segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Enxugamento: Editora Abril deixará de publicar revista 'Playboy'


Segundo dados do IVC (Instituto Verificador de Circulação), as três revistas têm tido queda nas vendas



A Editora Abril anunciou nesta quinta-feira (19) que deixará de publicar as revistas "Playboy", "Men's Health" e "Women's Health". ...


Isso não significa necessariamente, no entanto, que as revistas deixarão as bancas do país.

Há negociações avançadas entre uma editora brasileira e a Playboy Enterprises, empresa americana que controla os direitos sobre a franquia, para que o título continue a circular, segundo a Folha apurou.

E a editora Globo está em negociação para publicar a "Men's Health" e "Women's Health".

A "Playboy" teve queda de 31,6% em agosto comparado com o mesmo mês do ano anterior, chegando à marca de 79.163 exemplares. Bem longe do recorde de vendas de 1,247 milhão de exemplares com a edição que trazia Joana Prado, a Feiticeira, na capa.

A queda no faturamento vinha minando a capacidade da revista de publicar fotos de estrelas. Em agosto, a Playboy era a 24º revista mensal em circulação no País

Segundo o IVC, "Men's Health", é a 32ª revista mensal do país, com 61.747 exemplares vendidos em agosto, e "Women's Health", a 43ª, com 37.698.

Elas tiveram, respectivamente, quedas de circulação de 39,7% e 34,3% em agosto de 2015 comparado com o mesmo mês de 2014.

Um dos principais motivos para a Editora Abril optar por deixar de publicar a revista foi o pagamento de royalties pelo uso da marca à empresa americana. A mesma questão se impôs nos casos da "Men's Health" e da "Women's Health", publicadas no Brasil pela Abril, cujas marcas pertencem à editora americana Rodale Press.

A Editora Caras, que nos últimos meses absorveu diversos títulos da Abril —como a "Placar" e a "Você S/A"—, não está interessada na "Playboy" exatamente pela obrigação de pagar royalties.

A Abril decidiu priorizar sua revista masculina própria, a "VIP", que não publica fotos de nudez feminina. Em 2010, a editora lançou a "Alfa", revista voltada ao público masculino com alto poder aquisitivo, mas a publicação durou menos de três anos.

Os funcionários que trabalhavam na "Playboy" brasileira receberam um aviso de que poderão ser realocados em outras revistas e sites da Abril, mas ainda não há definição.

Segundo a empresa, os assinantes dos títulos descontinuados terão seus exemplares de dezembro entregues normalmente e poderão optar por outra revista do portfólio da companhia, nas versões impressa ou digital.

NUDEZ

No início de outubro, a versão americana da revista 'Playboy' havia anunciado que deixaria de publicar imagens de mulheres nuas devido à concorrência da internet, que banalizou o acesso a esse tipo de imagens.

O movimento gerou especulações sobre se o mesmo seria feito no Brasil, o que foi negado em editorial da publicação assinado por Sérgio Xavier, que comanda a revista.

Em entrevista à Folha após a mudança na edição americana, Xavier confirmou, no entanto, que o nu vinha perdendo força. "Estamos gradativamente perdendo com o nu. Precisaremos pensar em como fazer a transição", disse.

ENXUGAMENTO

O fim da publicação pela Editora Abril de "Men's Health", "Women's Health" e "Playboy" faz parte de um processo de enxugamento do portfólio iniciado em 2013 e que se intensificou em 2015.

A empresa se desfez da licença para publicar a revista "Runner's World".

Em setembro de 2013, as publicações "Alfa", "Bravo!", "Lola" e "Gloss" foram fechadas.

Em dezembro de 2014, as edições impressas de "Veja Belo Horizonte", "Veja Brasília" e "Info" foram extintas. As publicações passaram a existir exclusivamente on-line.

Em junho de 2015, "Você RH", "Você S/A", "Tititi", "Placar", "Ana Maria", "Arquitetura & Construção" e "Contigo!" foram vendidas. As edições impressas de "Exame PME" e "Capricho" passaram a existir apenas no on-line.

Em julho de 2015, "Aventuras na História", "Bons Fluidos", "Manequim", "Máxima", "Minha Novela", "Recreio", "Sou+Eu", "Vida Simples" e "Viva Mais" foram vendidas.

COMUNICADO

Veja abaixo o comunicado:

"Dando continuidade à estratégia de reposicionar-se focando e dirigindo seus esforços e investimentos às necessidades dos leitores e do mercado, a Editora Abril deixará de publicar, em 2016, as versões brasileiras das revistas Men's Health, Women's Health e Playboy.

Esse movimento é parte de uma profunda e arrojada mudança da empresa, processo iniciado há cerca de um ano com a revisão do portfólio de produtos e a radical readequação das ofertas Abril à sua audiência, aos seus anunciantes e agências. Esse novo posicionamento compreende soluções cada vez mais eficientes, com a expansão digital fortemente ancorada por Big Data (ABD - Abril Big Data) e Branded Content (Estúdio ABC - Abril Branded Content).

A nova oferta Abril para anunciantes e agências

"Temos marcas fortes, marcas respeitadas, que pautam o país em moda, beleza, política, negócios e diversos outros temas, como o mercado automotivo, design e decoração. O que estamos ofertando ao mercado publicitário com muito sucesso é a Jornada do Consumidor. Nossos anunciantes acompanham seu grupo definido de consumidores nos ambientes on e off-line - na web, nas redes sociais, em nossos sites, em nossas revistas, no mobile, onde seja -, entrando assim nas conversas que definem as decisões dos consumidores. Com a criação do Estúdio ABC e do Abril Big Data, o ABD, facilitamos a participação das marcas nesses encontros, nessas conversas. É o nosso expertise na criação de conteúdos e em encontrar os consumidores a serviço de nossos parceiros de negócios", explica Alexandre Caldini, Presidente da Editora Abril.

Os assinantes dos títulos descontinuados

Os assinantes desses títulos terão seus exemplares de dezembro entregues normalmente e poderão optar por outra revista do portfólio Abril, nas versões impressa ou digital."

Capas históricas da 'Playboy' americana

POR ALEXANDRE ARAGÃO E ANDRÉ CABETTE FÁBIO - PORTAL UOL

Nenhum comentário:

Postar um comentário