quinta-feira, 23 de julho de 2015

Lava Jato: PF cogitou fazer buscas na Câmara, mas foi barrada por procurador

Segundo o documento, não havia indícios de que atos ligados ao esquema teriam sido praticados no local



Na maior ação policial contra políticos já autorizada pelo STF (Supremo Tribunal Federal), a Polícia Federal chegou a solicitar buscas dentro da Câmara. O alvo era o gabinete do líder do PP, Eduardo da Fonte (PE), um dos investigados por participação no esquema de corrupção na Petrobras.

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, em parecer enviado ao STF, discordou de buscas na Câmara. O Ministério Público argumentou que não encontrou elementos que justificassem a medida, classificada por Janot como "gravosa"...

Para o procurador, "por ser minimamente gravosa [ação desse tipo] há que ser reservada somente para situações em que aflorem sólidos fundamentos."

POSTO

Em relação ao deputado, os investigadores apuram se há relação com o esquema de corrupção depósitos feitos pelo Posto da Torre, do doleiro Carlos Chater, para a empresa ADPL Motors, que tem Eduardo da Fonte como sócio. Foram identificados repasses de R$ 46,6 mil, em 2011.

A empresa de Chater era utilizada pelo doleiro Alberto Youssef, um dos delatores do esquema, para realizar pagamentos de propina e lavagem de dinheiro. O deputado nega ligação com as irregularidades na empresa.

A negativa à tentativa da PF de levar a ação para dentro da Câmara foi utilizada por Janot para mostrar força e garantir o controle das investigações contra os políticos. A disputa entre MP e PF já provocou até a paralisação de depoimentos da Lava Jato.

Ao STF, o procurador-geral reclamou que a PF não pode solicitar diretamente diligências, mas apenas sugerir, uma vez que o MP é o responsável pela investigação. Ele alega que isso pode, eventualmente, prejudicar a estratégia definida para o caso.

EDUARDO CUNHA

Durante as investigações da Lava Jato, o Ministério Público realizou uma diligência na Câmara no curso das investigações contra o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

Após a Folha revelar que o nome de Cunha aparece como autor dos arquivos onde foram redigidos requerimentos que delatores dizem comprovar seu envolvimento com o escândalo, procuradores foram até o sistema de informática da Casa e fizeram cópia do material, mas não chegaram a apreender nem levar nada do local.

Na semana passada, a pedido de Janot e com aval do STF, a PF realizou busca e apreensões nas residências do senador e ex-presidente Fernando Collor de Mello (PTB-AL), dois ex-ministros do primeiro governo da presidente Dilma Rousseff e três integrantes do PP.

Essa foi a primeira ofensiva do Supremo contra os políticos desde o início das investigações em março, que envolvem 13 senadores e 22 deputados. A medida provocou críticas e gerou fortes reações no Congresso.


Fonte: Por Márcio Falcao, coluna Poder com foto de Antonio Augusto - 6.mar.2015/Câmara dos Deputados

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