domingo, 6 de novembro de 2016

OPERAÇÃOES DE DEMOLIÇÃO DA AGEFIS: UM PROBLEMA DE TODOS

            Sabemos que as operações de fiscalização da AGEFIS, no governo Rollemberg, consistem em ações concretas que visam à derrubada de residências classificadas como irregulares advindas de ocupações recentes, visando à proteção da ordem urbanística e do meio ambiente. Contudo, você sabe como essas operações funcionam? Provavelmente não!
            Inicialmente, fora divulgado pela AGEFIS[1] que, das regiões habitadas, sofreriam a ingerência daquele órgão, com a conseqüente demolição das moradias, àquelas residências construídas de junho de 2014 em diante. Contudo, o que se tem visto durante as operações não condiz com a informação oficial, haja vista, por exemplo, terem ocorrido derrubadas de casas em área particular e devidamente escriturada, como foi o caso do Incra 7[2].
            Além disso, não há qualquer notificação prévia para que seja permitido ao morador tempo hábil de providenciar outra moradia e deixar a residência de forma digna, retirando com cautela seus pertences do imóvel. Isso porque, nas palavras da presidente AGEFIS, Sra. Bruna Pinheiro, “Segundo a Lei 2.105/1998, que é o Código de Edificações do Distrito Federal, invasão em área pública não requer notificação prévia.”[3]
            Veja que as famílias são desalojadas de sua moradia, não recebem qualquer auxílio do Governo uma vez que esse entende que os “invasores” não podem ser contemplados com a assistência social, e, em áreas carentes, sequer possuem condições de conseguir um aluguel ou mesmo transporte e/ou local para abrigar seus pertences que são deixados ao léu.
            O desrespeito aos direitos fundamentais do cidadão é tão avassalador que durante as operações perpetradas que a OAB/DF divulgou nota de repúdio:

A Seccional da Ordem dos Advogados do Distrito Federal (OAB/DF) vem a público manifestar total repúdio à forma como a Agência de Fiscalização do DF (Agefis) vem se conduzindo na desocupação de moradias no Condomínio Estância Quintas da Alvorada, no Altiplano Leste, mobilizando um verdadeiro aparato de guerra, repressor e intimidador, com graves violações às garantias do direito de ir e vir expressas pela Constituição a todos os cidadãos.

Sem entrar no mérito da decisão do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) para desobstruir a área em litígio, não se pode aceitar que esse órgão aterrorize os moradores mediante suspensão de fornecimento de água, de energia elétrica e barreiras para impedir o acesso de advogados e o retorno de trabalhadores aos seus lares. Métodos como esses só são aplicados em estados de exceção, comumente se generalizando em crimes contra os direitos humanos.

Cumpre-nos alertar, ainda, para o açodamento que vem caracterizando os atos da agência de fiscalização neste e em outros episódios, causa de insegurança jurídica e desrespeito frontal ao ordenamento jurídico. Não por outro motivo, a Agefis cria obstáculos até mesmo para que a Ordem dos Advogados do Brasil acompanhe o desenlace dessas questões.

A OAB/DF apela ao bom senso das autoridades nas discussões em torno dos problemas fundiários, e informa que adotará as medidas judiciais cabíveis para o respeito dos direitos dos cidadão e das prerrogativas dos advogados.

            Ademais, as derrubadas perpetradas, fatalmente, afetam a economia pois aquele pai e/ou mãe de família desabrigado, precisa se ausentar do trabalho para reorganizar e reestruturar sua vida.
            Não bastasse isso, temos ainda outros impactos econômicos menos perceptíveis: ao obstar as construções e/ou melhorias nas residências, impedimos que a construção civil empregue mão de obra, afetamos as vendas de material de construção, a indústria que produz esse tipo de artigo e, até mesmo, os postos de trabalhos diretos e indiretos relacionados com o setor. Com isso, reduzimos a circulação de mercadoria e capital em um distrito carente de indústrias em que os impactos da crise econômica talvez pudessem ser abrandados ao fomentar esse segmento.
            Ressalte, ainda, que as operações, conforme “Mapa de Grilagem”[4], disponível no sítio da AGEFIS, mostra todo o DF marcado em vermelho, o que significa que aquelas áreas poderão, a qualquer momento, sofrerem suas ações de derrubadas. Portanto, sem saber, você leitor pode estar em uma área vermelha e, amanhã, ser acordado por tratores à sua porta:




            Como não bastasse isso, a AGEFIS conta com um aplicativo de denúncias, as quais são apuradas pelo órgãos, sem qualquer notificação do acusado, cerceando seu direito à defesa.
E o que esse problema tem haver com aquelas pessoas que não moram em áreas irregulares? Tudo! Pois certamente você conhece alguém que sofreu ou poderá sofrer essa ação arbitrária.



[1] RODRIGUES, Mateus. GDF cria aplicativo e força-tarefa para barrar grilagem ‘em tempo real’. Disponível em . Acesso em 04 nov 2016.
[2] ADVOGADO DIZ QUE BRUNA comete crime ao derrubar casas no Incra 7 e utiliza a AGEFIS para favorecer o capital especulativo imobiliário. Disponível em . Acesso em 04 nov 2016.
[3] ALMEIDA, Kelly. Moradores contestam derrubada de casa no Lago Norte. Disponível em . Acesso em 04 nov. 2016.
[4]

Nenhum comentário:

Postar um comentário