De forma irreverente, um morador de
Planaltina publicou uma foto similar a esta, usando um sofá velho. Achamos
brilhante a ideia e fizemos uma na Rua 3, para retratar a situação caótica por
que passa toda a região de Vicente Pires.
(*) Por Geraldo Oliveira: do Blog Vicente Pires Alerta
Nos últimos dias, Vicente
Pires voltou ao passado. Um passado que gostaríamos de esquecer, mas que o
Governo do Distrito Federal teima em nos fazer lembrar. Refiro-me aqui à
quantidade de buracos que se multiplicaram por todas as vias desta cidade,
retratando o caos urbano de uma região que está frustrada devido ao abandono.
Lembro à Sua Excelência, o Governador, que aqui em Vicente Pires
também se paga impostos, na mesma proporção cobrada nas outras cidades do DF.
Como contrapartida mínima à cidade, então, deveria ocorrer o atendimento do
mínimo que precisamos. Cuidar das vias de forma sistêmica e qualitativa,
controlar alguns alagamentos e atacar o problema do esgoto a céu aberto são
exemplos de ações que certamente aplacariam um pouco nossa revolta. Não é pedir
muito, se considerarmos que Vicente Pires contribui anualmente com cerca de 50
milhões de reais em IPTU e IPVA, fora os tributos do setor produtivo e
comércio.
No passado, quando não tínhamos representação do Governo por aqui,
nossa saída era nos cotizar para consertar as ruas públicas. Era algo que
fazíamos com dificuldades e muitos custos do próprio bolso, mas com frequência
realizávamos, pois sabíamos que a demora poderia agravar o problema. Diante do
caos atual, em que precisamos fazer zigue-zagues para passar por alguns pontos,
ou escolher um buraco menor para cair, chegamos à conclusão que éramos muito
mais eficientes que o governo atual.
Vale lembrar que esse problema não decorre de falta de dinheiro. A
ineficiência que se vê no atendimento de nossas demandas se explica pela falta
de gestão, que é um problema endêmico da administração pública atual.
Percebe-se que o GDF está “travado” por competições político-partidárias que
engessam as realizações da máquina do Governo. Isso acaba culminando em falta
de projetos e baixíssimo alcance de resultados. Situações como as que cobro
neste texto, por exemplo, podem estar decorrendo de pura falta de planejamento,
como a falta de massa asfáltica, ou uma licitação que não ocorreu. Atendem-se
algumas cidades e outras ficam irresponsavelmente esquecidas.
Uma saída para tudo isso deveria ser a descentralização de poder.
Hoje as administrações regionais são meras repartições para indicações
políticas de cargos. Para piorar, elas não possuem orçamento próprio previsto
no orçamento geral do GDF, a não ser recursos vinculados à Secretaria de
Governo, para pagar pessoal e cobrir despesas administrativas. Realizar obras
de qualidade, então, é impossível, pois elas não têm máquinas e materiais,
muito menos técnicos qualificados para especificar bons projetos.
Resta ao administrador regional, então, ficar com o pires na mão,
esperando pela boa vontade do poder central, ou por emendas parlamentares. No
caso específico da falta de obras, se o administrador regional não tiver apoio
político, ele não consegue realizar quase nada. Mas, devo lembrar que mesmo sem
apoio político, ele necessita escancarar os problemas de sua cidade, para
convencer o poder central a agir. Do contrário, deve “pegar o boné” e sair,
pois não é digno ocupar um cargo público apenas por ocupar, sem poder realizar
o que a população precisa. Se for exonerado por pressionar e cobrar, pelo menos
sai com a consciência tranquila por ter dado o melhor de si em prol de sua
cidade.
Registre-se que várias ruas de Vicente Pires estão em estado de
calamidade. Existem poças d’água por todo lado, e onde há poças, há verdadeiras
crateras que a água esconde. A Rua 3, do bairro Vicente Pires, é uma das que
mais sofrem. Por ser uma via de alto fluxo de veículos, deveria haver um
cuidado redobrado na manutenção, e até mesmo a duplicação. O GDF deveria
lembrar que essa avenida interliga a EPTG e a ESTRUTURAL em uma linha reta,
sendo caso único em toda a Vicente Pires. É usada, portanto, por muitos
caminhões e veículos menores provenientes da EPTG, de Águas Claras e do Park
Way.
A Rua 7 é outra que precisa ser destacada. No passado essa via era
uma das mais críticas e hoje voltou a ser. Por ser muito declinada, um alto
fluxo de enxurradas a destrói facilmente, merecendo que haja o recapeamento
asfáltico de qualidade e não o tapa-buracos. Hoje, nem o tapa-buracos está
ocorrendo e os veículos fazem filas para transpor as crateras locais.
Na Rua 8 do bairro São José, algo inusitado está acontecendo. Uma
drenagem está sendo realizada, após muito insistirem os moradores, o que nos
faz pensar que uma luz no fim do túnel é possível. Nessa rua, há muitos anos
uma água fétida e perene escorre sobre o asfalto, que provoca sua destruição.
Hoje, o GDF a está canalizando pelo subsolo e não poderíamos deixar de
registrar esse fato positivo. É um fato isolado, mas um começo.
A Colônia Agrícola Samambaia eu não visitei desta vez. Mas tenho
relatos de moradores de que a situação por lá é igualmente caótica. O problema
maior dessa região é o esgoto a céu aberto, que escorre diuturnamente, mas as
vias também estão largadas e sem manutenção. Uma moradora desse bairro me
relatou, aos prantos, que sua família está doente e que tenta vender sua casa,
sem sucesso, mesmo por um valor muito abaixo do preço.
Senhor Governador Agnelo, então aceite o convite de nossa
população para conversarmos. Venha nos visitar e constatar pessoalmente o
estado calamitoso atual da cidade de Vicente Pires, que tão bem o recebeu nas
eleições de 2010. Não se preocupe, pois será bem recebido em nossas casas, como
de fato deve acontecer com a maior autoridade do DF. Por outro lado, se
tivéssemos que distribuir assentos ao lado de cada buraco não daríamos conta,
tamanha é a sua quantidade.
Até o próximo mês.
(*)
Geraldo Oliveira é blogueiro, servidor concursado da Câmara Legislativa, morador
de Vicente Pires e diretor de comunicação da Associação de Moradores de Vicente
Pires e Região - AMOVIPE.
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