segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Conta-gotas da polícia já trincou (o que será de Agnelo e Avelar?)


Por José Seabra, Portal Notibras
 
A advertência, incisiva – aguarde a Copa chegar –, que o delegado Sandro Avelar ouviu silencioso de um subalterno, não vai esperar junho chegar. O troco das polícias Civil e Militar, que tratam um delegado da polícia federal com o desdém que merece o Secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, começa a ser sentido. Vem em conta-gotas.
 
A insegurança é latente nas quadras, nas avenidas, nos eixos e nos becos. Onde o povo mora por trás de grades, anda olhando de soslaio, dirige com vidros fechados e tenta sobreviver como se houvessem guetos, já se condicionou chamar terra de ninguém. O conta-gotas vira torneira.
 
Há um responsável, garantem os homens que são mal pagos, mal assistidos, para dar segurança ao cidadão. E o culpado tem nome, apressa-se em dizer um respeitado delegado da Polícia Civil. Atende por Sandro Avelar. Mas há alguém acima dele, retruca um coronel da Polícia Militar. E soletra letra a letra. Agnelo Queiroz.
 
As queixas, o inconformismo, o desabafo, têm razão de ser. A gestão na Segurança da capital da República é ineficiente. Os índices de criminalidade são crescentes. E a insegurança impera porque os policiais vivem desmotivados. É uma situação que tem reflexos diretos no quadro sucessório.
E com policiais civis e militares desmotivados, será muito difícil, para não dizer impossível, reverter a situação caótica que o brasiliense vive. Sai a tristeza, entra a felicidade, traduzindo essa alegria em votos no pleito deste ano. Tudo isso fruto de um secretário de Segurança político e não técnico. Sem voz, sem ação. E que provoca constantes reações de quem ele devia ter respeito. E a ele respeitar.
Quando o conta-gotas trinca, como me revelou um consultor em Segurança Pública, a mudança se faz sentir de dentro para fora. E para evitar que uma cachoeira de insatisfações tão prejudicial quanto a do Carlinhos transborde em Brasília, é preciso que Agnelo Queiroz seja cirúrgico, como era quando frequentava profissionalmente os hospitais. E use a caneta do político, agindo com energia para cortar o mal pela raiz. Ou, como se diz por aí, separar o joio do trigo.
O governador, como sugere o delegado da polícia civil que me fez algumas confidências, precisa ouvir os policiais militares e civis. Urge que ele cumpra as promessas. Que deixe de ser evasivo. E que caminhe de mãos dadas com os homens que fazem a segurança do cidadão e que dão segurança à imagem pública e física de quem comanda o Distrito Federal.  E principalmente caminhar lado a lado com os policiais.
Em síntese, Agnelo é chefe. Mas não tem transmitido essa imagem. É o que corrobora o coronel da Polícia Militar, sempre buscando acrescentar algo ao que diz o delegado da Polícia Civil.
A história recente da política brasiliense mostra que a área da Segurança Pública foi determinante para a vitória de Joaquim Roriz frente a Cristovam Buarque. O Velho, bode velho, experiente, prometeu no auge da campanha um aumento de 100% nos contracheques dos policiais. Isso foi possível com a criação da Gratificação de Operações Especiais. E a GOE, que se dizia mera promessa, virou realidade.
Desde então as polícias, Civil e Militar, sempre se mostraram fiéis. E viraram o pêndulo eleitoral para o lado de quem os respeitava, os prestigiava, os reconhecia.
Mas como buscar cabos eleitorais, oficiosos que sejam, em meio a categorias desmotivadas?, pergunta o delegado da Polícia Civil.
O coronel da Polícia Militar toma a palavra, e responde: nos sentimos perseguidos por uma administração que se utiliza do terror para ser respeitada. Os policiais não sentem admiração pelo chefe imediato e muito menos pelo chefe imediatamente superior.
Essa insatisfação se transforma em rejeição. E tanto Agnelo como Avelar, são rejeitados por mais de 90% dos policiais civis e militares. Diante disso, o que se esperar na eleição?
Milagres não existem. Isso está provado.
O problema que se observa no campo da Segurança Pública em Brasília é a falta de uma política de valorização profissional. Empirismo é balela. Agnelo Queiroz precisa se conscientizar disso.  Urge que ele aja para estancar o sangue que aflora dos poros de policiais civis e militares.
A máxima popular se faz verdade. Onde há uma instituição forte, a sociedade é forte. Mas quando a instituição é fraca, a sociedade vive amedrontada. O antídoto existe. Chama-se motivação.
Já se disse que bandido bom é bandido morto. Isso é coisa de reacionário. Mesmo porque, o termo bandido é abrangente. A verdade é outra. É que junho vem aí. E outubro é logo depois. Sandro deputado federal, como tem dito, é algo inimaginável hoje. E mais quatro anos para Agnelo Queiroz, nem pensar.
Mesmo porque, policiais gostam de preto no branco, de azul, de amarelo misturado com o vermelho. E cansados de história da Carochinha, estão prometendo fazer jorrar sua ira.

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