terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Mensalão Tucano

Protagonista do esquema constrange os tucanos



Réu no STF por peculato e lavagem de dinheiro, Azeredo vive expectativa de ser julgado este ano
 
 
As condenações em série de petistas no processo do mensalão ampliaram o constrangimento dentro do PSDB e da oposição com a situação de Eduardo Azeredo, deputado que é a principal estrela do escândalo homônimo de Minas Gerais. ...

Eduardo Azeredo é réu no Supre- mo Tribunal Federal (STF), acusado de peculato e lavagem de dinheiro e vive a expectativa de ser julgado ainda em 2013.

O deputado sustenta que o caso não passou de um "problema de prestação de contas" da sua campanha para o governo mineiro em 1998, mas para tucanos o "fardo" persistirá até que o julgamento seja realizado. Somente após isso é que alguma medida contra o deputado deverá ser tomada.

O mensalão mineiro, ou mensalão tucano, surgiu durante a CPI dos Correios, em 2005. Na época da revelação, Azeredo era presidente nacional do PSDB. Apesar de ter acontecido quatro anos antes do esquema julgado pelo Supremo no ano passado, o caso que envolve o deputado tucano começou depois no Judiciário. Somente em 2009 a denúncia foi recebida.

O processo está sem relator desde que Joaquim Barbosa assumiu a presidência da Corte. O caso irá para as mãos de um novo ministro que a presidente Dilma Rousseff ainda indicará para substituir Carlos Ayres Britto, aposentado em novembro de 2012. A fase atual é de instrução, com a tomada de depoimentos e coleta de provas.

TUCANOS INTIMIDADOS

Parlamentares oposicionistas admitem nos bastidores que a permanência de Azeredo tem impedi- do que o PSDB faça um discurso ainda mais forte sobre as condenações petistas.

Aliados de oposição, políticos do DEM ressaltam que a postura dos tucanos no caso foi diferente da tomada por eles quando surgiu o mensalão do DEM, no governo de José Roberto Arruda no Distrito Federal, em 2009.

O partido forçou a saída da legenda de Arruda e seu vice, Paulo Octávio. Na visão deles, a decisão foi acertada e deveria ter sido tomada pelo PSDB em relação a Azeredo.

Entre os tucanos há uma esperança da absolvição. O principal argumento é de que não cabia a Azeredo cuidar das contas da própria campanha.

Um dos caciques do partido chegou a usar a palavra "ingenuidade" a se referir ao envolvimento do tucano com o escândalo.

"Não houve mensalão em Minas. Mensalão é uma expressão para pagamento a parlamentares por votos e isso não aconteceu.”

Eduardo Azeredo, deputado

Apelido do esquema é “injusto”

O líder do PSDB na Câmara, Bruno Araújo (PE), nega que haja semelhança de atuação dos tucanos com a postura de defesa adotada pelo PT em relação aos condenados no mensalão. "O PSDB, diferente do que o PT fez, não vai procurar ministro para postergar o julgamento, vai respeitar a Corte e respeitar o resultado", diz. Ele diz acreditar na inocência do colega.

Azeredo afirma que o apelido "mensalão" é injusto. "Não houve mensalão em Minas Gerais. Mensalão é uma expressão para paga- mento a parlamentares por votos e isso não aconteceu", disse.

CAIXA DOIS

A tese de "caixa dois", porém, ficou enfraquecida depois que o STF ressaltou que o destino do dinheiro não é capaz de anular crimes cometidos anteriormente. O deputa- do afirma não haver provas de qualquer crime cometido e ressalta não ter sido o responsável pela prestação de contas de sua candidatura. Culpa o então vice, o hoje senador Clésio Andrade (PMDB-MG), pela contribuição a sua campanha do empresário Mar- cos Valério, condenado a mais de 40 anos pelo mensalão petista.

Clésio também responde a pro- cesso no STF. Sua assessoria afirma que ele foi sócio de Valério por um curto período e que não comandou a campanha de Azeredo.

Deputado se diz tranquilo

Azeredo ignora descontenta- mentos em seu partido com a sua permanência na sigla e acredita que os colegas concordam na diferença entre o seu caso e o dos petistas condenados.

"O PSDB tem consciência de que são coisas absolutamente diferentes do que aconteceu com o PT. Não tenho nenhuma apreensão", afirma.

Em dezembro de 2009, os ministros do STF receberam a denúncia e abriram processo criminal contra Azeredo. Apesar de o processo ser aparentemente mais simples e com apenas um réu, ainda não há previsão de quando será analisado.

APENAS UM RÉU

Ao contrário do que ocorreu no processo do mensalão petista, no qual todos os réus foram julgados pelo STF, no mensalão mineiro por enquanto apenas Azeredo terá a acusação analisada pela Corte máxima. Os outros dez réus serão jul- gados pela Justiça de Minas Gerais.

Em Minas, a denúncia foi recebi- da em 24 de fevereiro de 2010 pela juíza Neide da Silva Martins, da 9a Vara Criminal, após o desmembra- mento determinado pelo Supremo.

Os acusados respondem por peculato e lavagem dinheiro, crimes que prescrevem, respectivamente, se aplicadas as penas máximas, em 16 e 12 anos, a contar da data de recebimento da denúncia (no STF, em dezembro de 2009).
Fonte: Jornal de Brasília - 07/01/2013

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