sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Agnulo Queiroz montou central de espionagem


Agnelo Queiroz


07/08/2012

Agora é a Polícia Federal que afirma que governo Agnelo montou central de espionagem. VEJA deu a notícia na revista que começou a chegar aos leitores em 14 de abril

Em abril deste ano, a VEJA informou que o governo Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, havia montado uma central de espionagem para bisbilhotar adversários políticos, jornalistas e até aliados. É… Tem uma minoria aí que não gosta da revista, né? A gente entende por quê. Pois bem. Leiam trecho do que informam Fernando Mello e Filipe Coutinho, na Folha de hoje. Volto depois:

*

Relatório da Polícia Federal aponta “fortes indícios” de interceptação ilegal de e-mails para obter informações “privilegiadas/antecipadas, de interesse do governo do Distrito Federal”, na gestão do petista Agnelo Queiroz. O relatório, baseado em grampos autorizados durante a investigação que levou à prisão de Carlinhos Cachoeira, é o primeiro documento da PF que liga o governo do Distrito Federal à espionagem de adversários políticos. O relatório elenca cerca de 30 conversas em janeiro e fevereiro. O suposto esquema de arapongagem é indicado por diálogos entre o sargento da reserva da Aeronáutica Idalberto Matias, o Dadá (ligado a Cachoeira e, segundo o relatório, próximo ao governo local), o agente aposentado da PF Joaquim Thomé e Marcello Lopes, o Marcellão, ex-assessor de Agnelo.

Nos áudios, eles citam uma pessoa chamada de “chefe” e “Claudinho”, que a polícia suspeita ser o ex-chefe de gabinete de Agnelo, Cláudio Monteiro -que deixou o cargo após ser apontado como o contato do grupo de Cachoeira na cúpula do governo. O relatório sugere aprofundar investigações sobre o esquema. Segundo a PF, Thomé passava e-mails a Dadá, que os repassava a Marcellão, que os entregava a Monteiro. Num diálogo, o agente aposentado diz estar “vendendo serviço” ao governo. Em outro, Dadá diz a Thomé: “O governador vai cumprir. Ele não vai falhar não, entendeu?” A PF usa essa conversa como exemplo de que o destino das mensagens obtidas ilegalmente seria “Claudinho”.

(…)

Voltei

Leiam agora trecho da reportagem de Rodrigo Rangel, da VEJA, que começou a chegar aos leitores no dia 14 de abril:

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A ação ilegal de arapongas a serviço do governador está sob investigação do Ministério Público do Distrito Federal. Policiais militares formalmente lotados no palácio do governo, a poucos metros de seu gabinete, violaram sistemas oficiais de informações, inclusive da Receita Federal, para levantar dados sobre alvos escolhidos pelo gabinete do governador. A bisbilhotagem, até onde os investigadores já descobriram, começou no fim do ano passado e teve como vítima o deputado federal Fernando Francischini, do PSDB do Paraná. Delegado da Polícia Federal, Francischini tornou-se inimigo de Agnelo depois de defender publicamente a prisão do governador com base em documentos que comprovariam uma evolução patrimonial incompatível com os vencimentos do petista. A partir daí, começaram a circular em Brasília dossiês com detalhes da vida privada do deputado, que registrou queixa na polícia. O Ministério Público, então, passou a investigar a origem das informações que constavam nos dossiês. Para identificar os responsáveis, foram feitos pedidos de informações a órgãos que gerenciam os bancos de dados oficiais.

As primeiras respostas vieram do Ministério da Justiça, que mantém sob sua guarda o Infoseg, sistema que reúne informações sobre todos os brasileiros – desde números de documentos pessoais até endereços e pendengas com a Justiça. Abastecido pelas polícias do país e protegido por sigilo, o sistema só pode ser aberto por funcionários autorizados em investigações formais. Cada acesso deixa registrada a senha de quem fez a consulta. Seguindo esse rastro, os investigadores descobriram o nome de dois policiais militares de Brasília que haviam consultado informações sobre o deputado Francischini no fim do ano passado, justamente no período em que o parlamentar fez as denúncias contra o governador. Responsáveis pela arapongagem, o subtenente Leonel Saraiva e o sargento Itaelson Rodrigues estavam lotados na Casa Militar do Palácio do Buriti, a sede do governo do Distrito Federal. Detalhe: as consultas haviam sido feitas a partir de computadores do governo localizados dentro do palácio. Identificados os dois militares, o passo seguinte foi conferir no sistema as outras fichas consultadas por eles. Descobriu-se que os policiais haviam violado informações sobre mais de 20 indivíduos, todos desafetos do governador. Uma das vítimas foi o promotor de Justiça Wilton Queiroz de Lima, coordenador do Núcleo de Inteligência do Ministério Público de Brasília e responsável por algumas das principais investigações que envolvem a gestão de Agnelo”

(…)

27/06/2012
Escuta indica aval de Agnelo a grupo de Cachoeira

Governador do DF avalizou exploração de linhas por contraventor, via Delta, antes de licitação

Por Fábio Fabrini, no Estadão:

Novas escutas da Polícia Federal indicam que o governador Agnelo Queiroz (PT) deu aval para que o esquema do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, explorasse linhas de ônibus no Distrito Federal antes de a licitação para o serviço ser lançada.Conforme as interceptações telefônicas, obtidas com autorização judicial, os diretores da Delta Construções, empreiteira suspeita de envolvimento no esquema do contraventor, chegaram a marcar uma reunião com o petista para 29 de fevereiro, dia em que foi deflagrada a Operação Monte Carlo, com a prisão de Cachoeira e vários integrantes do grupo.

Numa das conversas, de 27 de fevereiro deste ano, o araponga Idalberto Matias, o Dadá, relata ao ex-diretor da empreiteira no Centro-Oeste, Cláudio Abreu, que interlocutores de Agnelo, entre eles o ex-servidor da Casa Militar Marcello Lopes, o Marcelão, lhe deram sinal verde para que a empresa entrasse no negócio. “Tivemos uma reunião com o camarada lá ontem, o ‘xará’, eu e o Marcelão. Ele falou para avisar para você que quarta-feira está marcada a reunião. Se o assunto for ônibus, o governador quer fechar com a empresa. Se for outro assunto, ele está à disposição”, informou Dadá.

Os dois também citam uma suposta interferência de assessores do vice-governador do DF, Tadeu Filippelli (PMDB), em favor da Delta. Em outro telefonema, interceptado horas depois, Abreu diz ter recebido de pessoas ligadas ao peemedebista o mesmo aval: “Fechou o circuito, porque o pessoal do Filippelli já tinha ontem (26/2) falado para nós que já estava fechado. E agora vem o governador falar isso também. Então, ficou bom demais, né?”. A licitação para o serviço de ônibus foi lançada em 10 de março, mas o Tribunal de Contas do DF (TC-DF) a suspendeu em maio, alegando falhas no edital. A decisão foi tomada antes da abertura de propostas, o que, segundo a Secretaria de Transportes do DF, impossibilita saber quais empresas estavam no páreo.

