segunda-feira, 19 de agosto de 2013

AGNELO QUEIROZ E SUA VIDA SUJA

Agnelo Queiroz

15/06/2013
 às 17:23

Protesto pacífico no DF é reprimido com bombas de gás, spray de pimenta e balas de borracha. Cadê José Eduardo Cardozo? Ou repressão promovida por petista é poesia de resistência?

Cavalos da PM do Distrito Federal fazem poesia com manifestantes no Distrito Federal. Cardozo vê aí a expressão da democracia? (Ueslei Marcelino/Reuters)
Um grupo de 500 pessoas decidiu organizar um protesto — ATENÇÃO, PACÍFICO!!! — em frente ao estádio Mané Garrincha, em Brasília, que abriga o jogo de abertura da Copa das Confederações. A Polícia do Distrito Federal, governado pelo petista Agnelo Queiroz, desceu o sarrafo: cassetete, bombas de gás lacrimogênio, balas de borracha, spray de pimenta e 25 pessoas presas. Regra de três simples: se 500 rendem 25 presos, quantos teriam sido se houvesse 5 mil, como em São Paulo? Resposta: 250! Ou por outra: a PM do Distrito Federal prendeu mais gente, proporcionalmente, do que a de São Paulo no protesto de quinta, quando 230 foram detidos. Diferença fundamental: o protesto de Brasília era realmente pacífico. Os manifestantes não portavam lança-chamas, paus, pedras, nada disso. Só palavra. Foram duramente reprimidos. Um dele foi atropelado por uma motocicleta da polícia e preso em seguida. José Eduardo Cardozo, cadê você?
Estão começando a pipocar país afora manifestações contra o uso de dinheiro público na Copa do Mundo. O mote é mais ou menos este: “Da Copa eu abro mão, quero dinheiro para saúde e educação”. Essa relação não é assim tão direta, mas é um jeito de ver o mundo. Seria esse protesto uma variante de um mesmo e difuso mal-estar, que incluiria em seu repertório o protesto contra a elevação das tarifas de ônibus? Tenho dificuldades de lidar com esferas de sensações a conduzir a história. Parece-me que são protestos com origens distintas e, fica evidente, com formas igualmente distintas de expressão. A Avenida Paulista abrigou manifestação com conteúdo idêntico: pacífica e serena. Ninguém portava armas ou buscava confronto com a polícia.
Muito bem! Movimentos organizados, que usam com destreza as redes sociais, se encarregaram de transformar os episódios de São Paulo num caso de lesa democracia, como se não coubesse à polícia reprimir quem vai para as ruas para o tudo ou nada. A repercussão cresceu exponencialmente quando a militância petista entrou na parada, como se o protesto, originalmente, não tivesse como alvo, principalmente, a política de transportes do prefeito Fernando Haddad, que é do partido.
Os episódios do Distrito Federal — e também há pessoas feridas com balas de borracha —certamente terão repercussão bem menor. O petismo se encarregará de tentar abafá-los nas redes sociais, embora, reitero, as ações sejam incomparáveis. Até agora, os que protestam contra o uso de recursos públicos na Copa do Mundo não apelaram à linguagem da violência. E espero que não o façam.
PS – Vamos ver que tratamento as TVs darão à questão.
Por Reinaldo Azevedo
04/05/2013
 às 16:29

A militância política falsa (e paga) na internet: os militantes de Renan, Aécio e Agnelo que só existem na rede e na imaginação dos marqueteiros

