terça-feira, 31 de março de 2020

OBRAS DE VICENTE PIRES DESPERDIÇAM OS NOSSOS 508 MILHÕES


Mesmo com obras novinhas em folha, o vai e volta dos buracos na maioria das ruas pavimentadas de Vicente Pires representa um pesado custo para o bolso do contribuinte, resultado de projetos deturpados e gestões movidas a vistas grossas. Os danos causados pelo tráfego e pelas chuvas em locais que nem foram inaugurados, como as ruas 3, 4, 4b, 4c, 4d, 5, 8, 10 e 12. Ruas que mesmo antes de concluídas já mostravam sérios defeitos da obra, isso sem falar que todas as calçadas apresentaram problemas. Obras sob responsabilidade da Secretaria de obras levam para o ralo todo o dinheiro que daria para fazer uma cidade perfeita: R$ 508 milhões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), mais os aditivos que já elevaram o valor total para próximo de R$1 bilhão.

O desperdício se dá por meio de obras mal executadas e, especialmente, pelas conhecidas operações do jeitinho brasileiro, onde, quem ocupa os cargos públicos, finge que não enxerga o que está ruim e, quando são interpelados, se resumem a dizer que a obra tem garantias, ou que é federal e a Caixa Econômica Federal jamais irá pagar por obras com problemas. Na realidade, eles fazem a medição, conferem a obra e a empresa recebe sim e, pasmem, apenas dias depois aparecem os defeitos. Em seguida, entra outro desperdício feito pela Novacap e pela Administração que é o “tapeia-buracos”, em pavimentações onde a responsabilidade deveria ser cobrada das empresas contratadas.

Claro que com esse jeitinho de administrar, ficamos com a impressão de estarmos sendo lesados, parecendo que o único objetivo é o de engordar as contas bancárias das empresas que usam materiais e serviços de qualidade duvidosa. Se assim não fosse, não estaríamos vendo ruas inteiras destruídas, poucos dias após a entrega. Não preciso dizer que não faz muito tempo que vimos isso acontecer pelo Brasil, onde vários gestores e empreiteiras foram parar no banco dos réus.... Coincidentemente, as obras de reparação das ruas de Vicente Pires sempre atraíram grandes empresas, duraram toda a vida da cidade e foram refeitas repetidas vezes durante o ano. Uma forma de garantir o caixa de muitas empresas e as promessas de mudanças de muitos políticos.

A situação da cidade já beirou a calamidade e ela faz parte do nosso triste histórico, com muito dinheiro desperdiçado e danos ambientais provocados por assoreamento dos córregos. Nesse sentido, o desperdício de dinheiro público está associado à ineficiência, à má gestão e até aos interesses comuns de quem ocupa os cargos e comandam as obras no Distrito Federal como Terracap, Secretaria de obras, Novacap e na ponta a Administração Regional.

No caso do ultimo responsável da lista, a Administração, embora pareça haver boa vontade da atual gestão, ela não tem prerrogativa para fazer projetos, licitação, não contrata empresas, não tem recursos, não tem máquinas, não tem poder fiscalizatório e nem ao menos tem condições próprias para fazer a recuperação de buracos. Até as informações buscadas nessa repartição são repassadas para outros órgãos do governo responderem.

Mas se a Administração não possui gerência sobre as obras, porque ela é responsável juntamente com os demais órgãos? Um dos motivos é simples: o Administrador normalmente é escolhido entre moradores e lideranças da cidade, mesmo se for indicado por um deputado. Nesse caso, se ele é uma liderança, possui uma história de luta em prol de seu povo, que confia nele para lutar pela aspiração de cidade ideal que todos desejam.

No caso de Vicente Pires, lamentavelmente, essa expectativa não tem chegado à prática há muitos anos porque os últimos administradores que passaram pela Casa pouco fizeram pela cidade, resumindo seu trabalho a tentar defender seus cargos e seus governos, visando perpetuarem-se nele, bem como se autopromoverem politicamente.

