segunda-feira, 31 de outubro de 2016

AINDA HÁ TEMPO DE SALVAR VICENTE PIRES?


A cidade nasceu de trás pra frente e a oportunidade direcioná-la para um contexto urbanístico equilibrado está se perdendo no tempo


(*) Por Geraldo Oliveira, do blog Vicente Pires Alerta

Há cerca de 20 anos, quando as primeiras chácaras de Vicente Pires foram desmembradas, ninguém dava bola para o futuro, pois quem se aventurou a adquirir um lote por aqui vivia o presente, sonhava com qualidade de vida perto da natureza e queria fugir da agitação existente nas cidades do Distrito Federal. Era o ambiente perfeito, onde não se imaginava jamais o que seria a região nos dias de hoje.

A forma como ocorreu tal ocupação, sem qualquer planejamento urbanístico, dá mostras hoje do quão maléfico é deixar surgir uma cidade desta forma e nossa região, outrora calma, tranquila e verde, começa a sentir hoje as consequências drásticas desse processo de crescimento sem controle. O primeiro problema gerado e que passou a impactar diretamente na nossa vida foram os malfadados buracos e alagamentos.

Agora, mais consequências surgiram. Devemos nos preocupar com segurança, transporte, trânsito e acessibilidade, com instalações sanitárias que atendam a todos, áreas verdes, praças de convivência, atividades econômicas em seu devido lugar e prédios construídos em locais apropriados, com o devido estudo de impacto de vizinhança aprovado. Os equipamentos públicos? Certamente eles também são necessários e importantes, devendo ser instalados nas áreas previstas.

Ah! E os prédios? Esses claramente são o “calcanhar de Aquiles” da cidade e prometem ser os vilões que irão definitivamente afundar Vicente Pires para o caos na sobrecarga das instalações sanitárias, aliás, isso já acontece com o esgoto e o próprio abastecimento de água. Em um lote de 800 metros quadrados onde se construía apenas uma residência, hoje nascem prédios de até 6 pavimentos. Até em lotes menores, de 400 metros quadrados, eles surgem com todo vigor.

Nesse sentido, o trânsito local está ficando incontrolável e as vagas de superfície insuficientes. As avenidas já não estão suportando o grande fluxo de carros que cresce em progressão geométrica, porque elas são estreitas e, ao lado delas, é necessário ter as vagas para veículos e calçadas. Portanto, o prognóstico de futuro a se fazer não é nada bom e é preciso tomar providências urgentes. Podemos até ter prédios sim, mas de forma controlada e distribuída dentro da cidade.

Outro problema que todos devemos nos preocupar é com a acessibilidade das calçadas, que não existem para os pedestres e portadores de necessidades especiais. As rampas de garagem de edifícios e os chamados “puxadinhos” estão literalmente compondo um traçado de descaso nesses passeios públicos, impossibilitando o seu uso. Não há nem 100 metros de calçada livre nas avenidas comerciais de Vicente Pires, ocupadas por tais rampas, por materiais do comércio, por placas, muretas, cones e toda sorte de barreiras impeditivas ao trânsito de pessoas.

É triste saber que tudo poderia ser diferente, se nós moradores fôssemos mais preocupados e “ativistas” com estas questões. Não deveríamos estar deixando esse caos acontecer por aqui, porque é nossa cidade que está indo para o “ralo”. O verde e as áreas livres do passado estão dando lugar ao concreto, à impermeabilização do solo, à verticalização. E é claro que o nosso investimento de uma vida em nossas casas tende a se desvalorizar na medida em que os problemas externos crescem.

O governo e a Administração Regional estão omissos com tudo isso, pois poderiam sim já estar aplicando as diretrizes urbanísticas na região, já que elas foram definidas há muito tempo. Infelizmente os projetos e esse planejamento urbano adormecem em algum órgão burocrático da máquina pública, esperando que alguém o “desentoque”. É preciso “peito” e visão de futuro para lançar mão dele, utilizando-o já.

Às favas com a falta de licença ambiental e problemas fundiários, que são a desculpa para não se fazer nada. Escora-se nessa justificativa, fala-se que são requisitos que precedem às providências de urbanização, mas minha opinião é que o planejado já deveria estar sendo executado como política pública preventiva ao agravamento do caos que se avizinha. Que se emitam licenças pontuais, organize-se e urbanize-se o que for possível. Os problemas fundiários e pendências ambientais? Devem ser enfrentados junto, mas não impedir o processo.

Sugiro à Administração Regional e aos demais órgãos do governo que iniciem uma grande discussão sobre o tema: um grande FÓRUM DE DEBATES, com COMUNICAÇÃO VISUAL POR TODA A CIDADE e UMA CAMPANHA DE CONSCIENTIZAÇÃO que envolva A SOCIEDADE CIVIL DE VICENTE PIRES e os moradores. Chega de esperar, vamos tomar providências já, para não ter de lamentar depois.

Até o próximo mês e um grande abraço!.

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(*) Geraldo Oliveira é blogueiro em Vicente Pires, Vice-Presidente da AMOVIPE e servidor de carreira da Câmara Legislativa.

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