quarta-feira, 3 de outubro de 2012

DETURPADO DISTRITAL E PADRE QUEREM MUDAR O NOME DO TAGUAPARQUE

Mudar a história e não deixar vestígios do passado de uma geração. Esta parece ser a vontade dos deputados Distritais que sempre estão querendo dar nome novo a monumentos, parques, viadutos, avenidas e tudo que mais que formam o conjunto histórico do Distrito Federal.

A mudança de nomes que compõe nossa historia agrada a uns poucos interessados, mas irrita a maioria. É sempre efeito do mito fundador, a impressão da marca de uma ruptura, como a República sobre a Monarquia, ou de uma corrente política, e mesmo de uma administração que se diferencia da anterior com nova doutrina e visão do mundo, sem falar do prazer dos vitoriosos em apagar o rastro histórico dos vencidos. Logo, as letrinhas nas tabuletas refletem a escolha dos heróis entronizados pelos poderosos do dia. Como há muito mais heróis do que ruas e monumentos e nossos Distritais e o executivo não constroem nada novo, agora querem apagar a história de luta que foi para conseguir o Taguaparque, o novo nome é nada mais nada menos que mais um nome referente a religião e tentar com isso encurralar ou ligar pessoas a religião para se conseguir novos fiéis. Querem dar ao Taguaparque o nome de Renascidos em Pentecostes.

Não dá para acreditar que ainda existem padres e pastores que não dão a mínima para nosso passado, nossa história e tem o único objetivo de pregar usando o que já existe, destruindo tudo que o povo conquistou. Estes profissionais da religião são o oposto de Jesus Cristo e querem impor suas crenças na marra, mesmo que para isso tenham que acabar com o passado de uma cidade.

Esta palhaçada de querer mudar o nome do Taguaparque é a mais nova mudança que tem o intuito de destruir a história e ela tem sua origem no deputado Washington Mesquita (PSD), que é ligadíssimo ao padre Moacir. O Deputado não se interessa por conquistar novos fiéis, mas tem o objetivo de bajular o padre e mantê-lo como aliado, pois o padre atrai milhares de pessoas e pessoas votam, daí o interesse do deputado em destruir nossa história.

Outros nomes de nossa história também estão na lista dos Distritais para serem proscritos do mapa de Brasília. Eles deveriam fazer leis para proteger nossa história, mas isso não acontece e esses Distritais têm a dolorosa missão de afrontar o povo e apagá-los da memória histórica da cidade. O que fazem é um absurdo. Mudam o nome da rua, descaracterizam nossa cidade e o que precisam fazer não fazem, reclamou o morador Michael Nunes, corretor de créditos residente próximo ao Taguaparque. Morador desde 2001 ele e a família vêm a luta do Taguaparque; o corretor Michael afirmou que considera a ação do deputado uma afronta. Temos inúmeros problemas aqui e que não passam pelo nome do parque! Estas ruas próximas daqui alagam, falta infra-estrutura, não dá para a gente transitar com dignidade, o comércio e as casas ficam em meio a buracos. Em vez de pensarem na infra-estrutura, eles fazem o absurdo de mudar de nome o parque.

Não há por parte dos membros da Câmara Legislativa nenhum posicionamento sobre o caos na saúde, a precariedade do transporte público e a falta de segurança nas cidades. Isso porque, muitos deles, estão atarefadíssimos com outras prioridades.

Primeiro o deputado distrital Olair Francisco (PTdoB) apresenta proposta para erradicar um formigueiro na Hélio Prates. Depois, vem a deputada Eliana Pedrosa (PSD) com o projeto de trocar o nome da ponte Costa e Silva. E agora vem o deputado Washington Mesquita (PSD) querendo batizar o Taguaparque com o nome de Renascidos em Pentecostes..

Deve ser por essas e por outras que os senhores parlamentares precisam tanto de dois recessos por ano.