Por Gabriel Castro e Marcela Mattos, na VEJA.com:
Experimente buscar pela hashtag #Agnelo_Queiroz no Twitter. Surgirão dezenas de mensagens de apoiadores do governador petista do Distrito Federal. Por que um gestor questionado por sua atuação pífia e por ligações com infratores tem tanta popularidade na internet? Já Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, sabe que não reuniria muitos apoiadores se convocasse um protesto a seu favor. Mas, na rede, a opinião parece mais equilibrada. Uma simples busca pelo nome do peemedebista em caixas de comentários deixará a impressão de que o senador possui um heterogêneo e extenso  grupo de apoio.
Desde que voltou ao comando do Congresso, em fevereiro, o senador Renan Calheiros tenta refazer sua imagem. O esforço passa por uma estratégia de guerrilha virtual. Na última sexta-feira, por exemplo, um deles tentava neutralizar os impactos da notícia de que os garçons de Renan recebem 18 000 reais por mês do Senado: “Eu sou garçom e sei que é possível ganhar uma grana dessa! Bom é o Renan Calheiros, que reconhece isso!”. A ocupação de espaços destinados aos leitores em portais jornalísticos também é parte essencial da estratégia.
O gabinete de Renan tem um histórico de parceria com P&P Inteligência de Marketing, do publicitário Wilmar Soares Bandeira. Ele é ex-secretário de Comunicação do governo de Alagoas e trabalhou na campanha eleitoral de Renan em 2010. A empresa recebeu 244 000 reais desde novembro de 2010. Wilmar tem uma justificativa um tanto suspeita: diz que sai pela internet produzindo comentários em nome de Renan simplesmente porque gosta do senador. E por que usar nomes falsos? “Eu gosto de fazer comentários; e às vezes você até dá um nome qualquer”, tenta explicar. O empresário afirma que não presta serviços a Renan desde setembro.
Outra pista importante: o gabinete do deputado Renan Filho (PMDB-AL), herdeiro do presidente do Senado, costuma fazer pagamentos à empresa Iny Marketing, que atua exatamente na divulgação em redes sociais: apresenta-se em seu site como parceira da P&P e promete a seus clientes “Fidelização e engajamento de seguidores no Twitter”. Cícero Gomes, dono da empresa, é alagoano de Murici, a terra natal dos Calheiros. Ele interage com vários dos perfis falsos que apoiam Renan no Twitter. Mas jura que nada tem a ver com a farsa: “O que eu faço é um trabalho de monitoramento”.
O time de militantes virtuais de Renan também inclui integrantes do Sindicato dos Guardas Civis de Alagoas e funcionários nomeados pelo senador para seu gabinete. É o caso de Luciano Camelo, que havia sido empossado por ato secreto, acabou exonerado e retornou com o cargo de motorista. Também atuam Dmitriv Ivanov Wanderley de Barros, Eucene Gomes Tenório Acioli e José Valderi Melo, todos lotados no escritório de Alagoas.
Tanto o senador Renan Calheiros quanto o deputado Renan Filho negaram que patrocinam a militância dos perfis falsos na internet. “Eu posso assegurar que o Cícero apenas faz o monitoramento das redes. Ele não cria perfis falsos”, afirma o deputado, que também justifica as conversas com usuários forjados. “Todo mundo que fala comigo, que elogia algum projeto, eu retuíto. É lógico que isso ajuda o meu trabalho. Eu não tenho como saber se as pessoas existem ou não.”
Agnelo
Outro político enrolado que recorre a estratégias questionáveis é o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT). O site de VEJA localizou cinquenta perfis falsos que funcionam apenas para divulgar o nome do governador no Twitter. A hashtag #Agnelo_Queiroz, usada pelos falsários, liga o nome do governador a notícias positivas e ajuda a reverter a imagem ruim do petista, alvo de várias denúncias de corrupção.
Ao contrário do que ocorre com os perfis ligados a Renan, a maior parte dos perfis fictícios de Agnelo funciona de forma automática, como se fossem robôs espalhando periodicamente notícias sobre o governador. Entre os alvos, estão os senadores Cristovam Buarque (PDT-DF) e Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) e o ex-deputado Alberto Fraga (DEM).
Alguns perfis, no entanto, se comportam de forma mais elaborada. A principal personagem da turma é uma certa Lúcia Pacci, que se identifica como jornalista e socióloga e informa trabalhar em uma empresa que na verdade não existe. Ela mantém um blog em que, protegida pelo anonimato, faz ataques virulentos a adversários políticos e à imprensa. O deputado Fernando Francischini chegou a registrar boletins de ocorrência depois de sofrer ameaças. “Eles eram comandados por uma pessoa que fazia defesa do governo. Cada vez que eu tuitava alguma coisa, todos eles ao mesmo tempo respondiam com mentiras deslavadas”, diz o parlamentar.
A foto que Lúcia Pacci usa para se identificar na verdade é da atriz francesa Laurence Février. Procurando por Lúcia, a Justiça do Distrito Federal chegou a entregar uma intimação à jornalista Daniela Novais, que escreve para um site local. Ela disse ter ficado surpresa: “Não faço ideia de quem ela seja”, diz Daniela.
Um dos seguidores de Lúcia Pacci e de outros perfis falsos pró-Agnelo é o publicitário e marqueteiro político Sérgio Diniz Vieira, que trabalhou na campanha de Agnelo. Ele interage com os amigos inexistentes e compartilha conteúdo espalhado por eles. Diniz, que afirma não manter vínculo empresarial ou empregatício com o governo, é presença frequente em eventos de Agnelo Queiroz. A mulher dele, Rosa Sarkis, exibe em seu histórico profissional um trabalho com o fotógrafo Júnior Takamoto – o mesmo que a fictícia Lúcia Pacci apontou como seu antigo emprego. Além disso, o perfil da blogueira aponta São Carlos (SP), como terra natal. O site que Sérgio e Rosa mantêm é hospedado em uma empresa de… São Carlos. Sérgio diz que é tudo coincidência.
Aécio
O senador mineiro Aécio Neves (PSDB) trabalha para aumentar sua popularidade de olho na eleição presidencial do ano que vem. Com alguma frequência, a equipe de comunicação do PSDB nacional é incumbida de produzir materiais críticos ao governo Dilma Rousseff. O resultado do trabalho, entretanto, não é publicado em páginas oficiais do partido, nem nos perfis oficiais mantidos no Facebook e no Twitter: chega a uma rede de perfis que, nas redes sociais, podem confundir um observador desavisado. Mas, em bom português, são todos falsos.
Com objetivos diferentes, a militância virtual ganhou um exército de perfis forjados para ajudar na propagação da imagem que os políticos gostariam de alcançar. Eles buscam atingir diretamente o eleitorado ao mesmo tempo em que atacam os rivais: um resultado dificilmente conquistado não fossem as facilidades da internet. Esse serviço durante uma campanha eleitoral para deputado, por exemplo, sai por volta de 25 000 reais. No caso de governadores e presidentes, o valor é um pouco maior.
A prática existe desde que publicitários e marqueteiros perceberam o gigantesco potencial das redes sociais. Inicialmente, a mobilização espontânea de militantes demonstrou ser eficiente. O passo seguinte foi organizar apoiadores pagos para criar uma onda artificial na opinião pública. A prática de usar blogs e plataformas sociais para propaganda dissimulada tem até nome próprio: seeding marketing – o “seeding” vem do verbo em inglês “semear”.
O serviço prestado ao PSDB é sofisticado e inclui a criação de personagens virtuais que, apesar de existirem apenas na criativa imaginação de seus idealizadores, comportam-se como pessoas reais. O exército fictício de militantes mantém blogs e perfis nos sites Facebook, Twitter, Google+ e Youtube. Os perfis seguem um padrão: retratam pessoas jovens, de boa aparência e, claro, militantes de Aécio Neves. E, para atrair a confiança dos internautas, fazem comentários sobre esportes, cinema, variedades. Entre um post e outro, embutem um elogio ao senador ou uma crítica ao governo federal. Os publicitários acreditam que, dessa forma, podem conquistar o internauta.
O site de VEJA identificou alguns dos nomes por trás dos militantes falsos pró-Aécio. Um deles é Jorge Lopes Cançado, estudante de publicidade e diretor de Mobilização do PSDB Mineiro. Ele se identifica como “analista de redes sociais”. É o mesmo cargo de Guilherme Parreiras, que também trabalha na manutenção dos perfis fictícios. Ambos moram em Belo Horizonte e trabalham na Brasil Comunicação. Ambos negaram qualquer ligação com a guerrilha virtual de Aécio – apesar dos indícios.
A empresa funciona em um escritório na Savassi, região central de Belo Horizonte. O dono da companhia é Zuza Nacif, publicitário ligado ao secretário-geral do PSDB, o deputado federal Rodrigo de Castro (PSDB-MG). Nacif é um nome já conhecido dentro do PSDB. Foi secretário de Comunicação de Lavras (MG) e atuou em campanhas de diversos tucanos, como a do atual governador de Minas Gerais, Antônio Anastasia. Hoje, com a ala mineira da sigla em evidência, ele tem influência no comando da comunicação social do partido.
O trabalho não se limita às redes sociais. Os analistas também monitoram notícias sobre Aécio Neves e deixam comentários favoráveis ao senador tucano. Para facilitar o trabalho, publicam mensagens idênticas em outros sites jornalísticos, o que demonstra que o objetivo é espalhar a falsa opinião e buscar convencer os leitores. Mas, na saga de atingir o maior número de pessoas, os próprios autores acabam se denunciando.
No dia 4 de março, Augusto Texeira, militante imaginário, escreveu um comentário em uma reportagem sobre o senador mineiro, cujo teor atacava “o populismo de Dilma no Nordeste”. Um comentário com expressões idênticas foi publicado no dia 3 de abril, dessa vez pelo publicitário Guilherme Parreiras. “Sou um muito simpatizante do Aécio e contra o PT. Sempre posto coisas relacionadas, leio muito sobre política e devo ter visto um comentário que achei bacana e copiei. Já fiz isso algumas vezes”, argumenta. Parreiras diz não se lembrar de onde conhece o militante-fantasma Augusto Texeira, que também é seu amigo no Facebook.
A assessoria de comunicação do PSDB afirma desconhecer a comunidade virtual (e falsa) pró-Aécio e acrescenta que o serviço jamais foi solicitado. A Brasil Comunicação também nega que este seja o serviço prestado pela empresa ao partido – embora admita manter um contrato com os tucanos.
Imagem
A criação de um exército de apoiadores fictícios compensa porque, além de relativamente barata, não oferece grandes riscos aos parlamentares e governantes. “Esses políticos estão buscando minimizar ou equilibrar as dosagens de intenções negativas que possam existir nesses ambientes contra a sua reputação”, diz Alexandre Atheniense, advogado especializado em direito digital. O jurista afirma que a prática não é crime, já que não está relacionada a alguém que já existe. “Mas é condenável”, reforça.
O pesquisador especialista em marketing político da ESPM Victor Trujillo ressalta os prejuízos que a prática pode trazer. “O nome do jogo hoje é transparência, honestidade. Os eleitores estão muito sensíveis. Se o candidato é desonesto já com uma coisa simples, isso diz tudo para o eleitor”, afirma Trujillo. “Essa é uma ação obsoleta, que não funciona e os resultados são contraproducentes do objetivo que se quer alcançar. Gera um desgaste perante a opinião pública.”
Por Reinaldo Azevedo
29/08/2012
 às 6:07

Com o maior PIB per capita e a PM mais bem paga do país, Agnelo pede socorro ao governo federal para combater a violência no DF e admite, assim, sua espantosa incompetência

Coitado do Distrito Federal!
O governador Agnelo Queiroz, do PT, pediu, para espanto de todas as pessoas sensatas, o auxílio da Força Nacional de Segurança para combater a criminalidade naquela unidade mínima da federação, que tem 2,5 milhões de habitantes (menos de um quarto da população da cidade de São Paulo) e 5 801,937 km² — área que não chega a corresponder a quatro vezes à da capital paulista. A incompetência estupefaciente de Agnelo é um desastre para a população do DF e tem seu lado lamentavelmente didático. Demonstra como algumas teses sobre as raízes e as causas da violência são estupidamente erradas, especialmente aquelas apontadas pelas esquerdas.
Note-se, de saída, que a área do Plano Piloto é uma das mais vigiadas do país. Por ali, a Polícia Militar e a Polícia Civil do DF não têm grande dificuldade. Mesmo assim, o próprio governo admite que a situação saiu do controle fora do eixo dos Poderes propriamente, daí ter pedido socorro. Só para que saibam: segundo o Mapa da Violência, em 2010, Brasília ficou em 18º lugar (34,2 por 100 mil) no ranking de homicídios das capitais, bem pior do que o Rio, em 23º (com 22,4 por 100 mil) e do que São Paulo (em último, com 13 por 100 mil). A coisa é ruim não é hoje, não! Só que, agora, parece que fugiu do controle. Só neste mês de agosto, já aconteceram 46 sequestros relâmpagos em Brasília. Na semana passada, a vítima foi a filha do ministro da Pesca, Marcelo Crivella. Agnelo entendeu que era hora de agir. Como? Pedindo socorro ao governo federal, ora essa!
Grande Agnelo! Nunca antes da história destepaiz se viu governante tão competente, não é mesmo?
Uma das tolices que se afirmam sobre o combate à violência é que a eficiência da polícia é razão direta dos salários pagos… É CLARO QUE SALÁRIO ALTO NÃO ATRAPALHA, MAS NÃO DEFINE NADA.
A PM do Distrito Federal tem o maior salário do país. O piso é de R$ 4.700. Em São Paulo, é de R$ 2.740; no Rio, R$ 1.450; Em Minas, R$ 2.245. A chamada PEC 300 iguala os ganhos dos policiais militares do país inteiro ao que se paga no DF. Ocorre que é o governo federal que arca com a folha. O autor da proposta é o deputado Arnaldo Faria de Sá. Quando lhe disseram que os estados quebrariam, ele não teve dúvida: meteu lá um artigo que repassa para a União os custos adicionais da equiparação. Dilma, quando candidata, flertou com a proposta, especialmente seu vice, Michel Temer. Uma vez eleita, fez o óbvio: deu uma banana para os policiais porque não existe dinheiro para tanto.
O fato é que a polícia mais bem paga do país convive com um índice de homicídios que é mais do que o triplo do de São Paulo (hoje, em 10,3 por 100 mil habitantes) e mais de 50% superior ao do Rio de Janeiro. É dinheiro que falta ao governo Agnelo para ter uma polícia mais eficiente? Não!
Seria, então, a pobreza a raiz da violência? É claro que existem bolsões de carência nas cidades-satélites do Distrito Federal, como existem no estado de São Paulo. Mas comparemos: o IDH do DF é 0,874; o de São Paulo, 0,833. O DF está em primeiro lugar no ranking do PIB per capita: R$ 50.438. São Paulo, que está em segundo, vem muito atrás, com R$ 26.202. São números referentes a 2008.
Todos os clichês e as falsas verdades sobre a violência são desmentidos no Distrito Federal. E se confirma, aí sim, o que sabe toda pessoa razoável: é a competência que faz a diferença. Fica evidente que falta… governo (!) ao… governo Agnelo!
Governadores do país inteiro sonhariam com uma polícia pagando os salários que se pagam por lá — com a conta sendo enviada à União. Mesmo com esse diferencial a favor, a violência fugiu do controle. Nada resiste à força corrosiva da incompetência. Em matéria de segurança, diga-se, governos petistas são o que são. A Bahia de Jaques Wagner assistiu a uma verdadeira explosão do número de homicídios. Lula, que pretende dar aula de gestão em São Paulo, poderia dar a sua mãozinha àqueles companheiros.
Coitado do Distrito Federal!
Um dos planos do Zé Dirceu, caso seja inocentado pelo STF, é lutar por sua anistia e se candidatar à sucessão de Agnelo. Os ministros do Supremo que se cuidem… O que se tem aí pode ainda não ser o pior.
Por Reinaldo Azevedo
07/08/2012
 às 6:11

