segunda-feira, 15 de setembro de 2014

DF: Marina tenta erguer Rollemberg após saída de Arruda

Ex-ministra não fez corpo a corpo e dedicou maior parte do tempo para pedir apoio a seus aliados em Brasília.

Um dia após a renúncia da candidatura de José Roberto Arruda ao governo do Distrito Federal, a candidata à presidência pelo PSB, Marina Silva, fez um ato político na capital do país neste domingo com a missão de alavancar a campanha de seu aliado Rodrigo Rollemberg, candidato ao Palácio do Buriti. Na metade do mandato no Senado, Rollemberg patina na terceira colocação nas pesquisas mesmo tendo como adversários um ex-presidiário e um atual governador com os mais altos índices de rejeição do país. Sem Arruda no páreo, os socialistas ganham fôlego e esperam uma reação já na próxima sondagem eleitoral. ...

Após périplo pelo Nordeste realizado desde sexta-feira, Marina voltou a Ceilândia, cidade localizada a cerca de 30 quilômetros do centro de Brasília onde, há pouco mais de dois meses, deu a largada da campanha ao lado de Eduardo Campos. Diferente da primeira passagem como presidenciável, a ex-ministra não fez corpo a corpo e dedicou maior parte do tempo para pedir apoio a seus aliados no DF. 

“É uma satisfação ter um candidato ao governo do DF que sabe falar com a sua gente, que entende a alma de sua gente e que se compromete em fazer uma cidade diferente. Você merece ser eleito, Rodrigo”, disse ao senador durante o comício. “Como governador, você vai dar uma demonstração de que a capital do nosso país não é lugar para ser vista nas páginas dos jornais com denúncias de corrupção”, continuou, fazendo clara referência aos adversários do socialista – Arruda tem o título de primeiro governador a ser preso durante o exercício do mandato e foi cassado pela Justiça Eleitoral, e o atual comandante do GDF, o petista Agnelo Queiroz, responde a pelo menos três ações no Superior Tribunal de Justiça (STJ). 

A atenção especial à capital do país deve-se ao fato de que a ex-ministra teve o melhor resultado no Distrito Federal nas eleições de 2010, ainda filiada ao Partido Verde, com 41% das intenções de voto. Nas mais recentes pesquisas, ela continua o bom desempenho e se mantém à frente da presidente Dilma Rousseff e do tucano Aécio Neves. Durante pronunciamento, Marina fez questão de lembrar que vive em Brasília desde 1995 e que foi aqui que criou seus filhos. A visita da ex-ministra teve direito a uma tentativa de boicote de militantes petistas, fogos de artifício e animação especial de Mônica Nóbrega, conhecida apresentadora da televisão local que já atuou como mestre de cerimônias na campanha do ex-governador Joaquim Roriz – e inclusive foi citada pelo Ministério Público em esquema do mensalão do DEM, o mesmo que levou Arruda à prisão.

O ato por Rollemberg contou também com o senador e ex-governador pelo PT Cristovam Buarque, hoje filiado ao PDT e um dos principais articuladores da campanha de Marina Silva. “Com Marina, não teremos uma bancada comprada e não precisaremos de mensalão nem de dinheiro da Petrobras. E, para isso, ela contará com Rodrigo. Nós somos responsabilizados pelo povo de ter colocado Agnelo no governo. Agora, diante do governo que ele exerceu, nós temos a obrigação de tirá-lo”, disse o ex-petista. 

Ungido pelos aliados, Rollemberg agradeceu o apoio e prometeu declarar “guerra à burocracia e à corrupção”. “Ninguém mais aguenta a política para beneficiar a si mesmos. Ninguém aguenta as pessoas utilizando a Petrobras para desviar dinheiro e enriquecer aos poucos”, disse durante o pronunciamento, também dedicado a destacar problemas da atual gestão do DF, como a falta de ônibus nas ruas e de médicos nos hospitais públicos. 

Indígenas x cansaço – Dando continuidade à agenda no DF, Marina Silva reuniu-se nesta tarde com representantes de indígenas, quilombolas, pescadores e extrativistas. A senadora, que fez comício em Teresina (PI) durante a madrugada de domingo e chegou à capital do país às 4h30, estava visivelmente cansada – bocejou por mais de oito vezes e deixou cair um bloco em que anotava as reivindicações em pelo menos três momentos. Candidata próxima à categoria indígena, Marina admitiu o cansaço e exaltou a rouquidão da voz – mas ainda assim dedicou tempo para abraçar e tirar selfies com seus aliados. 


Fonte: Por MARCELA MATTOS, revista Veja -

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