Ninguém é contra a regularização. O problema é que
este projeto não seguiu o rito das audiências públicas e prejudica moradores,
condomínios e chacareiros.
(*) Por
Geraldo Oliveira, do blog Vicente Pires Alerta
Segundo o Governo de
Brasília, o Setor Jóquey Clube é o local de Vicente Pires que está mais próximo
da regularização. Chamado até aqui de Gleba III, agora o bairro será chamado de
Trecho I do Setor Habitacional Vicente Pires, pois foi por lá que se iniciaram
as “Obras de drenagem, pavimentação asfáltica, calçadas, meios-fios e construção
de obras de artes especiais”, com recursos do PAC. O projeto de urbanismo do
bairro também está em fase de registro, no Cartório do 4º Ofício de Imóveis do
DF (Guará II, Edifício Consei), só que ele está sendo visto como esdrúxulo,
tendencioso e danoso aos direitos dos moradores.
Na ex Colônia Agrícola
Samambaia (ou Gleba I – Trecho II) também já se iniciaram as mesmas obras, de
forma lenta e gradual, aliás, toda a obra dos 11 lotes licitados dentro do SHVP
será dessa forma, fluirá de forma muito devagar, por causa dos inúmeros
problemas que a Secretaria de Obras e a NOVACAP esperam encontrar pela frente,
como a oposição de moradores à derrubada de guaritas e outras intervenções
internas nos condomínios e chácaras vazias, como asfaltamento e canalização de
água pluvial, além das chamadas lagoas de detenção.
O primeiro grande percalço
para a regularização do Setor Jóquei já surgiu, trata-se do pedido de
impugnação do registro do parcelamento do Jóquei, feito pelos moradores, registro
este solicitado pela TERRACAP no Cartório do 4º Ofício do Registro de imóveis
do DF, com prazo para impugnação expirado no último dia 18 de fevereiro. Vários
condomínios do Setor Jóquei fizeram o pedido de impugnação, além de uma
infinidade de outros, localizados nas outras glebas de Vicente Pires, CA
Samambaia e Vila São José (Glebas I, II e IV).
Entenda o caso:
No dia 14 de outubro de 2015, a licença ambiental da Gleba III do Setor
Habitacional Vicente Pires (Setor Jóquei) foi emitida pelo IBRAM. Alguns dias
após, no dia 5 de novembro, o COPLAN - Conselho de Planejamento do Distrito
Federal aprovou o projeto de urbanismo da Gleba III, com participação de apenas
alguns moradores no momento da sessão do COPLAN, sem a realização de audiências
públicas prévias. O Projeto inicial,
contratado pela ARVIPS, sofreu alterações de impacto profundo em 2013, no qual
o GDF decidiu, unilateralmente, que as chácaras não parceladas irão ser
retomadas, tendo o chacareiro o direito de comprar apenas 2.500 metros
quadrados. Ficou consignado, na revisão de 2013, que lotes vazios poderão
sofrer licitação aberta, sem direito à venda direta. Por exemplo, se você tem
uma área de 2.500 m2 com uma edificação em um dos lados e a outra parte sem
edificar, tal área poderá ser perdida. Várias guaritas irão ser retiradas, pois
as vias internas poderão ser públicas, o que irá prejudicar o sossego e a
segurança condominial. Vias públicas transversais estão previstas ser abertas
dentro dos condomínios para interligar as avenidas extensas. Obras públicas
desnecessárias poderão ocorrer no interior dos condomínios, é o que reclamam os
moradores do Jóquei, alegando que já existe infraestrutura em vários
condomínios e os recursos poderiam ser aproveitados para outra finalidade.
Outra situação crítica que preocupa a todos é a questão das derrubadas: a
partir da aprovação do Projeto no COPLAN em 2015, o Governo realizou a
derrubada de um condomínio total na Chácara 200 (Rua 8), à exceção das casas
que tinham liminar, com a alegação de que a área toda da chácara seria
utilizada para equipamento público. Para quem não sabe, apenas 6 mil metros
quadrados de um total de 30 mil estavam destinados para equipamento público, de
acordo com o projeto original. Você já imaginou, caro morador, se isso vier a
virar regra para os demais condomínios, para que o dito Projeto de Urbanismo se
torne realidade? Fica a reflexão...
Segundo Gilberto Camargos, presidente da AMOVIPE –
Associação de Moradores de Vicente Pires e Região, o motivo principal que
justifica os pedidos de impugnação do projeto pelos moradores é um só: FALTA DE
TRANSPARÊNCIA. Gilberto afirma que se o Governo fosse mais claro em relação ao
que está sendo proposto, em especial quanto às audiências públicas prévias
destinadas a aprovar, rejeitar ou ajustar o projeto, de acordo com o interesse
da coletividade, tudo seria mais simples. Inclusive o Governo de Brasília,
segundo o líder Gilberto, ganharia os aplausos de toda a sociedade, se ele resolvesse
com democracia os problemas complexos que existem nesta e nas outras regiões administrativas
do DF.
O que se espera com o pedido de impugnação do Projeto
de Urbanismo do Jóquei, segundo a Dra. Velsuite Alves Lamounier – OAB/DF 24261,
advogada autora dos pedidos dos moradores, é que finalmente se realizem as
audiências públicas, em especial para apresentar à população as alterações realizadas
em 2013 no Projeto. Dra. Velsuite acredita que, se sanadas as incongruências e
dúvidas que envolvem o projeto quanto à desconstituição de guaritas, conflitos
fundiários, preço de metro quadrado dos terrenos, tipo de intervenção no
interior dos condomínios e chácaras, custas de compensações e projetos justos,
entre outras medidas de impacto, será possível seguir com todo o processo, pois
o desejo de todos nós é termos a escritura e a segurança jurídica dos nossos
imóveis.
Até o próximo mês e um grande abraço!
(*) Geraldo Oliveira é blogueiro em Vicente
Pires, Diretor de comunicação da AMOVIPE e servidor de carreira da Câmara
Legislativa.
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