Quem administra deve defender a cidade com unhas e dentes

No momento, quem ocupa o cargo foi indicado por uma deputada federal que esteve no mandato de deputada distrital por pelo menos 8 anos, contudo, nesse tempo, ela nunca havia beneficiado Vicente Pires. Agora, ela apareceu como madrinha da região, trazendo junto um administrador-morador, porém, esse morador nunca antes havia participado de qualquer luta comunitária, por menor que seja. Até seu pastorado e escritório advocatício eram exercidos em outra cidade, morando a algumas centenas de metros da saída da Rua 12 e sua única participação mais ativa foi quando implantou uma igreja evangélica na Rua 5, que depois de um ano foi fechada.

Mas, se tem poder limitado, por que a Administração Regional também é responsável pelas obras mal executadas e pelos projetos deturpados, que podaram os estacionamentos, as calçadas acessíveis e culminam pela triste realidade de milhões gastos a mais, cujo resultado não atende ao desejo de cidade moderna que todos sonhamos?

É porque quando alguém é indicado para o cargo de administrador, é esperado que ele ame mais a cidade do que quem o indicou para o cargo, que ame mais a região do que o governador que mantém seu cargo. Porém, esse não é e não foi o perfil dos últimos administradores.

Sem uma historia de luta pela cidade antes, e agora, muito menos, toda vez que alguém reclama das obras, a Administração responde prontamente que é culpa dos governos anteriores, dos projetos mal planejados e ao caos que recebeu a cidade. Se então a culpa é de projetos errados e mal feitos, por que em nenhum momento a Administração se dispôs a muda-los para melhor, de forma a adotar normas modernas de planejamento urbano?  A resposta sempre usada foi que “estamos presos a contratos”.

Sonho de cidade moderna está indo para o ralo

Afirmam que nunca tentaram mudar os projetos mal feitos porque estavam presos a contratos e às leis que regem os mesmos. Mas, inexplicavelmente, para atender a interesses de alguns, os projetos foram inúmeras vezes alterados. Projetos foram mudados para reduzir largura de rua, para retirar pontes, viadutos e para que calçadas fossem feitas fora do lugar, enfim, mudanças que prejudicam o coletivo e beneficiam apenas a alguns poucos empresários influentes, que construíram e CONTINUAM CONSTRUINDO invadindo ruas e calçadas. Logicamente, não me refiro aqui àqueles que respeitam as normas construtivas, pois suas obras não serão um problema futuro para a cidade nem para quem as adquire.

Para os moradores, que são maioria, a atenção vem apenas da Administração. Já para os poucos empresários que mandam e desmandam na cidade, esses têm reuniões cativas mensalmente com todos os representantes do governo, como secretários de Estado, diretores e até com o governador, que de fato possuem o poder decisório, então, o que pedirem “vira” lei. Já as lideranças que lutam pelo certo e pelo bem coletivo, se quiserem, até são ouvidas nessas mesmas reuniões, mas seu poder de voz é podado pela influência dos demais, a começar pelo tempo de fala, que não passa de 2 a 3 minutos.

Obras que a comunidade e as lideranças vinham lutando há anos, tendo por várias vezes conseguido recursos, agora são intituladas “obras da atual Administração” e, claro, da madrinha da cidade, como a ponte lindeira à via Estrutural que, segundo divulgam, ela mandou dinheiro de emenda parlamentar e agora a ponte já está sendo chamada com o seu nome. Tristemente, a história de lutas de quem verdadeiramente se entregou lá atrás por essas demandas, fazendo-as a ecoar como primordial necessidade coletiva, conseguindo projetos e até recursos, não é levada em conta.

O interesse político dita o destino da cidade

As demais obras estão no mesmo nível de divulgação como sendo da atual Administração, onde ninguém com historia de luta é lembrado, tais como os projetos praticamente perfeitos, os quais foram planejados com a participação das verdadeiras lideranças, que conseguiram incluir um estudo importante como o de impacto de trânsito, o qual apontou a necessidade de ruas duplicadas, calçadas acessíveis, estacionamentos e até a altura dos edifícios...

Não para por aí, a conquista do recurso dos 508 milhões das atuais obras também veio através das verdadeiras lideranças e sem nenhuma participação dos atuais “líderes” recentes e sem história. E isso é divulgado como sendo conquista de membros do atual governo e com a ajuda da madrinha, tentando com isso apagar a verdadeira história de lutas dos moradores e lideranças, que deram o seu sangue na busca pelo sonho de sua cidade ideal.