Agora é a Polícia Federal que afirma que governo Agnelo montou central de espionagem. VEJA deu a notícia na revista que começou a chegar aos leitores em 14 de abril

Em abril deste ano, a VEJA informou que o governo Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, havia montado uma central de espionagem para bisbilhotar adversários políticos, jornalistas e até aliados. É… Tem uma minoria aí que não gosta da revista, né? A gente entende por quê. Pois bem. Leiam trecho do que informam Fernando Mello e Filipe Coutinho, na Folha de hoje. Volto depois:
*
Relatório da Polícia Federal aponta “fortes indícios” de interceptação ilegal de e-mails para obter informações “privilegiadas/antecipadas, de interesse do governo do Distrito Federal”, na gestão do petista Agnelo Queiroz. O relatório, baseado em grampos autorizados durante a investigação que levou à prisão de Carlinhos Cachoeira, é o primeiro documento da PF que liga o governo do Distrito Federal à espionagem de adversários políticos. O relatório elenca cerca de 30 conversas em janeiro e fevereiro. O suposto esquema de arapongagem é indicado por diálogos entre o sargento da reserva da Aeronáutica Idalberto Matias, o Dadá (ligado a Cachoeira e, segundo o relatório, próximo ao governo local), o agente aposentado da PF Joaquim Thomé e Marcello Lopes, o Marcellão, ex-assessor de Agnelo.
Nos áudios, eles citam uma pessoa chamada de “chefe” e “Claudinho”, que a polícia suspeita ser o ex-chefe de gabinete de Agnelo, Cláudio Monteiro -que deixou o cargo após ser apontado como o contato do grupo de Cachoeira na cúpula do governo. O relatório sugere aprofundar investigações sobre o esquema. Segundo a PF, Thomé passava e-mails a Dadá, que os repassava a Marcellão, que os entregava a Monteiro. Num diálogo, o agente aposentado diz estar “vendendo serviço” ao governo. Em outro, Dadá diz a Thomé: “O governador vai cumprir. Ele não vai falhar não, entendeu?” A PF usa essa conversa como exemplo de que o destino das mensagens obtidas ilegalmente seria “Claudinho”.
(…)
Voltei
Leiam agora trecho da reportagem de Rodrigo Rangel, da VEJA, que começou a chegar aos leitores no dia 14 de abril:
(…)
A ação ilegal de arapongas a serviço do governador está sob investigação do Ministério Público do Distrito Federal. Policiais militares formalmente lotados no palácio do governo, a poucos metros de seu gabinete, violaram sistemas oficiais de informações, inclusive da Receita Federal, para levantar dados sobre alvos escolhidos pelo gabinete do governador. A bisbilhotagem, até onde os investigadores já descobriram, começou no fim do ano passado e teve como vítima o deputado federal Fernando Francischini, do PSDB do Paraná. Delegado da Polícia Federal, Francischini tornou-se inimigo de Agnelo depois de defender publicamente a prisão do governador com base em documentos que comprovariam uma evolução patrimonial incompatível com os vencimentos do petista. A partir daí, começaram a circular em Brasília dossiês com detalhes da vida privada do deputado, que registrou queixa na polícia. O Ministério Público, então, passou a investigar a origem das informações que constavam nos dossiês. Para identificar os responsáveis, foram feitos pedidos de informações a órgãos que gerenciam os bancos de dados oficiais.
As primeiras respostas vieram do Ministério da Justiça, que mantém sob sua guarda o Infoseg, sistema que reúne informações sobre todos os brasileiros – desde números de documentos pessoais até endereços e pendengas com a Justiça. Abastecido pelas polícias do país e protegido por sigilo, o sistema só pode ser aberto por funcionários autorizados em investigações formais. Cada acesso deixa registrada a senha de quem fez a consulta. Seguindo esse rastro, os investigadores descobriram o nome de dois policiais militares de Brasília que haviam consultado informações sobre o deputado Francischini no fim do ano passado, justamente no período em que o parlamentar fez as denúncias contra o governador. Responsáveis pela arapongagem, o subtenente Leonel Saraiva e o sargento Itaelson Rodrigues estavam lotados na Casa Militar do Palácio do Buriti, a sede do governo do Distrito Federal. Detalhe: as consultas haviam sido feitas a partir de computadores do governo localizados dentro do palácio. Identificados os dois militares, o passo seguinte foi conferir no sistema as outras fichas consultadas por eles. Descobriu-se que os policiais haviam violado informações sobre mais de 20 indivíduos, todos desafetos do governador. Uma das vítimas foi o promotor de Justiça Wilton Queiroz de Lima, coordenador do Núcleo de Inteligência do Ministério Público de Brasília e responsável por algumas das principais investigações que envolvem a gestão de Agnelo”
(…)
Por Reinaldo Azevedo
27/06/2012
 às 4:58

Escuta indica aval de Agnelo a grupo de Cachoeira

Governador do DF avalizou exploração de linhas por contraventor, via Delta, antes de licitação
Por Fábio Fabrini, no Estadão:
Novas escutas da Polícia Federal indicam que o governador Agnelo Queiroz (PT) deu aval para que o esquema do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, explorasse linhas de ônibus no Distrito Federal antes de a licitação para o serviço ser lançada.Conforme as interceptações telefônicas, obtidas com autorização judicial, os diretores da Delta Construções, empreiteira suspeita de envolvimento no esquema do contraventor, chegaram a marcar uma reunião com o petista para 29 de fevereiro, dia em que foi deflagrada a Operação Monte Carlo, com a prisão de Cachoeira e vários integrantes do grupo.
Numa das conversas, de 27 de fevereiro deste ano, o araponga Idalberto Matias, o Dadá, relata ao ex-diretor da empreiteira no Centro-Oeste, Cláudio Abreu, que interlocutores de Agnelo, entre eles o ex-servidor da Casa Militar Marcello Lopes, o Marcelão, lhe deram sinal verde para que a empresa entrasse no negócio. “Tivemos uma reunião com o camarada lá ontem, o ‘xará’, eu e o Marcelão. Ele falou para avisar para você que quarta-feira está marcada a reunião. Se o assunto for ônibus, o governador quer fechar com a empresa. Se for outro assunto, ele está à disposição”, informou Dadá.
Os dois também citam uma suposta interferência de assessores do vice-governador do DF, Tadeu Filippelli (PMDB), em favor da Delta. Em outro telefonema, interceptado horas depois, Abreu diz ter recebido de pessoas ligadas ao peemedebista o mesmo aval: “Fechou o circuito, porque o pessoal do Filippelli já tinha ontem (26/2) falado para nós que já estava fechado. E agora vem o governador falar isso também. Então, ficou bom demais, né?”. A licitação para o serviço de ônibus foi lançada em 10 de março, mas o Tribunal de Contas do DF (TC-DF) a suspendeu em maio, alegando falhas no edital. A decisão foi tomada antes da abertura de propostas, o que, segundo a Secretaria de Transportes do DF, impossibilita saber quais empresas estavam no páreo.
Às vésperas da suposta reunião com Agnelo, Abreu foi ao Rio de Janeiro e acertou a participação do principal acionista da Delta, Fernando Cavendish, e do diretor executivo da empreiteira, Cláudio Abreu, no encontro. “Eu e o Fernando vamos estar amanhã com o governador. O negócio está marcado lá, amanhã à tarde, e parece que o governador mandou o homem pagar a gente”, diz ele a um funcionário, em conversa de 28 de fevereiro.
(…)
Por Reinaldo Azevedo
21/06/2012
 às 5:21