Às vésperas da suposta reunião com Agnelo, Abreu foi ao Rio de Janeiro e acertou a participação do principal acionista da Delta, Fernando Cavendish, e do diretor executivo da empreiteira, Cláudio Abreu, no encontro. “Eu e o Fernando vamos estar amanhã com o governador. O negócio está marcado lá, amanhã à tarde, e parece que o governador mandou o homem pagar a gente”, diz ele a um funcionário, em conversa de 28 de fevereiro.

21/06/2012
Empresa ligada a casal que vendeu imóvel para Agnelo é acusada de superfaturamento pela CGU

Por Breno Costa e Filipe Coutinho, na Folha:

Uma empresa ligada à família de quem o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), comprou sua casa foi beneficiada por um superfaturamento de R$ 670 mil em uma licitação realizada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) quando o petista era um dos diretores da instituição.A constatação é de uma auditoria do governo federal, à qual a Folha teve acesso.

Agnelo comprou uma casa do casal de empresários Glauco Santos e Juliana Suaiden, em março de 2007, por R$ 400 mil. Um imóvel no mesmo local, hoje, não vale menos de R$ 1 milhão, dizem corretores. A empresa contratada pela Anvisa e objeto da análise da CGU (Controladoria-Geral da União) é a F.J. Produções, uma produtora de eventos. Ela pertence ao irmão de Juliana, Jamil Elias Suaiden.

O contrato, de R$ 4,2 milhões, foi assinado em dezembro de 2008. O superfaturamento foi constatado ao comparar a licitação da Anvisa com outra, realizada pelo Ministério da Educação dois dias depois, também vencida pela F.J. Do MEC, a empresa cobrou R$ 40 por metro quadrado para montar estandes. Da Anvisa, o valor foi R$ 250.

Os documentos obtidos pela Folha mostram a assinatura de Agnelo em uma das principais irregularidades. Ele autorizou a contratação de serviços em um dos eventos promovidos pela Anvisa com base no contrato firmado com a F.J. Produções.

14/06/2012
Agnelo foi treinado por Dirceu, Renan e por terapeuta

Por Maria Lima e Junia Gama, no Globo:

O que os aliados mais temiam era que o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), gaguejasse e se enrolasse nas explicações à CPI mista do caso Cachoeira. Além da tropa de choque do PT, de aliados do governo e de políticos de Brasília, a surpreendente segurança e desenvoltura demonstradas pelo petista foi construída com a orientação de políticos tarimbados como José Dirceu e o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL). Mas, sobretudo, em sessões de terapia com uma especialista em gerenciar crises e ajudar no controle das emoções: a jornalista-terapeuta goiana Olga Curado. A mesma que treinou a então candidata Dilma Rousseff para a campanha presidencial .

Terapeuta do ex-presidente Lula, do governador Geraldo Alckmin e de outros candidatos, Olga Curado mistura em suas sessões técnicas de Gestalt — onde o paciente é estimulado a gritar e a rolar no chão para liberar emoções e ganhar confiança — com aikidô e budismo. Ao invés de se retrair, Agnelo chegou na ofensiva, respondendo a todas as perguntas. “Toda a preparação que ele fez, o “media training” e a terapia com a Olga Curado, valeu 50% do seu bom desempenho. O resto, ele aprendeu vendo o depoimento do Marconi Perillo. Seu grande receio era não conseguir explicar a compra da casa que vale R$ 5 milhões por R$ 400 mil”, contou um dos líderes aliados que estiveram com Agnelo nos últimos dias.

A decisão de oferecer à CPI a quebra dos sigilos foi acertada em reunião na véspera, com seus advogados e deputados petistas. A estratégia foi se diferenciar de Perillo, que, na véspera, não aceitou abrir seus dados à comissão.

13/06/2012

Para evitar a ópera bufa — Que tal quebrar os sigilos bancário, fiscal e telefônicos dos Leporellos? Ou: Que brasileiro com a renda de Agnelo mora numa mansão de R$ 4 milhões?

A CPI, já escrevi, caminha para o naufrágio e para a farsa — embora nem todos lá sejam farsantes. Mas a maioria dá o tom. E ponto final. Há muitos outros assuntos importantes no país. Mesmo assim, volto à dita-cuja para destacar algo que me parece relevante. Depois da CPI do PC Farias, é muito difícil um malandro ser pego na quebra de sigilo bancário, fiscal e até telefônico. Este então… A, se me permitem o neologismo, falastronice de Cachoeira e amigos nos telefonemas é mais evidência de certo amadorismo do que outra coisa. “Bandido federal”, parafraseando Drummond, não é pego nesse tipo de conversa ou em quebra de sigilo. De resto, se vocês notarem bem, os papos de Cachoeira, Demóstenes e a turma toda mandam a ética para o ralo, sim, mas revelação de crimes, propriamente, não há — no máximo, podem-se fazer ilações a partir de fragmentos de conversa. Sabem por quê? Porque as próprias personagens sabiam que estavam sendo grampeadas. Com alguma frequência, tentam falar por códigos.

Assim, mesmo com a eventual quebra dos sigilos, a chance de que algo de significativo apareça é, acho eu, remota. Políticos fazem milagres no Brasil. Vejam o caso de impoluto Agnelo, que hoje foi mais elogiado pelos petistas do que os portugueses por Camões em Os Lusíadas. Que brasileiro, com a renda que ele tinha — e é político faz tempo —, mora numa mansão avaliada em R$ 4 milhões? Como é que as mansões se multiplicam na mão dessa categoria com tanta facilidade? Com tanta gente para comprar a casa de Perillo, tinha de ser justamente alguém ligado a Cachoeira a fazê-lo? Com tanta gente vendendo casa, Agnelo tinha de comprar justamente a de um empresário que dependia de uma assinatura sua para fazer negócios com a Anvisa? Mais: esse mesmo empresário mantém negócios em parceria com… familiares do governador!

Em seu depoimento, o governador do Distrito Federal disse confiar integralmente em Cláudio Monteiro, assessor que foi demitido nos primeiros dias da crise. Gravações sugerem que ele teria recebido uma espécie de pensão da quadrilha. Muito bem! Se Agnelo tem tanta segurança de que a quebra de seus sigilos nada revelará, ficaria tão à vontade se também fossem abertos os de membros de sua família e do tal Monteiro? Este senhor, sabem os que acompanham a carreira de Agnelo há bastante tempo, está para o atual governador do Distrito Federal mais ou menos como Leporello estava para Dom Giovanni. Na nossa ópera bufa, os sigilos dos Leporellos são muito mais importantes do que os de seus senhores.

Assim, fica aqui a minha dica de boa-fé para que a CPI não morra por inanição, embora saiba ser um esforço inútil: que tal quebrar os sigilos fiscal, bancário e telefônico dos Leporellos e familiares?

Para encerrar, um constraste até jocoso: é mais difícil, do ponto de vita da lógica, alguém como Perillo vender uma casa por R$ 1,4 milhão (que fosse por R$ 2,2 milhões, como acusam alguns), ou alguém como Agnelo comprar uma avaliada hoje em R$ 4 milhões? Onde há maior concentração de milagre?

