Mansão do pecado: Ferrari, vinhos de
R$ 200 mil e selfies com poderosos
Escândalo no DF mistura luxo cafona, bilhões desviados do INSS, vínculos com políticos e até advogados estrelados
Por Mino Pedrosa
Na mansão cinematográfica do empresário Fernando Cavalcante, a Polícia Federal encontrou de tudo — menos vergonha na cara. O homem apontado como integrante do bando que sangrou o INSS em bilhões de reais parece ter feito da ostentação um altar particular, onde a missa era rezada com Ferrari, réplicas de Fórmula 1 e vinhos que custam mais do que muitos apartamentos no Sudoeste.
A cena parecia saída de um catálogo da Forbes versão policial: motos Harley-Davidson Police, uma Ferrari escondida em shopping de Brasília, adega recheada de rótulos avaliados em R$ 7 milhões e até um capacete original de Ayrton Senna, autografado pelo próprio. Para apimentar, uma luva com assinatura de Rocky Balboa — porque todo mafioso que se preze precisa de um fetiche kitsch.
Mas o melhor da festa não estava na garagem, e sim no celular. Lá, a PF tropeçou em fotos e mensagens íntimas entre Cavalcante e figurões do PIB brasileiro, ministros do STJ e até governadores, com destaque para Ibaneis Rocha, que abraçado com o rosto colado, passando uma imagem carinhosa de amizade intensa, permitindo uma profunda intimidade.
Como todo bom malandro de manual, Fernando tentou driblar a PF na véspera da operação, retirando de cena alguns brinquedinhos milionários. O truque levantou suspeita de vazamento e agora alimenta a CPMI que promete desbaratar o bando que engoliu o dinheiro dos aposentados.
Quem também não ficou de fora foi o ex-sócio de Fernando Cavalcante, o milionário advogado Nelson Wilians, que é investigado pela PF por suspeita de lavagem de dinheiro para Maurício Camisotti, empresário apontado como beneficiário final de três entidades investigadas por fraudar filiações de aposentados para aplicar descontos. Coincidência ou não, o Metrópoles revelou que o causídico doou ao bolsonarista Rogério Marinho uma bolada na eleição passada.
E não para por aí. O rolo respinga em velhos conhecidos da cena candanga: Paulo Octávio, Leonardo Valverde e até a combalida GPS foram tragados para o centro do furacão. Nos bastidores, também aparece Milton Salvador de Almeida Júnior, parceiro de duas décadas de P.O e sócio do lobista Antonio Carlos Camilo Antunes, o famoso “Careca do INSS” — nome que soa mais a personagem de novela mexicana do que de planilha da Receita.

Entre garrafas de R$ 200 mil, réplicas de McLaren de 1993 e selfies comprometedoras, o caso Fernando Cavalcante tem todos os ingredientes de um escândalo “à brasileira”: luxo cafona, dinheiro sujo, autoridades íntimas demais e a certeza de que o crime, aqui, ainda desfila de Ferrari.
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