Esta
cidade se tornará uma favela, com puxadinhos, prédios por todo lado e
mobilidade caótica, se continuarmos omissos
(*)
Por Geraldo Oliveira - do blog Vicente Pires Alerta
A
preocupação com a qualidade de vida nas cidades brasileiras deve estar no foco
de todos nós, cidadãos comuns, imprensa, autoridades, empresários, igrejas,
escolas, organizações sociais, políticos e, obrigatoriamente, dos gestores
públicos. Nossa cidade caminha exatamente para o contrário daquilo que se
defende no mundo, que é a preocupação com a qualidade de vida das gerações
futuras.
Vicente
Pires está prestes a entrar para o rol de cidades que enfrenta problemas
endêmicos na questão da mobilidade urbana - temos um exemplo bem próximo de nós
que é Águas Claras – tomada pela especulação imobiliária, em que o trânsito é
um verdadeiro nó. Todo esse caos decorre da fome por lucro dos empreendedores da
construção, que, no afã de auferir cada vez mais lucros, não estão nem aí para
o que virá depois.
Assim como nossa vizinha, prédios e mais
prédios nascem todos os dias pelas vias comerciais, sem deixar de mencionar os
puxadinhos sem critério do comércio e as chamadas “kits” para aluguel.
Relatório de Impacto de Trânsito e estudos técnicos que prevejam impactos das
construções nas redes de esgotamento sanitário e de abastecimento de água estão
sendo totalmente esquecidos. Aí entra a responsabilidade dos gestores e dos
órgãos de fiscalização, que se omitem.
Muitos
diriam que é injusto apertar a fiscalização e não permitir aos que chegam agora
o mesmo “direito” de construir, já que todos estamos com nossos imóveis
erguidos e supostamente seguros contra derrubadas. É verdade, esse direito em
tese deve ser igual. Mas, não se trata aqui de justiça e sim da sobrevivência
de uma região dominada pela irregularidade, que necessita se organizar.
É
preciso interromper o descontrole construtivo sim, seja por um ano ou dois,
para se traçar e implementar diretrizes de planejamento, fazer andar os
processos regulatórios que estão travados nos órgãos de governo local, federal
e nos de controle para, aí sim, de forma direcionada e organizada, a cidade
poder crescer em termos sustentáveis.
O poder
fiscalizador também necessita ser efetivo. Não estou aqui, logicamente,
imputando à população a responsabilidade de fiscalização. Os órgãos
governamentais é que precisam fazer esse papal de forma preventiva, educativa e
efetiva, deixando claro que seria uma medida temporária, com a perspectiva de
se tentar organizar algo que se torna insustentável a cada dia.
Todos
que almejamos uma cidade digna para nossos filhos, temos a obrigação de cuidar
dela, seja fazendo denúncias formais aos órgãos de controle e de fiscalização
ou até mesmo com atitudes simples como não jogar lixo e entulhos pelas vias. Os
movimentos comunitários, como as manifestações públicas e os da sociedade
organizada também são válidos, pois mostram a força de um povo e a demonstração
de sua vontade.
Historicamente,
a humanidade demarcou território quando se fez presente e participou de seu
próprio destino. É nossa responsabilidade não deixar que esta região seja
transfigurada para mais uma cidade de arranha-céus, onde o verde não mais
existirá e nada mais se poderá fazer, a não ser conviver com um caos premeditado.
Algumas
lideranças comunitárias estão cientes dessa necessidade e tentam conscientizar
a população desse papel. Temos líderes e associações no Setor Jóquei, por
exemplo, que defendem a preservação do verde das chácaras, assim como aqueles
que estão atentos aos prédios construídos em total desrespeito ao gabarito
(quantidade de andares). Se surgem, aquela população se junta e denuncia.
Aqui
no bairro Vicente Pires, Gilberto Camargos, presidente da AMOVIPE, trava uma
luta diária e quase solitária contra a falta de acessibilidade e o desrespeito
dos puxadinhos. Rampas de garagem de prédios invadem calçadas e ocupam parte das
vias, invadindo o espaço dos pedestres. As calçadas, por sua vez, não possuem sequência,
não se observa que é preciso ter continuidade para que um cadeirante possa
transitar sem risco de cair ou ter de se desviar.
No
bairro Colônia Agrícola Samambaia também há cidadãos conscientes, que lutam
contra o esgoto a céu aberto e os buracos há anos, denunciando moradores
inescrupulosos, que bombeiam esgoto para as vias públicas. O lixo e o entulho
jogado pelas vias são combatidos ferrenhamente por lá. Mas, dizem os
voluntários, enquanto uns poucos se preocupam, a maioria faz vista grossa.
Perdoem-me
o “puxão de orelhas”, caro amigo e amiga, mas ele é necessário, para nosso
próprio bem. Se passarmos da passividade à ação, as
gerações futuras certamente se orgulharão do belo lugar que estamos tendo a
oportunidade de construir para elas.
Até
o próximo mês e um grande abraço!
(*) Geraldo Oliveira é
blogueiro, servidor concursado da Câmara Legislativa, Vice-Presidente eleito da
UNAVIP e Diretor da AMOVIPE – Associação de Moradores de Vicente Pires e
Região.
Não há mais ingenuos nem santos nem compradores de "boa fé" em Vicente Pires. Todas as pessoas que construiram casas a partir de 2007, após o TAC entre Ministério Publico e GDF, sabem muito bem que além de estarem em completa ilegalidade, estão prejudicando os interesses de uma coletividade de 80.000 pessoas, pois nessas áreas deveriam ser construidos equipamentos publicos - escolas, postos de saude, etc. Assim, assumiram riscos e consequencias por sua própria conduta irresponsavel. Dessa forma, todas as casas e "condominios" que surgiram depois devem ser derrubadas, inclusive os escandalosos prédios que surgem. E sem qualquer acordo. Simples assim.
ResponderExcluirEsse é meu candidato
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