Para mim, há uma pequena glória cartográfica em morar e conhecer a história do lugar onde vive, nome das ruas e seus significados. A maioria das pessoas talvez não dê a mínima, mas muitos se interessam em conhecer a obra do nome que autografa a rua ou o bairro onde vive. Nem sempre se pode escolher, mas, quando se pode, é um prazer ver, no envelope que o carteiro entrega nosso nome associado a alguém que admiramos, a uma história e principalmente saber sobre o local.

Se não bastasse a história, então deve o deputado lembrar que estamos em um Estado secular ou estado laico que é um conceito do secularismo onde o Estado é oficialmente neutro em relação às questões religiosas, não apoiando nem se opondo a nenhuma religião. Um estado secular trata todos seus cidadãos igualmente, independente de sua escolha religiosa, e não deve dar preferência a indivíduos de certa religião. Estado teocrático ou teocracia é o contrário de um estado secular, ou seja, é um estado onde há uma única religião oficial (como é o caso do Vaticano e do Irã).

O Estado secular deve garantir e proteger a liberdade religiosa e filosófica de cada cidadão, evitando que alguma religião exerça controle ou interfira em questões políticas.

Portando deputados, pensem, sei que isso não são o forte de vocês, mas parem de querer fazer a justificativa de prestar homenagens a figuras ilustres da cidade e do Brasil, apresentando projetos que modificam os logradouros. Especialistas classificam de provinciana a intenção e afirmam que Brasília foi projetada para seguir orientação por siglas e números e que não se muda a história.

Pegue a ponte Maria Cláudia Del Isola, passe pelo Setor Radialista Meira Filho e siga no Eixo José Aparecido de Oliveira até alcançar a Torre Digital Jornalista Roberto Marinho. Tem alguma idéia desse itinerário? Se os distritais aprovarem os projetos que tramitam na Câmara Legislativa mudando a denominação de praças, ruas, avenidas e pontes, Brasília pode deixar de ser a capital das siglas e dos números para se aproximar de outras cidades brasileiras em que endereço tem nome e sobrenome.

Há, pelo menos, 21 propostas de deputados para alterar a nomenclatura de endereços públicos. Projetos que demonstram o interesse dos parlamentares em rebatizar de postos de polícia comunitária a viadutos. Em um dos casos, o deputado Cristiano Araújo (PTB), ainda em seu primeiro mandato, sugeriu que o Eixo Monumental passe a se chamar José Aparecido de Oliveira, sob a justificativa de prestar uma homenagem póstuma ao ex-governador conhecido como Zé dos Amigos pela sua história, pelo seu amor ao Brasil e tendo em vista ter sido por meio de sua iniciativa que Brasília, em 1987, tornou-se Patrimônio Cultural da Humanidade.

Criatividade nominal.

Conheça algumas das mudanças propostas pelos Deputados Distritais que tramitam na Câmara Legislativa:

Como é e como poderá ficar se as propostas de nossos ilustres Distritais forem aprovadas:

Ponte das Garças - Ponte Maria Cláudia Del Isola
Setor de Rádio e TV Sul - Setor de Rádio e TV Sul Radialista Meira Filho
Eixo Monumental - Eixo Monumental José Aparecido de Oliveira
Torre Digital - Torre de TV Jornalista Roberto Marinho
Concha Acústica de Brasília - Concha Acústica Maestro Silvio Barbato
Setor Cultural Norte - Setor Cultural Norte Athos Bulcão
Praça do Estudante em Planaltina - Praça Professor Mário Alves
Avenida Águas Claras do Areal - Avenida Professor Ribeiro
Ginásio de Esportes de Sobradinho II - Ginásio de Esportes Emival Marques
Estação do metrô da 108 Sul - Estação Unidade de Vizinhança 108 Sul
Complexo Aquático da Secretaria de Esportes - Parque Aquático Maria Lenk
Praça da Quadra 4 a 6 do Bairro São José de São Sebastião - Praça da Bíblia
Viaduto entre Samambaia e Taguatinga - Viaduto Pastor Divino Gonçalves

Deve ser por essas e por outras que os senhores parlamentares precisam tanto de dois recessos por ano.

Gilberto Camargos

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