Empresa ligada a casal que vendeu imóvel para Agnelo é acusada de superfaturamento pela CGU

Por Breno Costa e Filipe Coutinho, na Folha:
Uma empresa ligada à família de quem o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), comprou sua casa foi beneficiada por um superfaturamento de R$ 670 mil em uma licitação realizada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) quando o petista era um dos diretores da instituição.A constatação é de uma auditoria do governo federal, à qual a Folha teve acesso.
Agnelo comprou uma casa do casal de empresários Glauco Santos e Juliana Suaiden, em março de 2007, por R$ 400 mil. Um imóvel no mesmo local, hoje, não vale menos de R$ 1 milhão, dizem corretores. A empresa contratada pela Anvisa e objeto da análise da CGU (Controladoria-Geral da União) é a F.J. Produções, uma produtora de eventos. Ela pertence ao irmão de Juliana, Jamil Elias Suaiden.
O contrato, de R$ 4,2 milhões, foi assinado em dezembro de 2008. O superfaturamento foi constatado ao comparar a licitação da Anvisa com outra, realizada pelo Ministério da Educação dois dias depois, também vencida pela F.J. Do MEC, a empresa cobrou R$ 40 por metro quadrado para montar estandes. Da Anvisa, o valor foi R$ 250.
Os documentos obtidos pela Folha mostram a assinatura de Agnelo em uma das principais irregularidades. Ele autorizou a contratação de serviços em um dos eventos promovidos pela Anvisa com base no contrato firmado com a F.J. Produções.
(…)
Por Reinaldo Azevedo
14/06/2012
 às 5:22

Agnelo foi treinado por Dirceu, Renan e por terapeuta

Por Maria Lima e Junia Gama, no Globo:
O que os aliados mais temiam era que o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), gaguejasse e se enrolasse nas explicações à CPI mista do caso Cachoeira. Além da tropa de choque do PT, de aliados do governo e de políticos de Brasília, a surpreendente segurança e desenvoltura demonstradas pelo petista foi construída com a orientação de políticos tarimbados como José Dirceu e o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL). Mas, sobretudo, em sessões de terapia com uma especialista em gerenciar crises e ajudar no controle das emoções: a jornalista-terapeuta goiana Olga Curado. A mesma que treinou a então candidata Dilma Rousseff para a campanha presidencial .
Terapeuta do ex-presidente Lula, do governador Geraldo Alckmin e de outros candidatos, Olga Curado mistura em suas sessões técnicas de Gestalt — onde o paciente é estimulado a gritar e a rolar no chão para liberar emoções e ganhar confiança — com aikidô e budismo. Ao invés de se retrair, Agnelo chegou na ofensiva, respondendo a todas as perguntas. “Toda a preparação que ele fez, o “media training” e a terapia com a Olga Curado, valeu 50% do seu bom desempenho. O resto, ele aprendeu vendo o depoimento do Marconi Perillo. Seu grande receio era não conseguir explicar a compra da casa que vale R$ 5 milhões por R$ 400 mil”, contou um dos líderes aliados que estiveram com Agnelo nos últimos dias.
A decisão de oferecer à CPI a quebra dos sigilos foi acertada em reunião na véspera, com seus advogados e deputados petistas. A estratégia foi se diferenciar de Perillo, que, na véspera, não aceitou abrir seus dados à comissão.
Por Reinaldo Azevedo
13/06/2012
 às 19:21

Para evitar a ópera bufa — Que tal quebrar os sigilos bancário, fiscal e telefônicos dos Leporellos? Ou: Que brasileiro com a renda de Agnelo mora numa mansão de R$ 4 milhões?

A CPI, já escrevi, caminha para o naufrágio e para a farsa — embora nem todos lá sejam farsantes. Mas a maioria dá o tom. E ponto final. Há muitos outros assuntos importantes no país. Mesmo assim, volto à dita-cuja para destacar algo que me parece relevante. Depois da CPI do PC Farias, é muito difícil um malandro ser pego na quebra de sigilo bancário, fiscal e até telefônico. Este então… A, se me permitem o neologismo, falastronice de Cachoeira e amigos nos telefonemas é mais evidência de certo amadorismo do que outra coisa. “Bandido federal”, parafraseando Drummond, não é pego nesse tipo de conversa ou em quebra de sigilo. De resto, se vocês notarem bem, os papos de Cachoeira, Demóstenes e a turma toda mandam a ética para o ralo, sim, mas revelação de crimes, propriamente, não há — no máximo, podem-se fazer ilações a partir de fragmentos de conversa. Sabem por quê? Porque as próprias personagens sabiam que estavam sendo grampeadas. Com alguma frequência, tentam falar por códigos.
Assim, mesmo com a eventual quebra dos sigilos, a chance de que algo de significativo apareça é, acho eu, remota. Políticos fazem milagres no Brasil. Vejam o caso de impoluto Agnelo, que hoje foi mais elogiado pelos petistas do que os portugueses por Camões em Os Lusíadas. Que brasileiro, com a renda que ele tinha — e é político faz tempo —, mora numa mansão avaliada em R$ 4 milhões? Como é que as mansões se multiplicam na mão dessa categoria com tanta facilidade? Com tanta gente para comprar a casa de Perillo, tinha de ser justamente alguém ligado a Cachoeira a fazê-lo? Com tanta gente vendendo casa, Agnelo tinha de comprar justamente a de um empresário que dependia de uma assinatura sua para fazer negócios com a Anvisa? Mais: esse mesmo empresário mantém negócios em parceria com… familiares do governador!
Em seu depoimento, o governador do Distrito Federal disse confiar integralmente em Cláudio Monteiro, assessor que foi demitido nos primeiros dias da crise. Gravações sugerem que ele teria recebido uma espécie de pensão da quadrilha. Muito bem! Se Agnelo tem tanta segurança de que a quebra de seus sigilos nada revelará, ficaria tão à vontade se também fossem abertos os de membros de sua família e do tal Monteiro? Este senhor, sabem os que acompanham a carreira de Agnelo há bastante tempo, está para o atual governador do Distrito Federal mais ou menos como Leporello estava para Dom Giovanni. Na nossa ópera bufa, os sigilos dos Leporellos são muito mais importantes do que os de seus senhores.
Assim, fica aqui a minha dica de boa-fé para que a CPI não morra por inanição, embora saiba ser um esforço inútil: que tal quebrar os sigilos fiscal, bancário e telefônico dos Leporellos e familiares?
Para encerrar, um constraste até jocoso: é mais difícil, do ponto de vita da lógica, alguém como Perillo vender uma casa por R$ 1,4 milhão (que fosse por R$ 2,2 milhões, como acusam alguns), ou alguém como Agnelo comprar uma avaliada hoje em R$ 4 milhões? Onde há maior concentração de milagre?
Por Reinaldo Azevedo
13/06/2012
 às 18:03

PGR pede abertura de 2 inquéritos contra Agnelo e 1 contra Perillo

Por Laryssa Borges, na VEJA Online:
Apesar de os governadores de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), não terem sido acuados nos depoimentos que prestaram à CPI do Cachoeira, no Congresso Nacional, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, impôs a ambos um desgaste político nesta quarta-feira. O chefe do Ministério Público Federal confirmou ter pedido nesta terça ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) a abertura de dois inquéritos contra o governador petista e um contra o tucano. Todos os casos correm em segredo de justiça.
Contra Agnelo e Perillo, o procurador-geral vê indícios de crimes relacionados à operação Monte Carlo, da Polícia Federal, que desbaratou um esquema de exploração de jogos de azar e cooptação de autoridades públicas e privadas pelo bando do bicheiro Carlinhos Cachoeira. Para ele, estão mal explicadas questões como a venda da mansão de Perillo ao empresário Walter Paulo, em Goiânia, com uma suposta intermediação do contraventor. No caso de Agnelo, as suspeitas dão conta, por exemplo, de haver possibilidade de irregularidades no governo do DF pelo fato de o ex-chefe de gabinete do petista, Cláudio Monteiro, receber propina da quadrilha do contraventor para facilitar a infiltração da construtora Delta no governo local.
Ao STJ, Gurgel ainda pediu a abertura de outro inquérito contra o governador do Distrito Federal por supostas irregularidades na época em que ele era diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
À CPI, Agnelo Queiroz disse hoje abrir mão de seus sigilos bancário, fiscal e telefônico para comprovar que ele não mantinha relações escusas com o contraventor Cachoeira. O governador também disse manter a confiança em Cláudio Monteiro. Agnelo também sustentou a tese de que não houve cooptação de seu assessor porque os objetivos da quadrilha não foram atingidos. Admitiu, no entanto, ter se encontrado uma vez com Carlinhos Cachoeira ao visitar uma indústria farmacêutica do bicheiro quando era diretor da Anvisa.
Em depoimento na CPI do Cachoeira, Marconi Perillo negou ter participado de qualquer esquema fraudulento na venda de sua casa em Goiânia e disse que, se houve irregularidades na venda do imóvel, elas se devem ao ex-vereador Wladimir Garcez, intermediário da negociação. Afirmou também que não pode responder por terceiros que usaram seu nome “de forma irresponsável”. Negou ter atendido aos interesses da quadrilha em seu governo e disse não ter qualquer proximidade com Carlinhos Cachoeira, a quem classificou como um “empresário”.
Por Reinaldo Azevedo
13/06/2012
 às 17:17

“Agnelo maravilhoso, heroico, ético, impoluto, espetacular, impecável, sensacional, formidável, extraordinário, genial, severo, correto…” A CPI já era sem nunca ter sido! Ou: Ninguém aguenta a proporção de sete elogios para três críticas!!