13/06/2012

PGR pede abertura de 2 inquéritos contra Agnelo e 1 contra Perillo

Por Laryssa Borges, na VEJA Online:

Apesar de os governadores de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), não terem sido acuados nos depoimentos que prestaram à CPI do Cachoeira, no Congresso Nacional, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, impôs a ambos um desgaste político nesta quarta-feira. O chefe do Ministério Público Federal confirmou ter pedido nesta terça ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) a abertura de dois inquéritos contra o governador petista e um contra o tucano. Todos os casos correm em segredo de justiça.

Contra Agnelo e Perillo, o procurador-geral vê indícios de crimes relacionados à operação Monte Carlo, da Polícia Federal, que desbaratou um esquema de exploração de jogos de azar e cooptação de autoridades públicas e privadas pelo bando do bicheiro Carlinhos Cachoeira. Para ele, estão mal explicadas questões como a venda da mansão de Perillo ao empresário Walter Paulo, em Goiânia, com uma suposta intermediação do contraventor. No caso de Agnelo, as suspeitas dão conta, por exemplo, de haver possibilidade de irregularidades no governo do DF pelo fato de o ex-chefe de gabinete do petista, Cláudio Monteiro, receber propina da quadrilha do contraventor para facilitar a infiltração da construtora Delta no governo local.

Ao STJ, Gurgel ainda pediu a abertura de outro inquérito contra o governador do Distrito Federal por supostas irregularidades na época em que ele era diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

À CPI, Agnelo Queiroz disse hoje abrir mão de seus sigilos bancário, fiscal e telefônico para comprovar que ele não mantinha relações escusas com o contraventor Cachoeira. O governador também disse manter a confiança em Cláudio Monteiro. Agnelo também sustentou a tese de que não houve cooptação de seu assessor porque os objetivos da quadrilha não foram atingidos. Admitiu, no entanto, ter se encontrado uma vez com Carlinhos Cachoeira ao visitar uma indústria farmacêutica do bicheiro quando era diretor da Anvisa.

Em depoimento na CPI do Cachoeira, Marconi Perillo negou ter participado de qualquer esquema fraudulento na venda de sua casa em Goiânia e disse que, se houve irregularidades na venda do imóvel, elas se devem ao ex-vereador Wladimir Garcez, intermediário da negociação. Afirmou também que não pode responder por terceiros que usaram seu nome “de forma irresponsável”. Negou ter atendido aos interesses da quadrilha em seu governo e disse não ter qualquer proximidade com Carlinhos Cachoeira, a quem classificou como um “empresário”.

“Agnelo maravilhoso, heroico, ético, impoluto, espetacular, impecável, sensacional, formidável, extraordinário, genial, severo, correto…” A CPI já era sem nunca ter sido! Ou: Ninguém aguenta a proporção de sete elogios para três críticas!!

A cada momento fica mais evidente: os petistas atuam na CPI segundo uma estratégia de redução de danos. Há, sim, um Collor ou outro que ainda insistem na pauta original — a saber: atingir a Procuradoria-Geral da República, o STF, a imprensa e a oposição —, mas o partido do poder já se dá por satisfeito hoje em atingir a reputação do governador Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Está de bom tamanho. O verdadeiro objetivo da maioria governista da CPI, com uma exceção ou outra, é blindar a Delta. Se der para pegar um representante da oposição na trajetória, tanto melhor.

Por que afirmo isso? Se o PSDB atuou ontem, e atuou, para defender o governador de Goiás, a base governista montou hoje uma verdadeira operação de guerra para proteger Agnelo de si mesmo. Ele, como resta evidente, é bem mais atrapalhado do que Perillo, expressa-se com muito mais dificuldade e, com frequência, diz coisas que, transcritas, não fazem sentido. O raciocínio, com frequência, fica pela metade, perde-se em anacolutos, em frases soltas, desconectadas do eixo do discurso. Uma lástima! Isso, por si, não é prova de culpa, é evidente. Só chamo a atenção para o fato de que é uma personagem que precisa de socorro.

E o socorro veio de uma forma até um tanto vexaminosa. Se Perillo teve de se virar porque, afinal, a oposição é uma esmagada minoria na CPI, Agnelo não corre nenhum risco: é protegido pela maioria que esmaga. Se Perillo era exaltado mais ou menos à proporção de 3 para 7, as glórias de Agnelo são cantadas à proporção de 7 para 3, entenderam? A cada 10 oradores ontem, 3 faziam salamaleques para o governador de Goiás; a cada 10 que falam hoje, 7 cantam as obras de Agnelo, o probo, em prosa ruim e verso pior. O resultado reflete a composição da comissão: 30% oposição; 70% governo.

Resultado previsível

Exceção feita a algum evento extraordinário, que force outro rumo — alguém que decida botar a boca no trombone, um documento bombástico que surja de alguma escavação —, o resultado dessa CPI é previsível, a despeito da presença de parlamentares bem-intencionados: uma farsa patrocinada pela base governista, muito especialmente pelo PT, que vai se negar a investigar o principal: a rede criminosa montada pela Delta. De tal sorte criminosa que o próprio governo, seu principal cliente, decidiu declará-la inidônea. Mas PT e PMDB não querem saber de investigar.

Os petistas ficaram ontem inconformados com o desempenho de Marconi Perillo. A coisa ia tão mal que Odair Cunha, o relator, foi chamado pelo comando do partido e levou uma carraspana. Era preciso mudar o rumo das coisas. Ele voltou à mesa e protagonizou aquela cena patética, tratando o governador como investigado, quando era testemunha. Hoje, os petistas — na verdade, a base governista — decidiram fazer de Agnelo um herói maior ainda.

Se há algum interesse, como telespectador, em ver uma minoria extrema (a oposição) tentando se livrar dos ataques de uma maioria extrema (o governo), o contrário não tem graça nenhuma. Não em razão do alinhamento com esse ou com aquele lado. É que o mais forte esmagando o mais fraco é coisa de rotina, que acontece a toda hora. O depoimento de Perillo, ontem, tinha tensão narrativa. O de Agnelo ficou burocrático. Ontem, nas suas intervenções, governistas tentavam arrancar do tucano alguma contradição. A gente, do lado de cá, fica na expectativa da resposta. Hoje, com a maioria que têm, os governistas tomam a palavra para declarações incisivas como: “Parabéns, governador Agnelo”; “Sua família deve ter orgulho do senhor”; “O senhor responde tudo, governador!”; “O senhor nada deve, governador”; “Como o senhor é maravihoso, governador!”. Ah, sim: para não perder a viagem, os petistas aproveitam para atacar Perillo, tentando reverter o resultado de ontem.

O relatório

Se a Delta não for investigada a fundo, e eu acho que não vai ser, essa CPI termina como começou: movida pelo espírito de farsa — insito que essa farsa não contamina os de propósitos honestos, e os há, que lá estão. O relatório do deputado Odair Cunha (PT-MG), que será aprovado (70% contra 30%, lembram-se?), é tão previsível quanto o fato de que amanhã será quinta-feira. Apontará uma penca de irregularidades no governo de Goiás, cantará as glórias e a pureza ética de Agnelo, evitará qualquer sugestão que possa comprometer o governo federal e incluirá alguma peroração moral em favor do financiamento público de campanha. E isso terá de ser feito antes das eleições de outubro para que a peça possa ser usada como material de campanha.