A verdade é que as lideranças não conseguem se reunir e influenciar sobre o que seja o melhor caminho para cidade porque, unidos, aqueles que acabaram com a cidade, criando prédios que legalmente nunca poderão ser regularizados, agora estão buscando e recebendo apoio, não para corrigir o erro, mas para receber perdão dos antigos e garantir a continuidade de novos erros, como acontece em todas as ruas da cidade...

Quem administra Vicente Pires e porque os verdadeiros líderes foram isolados?

Vicente Pires teve vários administradores, porém administrar de verdade e em prol de todos, que é nossa expectativa, não temos visto na prática há muitos anos.

O comandante atual não veio sozinho, influente por ser suplente de deputado e ser apoiado por comunidades evangélicas, ao contrário dos anteriores, mudou a forma de trabalhar na Administração. Com sua influência, conseguiu que fossem indicados vários cabos eleitorais, sendo a maioria deles pastores coligados. Mas não para por aí, os últimos administradores tinham uma secretária, um diretor de comunicação e um motorista à sua disposição. Já a recepção da Administração atualmente tem 3 secretárias e para ajudar o administrador, um motorista, um diretor de comunicação e ainda havia uma fotógrafa que escrevia e comandava o celular e as redes sociais.

Nas gestões passadas, a Administração usava sem custos as redes sociais, como os grupos de WhatsApp e Facebook mantidas pelas associações. De lá, tiravam e repassavam informações para saber onde estavam os problemas da cidade, para isso contavam com ajuda das lideranças e moradores. Curiosamente, na atual Administração, resolveram acabar com a influência das lideranças perante os moradores, para ficarem em evidência.

Para não dar na cara que esse é o objetivo, começaram a receber os líderes em pequenas reuniões onde apenas alguns moradores estão presentes, dando assim a entender que estavam tratando com as lideranças sobre tudo, mas a verdade era outra: para tirar destaques individuais, a Administração passou a tratar todos os moradores como se fossem líderes, mesmo eles não tendo qualquer história comunitária, na tentativa de desqualificar e enfraquecer as verdadeiras lideranças.

Chegou ao absurdo de ajudar a criar uma nova associação, onde ninguém do segmento, além da diretoria proposta, se fez presente para aceitar, votar e, claro, criar um novo “líder”. Para encobrir o verdadeiro objetivo e a administração reinar absoluta e não levantar suspeitas, criou-se um evento para tentar mostrar a importância dos verdadeiros líderes; fez-se uma sessão solene onde lindas placas foram entregues, porém, entre as lideranças, também receberam a homenagem dezenas de pessoas que nunca lideraram nenhuma luta na cidade...

O golpe final estava por vir. A Administração criou grupos de WhatsApp, um para cada rua da cidade, comandados por seus aliados indicados nos cargos. Nesses grupos, os líderes, mesmo com seu histórico comprovado de lutas, experiência e vivência, não puderam contribuir no contexto geral, podendo participar apenas se de fato morasse na rua. Essa manobra fez minar a influência dos líderes, vindo por fortalecer o domínio da Administração sobre os moradores.

Muitos lideres em conversa entre si, comentaram isso, mas nenhum teve coragem de abrir o bico, pois têm medo de represálias. Para estar à frente de tudo e conquistar a todos, mesmo não fazendo nada de concreto, a Administração divulga que trabalha diuturnamente na cidade, nas ruas e nos órgãos do governo e realmente pode se constatar essa presença. Assim, de pouco conhecida, a equipe da Administração passou a ser querida por muitos, pois está sempre pronta carismaticamente a receber a todos.

Ela não tem poder para nada, não pode aperfeiçoar projetos, não pode fazer obras, não pode fiscalizar, mas prontamente aponta a solução para tudo, repassando para quem pode fazer. Com isso, mesmo que a maioria não tenha resultado final, é conquistada pelo carisma, convencida que seus desejos e aspirações coletivas podem esperar.


Por Gilberto Camargos.

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