A cada momento fica mais evidente: os petistas atuam na CPI segundo uma estratégia de redução de danos. Há, sim, um Collor ou outro que ainda insistem na pauta original — a saber: atingir a Procuradoria-Geral da República, o STF, a imprensa e a oposição —, mas o partido do poder já se dá por satisfeito hoje em atingir a reputação do governador Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Está de bom tamanho. O verdadeiro objetivo da maioria governista da CPI, com uma exceção ou outra, é blindar a Delta. Se der para pegar um representante da oposição na trajetória, tanto melhor.
Por que afirmo isso? Se o PSDB atuou ontem, e atuou, para defender o governador de Goiás, a base governista montou hoje uma verdadeira operação de guerra para proteger Agnelo de si mesmo. Ele, como resta evidente, é bem mais atrapalhado do que Perillo, expressa-se com muito mais dificuldade e, com frequência, diz coisas que, transcritas, não fazem sentido. O raciocínio, com frequência, fica pela metade, perde-se em anacolutos, em frases soltas, desconectadas do eixo do discurso. Uma lástima! Isso, por si, não é prova de culpa, é evidente. Só chamo a atenção para o fato de que é uma personagem que precisa de socorro.
E o socorro veio de uma forma até um tanto vexaminosa. Se Perillo teve de se virar porque, afinal, a oposição é uma esmagada minoria na CPI, Agnelo não corre nenhum risco: é protegido pela maioria que esmaga. Se Perillo era exaltado mais ou menos à proporção de 3 para 7, as glórias de Agnelo são cantadas à proporção de 7 para 3, entenderam? A cada 10 oradores ontem, 3 faziam  salamaleques para o governador de Goiás; a cada 10 que falam hoje, 7 cantam as obras de Agnelo, o probo, em prosa ruim e verso pior. O resultado reflete a composição da comissão: 30% oposição; 70% governo.
Resultado previsívelExceção feita a algum evento extraordinário, que force outro rumo — alguém que decida botar a boca no trombone, um documento bombástico que surja de alguma escavação —, o resultado dessa CPI é previsível, a despeito da presença de parlamentares bem-intencionados: uma farsa patrocinada pela base governista, muito especialmente pelo PT, que vai se negar a investigar o principal: a rede criminosa montada pela Delta. De tal sorte criminosa que o próprio governo, seu principal cliente, decidiu declará-la inidônea. Mas PT e PMDB não querem saber de investigar.
Os petistas ficaram ontem inconformados com o desempenho de Marconi Perillo. A coisa ia tão mal que Odair Cunha, o relator, foi chamado pelo comando do partido e levou uma carraspana. Era preciso mudar o rumo das coisas. Ele voltou à mesa e protagonizou aquela cena patética, tratando o governador como investigado, quando era testemunha. Hoje, os petistas — na verdade, a base governista — decidiram fazer de Agnelo um herói maior ainda.
Se há algum interesse, como telespectador, em ver uma minoria extrema (a oposição) tentando se livrar dos ataques de uma maioria extrema (o governo), o contrário não tem graça nenhuma. Não em razão do alinhamento com esse ou com aquele lado. É que o mais forte esmagando o mais fraco é coisa de rotina, que acontece a toda hora. O depoimento de Perillo, ontem, tinha tensão narrativa. O de Agnelo ficou burocrático. Ontem, nas suas intervenções, governistas tentavam arrancar do tucano alguma contradição. A gente, do lado de cá, fica na expectativa da resposta. Hoje, com a maioria que têm, os governistas tomam a palavra para declarações incisivas como: “Parabéns, governador Agnelo”; “Sua família deve ter orgulho do senhor”; “O senhor responde tudo, governador!”; “O senhor nada deve, governador”; “Como o senhor é maravihoso, governador!”. Ah, sim: para não perder a viagem, os petistas aproveitam para atacar Perillo, tentando reverter o resultado de ontem.
O relatórioSe a Delta não for investigada a fundo, e eu acho que não vai ser, essa CPI termina como começou: movida pelo espírito de farsa — insito que essa farsa não contamina os de propósitos honestos, e os há, que lá estão. O relatório do deputado Odair Cunha (PT-MG), que será aprovado (70% contra 30%, lembram-se?), é tão previsível quanto o fato de que amanhã será quinta-feira. Apontará uma penca de irregularidades no governo de Goiás, cantará as glórias e a pureza ética de Agnelo, evitará qualquer sugestão que possa comprometer o governo federal e incluirá alguma peroração moral em favor do financiamento público de campanha. E isso terá de ser feito antes das eleições de outubro para que a peça possa ser usada como material de campanha.
Compreensível! Essa CPI começou com Lula e Dirceu tentando impor ao país o seu padrão de ética e moralidade.
Por Reinaldo Azevedo
13/06/2012
 às 16:02

Agnelo, que não explicou à Justiça a compra de sua mansão, também não consegue explicá-la à CPI; casa era de empresário beneficiado por ato da Anvisa quando ele era presidente

O governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, já teve a chance de explicar a Justiça como comprou a mansão em que mora, hoje avaliada em R$ 4 milhões. Não conseguiu — como deixou claro a própria Justiça. Hoje, indagado por parlamentares de oposição, teve a chance de dar explicações convincentes. Não conseguiu de novo. Segue uma síntese do caso, feita Pela VEJA Online.
*
Apesar de negar a existência de irregularidades na compra da casa onde vive, uma mansão de 550 metros quadrados em uma área nobre de Brasília, o governador Agnelo Queiroz, do Distrito Federal, se enrolou ao não comprovar a origem dos recursos que permitiram a aquisição do imóvel. O petista, que depõe à CPI do Cachoeira nesta quarta, pagou 400 000 reais pela casa em 2007. Um ano antes, ele havia declarado à Receita Federal ter um patrimônio de apenas 224 000 reais.
Agnelo, que fala à CPI nesta quarta, processou os jornalistas que fizeram reportagem sobre a venda da casa. Durante o processo, o petista foi instado pela Justiça a apresentar sua declaração de imposto de renda que poderia comprovar a origem dos recursos usados na transação. O petista se negou: mostrou apenas os comprovantes de que havia entregue sua declaração do imposto de renda. “Esses extratos não demonstram sequer que a aquisição da casa foi incluída nas declarações de IR”, afirmou a juíza Priscila Faria da Silva.
A magistrada condenou o governador a pagar 3 000 reais aos jornalistas. À CPI, Agnelo prometeu comprovar a origem dos recursos usados na compra do imóvel: “Isso será reparado absolutamente. Vou fazer isso”, disse. Agnelo afirmou ter renda familiar suficiente para adquirir a casa com um ano de economias.
De quem era a casa?O antigo dono do imóvel, o empresário Glauco Santos, é dono de uma empresa que, meses depois da transação, foi beneficiada por um ato assinado diretamente por Agnelo – então diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária: o petista firmou a permissão de funcionamento da companhia de Glauco.
Agnelo não vê problema em ter referendado o ato: “É um atestado absolutamente simples”, disse. Glauco Santos também se transformou em sócio da mãe e da irmã de Agnelo em franquias de restaurantes. O petista acha tudo normal. “É uma relação privada, empresarial”, afirmou.
Além da falta de comprovação da origem dos recursos, a transação chama a atenção pelo valor: os 400 000 reais não são, nem de longe, suficientes para pagar um imóvel semelhante ao do petista na mesma região. Agnelo disse não saber quanto vale, hoje, a mansão. “Não sei, não sou corretor”, respondeu ele, secamente, quando questionado pelo deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP).
Por Reinaldo Azevedo
13/06/2012
 às 15:27