Compreensível! Essa CPI começou com Lula e Dirceu tentando impor ao país o seu padrão de ética e moralidade.

13/06/2012

Agnelo, que não explicou à Justiça a compra de sua mansão, também não consegue explicá-la à CPI; casa era de empresário beneficiado por ato da Anvisa quando ele era presidente

O governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, já teve a chance de explicar a Justiça como comprou a mansão em que mora, hoje avaliada em R$ 4 milhões. Não conseguiu — como deixou claro a própria Justiça. Hoje, indagado por parlamentares de oposição, teve a chance de dar explicações convincentes. Não conseguiu de novo. Segue uma síntese do caso, feita Pela VEJA Online.

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Apesar de negar a existência de irregularidades na compra da casa onde vive, uma mansão de 550 metros quadrados em uma área nobre de Brasília, o governador Agnelo Queiroz, do Distrito Federal, se enrolou ao não comprovar a origem dos recursos que permitiram a aquisição do imóvel. O petista, que depõe à CPI do Cachoeira nesta quarta, pagou 400 000 reais pela casa em 2007. Um ano antes, ele havia declarado à Receita Federal ter um patrimônio de apenas 224 000 reais.

Agnelo, que fala à CPI nesta quarta, processou os jornalistas que fizeram reportagem sobre a venda da casa. Durante o processo, o petista foi instado pela Justiça a apresentar sua declaração de imposto de renda que poderia comprovar a origem dos recursos usados na transação. O petista se negou: mostrou apenas os comprovantes de que havia entregue sua declaração do imposto de renda. “Esses extratos não demonstram sequer que a aquisição da casa foi incluída nas declarações de IR”, afirmou a juíza Priscila Faria da Silva.

A magistrada condenou o governador a pagar 3 000 reais aos jornalistas. À CPI, Agnelo prometeu comprovar a origem dos recursos usados na compra do imóvel: “Isso será reparado absolutamente. Vou fazer isso”, disse. Agnelo afirmou ter renda familiar suficiente para adquirir a casa com um ano de economias.

De quem era a casa?

O antigo dono do imóvel, o empresário Glauco Santos, é dono de uma empresa que, meses depois da transação, foi beneficiada por um ato assinado diretamente por Agnelo – então diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária: o petista firmou a permissão de funcionamento da companhia de Glauco.

Agnelo não vê problema em ter referendado o ato: “É um atestado absolutamente simples”, disse. Glauco Santos também se transformou em sócio da mãe e da irmã de Agnelo em franquias de restaurantes. O petista acha tudo normal. “É uma relação privada, empresarial”, afirmou.

Além da falta de comprovação da origem dos recursos, a transação chama a atenção pelo valor: os 400 000 reais não são, nem de longe, suficientes para pagar um imóvel semelhante ao do petista na mesma região. Agnelo disse não saber quanto vale, hoje, a mansão. “Não sei, não sou corretor”, respondeu ele, secamente, quando questionado pelo deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP).

13/06/2012

Perillo manda dizer à CPI que também abre mão de sigilo

O governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), decidiu declarar que abre mão de seus respectivos sigilos (ver post anterior) para tentar marcar uma diferença em relação a Marconi Perillo, governador de Goiás (PSDB), que, ontem, afirmou ser essa uma decisão da CPI, não dele. Perillo deu essa resposta quando foi tratado pelo relator, Odair Cunha (PT-MG), como investigado, o que ele não é.

Os governistas, que estão atuando como verdadeiros guarda-costas de Agnelo, estavam fazendo onda com a sua suposta disposição de abrir o sigilo, decisão que estava sendo tomada como evidência de sua lisura, em contraste com Perillo, que teria resistido.

Pois bem: o líder do PSDB na Câmara, Bruno Araújo, acaba de anunciar que também Perillo abre mão de seu sigilo e propôs que a CPI votasse isso ainda hoje. O deputado Paulo Teixeira (PT-SP), que está presidindo a comissão no momento, afirmou que o tema só será discutido pela CPI na reunião administrativa de quinta.

Agnelo diz manter confiança em assessor demitido por vínculos com Carlinhos Cachoeira

Por Laryssa Borges e Gabriel Castro, na VEJA Online:

Suspeito de manter ligações com o grupo do contraventor Carlinhos Cachoeira, o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), afirmou nesta quarta à CPI do Cachoeira que abre mão de seus sigilos fiscal, bancário e telefônico. O petista, convocado a prestar esclarecimentos sobre a ligação de sua gestão com a máfia comandada pelo bicheiro, começou a depor à Comissão Parlamentar de Inquérito pouco antes das 11h.

Na primeira parte de sua exposição, Agnelo anunciou. “Não posso conviver com desconfiança sobre minha biografia. Quero colocar à disposição dessa CPI meu sigilo bancário, fiscal e telefônico”, disse. “Quem não deve não teme. Já havia oferecido meus sigilos ao procurador-geral da República há mais de um mês”. O petista foi aplaudido por integrantes da comissão ao fazer o anúncio. A decisão de Agnelo é uma tentativa de ganhar força política – ainda mais porque, na sessão desta terça-feira da CPI, o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), recusou-se a disponibilizar seus dados sigilosos à comissão.

A suspensão da confidencialidade dos dados do petista já havia sido oferecida também ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), onde Agnelo responde a processo. A revogação dos sigilos de Perillo será analisada nesta quinta-feira pela CPI.

No depoimento à CPI, o governador também disse manter a confiança em Cláudio Monteiro, que era seu chefe de gabinete e deixou o cargo após escutas da Polícia Federal indicarem que ele recebia propina da quadrilha de Carlinhos Cachoeira para facilitar a infiltração da Delta no governo local. Agnelo sustentou a tese de que não houve cooptação de seu assessor porque os objetivos da quadrilha não foram atingidos: “A informação que eu tenho dele é essa e eu não tenho motivo nenhum para desconfiar disso, porque não teve nenhuma ação que favorecesse a Delta”.

O petista também afirmou que desconhecia a ligação de outros dois integrantes de seu governo com o grupo de Cachoeira: João Carlos Feitoza, o Zunga (ex-subsecretário de Esporte) e Marcello de Oliveira (ex-assessor da Casa Militar). Assim como Monteiro, a dupla perdeu o cargo em meio ao escândalo.

Encontro

Agnelo admitiu ter se encontrado uma vez com Carlinhos Cachoeira ao visitar uma indústria farmacêutica do contraventor, ainda quando era diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa): “Eu visitei uma fábrica da Vitapan, como fiz visitas em outros estados do Brasil”, afirmouo. “Esse foi o único contato que eu tive com o senhor Carlos Cachoeira”.

