quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Escolas pedem doação 'voluntária' de R$ 5 para compra de temperos no DF

Por Raquel Morais


Bilhete enviado por direção de escola relata cobrança "voluntária" de R$ 5 para compra de temperos no DF (Foto: G1)

"O único objetivo dessa arrecadação é ajudar no que o governo não manda. Eu me sinto desrespeitado, porque a gente já paga muito imposto. E é delicado, porque nem todo mundo tem condição de pagar. Fico pensando como essas crianças e os pais vão se sentir, sabendo que os filhos vão comer sem ter pagado." Pai que não quis se identificar...

Bilhete distribuído a pais em instituição de Santa Maria lembra 'acordo'. G1 procurou o Secretaria de Educação, mas não obteve retorno.

Responsáveis por alunos de escolas públicas de Santa Maria, no Distrito Federal, reclamam que a regional de ensino convocou os pais a contribuir “voluntariamente” com a compra do tempero dos alimentos que serão consumidos pelos estudantes. Cada família deve enviar R$ 5 por mês, ao longo de dez meses, para ajudar nas despesas. O G1 procurou o secretário de Educação, Marcelo Aguiar, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.

No bilhete entregue nesta segunda-feira (17) no Centro de Ensino Fundamental 215, a direção reforça os termos do "acordo". “Conforme combinado em reunião, estamos enviando o Carnê do Caixa Comunidade. Lembramos que, como ficou acordado, cada família contribuirá, voluntariamente, com R$ 5 por mês durante 10 meses (de março a dezembro), e que a verba arrecadada será revertida em benefícios para a escola. Comunicamos também que os alunos já estão recebendo o almoço na escola. Atenciosamente, a Direção”, diz.

O único objetivo dessa arrecadação é ajudar no que o governo não manda. Eu me sinto desrespeitado, porque a gente já paga muito imposto. E é delicado, porque nem todo mundo tem condição de pagar. Fico pensando como essas crianças e os pais vão se sentir, sabendo que os filhos vão comer sem ter pagado"

Pai que não quis se identificar

Com medo de se identificar e prejudicar o filho, o pai de um aluno do 4º ano disse que o pedido foi feito em uma reunião no dia do retorno às aulas, 5 de fevereiro. Ele afirma que os pais não foram coagidos a aderir, mas que todos os responsáveis decidiram fazer a opção para garantir que as crianças fossem bem atendidas.

“Não deveríamos pagar, mas o governo não faz, né? Realmente não está fazendo. E não vai me prejudicar pagar R$ 5 por mês para a escola. Eu quero que meu filho coma bem”, disse.

Pai de uma menina de 4 anos que estuda no Centro de Educação Infantil 203, outro homem afirma que um servidor disse que a decisão vale para toda a regional.

“O único objetivo dessa arrecadação é ajudar no que o governo não manda. Eu me sinto desrespeitado, porque a gente já paga muito imposto. E é delicado, porque nem todo mundo tem condição de pagar. Fico pensando como essas crianças e os pais vão se sentir, sabendo que os filhos vão comer sem ter pagado”, disse o homem.

Segundo a Secretaria de Educação, a regional de ensino de Santa Maria tem 28 escolas e aproximadamente 26 mil alunos. São atendidos estudantes da educação infantil, ensino fundamental, ensino médio, educação de jovens e adultos e do ensino especial.


Fonte: Portal G1DF - 18/02/2014 -

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