Completamos 5 anos de representação
formal do GDF em nossa cidade. E os avanços para a população, quais foram?
Após cinco anos de
emancipação administrativa de Vicente Pires, completados no último dia 26 de
maio, fazemos um balanço do que ocorreu com a cidade nesse período. Muitos de
nós devem se perguntar se foi ou não positiva essa emancipação e quais foram os
resultados para a melhoria da qualidade de vida dos moradores.
Vamos relembrar, então...
Em 26 de maio de 2009, com
o processo de parcelamento irregular de Vicente Pires em franca expansão, o
então Governador José Roberto Arruda sancionou a lei que criou a Trigésima
Região Administrativa do Distrito Federal, como resultado de um esforço de
lideranças políticas da região. Paralelamente, medidas para conter a expansão
urbana da região aconteciam desde 2007, com a aplicação do Termo de Ajustamento
de Conduta – TAC, de 30 de maio de 2007.
O empresário Alberto
Meireles foi o primeiro administrador, nomeado por Arruda. Seu papel foi
importante no processo de instalação da Administração Regional, que
inicialmente começou a funcionar na sede da ARVIPS e a seguir passou para a
sede atual, na Rua 4A. Após essa fase de
transição, Alberto deu início a obras de melhorias, como o asfaltamento de vias
públicas (antes nunca pavimentadas) e iluminação.
Ele também asfaltou, com
o apoio da NOVACAP, a via marginal da Estrutural (DF 095), antes um “terrão”
intransitável e também construiu uma escola - a Escola Classe número 2, na Vila
São José. A instalação de água potável iniciou-se também na sua administração e
cerca de 70% da obra de esgoto ficou pronta. Com realizações nesse patamar, esperava-se
que Vicente Pires caminhasse para a regularização em breve, pois obras e
medidas estruturantes aconteciam por todo o Distrito Federal, sendo algumas
delas as que objetivavam regularizar condomínios.
O segundo administrador
foi Márcio José de Melo (2010), que sucedeu a Alberto após a queda de Arruda. Márcio
se destacou por ser um administrador que visitava as comunidades, ouvindo-as,
mas pouco acrescentou, pois naquele período o DF sofria uma crise de
governabilidade, advinda do escândalo da Caixa de Pandora. Mesmo assim, pode-se
citar em sua gestão o fim da erosão da Rua 10 (próximo à Rua 3), ainda que tal
obra tenha sido uma iniciativa de mobilização de moradores.
Com a posse do Governador
Agnelo Queiroz em 2011, a expectativa de todos era que finalmente Vicente
Pires, assim como o Distrito Federal, pudesse sonhar com transformações sociais
e desenvolvimento, pois havia toda uma expectativa positiva nesse sentido. A
eleição de Agnelo trazia essa esperança e acreditava-se que a aliança do GDF com
o Governo Federal pudesse facilitar o processo de legalização de nossa região.
Maria Celeste Rego
Liporoni foi a terceira administradora e a primeira nomeada por Agnelo. Ela
fez, entre outras obras, o recapeamento total das vias de Vicente Pires e um bom
investimento em iluminação pública, tendo construído também a quadra de
esportes da Escola Classe 1, ao lado da Feira do Produtor. Outra obra de
destaque de sua gestão foi a pavimentação de um trecho da Rua 8, entre as Ruas 3
e 5, onde existia uma erosão de aproximadamente 300 metros de extensão.
Em dezembro de 2011,
mesmo fazendo um trabalho muito bom, Celeste foi inexplicavelmente exonerada e substituída
por Dirsomar Ferreira Chaves, que também deixou a Secretaria de Microempresas,
de onde era o titular. Viu-se naquele momento que Agnelo Queiroz começava a
tomar decisões equivocadas em relação a Vicente Pires, pois Dirsomar era um
representante da cidade que participava das decisões de Governo como secretário
de Estado. Celeste, por sua vez, fora exonerada sem motivo justo e a explicação
para tudo isso era que o GDF precisava realizar “acomodações políticas”.
Dirsomar Ferreira Chaves
foi o quarto administrador, sucedendo a Celeste, tendo ficado pouco tempo no
cargo (de dezembro/2011 a julho de 2012). Segundo justificou, saía da
Administração e retornava para a presidência da ARVIPS, para se dedicar
exclusivamente aos projetos de regularização de Vicente Pires. Informou que
durante o tempo em que esteve no Governo pôde pavimentar, nos âmbitos local e
federal, os caminhos necessários a essa meta.
A seguir, tomou posse o
quinto administrador – Ebenezer da Costa Aquino, originário do Gama. Ebenezer quase
nada pôde fazer, pois a falta de atenção à cidade de Vicente Pires por parte de
Agnelo já era um fato, tanto que o asfaltamento começou a se deteriorar e não
ter manutenção continuada em sua gestão. Nessa fase, o esgoto a céu aberto
tornou-se um tormento na vida dos moradores, fluindo diretamente das galerias
não finalizadas para as vias públicas.
Glênio José da Silva
sucedeu a Ebenezer em julho de 2013, sendo o atual administrador. Sua gestão,
infelizmente, sente a falta de apoio da NOVACAP para realizar obras de
manutenção das vias, pois aquela companhia, erradamente, esquece-se das cidades
e dos cidadãos do Distrito Federal, para se dedicar exclusivamente às obras da
Copa do Mundo. Mesmo assim, Glênio fez as rotatórias nos cruzamentos das vias, águas
pluviais na Rua 8 da Vila São José e na Rua 3, além da cobertura da quadra de
esporte da Escola Classe 1, entre outras pequenas obras.
O GDF vem anunciando
desde julho de 2013 a liberação de 419 milhões de reais para águas pluviais e
outras obras de infraestrutura, que não se traduziram até o momento em algo
palpável. Vale lembrar que, se houvesse tal priorização, teria sido possível
realizar essa e outras obras igualmente importantes, como ajustes viários para
acessar a cidade, uma UPA, a ampliação de escolas, o “ataque” aos buracos e aos
alagamentos mais graves nas vias internas e o término dos 30% restantes da obra
de esgoto.
Diante do exposto, o
balanço que fazemos deste 5º aniversário não é dos mais positivos, mesmo que
tenhamos sentido de forma incipiente a atuação do Estado após a instalação da
Trigésima Região Administrativa do DF em Vicente Pires. A grande verdade é que
a melhoria da qualidade de vida de uma sociedade é medida por dados concretos,
que reflitam o desenvolvimento de uma região e o atendimento das demandas populares.
Infelizmente essa percepção não existe hoje e, enquanto continuarem a ser
oferecidas migalhas e sobras à nossa cidade, sem ações objetivas de Governo, o
sentimento de abandono, então arraigado nos moradores, não acabará.
(*)
Geraldo Oliveira é blogueiro, servidor concursado da Câmara Legislativa, morador
de Vicente Pires e diretor de comunicação da Associação de Moradores de Vicente
Pires e Região - AMOVIPE.
Nenhum comentário:
Postar um comentário