O governador iniciou seu depoimento afirmando que tem sido alvo de uma organização criminosa que estaria tramando sua derrubada do poder. O petista usou sua primeira fala ao colegiado para desqualificar as acusações de que a construtora Delta e o bando de Cachoeira teriam se infiltrado em Brasília. Assim como fez o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), em depoimento nesta terça-feira, Agnelo também questionou o uso das gravações da Polícia Federal e o suposto vazamento seletivo dos grampos, afirmando que os dados obtidos na Operação Monte Carlo foram divulgados de maneira descontextualizada.

“O grupo aqui investigado tramou a minha derrubada, um governo legitimamente eleito pelo povo do Distrito Federal”, afirmou. “E não agiu só. Valeu-se das falsas acusações plantadas, de vozes com acessos às tribunas políticas do país, da boa-fé das pessoas ao misturar mentiras e meias verdades”. Em seguida, o governador questionou os reais motivos de sua convocação: “Tudo com o objetivo de me desgastar, desestabilizar e, por fim, me retirar do governo do Distrito Federal. Esse governo estava impedindo que o crime entrasse, que se fizessem negociações, que tivesse favorecimento, que indicasse gente. Por isso queriam me derrubar”.

Grampos

O governador negou ainda à CPI que seu governo tenha grampeado ilegalmente autoridades, jornalistas e adversários políticos por meio da Casa Militar. Reportagem de VEJA revelou que a Casa Militar do governo acessou dados pessoais de opositores e jornalistas. “Jamais vou permitir que a Casa Militar de um governo democrático possa adotar qualquer atitude nesse sentido”, disse o petista.

Crescimento de patrimônio

Durante depoimento, Agnelo também negou irregularidades em seu crescimento patrimonial – a soma dos bens do petista cresceu quase 12 vezes desde 1998. “Com a quebra dos sigilos você tira qualquer tipo de ilações. Abro meu sigilo para que possam ser checadas todas as informações necessárias que demonstram que tenho patrimônio compatível”, disse. “Não quero nenhum tipo de suspeição sobre minha vida. Não posso ouvir aleivosias dessa ordem”, declarou ele, recebendo apoio do relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG). Agnelo Queiroz encaminhou ao colegiado declaração de nada consta do Imposto de Renda dele e se sua esposa.

Documentos

O governador encaminhou à CPI documentos mostrando que o contrato da construtora Delta em Brasília foi assinado em dezembro de 2010 – antes, portanto, de sua posse. ”A Delta Construções tem apenas um contrato com o governo do DF, o de coleta de lixo e varrição e ruas em duas áreas do Distrito Federal, e esse contrato foi assinado no governo anterior. E ainda assim a mando da Justiça”, argumentou.

Agnelo Queiroz fez um balanço de quando assumiu o governo do Distrito Federal e relembrou escândalos políticos envolvendo Brasília, como a operação Caixa de Pandora, que desbaratou o mensalão do Democratas. De acordo com o governador, as acusações de que seu governo tem vínculos com o bicheiro Cachoeira são resultado de retaliação de adversários derrotados nas urnas.

“Quero dizer que vou resistir e continuar lutando contra esse povo expulso da máquina pública pelo povo do Distrito Federal”, disse. “Tenho minha consciência tranquila. A sociedade de Brasília me conhece, herdei uma cidade com escândalos e ameaça de intervenção federal”.

Protesto

Agnelo pretendia chegar à sala da CPI acompanhado por cerca de 20 deputados distritais, secretários e o vice-governador, Tadeu Filipelli. Contudo, um grupo de manifestantes contra o petista bloqueou o caminho entre a liderança do PT no Senado, onde estava o governador, e a sala da comissão. Agnelo teve de recorrer a uma passagem alternativa, pelo subsolo. A equipe do petista ficou ilhada.

O protesto contra o governador foi organizado por cerca de 15 estudantes, parte deles ligada ao PSTU. Militantes do PT também compareceram e gritaram palavras de ordem em defesa de Agnelo.


Líderes do PT e PSDB preparam bancada para depoimento de governadores

Da Agência Brasil:

Os líderes do PSDB e do PT começam a preparar suas bancadas para os depoimentos dos governadores de Goiás, Marconi Perillo, e do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira.

O primeiro a depor, nesta terça-feira, 12, será Perillo. Os petistas estão preparados para cobrar esclarecimentos sobre a venda da casa do governador goiano, local onde o empresário Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso pela Polícia Federal suspeito de explorar jogos ilegais e subornar agentes públicos. Diversas pessoas envolvidas na venda da casa prestaram depoimentos contraditórios para os parlamentares sobre a negociação de compra e venda da casa do governador.

Após reunião com as bancadas do partido na Câmara e no Senado, o líder do PT, deputado Jilmar Tatto (PT-SP), disse que os petistas irão insistir na proximidade de Marconi Perillo com Cachoeira. “Eu sei que é difícil explicar essa relação íntima que ele tem com o Carlinhos Cachoeira, que é o chefe do crime organizado em Goiás. Até porque, se existia a contravenção no estado de Goiás, a responsabilidade de combatê-la é do governador. Os delegados [da Polícia Federal] que vieram prestar esclarecimentos aqui na CPMI disseram claramente: o governador Marconi Perillo vendeu a casa dele para o Cachoeira. O Carlinhos Cachoeira foi preso pela Polícia Federal na casa que era do governador. Tanto ele era íntimo do Cachoeira que ligou para dar parabéns no aniversário”, declarou.

Já sobre o depoimento do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, na quarta-feira, 13, o líder petista garantiu que o partido estará unido para defender o governador. Agnelo é citado em gravações telefônicas feitas com autorização da Justiça pela Polícia Federal de conversas do grupo de Cachoeira com funcionários do alto escalão do governo do Distrito Federal (GDF). As gravações dão a entender que o governador do PT também se beneficiava do esquema criminoso. Além disso, a Construtora Delta, que é apontada pela PF como um instrumento de Cachoeira para o pagamento de propinas a agentes públicos, tem contratos com o GDF.

“O contrato da Delta foi uma decisão judicial. Não foi o Agnelo que contratou a Delta, que fez a licitação. Quando ele assumiu o governo do Distrito Federal tinha uma decisão judicial para manter a Delta. Mesmo assim ele fez uma auditoria no mês de janeiro, logo que assumiu, e reduziu o contrato em 40%. Então olha a diferença [entre Agnelo e Perillo]“, disse Tatto.

Já os parlamentares tucanos tentam desconstruir as denúncias sobre as relações de Perillo com Cachoeira e buscar denúncias antigas para embasar o ataque a Agnelo Queiroz. Para o líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PSDB-PR), não há contradição entre a explicação dada pelo governador goiano para a venda da casa e os depoimentos prestados até agora na CPMI. “O que eu tenho ouvido é uma só versão insistentemente repetida: o governador vendeu para [o ex-vereador Wladmir] Garcez e recebeu em cheque. Garcez vendeu para [professor] Walter Paulo [Santiago], que pagou em dinheiro. Só há uma versão. Se é um negócio lícito ou não, certamente a CPMI terá oportunidade de julgar quando votar o relatório final”, ressaltou o líder tucano.

