quarta-feira, 20 de abril de 2016

O Brasil tem problemas, mas de quem é a culpa?



O Brasil tem problemas e isso não é nenhuma novidade. Estamos vivendo um dos mais graves momentos políticos de nossa história aliado a uma crise econômica que está deixando milhões de brasileiros sem emprego, e esperança.

Mas, não é ponderável colocar a culpa apenas na classe política. A culpa está em todos nós, brasileiros eleitores e cidadãos, que por vezes se ocupam em apontar o dedo para os erros dos outros sem, contudo, consertar os próprios.

O Brasileiro é uma espécie a ser estudada em profundidade. Parece-me ser a única espécie terrestre a fazer piadas pejorativas de si mesmo e de achar que tudo é culpa “deles” e não sua.

É certo que o atual sistema político e econômico brasileiro estão a algumas dezenas de anos-luz do ideal, diria até distante o suficiente para ser alcançado.

Não se pode haver representatividade política verdadeira num sistema que beneficia quem tem mais dinheiro ou que, por algum motivo, tenha se tornado alguma celebridade. Dinheiro e fama não fazem de ninguém uma pessoa capaz o suficiente para exercer um mandato eletivo, e por consequência representar uma parcela da sociedade. Isso pode até acontecer, mas não é, definitivamente, regra.

Um sistema político que elege aquele que menos voto teve, apenas pelo fato de o partido ao qual pertence tenha se beneficiado do antidemocrático quociente eleitoral é, no mínimo, estranho. “Fortalecer o partido. ” Esta é a frase que ouvi certa vez de um político de longa data e que não precisou do quociente eleitoral para se eleger. Segundo esta escabrosa teoria, o partido é o verdadeiro dono do mandato de seus afiliados eleitos e o mais importante é manter a legenda forte.

Mas, para quê se tornar forte? Seria para ter força na hora de barganhar cargos em troca de favores com os governos?

E, na hora do voto? De quem nos lembramos quando digitamos os números na urna eletrônica? Seria em alguém que julgamos ser uma boa pessoa para nos representar? Talvez. Seria naquele rosto que milhentas vezes apareceu na TV, nos santinhos ou nos famigerados cavaletes espalhados pelas calçadas? Possivelmente. No partido político? Raramente.

Por definição formal, o sistema representativo é aquele onde a sociedade delega a um representante, o direito de representá-lo e de tomar as decisões que melhor favoreça os interesses de toda a população.  Onde, diabos, está escrito que este sistema deve se curvar a partidos políticos?

Portanto, um dos grandes problemas políticos do Brasil está nos superpoderes adquiridos (usurpados) pelos partidos políticos. Quando alguém vota no José, conclui-se que o José é quem irá representa-lo e não o seu partido político.

Os cargos no executivo são outra aberração ao sistema representativo brasileiro. Aquele mesmo José que foi eleito para representar uma parcela da sociedade é escolhido para ser o novo secretário de algo ou ministro de alguma coisa. O “suplente” assume seu lugar. Mas, quem elegeu o Sr. Suplente? Muitas vezes este estepe nem é da mesma unidade da federação que o José, muito menos da mesma cidade. Oras! Então, onde, pode Deus, está o representante daquela parcela da sociedade que votou no José?

Saindo do Poder Legislativo e entrando no Poder Executivo é que encontramos o maior ralo por onde escoa de forma nefasta o dinheiro público. É a arte final de todo o processo brasileiro de corrupção.

A definição é bela: “O Poder Executivo tem a função de governar o povo e administrar os interesses públicos, de acordo as leis previstas na Constituição Federal.” Há tempos este poder deixou a função de governar o povo para governar interessas escusos de partidos políticos e de empresas e empresários bandidos.

A pontinha do iceberg da corrupção brasileira chamada de Operação Lava Jato, já revelou como realmente funcionam os “negócios” que geram contratos do governo com a iniciativa privada. Não há contrato sem propina e não há propina sem uma facção por trás.

O descalabro do assalto ao bem público tem transformado o Brasil em piada no exterior e pior, vem gangrenando a economia interna de tal forma a condenar milhões de brasileiros a se permanecerem reféns de programas sociais que tem ao fundo, o interesse de angariar votos para as eleições seguintes.

A história vem comprovando a completa incompetência do estado em administrar suas empresas sob o olhar do cidadão de bem deste país, mas ao mesmo tempo uma incrível habilidade em usá-las como peças de um jogo em que três lados participam: os vencedores – governo e empresas privadas corruptas e o perdedor – a sociedade.

Sem sombra de dúvidas, sob minha humilde ótica, o Estado não deveria ser dono de empresa alguma. Ele deveria agir apenas como um supervisor com poderes de interdição em casos de extrema necessidade. Digo isso porque na iniciativa privada, ainda que possa soar como crueldade, o que importa é o objetivo atingido pelo menor custo possível.

Talvez, se as privatizações tivessem prosseguido nos governos Lula e Dilma, não teríamos presenciado a lastimável situação de uma Câmara Federal inepta votando a admissibilidade do processo de impeachment de uma presidente que desde que assumiu o governo pela primeira vez em 2010, se mostrou incompetente em conduzir uma nação tão grande como a nossa. As propinas certamente existiriam, mas seriam percebidas apenas dentro da iniciativa privada, visto que a Petrobrás e outras estatais não seriam mais propriedade do Estado, e isso, em tese, custaria bem menos à sociedade brasileira.

Atenciosamente,
Lúcio Big

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