sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Brasília e o DF merecem políticos que não tenham medo de vídeos escandalosos nem do cheiro do povo das cidades-satélites


NOSSA BRASÍLIA já tem 56 anos. É uma cidade nova, como novo é o perigosamente discriminado Distrito Federal, plantado no Planalto Central por Juscelino Kubitschek, depois abandonado por todos os governos. O atual exagerou, atentando inclusive contra a Constituição: embora tenha sido eleito como Governador do Distrito Federal, se autodenomina Governador de Brasília”. Uma atitude infeliz que separou, mais uma vez, agora "oficialmente" Brasília do Distrito Federal.

DESDE QUE os incomodados altos funcionários públicos, contra a sua vontade, vieram fazer funcionar a nova capital federal, a partir da inauguração de Brasíllia, há esta absurda separação: de um lado, estão os planopilotenses, que tomaram a Brasília Monumental, cercados de todas as mordomias; de outro, nas cidades-satélites, os distritofederalenses, tradicionalmente rejeitados pelas arrogantes autoridades do DF.


BRASÍLIA E O DF não tinham Poder Legislativo, uma instituição básica no regime democrático, também conquistado. A partir da Constituição de 1988, depois de uma luta enorme dos oradores do DF, a capital federal e as cidades-satélites passaram a ter não só moradores, mas cidadãos – com o Direito de Voto, de onde emana todo o poder 

POR FALAR na separação entre Brasília do seu Distrito Federal, ao escrever meu mais recente livro CIDADE CIDADÃ, provei que minha Taguatinga foi o berço da Cidadania do Distrito Federalporque lá é que tinha povo de fato. Em Brasília, só tinha gente muito chateada por estar aqui, vestida com ternos e óculos escuros e vistoso crachá. Os vizinhos não se cumprimentavam, a menos que um fosse o chefe do outro...

É QUE, lamentavelmente, pessoas ilustres que representavam nosso Brasil antigo lá nas maravilhosas praias do Rio de Janeiro, que recebiamdobradinha”, ou seja, salário em dobro, apartamentos montados e todas as mordomias, quando este termo nem era conhecido, vinham forçados para Brasília, de terça a quinta, voltando logo para as praias cariocas, onde o papo mais popular era degradar a nascente Brasília. Autoridades aqui, tratavam o povo como um incômodo forasteiro. Há exceçõesque adoravam ir ao Brasil das feiras nas cidades-satélites... 

NO GERAL, é oportuno e necessário destacar, o povo mesmo foi habitar as então chamadas cidades-satélites. É lá que viviam os seres humanos normais, gente com virtudes e defeitos, que superavam as dificuldadese eram tantaspraticando a solidariedade, numa sadia integração. Mas sofriam a injustiça de terem que construir, outra vez, novas cidadese sem qualquer apoio das autoridades engravatadas, inacessíveis ao povo.

CIDADE PRONTA, consolidada, era preciso construir e consolidar aqui a nova Democracia Brasileira, a partir do cérebro das altas decisões  nacionais, como a chamou JK. Apenas com o sentimento cívico de moradores, lutamos para que a Democracia voltasse. Depois, lutamos pela nossa transformação, de apenas moradores, em cidadãos, já que aqui no Distrito Federal não tínhamos o mais básico direito: o do Voto.  

RECÉM-FORMADO advogado, comecei a luta pela Cidadania do Distrito Federal na minha Taguatingaporque ela só recebia sobras do mimado Plano Piloto. Era preciso dar poder ao povo, desprezado pelo governo.   Só tinha uma forma de resolver tal injustiça: lutar pelo Direito de Voto!

OBCECADO PELA causa do Direito de Voto, sempre em boa companhia, tive grande alegria quando, na OABDF, em conferência do candidato       à Presidência do Brasil Tancredo Neves, a uma pergunta minha, ele disparou a frase famosa que, na Constituinte, foi fundamental para que Brasília conquistasse sua representação política:Conheço cidadãos cassados, conheço grupos cassados, mas cidade cassada só conheço Brasília!” 

CONQUISTAMOS, a partir dali, o Direito de Voto. Temos nosso Poder Legislativo, nossa representação na Câmara e no Senado, como todos os brasileiros que exercem este direito tão básico num consolidado regime democrático.

NO ESTADO Democrático de Direito, os bandidos poderosos mofam na cadeia. No Brasil que construímos, a lei é para todos! Temos, com o Direito de Voto, um resultado eleitoral que muitos condenam, culpando o povo. Mas o resultado eleitoral reflete, legitimamente, a lamentável situação do bravo povo brasileiroalvo de tantas agressões e traições dos políticos que elegeram. Ainda bem que o povo tem, em sua maioria, bases na doutrina cristã, onde o amor e perdão são valores primordiais.

COMO OS nossos políticos nos decepcionam! Agora mesmo, a maioria dos políticos do DF estão envolvidos em uma guerra por mais poder, a ponto de ser destituída toda a Mesa Diretora da Câmara Legislativa. Analistas políticos afirmam que até o Governador participou desta vergonha. Há quem diga que ganha a guerra quem tiver mais vídeos escandalosos...

MESMO INJUSTAMENTE jogados para fora de sua obra, os que ficaram não podem viver e trabalhar em paz. Hoje, sem uma política habitacional eficaz e humana, o povão tem de ocupar terras irregulares para abrigar suas famílias. E o governo, que tem a obrigação de propiciar casas para todos, ao contrário, sem observar básicos direitos constitucionais, destrói os lares destes pobres coitados que vieram, desde o milênio passado até hoje, integrar o grande território que, antes, era só cerrado.

 NÃO ERA ASSIM no tempo de JK, que permitiu a consolidação da Vila Sarah Kubitschek, a primeira ocupação popular do DF, berço da hoje abandonada metrópole Taguatinga. Também não era assim no tempo dos duros militares, que fizeram Ceilândia a partir das chamadasinvasõesdo Plano Piloto. Não era assim no tempo de Roriz, que fez Samambaia e outras tantas cidades-satélites para o povo do Brasil morar no Brasil.

CIDADÃS e Cidadãos brasileiros que perseguem o sonho de viver na capital de todos os brasileiros, de repente vêem seus lares, suas dignas casas habitadas, construídas com muito sacrifício para abrigar suas famílias, abruptamente demolidas pela AGEFIS, um órgão do GDF, criado para fiscalizar a condenável ação dos chamados grileiros (que devem merecer todo o rigor da leicadeia neles!), mas que, não cumprindo sua função de prevenir, força seus agentes a violentar a Constituição e a agredir as vítimas, o povo, fonte do poder que exercem. Que absurda maldade!

O QUE FAZER? Está claro. Brasília e seu Distrito Federal precisam de melhores políticos - que não tenham medo de vídeos escandalosos nem do cheiro do povo das cidades-satélites!

BRASÍLIA e o Distrito Federal também não podem ser uma praça de guerra. É preciso que o princípio constitucional da dignidade humana vigore.


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DIZEM QUE A GUERRA só termina mesmo quando muita gente morre. Será necessário morrer alguém para que a guerra no DF tenha fim?


ROLLEMBERG tem amargado grande rejeição em todas as pesquisas de opinião pública que analisam seu desastrado governo 

O GOVERNADOR Rodrigo Rollemberg decepcionou seus eleitores, deixando de cum- prir promessas de campanha – inclusive não cuidou de regularizar as ocupações irregula- res, preferindo demolir as construções, até mesmo casas habitadas, assim atentando con- tra a Constituição Federal, o que pode até ser base para o pedido de impeachment dele 

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