Dias garante que o partido vai procurar ser imparcial e não atacar o governador petista gratuitamente em seu depoimento na CPMI. Mas usou um tom irônico ao se referir às explicações que Agnelo terá que oferecer aos parlamentares em seu depoimento. “Não há espaço para agressão desnecessária. O questionamento tem que ser duro, todos os fatos revelados devem ser investigados e nós vamos dar oportunidade ao governador de Brasília de esclarecer todas as denúncias que pesam contra ele. Aliás, uma enxurrada de denúncias há vários anos, antes de ser governador, depois de governador, denúncias velhas, denúncias novas. Ele terá certamente a oportunidade de responder”, disse o senador.

Gravações envolvem braço direito de Agnelo em suposto lobby na Anvisa

Por Fábio Fabrini, no Estadão

Com depoimento à CPI do Cachoeira marcado para quarta-feira, o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), está novamente na mira da Procuradoria-Geral da República, que analisa novas provas do envolvimento do petista e de seus assessores com um grupo farmacêutico acusado de sonegação fiscal, lavagem de dinheiro, formação de cartel e falsificação de medicamentos.

Escutas telefônicas em poder do órgão indicam que o laboratório Hipolabor, com sede em Minas, recorria ao atual secretário de Saúde do Distrito Federal e ex-diretor adjunto de Agnelo na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Rafael de Aguiar Barbosa, para acelerar demandas no órgão. Barbosa era braço direito do petista, que dirigiu a agência entre 2007 e 2010, quando deixou o cargo para concorrer ao Palácio do Buriti.

Os grampos foram feitos com autorização judicial na Operação Panaceia, desencadeada em Minas por uma força-tarefa integrada por Ministério Público, Polícia Civil e Receita Estadual, com apoio da Anvisa e do Ministério da Justiça. A procuradoria pediu o compartilhamento das provas e abrirá procedimento administrativo para analisá-las, disse o procurador-geral da República, Roberto Gurgel.

Como o Estado revelou em 14 de março, uma agenda apreendida durante as operação, com anotações da contabilidade da diretoria do grupo farmacêutico, registra supostos pagamentos ao petista em 2010, ano eleitoral.

Nos grampos feitos naquele ano, um dos diretores do Hipolabor, Renato Alves da Silva – preso em abril de 2011 na operação -, conversa com um representante da empresa na Anvisa, Francisco Borges Filho, ex-chefe de gabinete de Agnelo quando deputado federal, e pede a ele que Barbosa interfira num departamento da agência em favor da empresa.

De acordo com os áudios, a cúpula do laboratório estava entusiasmada com a possibilidade de Agnelo se eleger em 2010 e, assim, emplacar aliados na Anvisa. A intenção, segundo os diálogos, era que o próprio Barbosa chefiasse a agência, o que poderia facilitar demandas do grupo.

Agnelo é chamado de “Magrelo”, variação do apelido usado pelo grupo do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, nas interceptações da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal. Nelas, o governador figura como “Magrão”.

Agenda. Documentos apreendidos na Panaceia indicam ainda que o deputado Fábio Ramalho (PV-MG) servia de intermediário do laboratório na Anvisa. E-mails mostram que ele próprio marcava reuniões de interesse da empresa na agência.

A agenda com anotações contábeis registra supostos repasses a Ramalho, alguns de R$ 30 mil. Os valores vêm ao lado da anotação “Fabinho”, apelido do parlamentar. O nome e o sobrenome do deputado aparecem em documento que relaciona supostos pagamentos de viagens.

A procuradoria já recebeu as provas. Se concluir que há indícios de crime, Gurgel disse que pedirá ao Superior Tribunal de Justiça a abertura de novo inquérito contra Agnelo ou a anexação à investigação já em curso, que apura supostas irregularidades cometidas quando o petista dirigia a Anvisa. “Se as condutas são inter-relacionadas, seria no mesmo inquérito. Se são fatos diversos, seria num outro inquérito.”

Pedido. Ex-assessor de Agnelo, Borges atua em Brasília como representante de 20 laboratórios, nas suas palavras. Ouvido pelo Estado, ele confirmou ter pedido a Rafael Barbosa, de quem se diz amigo pessoal, que acelerasse a publicação de certificado de boas práticas na Anvisa. O documento é exigido para o registro de medicamentos e comercialização. Sem ele, não é possível participar de licitações públicas.


Agnelo — Ex-assessor diz que empresa prometeu doação

No Estadão:

Ex-chefe de gabinete do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), Francisco Borges Filho diz que o pagamento registrado em agenda do laboratório Hipolabor referia-se a uma doação de campanha ao petista. Segundo ele, Renato Alves Silva, diretor da empresa, lhe contou ter feito o registro visando a contribuir com R$ 50 mil na campanha de 2010. Ele alega, contudo, que o repasse não chegou a ocorrer.

Na prestação de contas de Agnelo ao Tribunal Superior (TSE) não consta nenhum repasse do Hipolabor. “A anotação era do Renato. Foi na agenda do Renato, que era para conversar com o Ildeu (Oliveira Magalhães, dono do laboratório) sobre a possibilidade de se arranjar R$ 50 mil para ajudar na campanha”, contou. “Eles prometeram, mas não deram. Não houve a doação.”

Na página de 24 de maio de 2010, a agenda traz a anotação “Agnelo” ao lado de “50.000″. No dia 30 há outro registro, aparentemente abreviado: “Agnelo: 50.”. “Era (doação), ele prometeu. Isso aí é uma falha do sistema político. Enquanto não tiver financiamento público de campanha, o caixa 2 vai nadar de braçada”, disse Borges, que diz não trabalhar mais para o Hipolabor.

Em março, o governador disse ao Estado não ter qualquer envolvimento com o grupo. Em nota, o Hipolabor negou ter feito pagamentos a qualquer pessoa de nome Agnelo, mas não explicou o que são as anotações.

O crescimento do patrimônio de Agnelo Queiroz e a incrível presença de Juliana Roriz na vida de familiares do governador do DF

Por Chico de Gois, no Globo:

O governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), que depõe na próxima quarta-feira na CPI do Cachoeira, embora seja de partido diferente do seu colega de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), terá de dar explicações sobre um fato comum: o crescimento exponencial de seu patrimônio desde 1998. Nesse período, a soma dos bens do petista subiu quase 12 vezes. Perillo, como revelou O GLOBO na semana passada, teve um aumento patrimonial de cinco vezes, mas, na conta, não estão computados cinco imóveis que o tucano deixou de informar à Justiça Eleitoral.

O porta-voz do governo do Distrito Federal, Ugo Braga, informou que “a evolução patrimonial do casal (Agnelo e mulher) deve-se ao trabalho de ambos durante 30 anos de casados”.

Do apartamento à mansão sem financiamento

No início de sua carreira política, Agnelo tinha poucos bens: apenas um apartamento, no valor de R$ 70 mil, mais três carros — um deles um Chevette 1989, avaliado, na época, em R$ 4 mil — e quatro telefones, dois dos quais celulares. Em 2010, quando concorreu ao governo do DF, a situação era bem diferente. A soma de tudo aquilo que estava registrado em seu nome, com o de sua mulher, atingia a cifra de R$ 1,150 milhão. No período de 12 anos, a frota continuou sendo de três veículos, mas todos seminovos.