Perillo manda dizer à CPI que também abre mão de sigilo

O governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), decidiu declarar que abre mão de seus respectivos sigilos (ver post anterior) para tentar marcar uma diferença em relação a Marconi Perillo, governador de Goiás (PSDB), que, ontem, afirmou ser essa uma decisão da CPI, não dele. Perillo deu essa resposta quando foi tratado pelo relator, Odair Cunha (PT-MG), como investigado, o que ele não é.
Os governistas, que estão atuando como verdadeiros guarda-costas de Agnelo, estavam fazendo onda com a sua suposta disposição de abrir o sigilo, decisão que estava sendo tomada como evidência de sua lisura, em contraste com Perillo, que teria resistido.
Pois bem: o líder do PSDB na Câmara, Bruno Araújo, acaba de anunciar que também Perillo abre mão de seu sigilo e propôs que a CPI votasse isso ainda hoje. O deputado Paulo Teixeira (PT-SP), que está presidindo a comissão no momento, afirmou que o tema só será discutido pela CPI na reunião administrativa de quinta.
Por Reinaldo Azevedo
13/06/2012
 às 15:13

Agnelo diz manter confiança em assessor demitido por vínculos com Carlinhos Cachoeira

Por Laryssa Borges e Gabriel Castro, na VEJA Online:
Suspeito de manter ligações com o grupo do contraventor Carlinhos Cachoeira, o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), afirmou nesta quarta à CPI do Cachoeira que abre mão de seus sigilos fiscal, bancário e telefônico. O petista, convocado a prestar esclarecimentos sobre a ligação de sua gestão com a máfia comandada pelo bicheiro, começou a depor à Comissão Parlamentar de Inquérito pouco antes das 11h.
Na primeira parte de sua exposição, Agnelo anunciou. “Não posso conviver com desconfiança sobre minha biografia. Quero colocar à disposição dessa CPI meu sigilo bancário, fiscal e telefônico”, disse. “Quem não deve não teme. Já havia oferecido meus sigilos ao procurador-geral da República há mais de um mês”. O petista foi aplaudido por integrantes da comissão ao fazer o anúncio. A decisão de Agnelo é uma tentativa de ganhar força política – ainda mais porque, na sessão desta terça-feira da CPI, o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), recusou-se a disponibilizar seus dados sigilosos à comissão.
A suspensão da confidencialidade dos dados do petista já havia sido oferecida também ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), onde Agnelo responde a processo. A revogação dos sigilos de Perillo será analisada nesta quinta-feira pela CPI.
No depoimento à CPI, o governador também disse manter a confiança em Cláudio Monteiro, que era seu chefe de gabinete e deixou o cargo após escutas da Polícia Federal indicarem que ele recebia propina da quadrilha de Carlinhos Cachoeira para facilitar a infiltração da Delta no governo local. Agnelo sustentou a tese de que não houve cooptação de seu assessor porque os objetivos da quadrilha não foram atingidos: “A informação que eu tenho dele é essa e eu não tenho motivo nenhum para desconfiar disso, porque não teve nenhuma ação que favorecesse a Delta”.
O petista também afirmou que desconhecia a ligação de outros dois integrantes de seu governo com o grupo de Cachoeira: João Carlos Feitoza, o Zunga (ex-subsecretário de Esporte) e Marcello de Oliveira (ex-assessor da Casa Militar). Assim como Monteiro, a dupla perdeu o cargo em meio ao escândalo.
EncontroAgnelo admitiu ter se encontrado uma vez com Carlinhos Cachoeira ao visitar uma indústria farmacêutica do contraventor, ainda quando era diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa): “Eu visitei uma fábrica da Vitapan, como fiz visitas em outros estados do Brasil”, afirmouo. “Esse foi o único contato que eu tive com o senhor Carlos Cachoeira”.
O governador iniciou seu depoimento afirmando que tem sido alvo de uma organização criminosa que estaria tramando sua derrubada do poder. O petista usou sua primeira fala ao colegiado para desqualificar as acusações de que a construtora Delta e o bando de Cachoeira teriam se infiltrado em Brasília.  Assim como fez o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), em depoimento nesta terça-feira, Agnelo também questionou o uso das gravações da Polícia Federal e o suposto vazamento seletivo dos grampos, afirmando que os dados obtidos na Operação Monte Carlo foram divulgados de maneira descontextualizada.
“O grupo aqui investigado tramou a minha derrubada, um governo legitimamente eleito pelo povo do Distrito Federal”, afirmou. “E não agiu só. Valeu-se das falsas acusações plantadas, de vozes com acessos às tribunas políticas do país, da boa-fé das pessoas ao misturar mentiras e meias verdades”. Em seguida, o governador questionou os reais motivos de sua convocação: “Tudo com o objetivo de me desgastar, desestabilizar e, por fim, me retirar do governo do Distrito Federal. Esse governo estava impedindo que o crime entrasse, que se fizessem negociações, que tivesse favorecimento, que indicasse gente. Por isso queriam me derrubar”.
GramposO governador negou ainda à CPI que seu governo tenha grampeado ilegalmente autoridades, jornalistas e adversários políticos por meio da Casa Militar. Reportagem de VEJA revelou que a Casa Militar do governo acessou dados pessoais de opositores e jornalistas. “Jamais vou permitir que a Casa Militar de um governo democrático possa adotar qualquer atitude nesse sentido”, disse o petista.
Crescimento de patrimônioDurante depoimento, Agnelo também negou irregularidades em seu crescimento patrimonial – a soma dos bens do petista cresceu quase 12 vezes desde 1998. “Com a quebra dos sigilos você tira qualquer tipo de ilações. Abro meu sigilo para que possam ser checadas todas as informações necessárias que demonstram que tenho patrimônio compatível”, disse. “Não quero nenhum tipo de suspeição sobre minha vida. Não posso ouvir aleivosias dessa ordem”, declarou ele, recebendo apoio do relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG). Agnelo Queiroz encaminhou ao colegiado declaração de nada consta do Imposto de Renda dele e se sua esposa.
DocumentosO governador encaminhou à CPI documentos mostrando que o contrato da construtora Delta em Brasília foi assinado em dezembro de 2010 – antes, portanto, de sua posse.  ”A Delta Construções tem apenas um contrato com o governo do DF, o de coleta de lixo e varrição e ruas em duas áreas do Distrito Federal, e esse contrato foi assinado no governo anterior. E ainda assim a mando da Justiça”, argumentou.
Agnelo Queiroz fez um balanço de quando assumiu o governo do Distrito Federal e relembrou escândalos políticos envolvendo Brasília, como a operação Caixa de Pandora, que desbaratou o mensalão do Democratas. De acordo com o governador, as acusações de que seu governo tem vínculos com o bicheiro Cachoeira são resultado de retaliação de adversários derrotados nas urnas.
“Quero dizer que vou resistir e continuar lutando contra esse povo expulso da máquina pública pelo povo do Distrito Federal”, disse. “Tenho minha consciência tranquila. A sociedade de Brasília me conhece, herdei uma cidade com escândalos e ameaça de intervenção federal”.

Protesto
Agnelo pretendia chegar à sala da CPI acompanhado por cerca de 20 deputados distritais, secretários e o vice-governador, Tadeu Filipelli. Contudo, um grupo de manifestantes contra o petista bloqueou o caminho entre a liderança do PT no Senado, onde estava o governador, e  a sala da comissão. Agnelo teve de recorrer a uma passagem alternativa, pelo subsolo. A equipe do petista ficou ilhada.
O protesto contra o governador foi organizado por cerca de 15 estudantes, parte deles ligada ao PSTU. Militantes do PT também compareceram e gritaram palavras de ordem em defesa de Agnelo.
Por Reinaldo Azevedo
11/06/2012
 às 20:01

