terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Buriti dá calote em hora extra e os médicos suspendem mutirão

Embora o governador Agnelo Queiroz tenha vindo à público em diferentes momentos para sustentar que a saúde pública no Distrito federal melhora a olhos vistos, a realidade é outra. O caos se aprofunda e a tendência é que o setor enfrente uma greve no alvorecer do novo ano. O primeiro sinal surgiu no Hospital Regional de Taguatinga. A insatisfação naquela unidade é latente e pode se alastrar como uma perigosa epidemia. ...

Para os lados do Palácio do Buriti e em suas redondezas onde funciona o gabinete do secretário de Saúde, acredita-se que tanto Agnelo Queiroz como Rafael Barbosa estejam enfrentando uma crise de miopia profunda. Os dois se mantêm de braços cruzados, como a dar aval a um quadro endêmico – uma expressão da própria medicina para mostrar que a saúde está na UTI.

No HRT, um médico que recorre ao anonimato por temer represálias do governo, revelou ao G1 que o mutirão de cirurgias prometido por Agnelo Queiroz está suspenso. Desde novembro não se faz nada além do trivial. O motivo é o de sempre, que pesa no bolso de todo trabalhador: falta de pagamento pelo serviço prestado.

- Os médicos que realizam os procedimentos cirúrgicos não estão recendo hora extra. E trabalhar de graça quando o dinheiro da Saúde é desviado para projetos faraônicos não ajuda a matar a fome de ninguém, desabafou um cirurgião considerado por seus superiores como rebelde.

Segundo relato feito ao G1 pelo denunciante, o motivo da suspensão do mutirão de cirurgias está ligado diretamente à questão financeira. “O Palácio do Buriti não está pagando as horas extras. E enquanto não recebermos, não vamos mais fazer mutirão. Isso é um consenso, tanto de equipes cirúrgicas quanto das equipes da turma de anestesia”, advertiu.

Do lado do governo, o subsecretário de Atenção à Saúde, Roberto José Bittencourt, reconhece que há um problema no pagamento das horas extras de alguns médicos. Mas, diz ele, “a questão é burocrática e não está afetando o mutirão”. Porém, para não contestar quem vive a realidade da saúde cada vez mais deficitária, caberia a Bittencourt deixar seu gabinete com ar condicionado e fazer uma visita ao Hospital Regional de Taguatinga. Se assim agir, ele verá que a denúncia é verdadeira.

O próprio subsecretário se contradiz, ao reconhecer que profissionais de áreas específicas não conseguiram se adequar a uma questão de documentos. Bittencourt tenta justificar a falha sublinhando ser natural que haja atraso no pagamento de hora extra, “mas em função disso, exclusivamente em função disso.”

Respeitada a versão de Bittencourt, o problema estará solucionado quando os médicos da rede, de uma maneira geral, e os próprios enfermeiros, se adequarem aos padrões criados pela Secretaria de Saúde. “Em um hospital ou outro esse problema está existindo. Mas em nenhum hospital houve queda da produção", garante.

Entretanto, há médico que pensa diferente. E se o Buriti pretende ver jaleco produzindo em 2013, é bom pagar o que deve. Caso contrário, os médicos só vestirão branco na festa do réveillon.

Fonte: Notibrás - 18/12/2012

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