quarta-feira, 26 de junho de 2013

O BRASIL VAI AS RUAS

O BRASIL VAI ÁS RUAS

SE QUISERMOS MUDAR A INÉRCIA DO GDF, NOSSA POPULAÇÃO
TAMBÉM TERÁ QUE DAR O SEU GRITO

(*) Por Geraldo Oliveira: Proprietário do blog Vicente Pires Alerta.
           
O Povo brasileiro finalmente acordou, exatamente no histórico mês de junho, do ano da graça de 2013. Magnífico! Já não era sem tempo que as massas de nosso paísdemonstrassemmais uma vez o tamanho de sua força.Tirando as cenas de vandalismo - deploráveis, as recentes manifestações nos encheram de orgulho. Relembraram os idos tempos das “Diretas Já” (1984), quando lutamos pela transição democrática. E também o chamado “Movimento dos Caras Pintadas” (1992), que destronou o presidente corrupto Fernando Collor de Mello.
Os acontecimentos recentes, em que déspotas do oriente médio caíram, deram o norte do que são capazes os povos globalizados e conectados. Mesmo onde ditaduras duradouras existiam, pessoas morreram para extingui-las. É o que sempre cito em meus textos: é inequívoca a força que temos, quando de fato nos unimos em torno de um objetivo. No mês passado eu concluí minha coluna neste jornal dizendo que “vale muito à pena sacrificarmos nossa zona de conforto por nossa cidade”. Parecia até o prenúncio do que estaria por vir Brasil afora.
Quando estamos insatisfeitos com quem nos governa, o caminho é esse e não há outro: mudar o governante. E enquanto não é possível fazer isso - através do voto - devemos mostrar a ele que estamos aqui: vigilantes, atentos emobilizados. Se ficarmos quietos e sonolentos, como na maioria do tempo fazemos, ele não nos perceberá. Fará o que quiser, sem nossa participação e a seu bel prazer. Os gastos com a Copa do Mundo é o maior exemplo disso. Enquanto se vê dinheiro público se esvaindo por esse “ralo” da Copa, os serviços básicos constitucionais são esquecidos.
Assim como chegou o limite do povo brasileiro, o nosso povo distrital também deveria acordar, afinal nossos problemas locais também são sérios. O Distrito Federal tem atravessado agruras terríveis no transporte público, na saúde, na educação, na questão da mobilidade, entre outros, e tem sofrido imensamente em função da quase total inação do atual governo. Por onde se olha, não se enxerga realizações, ou algo que atenda à nossa expectativa.
Em relação à saúde, cito como exemplo o fato de ter ido ao hospital de Ceilândia em junho, para acompanhar uma pessoa idosa com dengue, e depois acompanhei outra ao hospital do Guará, que estava com febre alta e fortemente gripada. Pasmem!  A espera pelo atendimento chegou a 8 horas corridas em cada caso. No hospital de Ceilândia, muitos pacientes desistiram e voltaram para suas casas passando mal, febris e com muita dor. Os poucos (ou muitos) que perseveraram, puseram-se a reclamar e até chamaram a TV Record, para denunciar o fato.
A explicação do hospital foi que havia apenas um médico clínico geral plantonista atendendo. Às favas com tal explicação! Por que será que existe dinheiro para o estádio candidato a “elefante branco” e não há para contratar médicos, com salários justos e equipamentos médicos? A resposta,todos sabemos: falta de priorização e de gestão. E esse exemplo também se aplica às outras demandas públicas, que estão precárias e desprovidas de qualidade.
Aqui em Vicente Pires temos tentado negociar com os órgãos do governo e com diversos políticos para sermos atendidos em relação à falta de mobilidade, à questão do esgoto a céu aberto, pequenas obras, à falta de transparência, entre outros temas. Mas nada acontece. O cercamento de áreas para instalar equipamentos públicos são outras importantes ações que estão faltando. Se cobrássemos com veemência, talvez até já tivéssemos mais escolas públicas, postos de saúde ou até um hospital. Sim! Afinal, temos projeto urbanístico e ele só não foi instalado ainda, com todos os equipamentos públicos previstos, porque não perseguimos esse objetivo no momento oportuno.
Os novos condomínios, surgidos após a assinatura do Termo de Ajustamento e Conduta - TAC de 2006 e Aditivo posterior (para recuperar áreas degradadas), correm o risco de sofrerem consequências pelo desagravo ao TAC.Se eles não acordarem e articularem sua defesa desde já, correm o risco de terem a mão de ferro do Estado batendo à sua porta. Inclusive o Termo Aditivo ao TAC (site do Ministério Público Federal) prevê explicitamente a retirada imediata de edificações comerciais, coletivas e outras menores, que não sejam moradias, mesmo antes da emissão da Licença de Instalação da Cidade. Após a emissão da Licença, estão previstas as retiradas dos imóveis residenciais, em especial os que estejam em desacordo com os projetos de urbanismo e ambiental (EIA/RIMA).
O Governo, é claro, não divulga isso. Alardeia que vai regularizar a cidade e que tem 500 milhões para começar a regularização. E nós, pobres moradores alienados, ficamos felizes com tal perspectiva, sem imaginar o desgaste que virá. Temos tentado mobilizar nosso povo, mas infelizmente nossa associação AMOVIPE, recém-criada, ainda é pequena, não possui recursos nem sede e não está devidamente estruturada. A ARVIPS, que possui fama, sede e poder é quem deveria de fato estar agindo. Mas tornou-se Governo. Não irá desagradar ao chefe.
Enquanto não conseguimos engrossar nossas fileiras, com mais pessoas preocupadas com o futuro, seguimos nós, líderes comunitários e imprensa, tentando negociar pequenas obras e melhorias de serviços públicos. A luta principal e recheada de pontos de interrogação – a da regularização, segue obscura e tramitando. Essa sim, precisa participação massiva de moradores, sob pena de pagarmos caro por continuarmos sonolentos.
Fizemos muitas reuniões em relação a esse e outros temas que não surtiram o efeito esperado. Até o fechamento desta edição, estava prevista uma reunião na Secretaria de Habitação – SEDHAB, para cobrarmos transparência, divulgação de projetos da regularização na Internet e audiências públicas. Essas reuniões são muito importantes sob o ponto de vista do registro dos pleitos, pois advertem o poder públicode que há pessoas preocupadas e vigilantes em relação aos seus atos. Mas está provado que só reuniões não bastam. O grito ecoado por essa linda multidão de jovens pelo Brasil é um belo exemplo do que pode estar faltando por aqui.
Até o próximo mês e um grande abraço.


(*) Geraldo Oliveira é blogueiro, servidor de carreira da Câmara Legislativa e morador de Vicente Pires.

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