Enquanto servidores públicos pressionavam os deputados distritais na Câmara Legislativa, estudantes organizavam manifestações contra o reajuste das tarifas do transporte público, em Taguatinga. ... No centro de Taguatinga, 150 integrantes do Movimento Passe Livre (MPL) bloquearam o trânsito e provocaram policiais militares (Rodrigo Nunes/Esp. CB/D.A Press)
(Minervino Junior/CB/D.A Press)
Funcionários da educação e da saúde se desentenderam na entrada da Câmara Legislativa porque não havia senha para todos: tensão e gritos de ordem horas antes da aprovação de parte do pacote do GDF (Minervino Junior/CB/D.A Press)
Decisões políticas e econômicas provocaram manifestações, paralisações e brigas na capital durante a tarde e a noite de ontem. Enquanto os deputados distritais votavam projetos encaminhados pelo governo para aumentar a arrecadação, entre eles o que possibilita o GDF a usar parte do superavit do Instituto de Previdência do DF (Iprev) para garantir o pagamento dos servidores sem atraso, servidores da educação e da saúde disputaram espaço para entrar na galeria do plenário e acompanhar a sessão. Posteriormente, 150 manifestantes do Movimento Passe Livre (MPL) bloquearam parte do trânsito no centro de Taguatinga para pressionar o governador Rodrigo Rollemberg, mais uma vez, a voltar atrás nos reajustes das tarifas de ônibus e metrô.
Na Câmara, o clima de tensão começou do lado de fora. No início da tarde, cerca de 400 servidores, segundo a Polícia Militar, e 800, de acordo com o Sindicato dos Professores (Sinpro-DF), aguardavam para entrar na Casa, mas apenas 350 senhas foram distribuídas. Os primeiros a entrar foram os trabalhadores da saúde. No entanto, após um professor ter acesso, quem estava de fora pressionou a barreira de policiais legislativos e seguranças particulares da Casa. Alguns deles conseguiram entrar sem senha. O empurra-empurra fez com que os vigilantes fechassem a porta da Câmara por alguns minutos, enquanto a multidão se acalmava. A PM reforçou a segurança e pediu apoio para aumentar o efetivo. No total, 25 militares participaram da operação.
Na tentativa de entrar na Câmara Legislativa, alguns servidores caíram no chão. Um professor, do lado de dentro, tentou forçar a porta para quebrá-la. Os ânimos exaltados geraram desespero em algumas pessoas. O clima voltou a ficar acalorado na galeria do plenário. Lá, as manifestações ecoavam: “Não mexe no Iprev, senão vai ter greve”; “O povo não é bobo, Rollemberg é mentiroso”; e “Não é mole, não. Não aumenta o salário, mas aumenta o busão”.
Ao fim da votação, professores e empregados da saúde saíram da Câmara Legislativa com o sentimento de derrota. A diretora do Sinpro-DF Rosilene Corrêa chegou a ser cercada por servidores da categoria, que se manifestaram contra a decisão. A entidade marcou uma assembleia para 8 de outubro, em frente ao Palácio do Buriti. Uma greve geral não está descartada. “O projeto substitutivo diminui os riscos, mas não deixa de ser grave. O que seria o ideal era deixar o dinheiro do Iprev render. Agora, vamos analisar qual será o nível de compromisso dos parlamentares para que o GDF cumpra a parte dele”, alegou Rosilene.
A presidente do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde do DF (SindSaúde), Marli Rodrigues, lamentou a decisão, mas disse não ter alternativa. “Não significa que nós concordamos, mas não podemos deixar famílias desamparadas, porque o governo não tem dinheiro para pagar os servidores. Foi a vitória mais amarga que já tivemos. Ninguém está feliz. O sentimento é de tristeza e constrangimento, mas foi a única saída”, lamentou. Amanhã, às 10h, servidores se reúnem com o governador Rodrigo Rollemberg para tratar do cumprimento dos reajustes salariais concedidos em 2013.
Soluções
O MPL comandou a manifestação contra o aumento de tarifa na noite de ontem. Parte deles chegou a discutir com a Polícia Militar. “Queremos ter o mesmo direito dos moradores do Plano Piloto, que param a cidade toda e ninguém diz nada”, argumentou uma das coordenadoras do MPL, Raíssa Oliveira. Em coro, manifestantes gritaram: “Pretos e pobres também pagam impostos”. Este foi o terceiro manifesto relacionado ao tema em duas semanas.
Há oito dias, o MPL tenta chamar a atenção do governo. “Fomos convidados para conversar com o governador. Queremos soluções”, disse o estudante de educação física Rafael Moreira. Outro protesto contra o aumento das tarifas está marcado para sexta-feira, em Ceilândia, às 18h. O local da manifestação ainda não foi definido.
Peso no bolso
O aumento das passagens está em vigor desde 20 de setembro. Chegam, em média, a 40%. As passagens que custavam R$ 1,50 passaram para R$ 2,25. Os bilhetes de R$ 2, agora, custam R$ 3. Os que antes saíam por R$ 2,50 chegaram a R$ 3. E as tarifas de R$ 3 passaram a R$ 4. Os bilhetes do metrô passaram de R$ 3 para R$ 4, inclusive nos fins de semana.
POR ISA STACCIARINI E BERNARDO BITTAR-CORREIO BRAZILIENSE - 30/09/2015 - 07:55:27
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