O apartamento também continua em posse do casal, mas, agora, Agnelo mora em uma mansão de 549 metros quadrados de área construída, adquirida em março de 2007 por R$ 400 mil, segundo informações do 1 Cartório de Registro de imóveis, mas que, para efeitos de declaração pública, foi registrada por R$ 450 mil. Ainda segundo o cartório, a mansão foi adquirida “sem condições” e não há referência a financiamento.

Há, ainda, outros dois imóveis em Brasília — um deles, no valor de R$ 139 mil, dos quais R$ 79 mil foram financiados —, e cerca de R$ 150 mil depositados em contas e aplicações. Em 1998, ele não informou que possuía recursos financeiros.

Na eleição anterior, em 2006, Agnelo também mantinha um patrimônio modesto, que somava R$ 224 mil. Na época, suas contas bancárias somavam R$ 45 mil. Em 2002, ele entregou cópia da declaração de Imposto de Renda da esposa, atestando que tudo o que constava ali lhe pertencia também, além de uma Parati, ano 2002, que havia comprado e pela qual pagara R$ 30 mil. No total, naquele ano, os bens do casal eram de R$ 214 mil.

Nesse ínterim, além de deputado federal eleito pelo PCdoB em 1998 e reeleito em 2002, Agnelo assumiu o Ministério do Esporte no primeiro governo Lula, em 2003, e, em outubro de 2007, foi nomeado para diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), uma vez que não havia conseguido se eleger senador no pleito de 2006. A partir daí, não apenas ele, mas também sua família começaram a melhorar o padrão de vida.

Franquias repassadas para parentes

A mansão que Agnelo e a esposa adquiriram em 2007 tinha como proprietários o advogado Glauco Alves e Santos e a mulher dele, Juliana Roriz Suaiden Alves e Santos. Ela é irmã de Jamil Elias Suaiden, dono da F.J. Produções. Durante o período em que Agnelo foi diretor da Anvisa, a F.J. venceu um leilão de registro de preços para realizar 260 eventos. O preço vencedor foi de R$ 14 mil cada. O que chamou a atenção é que os demais concorrentes apresentaram propostas risíveis: R$ 23,06, o que é totalmente inexequível. Por conta disso, todas as empresas foram desclassificadas e a F.J. Produções levou a melhor.

De um faturamento de R$ 61,9 mil em 2006, a F.J. Produções passou a receber uma bolada do governo federal: R$ 4,8 milhões, em 2007; R$ 19,1 milhões em 2008; R$ 50,9 milhões em 2009; R$ 103,2 milhões em 2010; e R$ 71,3 milhões em 2011.

Juliana Roriz também aparece como sócia de restaurantes e docerias abertas em 2007 e que em seguida acabaram transferidos para parentes do governador, incluindo sua mãe, irmãs e irmão. A sequência dos negócios é sempre a mesma: Juliana abre uma franquia, permanece poucos meses e as repassa para um parente do governador. Para Agnelo, embora admita que seus parentes só conheceram Juliana e Glauco depois da transação imobiliária, em 2007, tudo é mera coincidência.


Da série “Você vai acreditar no que eles dizem ou no que diz a lei?” — Governo do DF tem contrato milionário sob suspeita. Ou: “Pequena empresa”, grande negócio!

Por Gabriel Castro, na VEJA Online:

O governo do Distrito Federal assinou contratos milionários com uma empresa controlada pelo parceiro de um ex-deputado petista sem exigir dela certificado de regularidade com a Receita Federal, como pede a lei. A beneficiada é a Master Restaurante LTDA, companhia que controla, desde o fim do ano passado, oito restaurantes comunitários que servem refeições ao preço de 1 real. A legislação exige que uma empresa apresente certificado de regularidade com o Fisco ao firmar um contrato com o poder público. No caso da Master, entretanto, a norma foi desrespeitada.

Ao menos dois dos oito contratos foram assinados em 26 de dezembro de 2011, quando a companhia não tinha certidão comprovando estar quite com a Receita. O comprovante disponibilizado pela empresa havia perdido efeito um dia antes. A Secretaria de Desenvolvimento Social admite que havia irregularidade no momento da formalização dos contratos, mas alega ter dado novo prazo para que a empresa resolvesse a situação.

Os contratos, porém, foram assinados antes que a Master apresentasse uma nova certidão. O governo afirma que, nesse período, nenhum pagamento foi feito. Mas a manobra não tem sustentação legal, como mostra a Constituição: “Na assinatura do contrato ou da ata de registro de preços, será exigida a comprovação das condições de habilitação consignadas no edital”.

Parte do sucesso da Master talvez possa ser explicado pelas ligações da empresa: o responsável pela companhia é Maurício Pinto Braga, ligado ao ex-deputado petista Juvenil Alves. Braga comandou um tribunal arbitral de propriedade de Juvenil em Brasília. O ex-deputado federal, o mais votado do PT mineiro em 2006, chegou a ser preso em uma operação da Polícia Federal e foi cassado em 2009 por ter feito caixa 2 de campanha.

Pequena empresa

Outro ponto em relação a Master chama a atenção. Embora tenha vencido a concorrência para controlar os oito restaurantes e servir 24.500 refeições por dia, – 13, 2 milhões em 18 meses de contrato – a empresa é, desde 2007, participante do Simples, um mecanismo fiscal que beneficia apenas as micro e pequenas empresas. A companhia recebeu, até agora, 4,7 milhões de reais do governo – faturamento já acima do limite máximo exigido para a participação no Simples.

O governo do Distrito Federal alega que o trâmite legal foi respeitado na contratação da companhia e afirma que o processo de seleção da Master promoveu uma economia de 10 milhões de reais por ano aos cofres públicos.

Câmara do DF enterra CPI que investigaria governo de Agnelo

Por Erich Decat, na Folha:

Deputados do Distrito Federal enterraram anteontem a CPI local criada para apurar um suposto esquema de investigação ilegal comandado por integrantes do governo de Agnelo Queiroz (PT). Na sessão para a escolha do presidente e do relator, apenas a deputada de oposição Celina Leão (PSD) apareceu -eram necessários três parlamentares. Sem a escolha, a comissão foi extinta.

Ao ser criada no dia 17 de abril, a CPI da Arapongagem, como ficou conhecida, tinha a assinatura de 11 dos 24 deputados distritais. O objetivo era apurar as suspeitas de que policiais da Casa Militar do DF investigavam ilegalmente políticos e jornalistas.”É muito negativo, chega a ser ridículo o que aconteceu”, afirmou Leão. Segundo ela, o boicote foi orquestrado pela base aliada de Agnelo.

“O jogo foi muito pesado. Chegou-se a chamar parlamentares para dizer que iriam perder as secretarias [no governo]“, disse a deputada, que deve recorrer à Justiça para ressuscitar a investigação.


