domingo, 30 de julho de 2017

Taguatinga não abre mão do Taguaparque

GDF propõe transferir a área para ajudar na regularização de Vicente Pires. A comunidade é contra

Vicente Pires Foto: Gabriel Jabur Agência Brasília 
Empresários, representantes de entidades de classe e lideranças comunitárias de Taguatinga estão unidos contra a perda de áreas da cidade para outras regiões administrativas. A discussão ganhou corpo durante os debates para regularização de Vicente Pires, que poderia incorporar o Taguaparque, enquanto parte do Pistão Sul passaria para Águas Claras.
As mudanças fazem parte das propostas das novas poligonais (limites geográficos entre as regiões administrativas) em discussão na Secretaria de Gestão do Território e Habitação (Segeth). No caso de Taguatinga, estão as divisas com Ceilândia, Samambaia, Águas Claras e Vicente Pires.
Com a mudança na legislação, o limite para as Colônias Agrícolas seria o Pistão Norte. Assim, Taguatinga ficaria sem o seu principal espaço público urbano – o Taguaparque. Em compensação, a nova poligonal ajudaria no processo de regularização da Vicente Pires, pois a compensação ambiental seria o próprio Taguaparque.
“Como não sobrou nada em Vicente Pires, eles querem tirar o Taguaparque, que é nosso. Não aceitaremos isso. Se o processo de regularização depende de compensação, que se faça isso em qualquer outro lugar do Distrito Federal, como, por exemplo, o Assentamento 26 de Setembro, na Estrutural”, aponta o presidente da Associação Comercial e Industrial de Taguatinga (Acit), Justo Magalhães (foto).
Em uma das atas de reuniões sobre o tema, disponibilizada no site da Segeth, a justificativa para a mudança de endereço do Taguaparque: “é ponto passivo no entendimento dos moradores” de que o limite de Taguatinga é o Pistão Norte. “Parte da lógica natural do entendimento gestor que as divisões entre uma área e outra são: rodovias, DFs, córregos e rios”, diz o texto.
Águas Claras
A outra vizinha, Águas Claras, também briga por uma área que histórica e popularmente é de Taguatinga. O limite seria o canteiro central do Pistão Sul. Com isso, seriam anexadas as áreas do Taguatinga Shopping, UniCeub e Universidade Católica, por exemplo. A proposta foi apresentada pela Segeth.

“Resposta da Segeth”
Luos
Além da poligonal, a Lei de Uso e Ocupação do Solo (LUOS), que deve ser votada ainda neste segundo semestre na Câmara Legislativa, também prevê mudanças em Taguatinga. A LUOS define, por exemplo, as áreas para uso industrial; destina onde podem funcionar negócios e uso misto de interesse social; revisão das normas de gabarito e até a possível criação de uma Vila Olímpica no antigo Clube Primavera, em Taguatinga Sul.
É possível encontrar na cidade comércios atuando em áreas destinadas ao uso residencial, o que configuraria uso irregular do solo. Também existem “puxadinhos” em comércios que abrigam residências. Eles são edificados a partir aumentando-se o tamanho das construções para abrigar mais moradias.
Cinturão Verde (Box)
Águas Claras era um setor de chácara de Taguatinga. Para desapropriá-las, o ex-governador Joaquim Roriz deu lotes para seus ocupantes saírem. Ao contrário de Vicente Pires, que surgiu de invasões de áreas públicas e do parcelamento de glebas que eram concessões de uso da feitas pela extinta Fundação Zoobotânica.
Em Vicente Pires, foram cedidas pela União chácaras, em tese, indivisíveis, com o objetivo de se criar um “cinturão verde” – área para se desenvolver a agricultura. No entanto, em vez disso, os lotes beneficiários passaram a fracionar a terra, transferindo a posse para grileiros, que as venderam e a transformaram em área urbana. Originalmente, os lotes tinham 20 mil metros quadrados. Os parcelamentos foram feitos aleatoriamente, variando de 300 a 2.000 metros quadrados.
Fonte: Carta Capital

Nenhum comentário:

Postar um comentário