Líderes do PT e PSDB preparam bancada para depoimento de governadores

Da Agência Brasil:
Os líderes do PSDB e do PT começam a preparar suas bancadas para os depoimentos dos governadores de Goiás, Marconi Perillo, e do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira.
O primeiro a depor, nesta terça-feira, 12, será Perillo. Os petistas estão preparados para cobrar esclarecimentos sobre a venda da casa do governador goiano, local onde o empresário Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso pela Polícia Federal suspeito de explorar jogos ilegais e subornar agentes públicos. Diversas pessoas envolvidas na venda da casa prestaram depoimentos contraditórios para os parlamentares sobre a negociação de compra e venda da casa do governador.
Após reunião com as bancadas do partido na Câmara e no Senado, o líder do PT, deputado Jilmar Tatto (PT-SP), disse que os petistas irão insistir na proximidade de Marconi Perillo com Cachoeira. “Eu sei que é difícil explicar essa relação íntima que ele tem com o Carlinhos Cachoeira, que é o chefe do crime organizado em Goiás. Até porque, se existia a contravenção no estado de Goiás, a responsabilidade de combatê-la é do governador. Os delegados [da Polícia Federal] que vieram prestar esclarecimentos aqui na CPMI disseram claramente: o governador Marconi Perillo vendeu a casa dele para o Cachoeira. O Carlinhos Cachoeira foi preso pela Polícia Federal na casa que era do governador. Tanto ele era íntimo do Cachoeira que ligou para dar parabéns no aniversário”, declarou.
Já sobre o depoimento do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, na quarta-feira, 13, o líder petista garantiu que o partido estará unido para defender o governador. Agnelo é citado em gravações telefônicas feitas com autorização da Justiça pela Polícia Federal de conversas do grupo de Cachoeira com funcionários do alto escalão do governo do Distrito Federal (GDF). As gravações dão a entender que o governador do PT também se beneficiava do esquema criminoso. Além disso, a Construtora Delta, que é apontada pela PF como um instrumento de Cachoeira para o pagamento de propinas a agentes públicos, tem contratos com o GDF.
“O contrato da Delta foi uma decisão judicial. Não foi o Agnelo que contratou a Delta, que fez a licitação. Quando ele assumiu o governo do Distrito Federal tinha uma decisão judicial para manter a Delta. Mesmo assim ele fez uma auditoria no mês de janeiro, logo que assumiu, e reduziu o contrato em 40%. Então olha a diferença [entre Agnelo e Perillo]“, disse Tatto.
Já os parlamentares tucanos tentam desconstruir as denúncias sobre as relações de Perillo com Cachoeira e buscar denúncias antigas para embasar o ataque a Agnelo Queiroz. Para o líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PSDB-PR), não há contradição entre a explicação dada pelo governador goiano para a venda da casa e os depoimentos prestados até agora na CPMI. “O que eu tenho ouvido é uma só versão insistentemente repetida: o governador vendeu para [o ex-vereador Wladmir] Garcez e recebeu em cheque. Garcez vendeu para [professor] Walter Paulo [Santiago], que pagou em dinheiro. Só há uma versão. Se é um negócio lícito ou não, certamente a CPMI terá oportunidade de julgar quando votar o relatório final”, ressaltou o líder tucano.
Dias garante que o partido vai procurar ser imparcial e não atacar o governador petista gratuitamente em seu depoimento na CPMI. Mas usou um tom irônico ao se referir às explicações que Agnelo terá que oferecer aos parlamentares em seu depoimento. “Não há espaço para agressão desnecessária. O questionamento tem que ser duro, todos os fatos revelados devem ser investigados e nós vamos dar oportunidade ao governador de Brasília de esclarecer todas as denúncias que pesam contra ele. Aliás, uma enxurrada de denúncias há vários anos, antes de ser governador, depois de governador, denúncias velhas, denúncias novas. Ele terá certamente a oportunidade de responder”, disse o senador.
Por Reinaldo Azevedo
11/06/2012
 às 6:52

Gravações envolvem braço direito de Agnelo em suposto lobby na Anvisa

Por Fábio Fabrini, no Estadão
Com depoimento à CPI do Cachoeira marcado para quarta-feira, o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), está novamente na mira da Procuradoria-Geral da República, que analisa novas provas do envolvimento do petista e de seus assessores com um grupo farmacêutico acusado de sonegação fiscal, lavagem de dinheiro, formação de cartel e falsificação de medicamentos.
Escutas telefônicas em poder do órgão indicam que o laboratório Hipolabor, com sede em Minas, recorria ao atual secretário de Saúde do Distrito Federal e ex-diretor adjunto de Agnelo na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Rafael de Aguiar Barbosa, para acelerar demandas no órgão. Barbosa era braço direito do petista, que dirigiu a agência entre 2007 e 2010, quando deixou o cargo para concorrer ao Palácio do Buriti.
Os grampos foram feitos com autorização judicial na Operação Panaceia, desencadeada em Minas por uma força-tarefa integrada por Ministério Público, Polícia Civil e Receita Estadual, com apoio da Anvisa e do Ministério da Justiça. A procuradoria pediu o compartilhamento das provas e abrirá procedimento administrativo para analisá-las, disse o procurador-geral da República, Roberto Gurgel.
Como o Estado revelou em 14 de março, uma agenda apreendida durante as operação, com anotações da contabilidade da diretoria do grupo farmacêutico, registra supostos pagamentos ao petista em 2010, ano eleitoral.
Nos grampos feitos naquele ano, um dos diretores do Hipolabor, Renato Alves da Silva – preso em abril de 2011 na operação -, conversa com um representante da empresa na Anvisa, Francisco Borges Filho, ex-chefe de gabinete de Agnelo quando deputado federal, e pede a ele que Barbosa interfira num departamento da agência em favor da empresa.
De acordo com os áudios, a cúpula do laboratório estava entusiasmada com a possibilidade de Agnelo se eleger em 2010 e, assim, emplacar aliados na Anvisa. A intenção, segundo os diálogos, era que o próprio Barbosa chefiasse a agência, o que poderia facilitar demandas do grupo.
Agnelo é chamado de “Magrelo”, variação do apelido usado pelo grupo do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, nas interceptações da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal. Nelas, o governador figura como “Magrão”.
Agenda. Documentos apreendidos na Panaceia indicam ainda que o deputado Fábio Ramalho (PV-MG) servia de intermediário do laboratório na Anvisa. E-mails mostram que ele próprio marcava reuniões de interesse da empresa na agência.
A agenda com anotações contábeis registra supostos repasses a Ramalho, alguns de R$ 30 mil. Os valores vêm ao lado da anotação “Fabinho”, apelido do parlamentar. O nome e o sobrenome do deputado aparecem em documento que relaciona supostos pagamentos de viagens.
A procuradoria já recebeu as provas. Se concluir que há indícios de crime, Gurgel disse que pedirá ao Superior Tribunal de Justiça a abertura de novo inquérito contra Agnelo ou a anexação à investigação já em curso, que apura supostas irregularidades cometidas quando o petista dirigia a Anvisa. “Se as condutas são inter-relacionadas, seria no mesmo inquérito. Se são fatos diversos, seria num outro inquérito.”
Pedido. Ex-assessor de Agnelo, Borges atua em Brasília como representante de 20 laboratórios, nas suas palavras. Ouvido pelo Estado, ele confirmou ter pedido a Rafael Barbosa, de quem se diz amigo pessoal, que acelerasse a publicação de certificado de boas práticas na Anvisa. O documento é exigido para o registro de medicamentos e comercialização. Sem ele, não é possível participar de licitações públicas.
(…)
Por Reinaldo Azevedo
11/06/2012
 às 6:49

Agnelo — Ex-assessor diz que empresa prometeu doação

No Estadão:Ex-chefe de gabinete do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), Francisco Borges Filho diz que o pagamento registrado em agenda do laboratório Hipolabor referia-se a uma doação de campanha ao petista. Segundo ele, Renato Alves Silva, diretor da empresa, lhe contou ter feito o registro visando a contribuir com R$ 50 mil na campanha de 2010. Ele alega, contudo, que o repasse não chegou a ocorrer.
Na prestação de contas de Agnelo ao Tribunal Superior (TSE) não consta nenhum repasse do Hipolabor. “A anotação era do Renato. Foi na agenda do Renato, que era para conversar com o Ildeu (Oliveira Magalhães, dono do laboratório) sobre a possibilidade de se arranjar R$ 50 mil para ajudar na campanha”, contou. “Eles prometeram, mas não deram. Não houve a doação.”
Na página de 24 de maio de 2010, a agenda traz a anotação “Agnelo” ao lado de “50.000″. No dia 30 há outro registro, aparentemente abreviado: “Agnelo: 50.”. “Era (doação), ele prometeu. Isso aí é uma falha do sistema político. Enquanto não tiver financiamento público de campanha, o caixa 2 vai nadar de braçada”, disse Borges, que diz não trabalhar mais para o Hipolabor.
Em março, o governador disse ao Estado não ter qualquer envolvimento com o grupo. Em nota, o Hipolabor negou ter feito pagamentos a qualquer pessoa de nome Agnelo, mas não explicou o que são as anotações.
(…)
Por Reinaldo Azevedo
10/06/2012
 às 6:13

O crescimento do patrimônio de Agnelo Queiroz e a incrível presença de Juliana Roriz na vida de familiares do governador do DF

