quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Caiu a casa de Sombra, mas há outras de mais de 25 milhões de reais em nome de laranjas



A Caixa de Pandora que levou à prisão e posterior deposição de José Roberto Arruda foi uma fraude que custou muito dinheiro. E mais: o blogueiro Edson Sombra, que apareceu de bom mocinho para incriminar o ex-governador do Distrito Federal, começa a ser investigado pela Polícia Federal por achaques que lhe permitiram acumular nos últimos anos, por meio de laranjas, um patrimônio avaliado em mais de 25 milhões de reais.

As provas são palpáveis, como podem ser vistas nesta reportagem exclusiva do QuidNovi.  Entretanto, apesar de tudo demonstrar o modus operandi de um criminoso que se passa por radialista, blogueiro e (pasmem!) jornalista, o corporativismo falou mais alto. Em consequência, o Correioweb e o Metrópoles, de forma canalha, resolveram contar meias verdades para aliviar a face do verdugo agora desmascarado.
A reviravolta naquele que é considerado o maior escândalo político de Brasília teve início após revelações bombásticas do QuidNovi. De posse de documentos apresentados na reportagem, a defesa de José Roberto Arruda decidiu agir. E outros órgãos de imprensa vieram na esteira, como é o caso do Correioweb e do Metrópoles.
Sombra entrou escondido na redação do Correio Braziliense na quarta-feira, 21, para se reunir com dirigentes do Correio Braziliense, Correio web e do Metrópoles. Foram conversas francas dos interlocutores, embora Sombra não tenha sido franco. Após muita conversa, sempre em nome do corporativismo, acertou-se a produção de uma matéria a seis mãos (de Sombra e duas de suas amigas influentes no meio jornalístico) que seria publicada pelo Correio e por aqueles dois sites, com ligeiras mudanças para descaracterizar uma pauta comum, como um pacto para salvar a imagem do pivô das acusações contra o ex-governador.
A verdade é que um personagem que viu e ouviu muita coisa sobre a queda de José Roberto Arruda decidiu sair da sombra. O nome dele é Luciano. Trata-se de uma testemunha chave que abriu seu coração e jogou lenha para incendiar a Caixa de Pandora, com revelações que envolvem autoridades que estiveram no Palácio do Buriti durante e depois do governo de José Roberto Arruda.
Em depoimento à PF, MP e Polícia Civil, ele revelou que contou 300 mil reais em onças e garoupas. As notas estavam providencialmente escondidas dentro de uma caixa no sótão da gruta 716, na quadra residencial do mesmo número, na Asa Norte, em Brasília.
A origem do dinheiro tem diferentes rastros. Suspeita-se de inúmeras digitais, mas o Coaf antecipou-se e, atendendo pedido dos investigadores, manifestou-se sobre o assunto. Soube-se, por exemplo, que entrou grosso – algo em torno de 1 milhão -, na conta bancária do jornal O Distrital, e saiu naqueles miúdos 300 mil, em espécie, pelas mãos de Vânia Maria.
O Distrital, na época dessa operação financeira, pertencia ao blogueiro Edson Sombra. Nesse mesmo período, abria-se na capital da República a Caixa de Pandora. Uma operação suspeita, para não dizer forjada, levou o então governador José Roberto Arruda para a cadeia. Depois veio a renúncia. E a comemoração com a distribuição de muitas daquelas onças e garoupas.
Edmilson Edson dos Santos é parte pivô e parte complô da Pandora.  Faz coisas que Deus duvida. O próprio Sombra assume suas falcatruas em gravação feita durante depoimento dele na Polícia Federal. Na ocasião, ele confessa ter corrompido desembargadores e ter se locupletado com dinheiro de corrupção, depositado em instituição filantrópica de um amigo e na conta desse mesmo amigo. Trata-se, na realidade, de uma Ocip pertencente à sua esposa Wânia.
