quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Segurança Pública no DF - Taxistas e carteiros com medo

Acostumadas a trabalhar nas ruas, as duas categorias reclamam de assaltos frequentes em algumas localidades da capital, como Samambaia e Ceilândia. Na maioria dos casos registrados pela Polícia Civil, há agressão e ameaça de morte.

Taxistas vítimas de ataques em Sobradinho em 2012: bandidos se passam por passageiros e rendem os motoristas ao chegarem ao fim da viagem.

Dirigir táxi no Distrito Federal é uma missão perigosa. Mas os riscos para os taxistas vão além dos acidentes. A categoria é alvo frequente de assaltos, sequestros relâmpagos e até latrocínios (roubos com morte) e se torna vítima fácil de criminosos que se passam por passageiros (leia Memória). Para driblar a crescente violência, os motoristas rejeitam corridas para localidades como Paranoá, Estrutural, Samambaia e Ceilândia, em especial, à noite. Dados do Sindicato dos Permissionários de Táxis e Motoristas Auxiliares do DF (Sinpetaxi) apontam que, em 2013, houve 18 roubos. O número, no entanto, não é real, segundo a entidade. Isso porque muitos deixam de informar os crimes à polícia para não se exporem a novos ataques. ...

Em abril do ano passado, o taxista Antônio Barbosa da Luz, 57 anos, viveu o momento mais angustiante dos 27 anos de praça. Passavam das 21h. Antônio se preparava para terminar o trabalho do dia. O carro estava estacionado no ponto de táxi em frente ao shopping do Jardim Botânico. Um casal se aproximou e perguntou se ele poderia fazer uma corrida até o Paranoá. O taxista se negou, mas o homem insistiu. “Estava chovendo na hora, e ele me contou que a menina era menor de idade. Fiquei com pena”, lembra a vítima, que aceitou a viagem.

Ao chegar à Quadra 6 do Paranoá e pagar a corrida de R$ 40, a dupla anunciou o assalto. A arma usada no crime estava escondida na bolsa da mulher, que a repassou ao comparsa. Antônio entregou três celulares, dinheiro e relógio. Ainda sofreu agressões do criminoso. “Ele me deu uma coronhada e bateu com a arma nas minhas costas. Cortou e sangrou muito. Fiquei com um hematoma grande”, conta. O veículo, um Meriva, também foi roubado.

O motorista José Costa dos Santos, 31 anos, acabou vítima de um assalto em 6 de dezembro de 2013. Seguia para a última viagem, por volta das 4h30. Trafegava pela Via Estrutural quando parou em um cruzamento e foi abordado por três homens. Dois estavam armados. José foi obrigado a entrar no porta-malas do táxi. Antes, os criminosos recolheram celular, GPS e dinheiro. Os bandidos rodaram cerca de duas horas, até abandonarem o veículo e o taxista em um matagal. “Não aceito mais qualquer corrida para a Estrutural, nem para o Paranoá, Samambaia ou Ceilândia”, avisa. 

Ocorrências

A presidente do Sinpetaxi, Maria do Bonfim Santana, afirma que a quantidade de assaltos contra taxistas é maior do que a registrada na Polícia Civil do DF. “Eles entendem que não adianta correr atrás porque a Justiça manda soltar o assaltante. Ficam com medo porque vivem expostos”, explica. “Embora isso aconteça, a primeira dica que dou a eles é denunciar os crimes.” Maria do Bonfim espera a aplicação de uma lei distrital, que pode dar mais segurança aos condutores.

O adjunto da Delegacia de Repressão a Furtos (DRF), Marco Aurélio Virgílio de Souza, alerta sobre a necessidade de os taxistas assaltados registrarem ocorrências. “É de extrema importância a polícia saber onde os crimes estão acontecendo para fazermos um levantamento. Tendo esses dados e tendo um planejamento por parte da PM, vamos investigar”, reforça.

Parada obrigatória

A Resolução de nº 5.283, aprovada em 24 de dezembro de 2013, “dispõe sobre a parada obrigatória do transporte individual de passageiros (táxi) nas barreiras e nos postos policiais instalados nas rodovias do Distrito Federal, a partir das 20h”.

Dicas

» Evite chamados à noite em locais mal iluminados, isolados, de pouca circulação de pessoas e de veículos

» Estranhe clientes que estão na rua ou não são conhecidos ou cadastrados

» Desconfie se o suposto passageiros ligar de telefones públicos ou sem identificação

» Se desconfiar de atitude suspeita, informe à central e pare em barreiras ou em postos policiais 

» Em caso de assalto, não reaja

Fonte: Polícia Civil do DF

Memória

2013

20 de maio

Dois homens renderam com um canivete um taxista de 36 anos na Epia, à noite. Os criminosos se passaram por passageiros e, no trajeto para a Candangolândia, anunciaram o assalto. Para escapar do roubo, o motorista capotou o carro após puxar o freio de mão. Um dos bandidos acabou preso.

19 de novembro

Um taxista de 50 anos teve o carro roubado por dois homens que também fingiram ser passageiros. Eles anunciaram o assalto, abandonaram a vítima no mato e fugiram com o veículo. O crime aconteceu na área central de Brasília.

7 de dezembro

O suspeito de roubar e tentar matar um taxista em Sobradinho foi preso pela polícia. Haroldo Balbino de Brito Santana é acusado de pegar um táxi próximo à Ponte JK e rodar por Paranoá e Sobradinho. Ele anunciou o assalto e esfaqueou a vítima no pescoço. O motorista foi socorrido por um motociclista.

Fonte: Thalita Lins - Correio Braziliense - 16/01/2014

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