Por Chico de Gois, no Globo:
O governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), que depõe na próxima quarta-feira na CPI do Cachoeira, embora seja de partido diferente do seu colega de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), terá de dar explicações sobre um fato comum: o crescimento exponencial de seu patrimônio desde 1998. Nesse período, a soma dos bens do petista subiu quase 12 vezes. Perillo, como revelou O GLOBO na semana passada, teve um aumento patrimonial de cinco vezes, mas, na conta, não estão computados cinco imóveis que o tucano deixou de informar à Justiça Eleitoral.
O porta-voz do governo do Distrito Federal, Ugo Braga, informou que “a evolução patrimonial do casal (Agnelo e mulher) deve-se ao trabalho de ambos durante 30 anos de casados”.
Do apartamento à mansão sem financiamento
No início de sua carreira política, Agnelo tinha poucos bens: apenas um apartamento, no valor de R$ 70 mil, mais três carros — um deles um Chevette 1989, avaliado, na época, em R$ 4 mil — e quatro telefones, dois dos quais celulares. Em 2010, quando concorreu ao governo do DF, a situação era bem diferente. A soma de tudo aquilo que estava registrado em seu nome, com o de sua mulher, atingia a cifra de R$ 1,150 milhão. No período de 12 anos, a frota continuou sendo de três veículos, mas todos seminovos.
O apartamento também continua em posse do casal, mas, agora, Agnelo mora em uma mansão de 549 metros quadrados de área construída, adquirida em março de 2007 por R$ 400 mil, segundo informações do 1 Cartório de Registro de imóveis, mas que, para efeitos de declaração pública, foi registrada por R$ 450 mil. Ainda segundo o cartório, a mansão foi adquirida “sem condições” e não há referência a financiamento.
Há, ainda, outros dois imóveis em Brasília — um deles, no valor de R$ 139 mil, dos quais R$ 79 mil foram financiados —, e cerca de R$ 150 mil depositados em contas e aplicações. Em 1998, ele não informou que possuía recursos financeiros.
Na eleição anterior, em 2006, Agnelo também mantinha um patrimônio modesto, que somava R$ 224 mil. Na época, suas contas bancárias somavam R$ 45 mil. Em 2002, ele entregou cópia da declaração de Imposto de Renda da esposa, atestando que tudo o que constava ali lhe pertencia também, além de uma Parati, ano 2002, que havia comprado e pela qual pagara R$ 30 mil. No total, naquele ano, os bens do casal eram de R$ 214 mil.
Nesse ínterim, além de deputado federal eleito pelo PCdoB em 1998 e reeleito em 2002, Agnelo assumiu o Ministério do Esporte no primeiro governo Lula, em 2003, e, em outubro de 2007, foi nomeado para diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), uma vez que não havia conseguido se eleger senador no pleito de 2006. A partir daí, não apenas ele, mas também sua família começaram a melhorar o padrão de vida.
Franquias repassadas para parentes
A mansão que Agnelo e a esposa adquiriram em 2007 tinha como proprietários o advogado Glauco Alves e Santos e a mulher dele, Juliana Roriz Suaiden Alves e Santos. Ela é irmã de Jamil Elias Suaiden, dono da F.J. Produções. Durante o período em que Agnelo foi diretor da Anvisa, a F.J. venceu um leilão de registro de preços para realizar 260 eventos. O preço vencedor foi de R$ 14 mil cada. O que chamou a atenção é que os demais concorrentes apresentaram propostas risíveis: R$ 23,06, o que é totalmente inexequível. Por conta disso, todas as empresas foram desclassificadas e a F.J. Produções levou a melhor.
De um faturamento de R$ 61,9 mil em 2006, a F.J. Produções passou a receber uma bolada do governo federal: R$ 4,8 milhões, em 2007; R$ 19,1 milhões em 2008; R$ 50,9 milhões em 2009; R$ 103,2 milhões em 2010; e R$ 71,3 milhões em 2011.
Juliana Roriz também aparece como sócia de restaurantes e docerias abertas em 2007 e que em seguida acabaram transferidos para parentes do governador, incluindo sua mãe, irmãs e irmão. A sequência dos negócios é sempre a mesma: Juliana abre uma franquia, permanece poucos meses e as repassa para um parente do governador. Para Agnelo, embora admita que seus parentes só conheceram Juliana e Glauco depois da transação imobiliária, em 2007, tudo é mera coincidência.
(…)
Por Reinaldo Azevedo
08/06/2012
 às 15:28

Da série “Você vai acreditar no que eles dizem ou no que diz a lei?” — Governo do DF tem contrato milionário sob suspeita. Ou: “Pequena empresa”, grande negócio!

Por Gabriel Castro, na VEJA Online:
O governo do Distrito Federal assinou contratos milionários com uma empresa controlada pelo parceiro de um ex-deputado petista sem exigir dela certificado de regularidade com a Receita Federal, como pede a lei. A beneficiada é a Master Restaurante LTDA, companhia que controla, desde o fim do ano passado, oito restaurantes comunitários que servem refeições ao preço de 1 real. A legislação exige que uma empresa apresente certificado de regularidade com o Fisco ao firmar um contrato com o poder público. No caso da Master, entretanto, a norma foi desrespeitada.
Ao menos dois dos oito contratos foram assinados em 26 de dezembro de 2011, quando a companhia não tinha certidão comprovando estar quite com a Receita. O comprovante disponibilizado pela empresa havia perdido efeito um dia antes. A Secretaria de Desenvolvimento Social admite que havia irregularidade no momento da formalização dos contratos, mas alega ter dado novo prazo para que a empresa resolvesse a situação.
Os contratos, porém, foram assinados antes que a Master apresentasse uma nova certidão. O governo afirma que, nesse período, nenhum pagamento foi feito. Mas a manobra não tem sustentação legal, como mostra a Constituição: “Na assinatura do contrato ou da ata de registro de preços, será exigida a comprovação das condições de habilitação consignadas no edital”.
Parte do sucesso da Master talvez possa ser explicado pelas ligações da empresa: o responsável pela companhia é Maurício Pinto Braga, ligado ao ex-deputado petista Juvenil Alves. Braga comandou um tribunal arbitral de propriedade de Juvenil em Brasília. O ex-deputado federal, o mais votado do PT mineiro em 2006, chegou a ser preso em uma operação da Polícia Federal e foi cassado em 2009 por ter feito caixa 2 de campanha.
Pequena empresaOutro ponto em relação a Master chama a atenção. Embora tenha vencido a concorrência para controlar os oito restaurantes e servir 24.500 refeições por dia, – 13, 2 milhões em 18 meses de contrato – a empresa é, desde 2007, participante do Simples, um mecanismo fiscal que beneficia apenas as micro e pequenas empresas. A companhia recebeu, até agora, 4,7 milhões de reais do governo – faturamento já acima do limite máximo exigido para a participação no Simples.
O governo do Distrito Federal alega que o trâmite legal foi respeitado na contratação da companhia e afirma que o processo de seleção da Master promoveu uma economia de 10 milhões de reais por ano aos cofres públicos.
Por Reinaldo Azevedo
08/06/2012
 às 3:01

Câmara do DF enterra CPI que investigaria governo de Agnelo

Por Erich Decat, na Folha:
Deputados do Distrito Federal enterraram anteontem a CPI local criada para apurar um suposto esquema de investigação ilegal comandado por integrantes do governo de Agnelo Queiroz (PT). Na sessão para a escolha do presidente e do relator, apenas a deputada de oposição Celina Leão (PSD) apareceu -eram necessários três parlamentares. Sem a escolha, a comissão foi extinta.
Ao ser criada no dia 17 de abril, a CPI da Arapongagem, como ficou conhecida, tinha a assinatura de 11 dos 24 deputados distritais. O objetivo era apurar as suspeitas de que policiais da Casa Militar do DF investigavam ilegalmente políticos e jornalistas.”É muito negativo, chega a ser ridículo o que aconteceu”, afirmou Leão. Segundo ela, o boicote foi orquestrado pela base aliada de Agnelo.
“O jogo foi muito pesado. Chegou-se a chamar parlamentares para dizer que iriam perder as secretarias [no governo]“, disse a deputada, que deve recorrer à Justiça para ressuscitar a investigação.
(…)
Por Reinaldo Azevedo
07/06/2012
 às 20:15

Antes de falar à CPI, Agnelo se livra da Delta

Por Gabriel Castro, na VEJA Online:
Preparando terreno para o depoimento de Agnelo Queiroz à CPI do Cachoeira, na quarta-feira, o governo do Distrito Federal anunciou o rompimento do contrato que mantém com a empresa Delta, ligada ao esquema do contraventor Carlinhos Cachoeira. A companhia é uma das responsáveis pela coleta de lixo da capital federal. Só em 2012, recebeu mais de 27 milhões de reais pelo serviço.
O secretário de Transparência do governo, Carlos Higino, afirma que a decisão foi tomada após uma detalhada auditoria que detectou ilegalidades na prestação do serviço de coleta de lixo, prestado pela Delta: “Nossa auditoria constatou irregularidades na pesagem do lixo e a falta de rigor na fiscalização do governo passado, o que torna difícil descobrir onde está o erro”. O rompimento do contrato com a Delta deve estar concluído na semana que vem.
Asessores diretos de Agnelo foram flagrados em conversas telefônicas que insinuam o pagamento de propina para a manutenção do contrato com a Delta e a nomeação de um aliado da quadrilha no comando do Serviço de Limpeza Urbana (SLU). O chefe de gabinete de Agnelo, Cláudio Monteiro, e o subsecretário João Carlos Feitoza, o Zunga, foram demitidos na esteira do escândalo. Mas negam participação em um esquema de corrupção.
A decisão de romper o contrato tenta reforçar o discurso de defesa do governador. Agnelo vem alegando que o contrato com a Delta já estava em vigor quando ele assumiu o cargo e sofreu uma revisão sob seu comando. Além de problemas na execução do contrato, a companhia era questionada por ter apresentado um atestado de capacidade técnica inválido para participar da licitação que venceu em Brasília.
Por Reinaldo Azevedo

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