Entretanto, há mais coisas. Um exemplo é o fato de ter ido buscar 380 mil com Arruda, para desqualificar as fitas do delator Durval Barbosa. E depois, voltou-se contra o ex-aliado, para quem armou a cama de gato, dizendo de fitas adulteradas e recebimento de propina em troca de silêncio.
Edmilson […Santos), abreviado Edson Sombra, apresentou Durval ao Ministério Público, na primeira manifestação oficial de delação premiada. O delator falou o que queria e confiou a Sombra a incumbência de vazar para a imprensa cópias dos vídeos entregues ao Ministério Público.
Foi então que Arruda negociou a desqualificação dos vídeos. E o próprio Sombra assume ter recebido 380 mil reais, a título de primeira parcela. No pagamento da segunda, criou-se a operação do flagra. E Arruda, desconcertado, foi algemado.
A data ficou nos registros: 11 de fevereiro de 2010. No dia seguinte, 12, Vânia sacou o dinheiro. Os donos daqueles rastros referidos lá em cima começam a aparecer.
Arruda sai, entra em cena o vice Paulo Octavio. E Sombra, no seu perigoso modus operandi, com a ajuda de Durval, faz chegar às mãos de Agnelo Queiroz, então candidato ao Buriti, uma fita em que compromete Paulo Octávio. Isso feito, fez chegar aos ouvidos de P.O., que Agnelo dispunha de uma forte munição contra ele. Paulo Octavio, acuado, renuncia. Assume Rogério Rosso, apadrinhado por Durval e Sombra. No fim do mandato tampão de Rosso, Brasília vai às urnas, elegendo Agnelo.
A pré-candidatura do petista teve o apoio de Sombra e Durval, que indicaram uma mulher para vice, posteriormente vetada pela direção nacional do PT. A ordem era formar uma aliança com o PMDB de Tadeu Filippelli. Vendo o futuro desmoronar, Sombra e Durval declararam guerra a Agnelo.
Mas, como tudo o que é sujeira vem à tona, Agnelo, contrariado com as investidas de Sombra por meio do seu blog, mandou que a polícia investigasse suas falcatruas. Onofre, amigo de longa data e frequentador assíduo da gruta 716, tornou-se diretor da polícia de Agnelo. E, sob sigilo, iniciou as investigações.
Informado do monitoramento, Sombra divulgou uma fita provocando a queda e o ostracismo de Onofre. Jorge Xavier, o sucessor, deu continuidade às investigações e constatou o uso de várias empresas, com patrimônio de 20 milhões de reais, em nome de laranjas de Sombra. No inquérito havia o saque vultoso na boca do caixa, fazendo com que Sombra se curvasse diante desse inquérito e mudasse sua linha editorial. A partir daí, ele passou a falar bem de Agnelo.
A prática do mau jornalismo patrocinado pelo Correio web e Metrópoles para salvar a cara do bandido provocou indignação em Brasília. O que o corporativismo escondeu, o leitor vai tomar conhecimento a seguir. São imóveis em nome dos laranjas plantados por Edson Sombra para esconder seu enriquecimento ilícito.
Segundo relatório da Polícia Civil do Distrito Federal, “acredita-se… que Wânia Luiza de Souza ou seu marido Edmilson Edson dos Santos, adquirem imóveis no Distrito Federal em nome de terceiros, e os coloca em nome de parentes para não ficar nada registrado em seus nomes”.
Ainda segundo relatório da Polícia Civil, baseado em informações do Coaf, são 35 imóveis totalizando 25 milhões de reais, a preços de 2012. Entre os nomes estão os de Edwardo João de Souza, Wanilda Luiza de Souza e Luiza Timóteo de Oliveira Souza, todos com grau de parentesco em primeiro grau de Edson Sombra.
Para os investigadores, não resta dúvida de que há algo errado na criação de todo esse patrimônio. O relatório é categórico: “Pode-se presumir enriquecimento ilícito ou lavagem de dinheiro, pois pelas circunstâncias o dinheiro utilizado para as aquisições é duvidoso”.
Como se vê, a bandidagem é geral. Não se trata apenas de Arruda, supostamente o bandido-mor. A cada dia surgem novos crápulas. Se as investigações avançarem, não vai ter cela para todo mundo.
Veja vídeo: “Caixa de Pandora” https://youtu.be/QNqLRbvK92U
Processo:

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