Antes de falar à CPI, Agnelo se livra da Delta

Por Gabriel Castro, na VEJA Online:

Preparando terreno para o depoimento de Agnelo Queiroz à CPI do Cachoeira, na quarta-feira, o governo do Distrito Federal anunciou o rompimento do contrato que mantém com a empresa Delta, ligada ao esquema do contraventor Carlinhos Cachoeira. A companhia é uma das responsáveis pela coleta de lixo da capital federal. Só em 2012, recebeu mais de 27 milhões de reais pelo serviço.

O secretário de Transparência do governo, Carlos Higino, afirma que a decisão foi tomada após uma detalhada auditoria que detectou ilegalidades na prestação do serviço de coleta de lixo, prestado pela Delta: “Nossa auditoria constatou irregularidades na pesagem do lixo e a falta de rigor na fiscalização do governo passado, o que torna difícil descobrir onde está o erro”. O rompimento do contrato com a Delta deve estar concluído na semana que vem.

Asessores diretos de Agnelo foram flagrados em conversas telefônicas que insinuam o pagamento de propina para a manutenção do contrato com a Delta e a nomeação de um aliado da quadrilha no comando do Serviço de Limpeza Urbana (SLU). O chefe de gabinete de Agnelo, Cláudio Monteiro, e o subsecretário João Carlos Feitoza, o Zunga, foram demitidos na esteira do escândalo. Mas negam participação em um esquema de corrupção.

A decisão de romper o contrato tenta reforçar o discurso de defesa do governador. Agnelo vem alegando que o contrato com a Delta já estava em vigor quando ele assumiu o cargo e sofreu uma revisão sob seu comando. Além de problemas na execução do contrato, a companhia era questionada por ter apresentado um atestado de capacidade técnica inválido para participar da licitação que venceu em Brasília.

Secretário de Agnelo procura senadores da CPI com “manual” de defesa do governador petista

No Globo:

O secretário de Administração Pública do Distrito Federal, Wilmar Lacerda, passou a tarde desta quarta-feira no Senado preparando o terreno para o depoimento do governador Agnelo Queiroz (PT), marcado para a próxima quarta-feira, na CPI do Cachoeira. Suplente do senador Cristóvam Buarque (PDT), Lacerda aproveitou o livre trânsito que tem no plenário para conversar com senadores e exibir a eles um calhamaço com cerca de 30 páginas contendo supostas fragilidades das acusações que pesam contra o governador e sua administração.

Uma das páginas flagradas por O GLOBO trazia o título “Questões relevantes: o envolvimento de Cláudio Monteiro”. Há cerca de dois meses, Monteiro deixou o cargo de chefe de gabinete de Agnelo após virem a público grampos feitos pela Polícia Federal que citavam seu nome e o vinculavam ao bicheiro Carlinhos Cachoeira. A assessoria do governador do Distrito Federal confirmou que o material foi produzido por assessores para expôr fragilidades das acusações. A ação de Wilmar, no entanto, constrangeu alguns senadores, que a consideraram invasiva.

Agnelo, no entanto, não foi o único a se movimentar. O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), um dos mais combativos integrantes da CPI mista do Cachoeira, foi procurado nesta quarta-feira por um assessor parlamentar. Esse assessor perguntou-lhe se ele via problemas em conversar com o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), antes do depoimento dele à CPI, marcado para a próxima terça-feira.

“Não sei nem se o interlocutor estava autorizado a falar em nome do governador. Ainda assim, eu disse que não tinha problema de encontrá-lo, desde que fosse um encontro público e na presença de um grupo de parlamentares que tem me acompanhado na comissão”, disse o senador, referindo-se à chamada ala dos independentes, composta também pelos senadores Pedro Taques (PDT-MT) e Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) e pelos deputados Miro Teixeira (PDT-RJ) e Rubens Bueno (PPS-SP).


Petista agora acusa PSDB de se juntar ao PMDB contra o PT…

Por Gabriel Castro e Laryssa Borges, na VEJA Online:

O líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto (SP), deixou a reunião da CPI do Cachoeira, nesta quarta-feira, acusando a existência de um conluio entre tucanos e peemedebistas para convocar o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), e poupar o do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB). “Há um acordo para politizar a CPI. Mas isso é bobagem. Com o tempo a farsa vai ser desmascarada”, disse Tatto.

A queixa se baseia nos três votos que os tucanos apresentaram contra a ida de Cabral à CPI, depois de terem defendido a convocação de Agnelo. A participação do PSDB foi decisiva para que o governador do Rio de Janeiro escapasse da exigência.

Sem pacto

O líder do PSDB na Câmara, Bruno Araújo (PE), nega a existência de um pacto: “Nós só fazemos acordo com os partidos do nosso bloco: o PPS e o DEM. O PT é que tem problemas de relacionamento com seus aliados”, afirmou. O tucano diz ainda que seu partido soube diferenciar o grau de envolvimento dos governadores com o esquema de Cachoeira: “Nesse momento há clareza de que não há conexões objetivas que levassem à vinda do governo Cabral”.

O relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG), também discordou da decisão do plenário da Comissão Parlamentar de Inquérito: “Há provas evidentes do envolvimento do governador Marconi Perillo. Do governador Agnelo Queiroz, neste momento não”.

Diante do inevitável, Jilmar Tatto tenta dar uma aspecto positivo à convocação do governador do Distrito Federal: “É a oportunidade de Agnelo dizer que foi vítima desse esquema do Carlinhos Cachoeira e não foi sócio, como o governador do PSDB de Goiás. Agnelo tem o apoio e a confiança do PT”

Por Reinaldo Azevedo


CPI convoca Perillo, que queria falar, e Agnelo, que não queria. Convocação de Cabral é rejeitada. Por quê?

A CPI aprovou há pouco a convocação dos governadores de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT). No caso do tucano, seus próprios partidários não se opuseram porque ele havia manifestado o desejo de falar à comissão. A convocação de Sérgio Cabral, governador do Rio (PMDB), foi rejeitada por 17 votos a 11.

O PMDB reagiu à convocação de Cabral sob o argumento de que ele não é citado nos grampos. A justificativa vale uma nota de R$ 3. Volto a um ponto fundamental para entender esse rolo. Há duas naturezas de crimes, dois territórios de investigação: as ações de Cachoeira como contraventor e as ações de Cachoeira como o braço operador da Delta no Centro-Oeste. E o nome do grande escândalo, por óbvio, é “Delta”!

Cabral não integra a rede conversas do contraventor nem poderia. O bicheiro não cuidava dos interesses da construtora no Rio, estado que tem o maior número de contratos com a empresa, parte considerável sem licitação. A intimidade do governador com Fernando Cavendish já está mais do que evidente. Assim como é evidente que a construtora operava com uma rede de laranjas.
Ou por outra: o impasse da CPI, na verdade, se deve ao fato de que, ao se investigar Cachoeira, um peixe médio, deu-se de cara com um tubarão branco chamado “Delta”. Ao se negar a falar na CPI, parece que Cabral tem mais receios do que Perillo e Agnelo.
Por Reinaldo Azevedo

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