$ 100 milhões nos últimos quatro anos, de acordo com estimativa de publicações oficiais. A entidade teve um providencial reforço de caixa do Projovem, do Ministério do Trabalho e Emprego, do qual detém praticamente o monopólio em Minas, com ajuda do deputado federal Ademir Camilo (PDT-MG), considerado o pai do programa no estado. O parlamentar e o presidente do IMDC, Deivson Oliveira Vidal, 29 anos, não raro eram vistos a bordo de um avião particular rumo a inaugurações em municípios carentes às vésperas da eleição. Para abocanhar parte da mesma verba em São Paulo, o empurrão veio do deputado federal Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força Sindical, correligionário de Ademir Camilo.

O instituto, que deveria ser sem fins lucrativos, cresce a olhos vistos, vendendo serviços que vão da construção de cisternas à produção de eventos de axé music. Mas os serviços nem sempre são entregues e os contratos cumpridos, conforme auditoria do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome feita em 2009. Somente em 16 convênios, entre 2007 e 2010, foram repassados à Oscip pela União, estados e prefeituras mais de R$ 50 milhões. Na maioria dos casos, com dispensa de licitação.

Fenômeno

À frente dessa caça ao tesouro público está Deivson Vidal, que se mudou de um bairro de classe média da capital mineira para um luxuoso condomínio de mansões. Lá, ergueu um belo sobrado, equipado com piscina, sauna, churrasqueira e um spa. Na garagem, guarda pelo menos dois carros importados, um Pontiac conversível e um Volvo XC-60, avaliados em R$ 400 mil.
A pouca idade também não o impediu de se associar a empresários de sucesso, como Vitor Márcio Nunes Feitosa, diretor da Grupo MMX Mineração, de Eike Batista. Segundo registros da Junta Comercial de Minas, Deivson e Vitor são sócios na empresa Conquistar Consultoria Empresarial, que tem como sede o mesmo endereço do IMDC e seria especializada na locação de mão de obra especializada.

Laranjas

Além de parceiros de prestígio, Deivson recorreu a sócios testa de ferro para compor as suas empresas. Uns emprestaram o nome. Outros são donos de firmas parceiras da União, de estados e prefeituras. A simplicidade do encarregado de obras José do Carmo de Assis deixa claro que ele passa longe do estilo de vida de um empresário, apesar de seu nome figurar como sócio de Deivson na Cooperativa de Núcleo Avançado e Tecnológico Ltda. Ele descobriu a sociedade quando teve problemas com o Imposto de Renda. “Foi uma surpresa danada porque não autorizei nada.”

Fonte: CORREIO BRAZILIENSE

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