Na
Câmara Legislativa ou nos órgãos de Governo, as novas lideranças de Vicente
Pires estão fazendo a diferença. E nossa região só tem a ganhar com esse
movimento.
(*)
Por Geraldo Oliveira: Proprietário do blog Vicente Pires Alerta.
Prezados
moradores, o povo brasileiro não hesita em se manifestar, sempre que seus
direitos são aviltados. Com a população de Vicente Pires não é diferente, apesar
de sermos um pouco acanhados para fazer mobilizações. Historicamente, só nos
manifestamos por rompantes, ou seja, quando de fato ocorrem fatos graves que
nos atingem diretamente.
Esse
comportamento acomodado de nossa gente é totalmente diferente do de cidadãos
que vivem na Cidade Estrutural ou no Sol Nascente, cuja condição social determina-lhes
que se mobilizem de imediato contra as situações de perigo. Enquanto aqui
dispomos de nossa casa confortável e de nosso carro do ano, nessas cidades as
pessoas possuem apenas seu pequeno lote, conquistado a duras penas. Elas também
são muito mais vulneráveis que nós aos péssimos serviços públicos do DF, cuja
precariedade se agrava em regiões mais carentes.
Em
Vicente Pires, a população possui um alto poder aquisitivo, em que as condições
de se superar adversidades são igualmente maiores. De fato, talvez por esse
motivo, não estamos acostumados a protestar contra o viaduto que foi mal
projetado ou fechado na hora de pico, contra a ponte que o Governo teima em não
ver a necessidade, ou contra o esgoto a céu aberto que escorre à nossa porta.
Preferimos reclamar a agir.
Mas,
chega um momento em que a ficha também cai para nós. Nos últimos anos, novas
lideranças surgiram nos bairros de Vicente Pires, fundaram associações para
defender interesses regionais e hoje esses líderes estão agindo coletivamente.
A luta, antes segmentada, está tomando corpo de forma articulada para atingir o
todo, que é a cidade. Aliás, esse objetivo já deveria ter sido alcançado há
muito tempo, se tivéssemos tido maior poder de organização no passado. Ou se
tivéssemos, nesse mesmo passado, impedido que interesses particulares
suplantassem o interesse coletivo.
Em
decorrência desse amadurecimento da luta comunitária, os líderes de bairros
fundaram uma associação maior – a Associação de Moradores de Vicente Pires e
Região – AMOVIPE, cujo trabalho está dando o que falar. Nos meses de abril e
maio, a associação promoveu reuniões na Câmara Legislativa e nós órgãos de
Governo, que podemos classificar como históricas. Todas foram determinantes, objetivas
e relacionadas a temas de grande interesse da cidade, como regularização
participativa, questões fundiárias, luta por transparência, luta por serviços
públicos de qualidade e proteção a áreas públicas, entre outros.
E o “estopim”
para a AMOVIPE alcançar bons resultados até aqui foi a entregada “Carta Aberta aos
Deputados Distritais”, que continua tendo desdobramentos. Com sua divulgação, inclusive
nos órgãos do GDF, o meio político do DF constatou que algo inovador estaria
acontecendo com a cidade de Vicente Pires. Chegou-se à conclusão que um
movimento novo e organizado foi idealizado, focado na cobrança de ações efetivas
que possam levar nossa região à qualidade de vida que almejamos.
Até
a Administração de Vicente Pires, que até recentemente estava muda em relação à
Carta Aberta, teve de dar explicações. Em resposta ao Gabinete do Deputado
Chico Leite (PT), que requereu um posicionamento sobre a Carta, o ex-administrador,
Ebenezer Aquino, manifestou-se item a item sobre as cobranças que fizemos no
documento. Infelizmente, em sua resposta, ele também aproveitou para acusar a
diretoria da AMOVIPE de fazer oposição sistemática ao Governador Agnelo Queiroz,
o que não é verdade. Não fazemos oposição a quem quer que seja, lutamos por
nossa cidade e o que depõe contra o atual governo é o não atendimento das
expectativas da população do DF, incluída a nossa.
O
Deputado Chico Leite (PT) também nos entregou cópia de um laudo oficial da
TERRACAP, o qual apurou ter havido irregularidades e fraudes graves na venda de
parte da Colônia Agrícola Cana do Reino (ao lado da Estrutural) a uma
construtora, por 380 milhões de reais. Através do laudo, a TERRACAP concluiu que
parte de suas terras, situada na Cana do Reino, foi registrada irregularmente em
cartório, como se fosse de particulares. E essas terras públicas foram então
vendidas à construtora, lesando o patrimônio do DF.
Outra
atuação de destaque foi uma reunião ocorrida no final de maio, no DER-DF. Na oportunidade,
sugerimos que o órgão fizesse alterações no Viaduto Israel Pinheiro, com a
criação de uma ligação direta a partir da saída do viaduto até à entrada da Rua
3, próxima ao Supermercado Big Box. Seria uma mudança simples, de baixo custo e
de alto impacto para nossa população. O diretor do DER, Senhor Fauzy Nacfur, convencido
da viabilidade, garantiu que fará a obra.
Também
no DER, conseguimos outra importante vitória: o fim do lixão próximo a FURNAS, ao
lado da Colônia Agrícola Samambaia e do Taguaparque, que perdura há muitos anos
sem solução. Por sugestão do Senhor Cosmo Araújo, presidente da Associação da
Colônia Samambaia - ACCASA, será criado um novo acesso ao Pistão Norte, saindo
da Avenida Contorno e das proximidades da Avenida Misericórdia, passando
exatamente por cima do lixão. Vejam vocês que, além de melhorar a mobilidade do
lugar, será também resolvido um problema ambiental.
E na
mesma reunião foram cobradas outras demandas, como a falta de passarelas na
Estrutural e a “novela” da ponte da via marginal, na mesma avenida. Em relação a
essa ponte, o diretor do DER nos disse que o projeto está pronto, mas esbarra na
licença ambiental. Perguntamos a ele, então, como o DER superou as exigências
ambientais para construir a ponte da via marginal da EPTG, próximo à TRANSPLANTAS,
onde o solo é hidromórfico. Tal pergunta, evidentemente, serviu para lembrar a
ele que as barreiras ambientais são superáveis. Com a nossa ponte não é
diferente.
Como
se vê, caros amigos, às vezes vale à pena sacrificarmos um pouco nossa zona de
conforto, para fazermos a diferença a nosso favor. Os resultados que temos
alcançado não nos deixam mentir.
Até
o próximo mês.
(*) Geraldo Oliveira é blogueiro,
servidor de carreira da Câmara Legislativa e morador de Vicente Pires.
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