quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Raposas em galinheiro


Um dos traços mais marcantes do PT é sua aversão a regras, normas e regulamentos.

O partido de Lula, Dilma e José Dirceu tem horror a leis que se interponham em seu caminho e signifiquem empecilhos a seu projeto de poder.

É com este espírito transgressor que os petistas preparam-se para ser julgados pelos crimes do mensalão.

O julgamento começa amanhã e sabe-se de antemão que o primeiro lance da defesa dos réus será tentar alterar regras seguidas até agora pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na apreciação do caso. A ordem é buscar, a todo custo, adiar o ajuste de contas dos mensaleiros com a sociedade brasileira.

Caberá ao ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos - advogado de José Roberto Salgado, ex-diretor do Banco Rural e um dos 38 réus na ação, além de, até ontem, defensor do contraventor Carlos Cachoeira - tentar desmembrar os processos, mantendo no STF apenas os de três réus que, por serem parlamentares, dispõem de foro privilegiado.

A tese não deve prosperar, até porque o Supremo já se pronunciou duas vezes contra o desmembramento desde que a denúncia foi aceita, em 2007. Mas este é apenas um exemplo de como a artilharia petista está se armando para tentar se livrar do acerto com a Justiça, ou para, pelo menos, postergá-lo ao máximo.

Há outras atitudes contrárias ao espírito das leis. É o caso, também, da participação do ministro José Antônio Dias Toffoli no julgamento, já confirmada, de acordo com a edição de O Estado de S.Paulo de ontem. Suas ligações com o PT e, portanto, com a maior parte dos réus são umbilicais, o que indicaria, de boa-fé, o seu impedimento no caso.

Toffoli foi advogado do partido, assessor jurídico da Casa Civil quando José Dirceu era o ministro e advogado-geral da União do governo Lula. Antes de assumir a cadeira no Supremo, também atuou como advogado do próprio Dirceu em algumas ocasiões.

Sua namorada, a advogada Roberta Maria Rangel, chegou a defender outros réus do mensalão, como o ex-deputado Professor Luizinho. Nada disso, porém, foi suficiente para que o ministro se declarasse impedido de apreciar o caso.

Mas a articulação transgressora mais pesada por parte dos petistas é a que se dá em torno da reabilitação de José Dirceu. Para este grupo, não há constrangimento legal que impeça que o chefe da "sofisticada organização criminosa" denunciada pela Procuradoria-Geral da República volte a despontar na política brasileira.

Ao arrepio do que o STF vier a decidir, já existem movimentos abertos dentro do PT para promover a anistia do deputado cassado em 1° de dezembro de 2005 por quebra de decoro parlamentar. Até projeto de lei, a base aliada no Congresso já tem pronto.

Dirceu encontra-se com seus direitos políticos suspensos e só poderá voltar a se candidatar a partir de 2015. Mas seus defensores querem vê-lo disputando eleições já daqui a dois anos. "Se eu dissesse que o Zé não gostaria de voltar, estaria mentindo, até com a Presidência da República ele sonha", adianta o deputado Devanir Ribeiro (PT-SP), ouvido pelo Estadão.

Não custa lembrar que, nas semanas que antecederam o julgamento, Dirceu dedicou-se a insuflar plateias a protestar pela sua absolvição, seguindo a senha dada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em sua cruzada para transformar o maior escândalo de desvio de dinheiro público da história brasileira em "farsa".

Afora as subterrâneas articulações que continuam a ser engendradas pelo PT, o ex-ministro cassado obteve o silêncio como resposta...

A partir desta quinta-feira, o que realmente importa é que os 11 ministros do STF façam a mais apropriada, correta e consistente apreciação do caso do mensalão. A sociedade brasileira espera ver a Justiça sendo feita, o que significa punir quem tem culpa e inocentar quem nada deve.
De nada adiantará o PT, que tanto desdenha das leis, espernear ou tentar pôr suas raposas dentro do galinheiro.

Fonte: Instituto Teotônio Vilela

Raposas em galinheiro

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