terça-feira, 27 de maio de 2014

5º ANIVERSÁRIO DE VICENTE PIRES: DEVEMOS COMEMORAR?



Completamos 5 anos de representação formal do GDF em nossa cidade. E os avanços para a população, quais foram?

Após cinco anos de emancipação administrativa de Vicente Pires, completados no último dia 26 de maio, fazemos um balanço do que ocorreu com a cidade nesse período. Muitos de nós devem se perguntar se foi ou não positiva essa emancipação e quais foram os resultados para a melhoria da qualidade de vida dos moradores.
Vamos relembrar, então...
Em 26 de maio de 2009, com o processo de parcelamento irregular de Vicente Pires em franca expansão, o então Governador José Roberto Arruda sancionou a lei que criou a Trigésima Região Administrativa do Distrito Federal, como resultado de um esforço de lideranças políticas da região. Paralelamente, medidas para conter a expansão urbana da região aconteciam desde 2007, com a aplicação do Termo de Ajustamento de Conduta – TAC, de 30 de maio de 2007.
O empresário Alberto Meireles foi o primeiro administrador, nomeado por Arruda. Seu papel foi importante no processo de instalação da Administração Regional, que inicialmente começou a funcionar na sede da ARVIPS e a seguir passou para a sede atual, na Rua 4A.  Após essa fase de transição, Alberto deu início a obras de melhorias, como o asfaltamento de vias públicas (antes nunca pavimentadas) e iluminação.
Ele também asfaltou, com o apoio da NOVACAP, a via marginal da Estrutural (DF 095), antes um “terrão” intransitável e também construiu uma escola - a Escola Classe número 2, na Vila São José. A instalação de água potável iniciou-se também na sua administração e cerca de 70% da obra de esgoto ficou pronta. Com realizações nesse patamar, esperava-se que Vicente Pires caminhasse para a regularização em breve, pois obras e medidas estruturantes aconteciam por todo o Distrito Federal, sendo algumas delas as que objetivavam regularizar condomínios.
O segundo administrador foi Márcio José de Melo (2010), que sucedeu a Alberto após a queda de Arruda. Márcio se destacou por ser um administrador que visitava as comunidades, ouvindo-as, mas pouco acrescentou, pois naquele período o DF sofria uma crise de governabilidade, advinda do escândalo da Caixa de Pandora. Mesmo assim, pode-se citar em sua gestão o fim da erosão da Rua 10 (próximo à Rua 3), ainda que tal obra tenha sido uma iniciativa de mobilização de moradores.
Com a posse do Governador Agnelo Queiroz em 2011, a expectativa de todos era que finalmente Vicente Pires, assim como o Distrito Federal, pudesse sonhar com transformações sociais e desenvolvimento, pois havia toda uma expectativa positiva nesse sentido. A eleição de Agnelo trazia essa esperança e acreditava-se que a aliança do GDF com o Governo Federal pudesse facilitar o processo de legalização de nossa região.
Maria Celeste Rego Liporoni foi a terceira administradora e a primeira nomeada por Agnelo. Ela fez, entre outras obras, o recapeamento total das vias de Vicente Pires e um bom investimento em iluminação pública, tendo construído também a quadra de esportes da Escola Classe 1, ao lado da Feira do Produtor. Outra obra de destaque de sua gestão foi a pavimentação de um trecho da Rua 8, entre as Ruas 3 e 5, onde existia uma erosão de aproximadamente 300 metros de extensão.
Em dezembro de 2011, mesmo fazendo um trabalho muito bom, Celeste foi inexplicavelmente exonerada e substituída por Dirsomar Ferreira Chaves, que também deixou a Secretaria de Microempresas, de onde era o titular. Viu-se naquele momento que Agnelo Queiroz começava a tomar decisões equivocadas em relação a Vicente Pires, pois Dirsomar era um representante da cidade que participava das decisões de Governo como secretário de Estado. Celeste, por sua vez, fora exonerada sem motivo justo e a explicação para tudo isso era que o GDF precisava realizar “acomodações políticas”.
Dirsomar Ferreira Chaves foi o quarto administrador, sucedendo a Celeste, tendo ficado pouco tempo no cargo (de dezembro/2011 a julho de 2012). Segundo justificou, saía da Administração e retornava para a presidência da ARVIPS, para se dedicar exclusivamente aos projetos de regularização de Vicente Pires. Informou que durante o tempo em que esteve no Governo pôde pavimentar, nos âmbitos local e federal, os caminhos necessários a essa meta.
A seguir, tomou posse o quinto administrador – Ebenezer da Costa Aquino, originário do Gama. Ebenezer quase nada pôde fazer, pois a falta de atenção à cidade de Vicente Pires por parte de Agnelo já era um fato, tanto que o asfaltamento começou a se deteriorar e não ter manutenção continuada em sua gestão. Nessa fase, o esgoto a céu aberto tornou-se um tormento na vida dos moradores, fluindo diretamente das galerias não finalizadas para as vias públicas.
Glênio José da Silva sucedeu a Ebenezer em julho de 2013, sendo o atual administrador. Sua gestão, infelizmente, sente a falta de apoio da NOVACAP para realizar obras de manutenção das vias, pois aquela companhia, erradamente, esquece-se das cidades e dos cidadãos do Distrito Federal, para se dedicar exclusivamente às obras da Copa do Mundo. Mesmo assim, Glênio fez as rotatórias nos cruzamentos das vias, águas pluviais na Rua 8 da Vila São José e na Rua 3, além da cobertura da quadra de esporte da Escola Classe 1, entre outras pequenas obras.
O GDF vem anunciando desde julho de 2013 a liberação de 419 milhões de reais para águas pluviais e outras obras de infraestrutura, que não se traduziram até o momento em algo palpável. Vale lembrar que, se houvesse tal priorização, teria sido possível realizar essa e outras obras igualmente importantes, como ajustes viários para acessar a cidade, uma UPA, a ampliação de escolas, o “ataque” aos buracos e aos alagamentos mais graves nas vias internas e o término dos 30% restantes da obra de esgoto.
Diante do exposto, o balanço que fazemos deste 5º aniversário não é dos mais positivos, mesmo que tenhamos sentido de forma incipiente a atuação do Estado após a instalação da Trigésima Região Administrativa do DF em Vicente Pires. A grande verdade é que a melhoria da qualidade de vida de uma sociedade é medida por dados concretos, que reflitam o desenvolvimento de uma região e o atendimento das demandas populares. Infelizmente essa percepção não existe hoje e, enquanto continuarem a ser oferecidas migalhas e sobras à nossa cidade, sem ações objetivas de Governo, o sentimento de abandono, então arraigado nos moradores, não acabará.

(*) Geraldo Oliveira é blogueiro, servidor concursado da Câmara Legislativa, morador de Vicente Pires e diretor de comunicação da Associação de Moradores de Vicente Pires e Região - AMOVIPE.

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