quarta-feira, 2 de abril de 2014

SENTE-SE AQUI, GOVERNADOR! VAMOS CONVERSAR?



De forma irreverente, um morador de Planaltina publicou uma foto similar a esta, usando um sofá velho. Achamos brilhante a ideia e fizemos uma na Rua 3, para retratar a situação caótica por que passa toda a região de Vicente Pires.

(*) Por Geraldo Oliveira: do Blog Vicente Pires Alerta

Nos últimos dias, Vicente Pires voltou ao passado. Um passado que gostaríamos de esquecer, mas que o Governo do Distrito Federal teima em nos fazer lembrar. Refiro-me aqui à quantidade de buracos que se multiplicaram por todas as vias desta cidade, retratando o caos urbano de uma região que está frustrada devido ao abandono.
Lembro à Sua Excelência, o Governador, que aqui em Vicente Pires também se paga impostos, na mesma proporção cobrada nas outras cidades do DF. Como contrapartida mínima à cidade, então, deveria ocorrer o atendimento do mínimo que precisamos. Cuidar das vias de forma sistêmica e qualitativa, controlar alguns alagamentos e atacar o problema do esgoto a céu aberto são exemplos de ações que certamente aplacariam um pouco nossa revolta. Não é pedir muito, se considerarmos que Vicente Pires contribui anualmente com cerca de 50 milhões de reais em IPTU e IPVA, fora os tributos do setor produtivo e comércio.
No passado, quando não tínhamos representação do Governo por aqui, nossa saída era nos cotizar para consertar as ruas públicas. Era algo que fazíamos com dificuldades e muitos custos do próprio bolso, mas com frequência realizávamos, pois sabíamos que a demora poderia agravar o problema. Diante do caos atual, em que precisamos fazer zigue-zagues para passar por alguns pontos, ou escolher um buraco menor para cair, chegamos à conclusão que éramos muito mais eficientes que o governo atual.
Vale lembrar que esse problema não decorre de falta de dinheiro. A ineficiência que se vê no atendimento de nossas demandas se explica pela falta de gestão, que é um problema endêmico da administração pública atual. Percebe-se que o GDF está “travado” por competições político-partidárias que engessam as realizações da máquina do Governo. Isso acaba culminando em falta de projetos e baixíssimo alcance de resultados. Situações como as que cobro neste texto, por exemplo, podem estar decorrendo de pura falta de planejamento, como a falta de massa asfáltica, ou uma licitação que não ocorreu. Atendem-se algumas cidades e outras ficam irresponsavelmente esquecidas.
Uma saída para tudo isso deveria ser a descentralização de poder. Hoje as administrações regionais são meras repartições para indicações políticas de cargos. Para piorar, elas não possuem orçamento próprio previsto no orçamento geral do GDF, a não ser recursos vinculados à Secretaria de Governo, para pagar pessoal e cobrir despesas administrativas. Realizar obras de qualidade, então, é impossível, pois elas não têm máquinas e materiais, muito menos técnicos qualificados para especificar bons projetos.
Resta ao administrador regional, então, ficar com o pires na mão, esperando pela boa vontade do poder central, ou por emendas parlamentares. No caso específico da falta de obras, se o administrador regional não tiver apoio político, ele não consegue realizar quase nada. Mas, devo lembrar que mesmo sem apoio político, ele necessita escancarar os problemas de sua cidade, para convencer o poder central a agir. Do contrário, deve “pegar o boné” e sair, pois não é digno ocupar um cargo público apenas por ocupar, sem poder realizar o que a população precisa. Se for exonerado por pressionar e cobrar, pelo menos sai com a consciência tranquila por ter dado o melhor de si em prol de sua cidade.
Registre-se que várias ruas de Vicente Pires estão em estado de calamidade. Existem poças d’água por todo lado, e onde há poças, há verdadeiras crateras que a água esconde. A Rua 3, do bairro Vicente Pires, é uma das que mais sofrem. Por ser uma via de alto fluxo de veículos, deveria haver um cuidado redobrado na manutenção, e até mesmo a duplicação. O GDF deveria lembrar que essa avenida interliga a EPTG e a ESTRUTURAL em uma linha reta, sendo caso único em toda a Vicente Pires. É usada, portanto, por muitos caminhões e veículos menores provenientes da EPTG, de Águas Claras e do Park Way.
A Rua 7 é outra que precisa ser destacada. No passado essa via era uma das mais críticas e hoje voltou a ser. Por ser muito declinada, um alto fluxo de enxurradas a destrói facilmente, merecendo que haja o recapeamento asfáltico de qualidade e não o tapa-buracos. Hoje, nem o tapa-buracos está ocorrendo e os veículos fazem filas para transpor as crateras locais.
Na Rua 8 do bairro São José, algo inusitado está acontecendo. Uma drenagem está sendo realizada, após muito insistirem os moradores, o que nos faz pensar que uma luz no fim do túnel é possível. Nessa rua, há muitos anos uma água fétida e perene escorre sobre o asfalto, que provoca sua destruição. Hoje, o GDF a está canalizando pelo subsolo e não poderíamos deixar de registrar esse fato positivo. É um fato isolado, mas um começo.
A Colônia Agrícola Samambaia eu não visitei desta vez. Mas tenho relatos de moradores de que a situação por lá é igualmente caótica. O problema maior dessa região é o esgoto a céu aberto, que escorre diuturnamente, mas as vias também estão largadas e sem manutenção. Uma moradora desse bairro me relatou, aos prantos, que sua família está doente e que tenta vender sua casa, sem sucesso, mesmo por um valor muito abaixo do preço.
Senhor Governador Agnelo, então aceite o convite de nossa população para conversarmos. Venha nos visitar e constatar pessoalmente o estado calamitoso atual da cidade de Vicente Pires, que tão bem o recebeu nas eleições de 2010. Não se preocupe, pois será bem recebido em nossas casas, como de fato deve acontecer com a maior autoridade do DF. Por outro lado, se tivéssemos que distribuir assentos ao lado de cada buraco não daríamos conta, tamanha é a sua quantidade.
Até o próximo mês.


(*) Geraldo Oliveira é blogueiro, servidor concursado da Câmara Legislativa, morador de Vicente Pires e diretor de comunicação da Associação de Moradores de Vicente Pires e Região - AMOVIPE.

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