sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

O bom legado deixado por Arruda

Para não dizer que eu não falei das flores...

A última obra projetada por Niemeyer,em Brasília, antes de ele morrer foi uma flor. A Torre Digital do DF , batizada de "Flor do Cerrado", é um monumento em concreto que lembra todas as flores do cerrado que foram ceifadas na construção de Brasília. A idéia da construção da "Torre - Monumento, em forma de flor" foi do jornalista Silvestre Gorgulho, ex Secretário de Cultura do DF, que estava preocupado com a instalação das torres de tvs digital na Capital do Brasil, pois, poderiam interferir na monumentalidade de Brasília, criando uma paisagem cheia de "arames espetados" enfeiando o horizonte da cidade.

Começou então uma saga para a construção do monumento, cujas obras passaram por diversos governos até ser construída. A intenção era que a inauguração se desse no aniversário de 50 anos da Capital, entretanto, os escândalos de corrupção na política do DF atrapalharam o seu andamento. Mas, tal qual a frase do Paulo Coelho, acima citada, o amor por Brasília falou mais alto, como um "jardineiro fiel", ele não queria possuir a flor, por isso, não importaria quem estivesse no governo da cidade, Silvestre Gorgulho lutaria para ver a flor plantada no cerrado! E em 2012 a Torre - Monumento em Flor foi inaugurada!

"Todos querem o perfume das flores, mas, poucos sujam suas mãos para cultivá-las", a Torre-Monumento , a Flor do Cerrado, só foi construída por causa do empenho do Silvestre . E como quem olha a sua beleza no campo, terá a sua beleza para sempre... A torre foi eternizada como a última obra projetada pelo gênio da arquitetura modernista brasileira, quando ainda estava vivo! ...

No dia do Velório do Niemeyer, eu conheci o jornalista, e em meio a conversas sobre Brasília, ele me presenteou com o livro que ele escreveu sobre a história da Construção da Torre Digital , a última obra do gênio da arquitetura modernista que eu tanto admiro!

O livro é um primor! Muito bem editado com o excelente patrocínio da Petrobrás. Logo na primeira página uma surpresa: o nome de todos os operários que construíram a obra! Fiquei estupefata! Logo, me veio à mente aquela história dos operários que estavam construindo uma obra, e quando perguntaram o que eles faziam, um deles respondeu: - "Eu estou construindo uma parede" , e o segundo operário disse: " - Eu estou construindo uma Catedral!" . Ou seja, Silvestre , tal qual o segundo operário, mostrou a grande dimensão do trabalho daqueles homens, valorizando a cada um e eternizando os seus nomes junto com a obra!

Admirando cada página, e pra lá da metade do livro, me deparo com as fotos de flores do cerrado. A primeira delas: a "Flor do Céu", uma florzinha pequena, arredondada e azulada que lembra as duas cúpulas espelhadas da Torre Monumento, quando refletem o céu azul de Brasília. E dai, a coincidência! O meu nome : Leiliane é derivado do nome havaiano Leilane , ambos significam: "Flor do Céu". Eu só não sabia que existia uma flor silvestre chamada " Flor do Céu" e que ela nascia no cerrado brasileiro! Graças ao livro do Gorgulho, o último monumento do Oscar Niemeyer em Brasília, agora tem um significado ainda mais especial.

A poetisa Cora Coralina, uma vez afirmou que ela era "aquela mulher que fez a escalada da montanha da vida, removendo pedras e plantando flores". De certa forma, para marcar a história de Brasília, Silvestre Gorgulho também removeu pedras e plantou uma flor junto com Niemeyer!
 
Fonte: Blog da Leiliane - 11/01/2013

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