sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Diga NÃO ao Preconceito









Movimento Psiu contra a gordofabia começou em Brasília mas já ganhou o país.
Foi em uma sessão de fotos sensuais e descontraídas que conheci três moças integrantes do Movimento Psiu, Diga Não ao Preconceito, cheias alegria e histórias pra contar.
Poliana Marinho, Luiza Carolina e Isabel Cristina encontraram-se comigo no Studio Nany Fotografias em Vicente Pires e tivemos um bate-papo emocionante.
Poliana Marinho
Poliana, nosso principal contato com o Movimento, por ser moradora de Vicente Pires, nos explicou que tudo começou em Brasília após as Misses Plus Size Evelize Nascimento, Camila Bueno, Janaína Graciele e Claudia Gomes terem sido fotografadas em poses sensuais em frente ao Congresso Nacional em 11 de novembro em manifesto ao constrangimento sofrido em um hotel da Capital Federal, onde ouviram que uma cama não caberia duas das quatro modelos.
Após essas fotos sofrerem outras ofensas em rede social por um Policial Militar que chegou a chama-las de “leitoas” e “pessoas bizarras” em seu post. Em forma de protesto contra o preconceito sofrido por elas dias depois o Movimento Psiu nasceu, criado pela juíza Ana Paula Damasceno e ganhou o país.
Várias pessoas passaram a aderir e apoiar o Movimento, inclusive famosos, como a atriz Fabiana Carla. As pessoas estão postando fotos com o dedo indicador na boca para calar não só a gordofobia, mas qualquer tipo de preconceito.
Dentre os depoimentos Poliana nos revelou que, em 2004, quando estava grávida de gêmeas, foi ao hospital e não recebeu atendimento adequado, por ser obesa, a médica apenas disse que não sentia as crianças em sua barriga e pelo descaso, Poliana perdeu as filhas, ficou na UTI e precisou passar por uma histerectomia, correu risco de não mais andar, o que não se confirmou. Por essa complicação, hoje ela não pode fazer exercícios, ou pegar peso. Depois de tudo isso não foi impossível para Poliana se ver em meio a uma depressão. “Não é fácil olhar para minhas cicatrizes e saber que não posso mais ter filhos....e para ter relações com a barriga toda marcada!?” revelou ela.
Só que a aceitação do próprio corpo e de sua atual condição não é o único dilema de Poliana, após começar a fazer fotos sensuais, que a ajudaram a reconhecer sua beleza e a aceitar seu corpo, Poliana também tem que enfrentar o preconceito, tanto nos olhares críticos da sociedade, quanto os mais pesados que usam das redes sociais para proferir ofensas em comentários em suas fotos. “As fotos são minhas. Eu sou mãe, sou filha, no mínimo mereço respeito. E se fosse só crítica, mas não ele faz para ofender, rasga o ego de qualquer mulher. Já cheguei a pensar mil vezes antes de sair de casa por causa dele.” – declarou Poliana.
Mas a participação no Movimento Psiu dá forças para Poliana e as demais prosseguirem fortes e enfrentando tais ofensas, pois da mesma forma que recebem ofensas, recebem elogios e palavras de apoio, pessoas que mandam mensagens no particular falando que se inspiram na força delas, que por exemplo delas começaram a sair, pedem indicações de onde comprar  roupas mais baratas, ou na numeração correta para elas.
Luiza Carolina
Luiza, outra personagem de nossa entrevista também tem histórias de preconceito para nos contar. O relato da Luiza é referente ao mercado de trabalho. Ela se candidatou a uma vaga de emprego como promotora de supermercado em uma empresa de freelancer e eventos. Luiza entrou para a entrevista ciente que havia muitas vagas, foi entrevistada e a atendente disse que entraria em contato, pois não havia mais vagas. A moça que estava ao lado ficou incomodada e interferiu, disse “no lago sul tem vagas, vocês pagam duas passagens mesmo, ela pode ir pra lá” relatou Luiza, então a atendente a olhou de cima a baixo, saiu da sala e voltou chamando-a, ai ela já se sentiu constrangida, pois todos ficaram a olhando e ela entrou em outra sala, teve que experimentar uma blusa que fechou no corpo, mas não serviu nos braços então a atendente foi cínica e disse “Pois é, a gente entra em contato, porque esse uniforme é o maior que eu tenho.” Luiza se sentiu humilhada.
Uma opinião que elas tem em comum é a de que poderia existir um projeto das empresas não reaproveitarem uniformes, também por questões de higiene, mas poderiam fazer um acordo com o funcionário, assim como o do vale transporte em que o funcionário paga 40% do valor da passagem, para que o uniforme fosse novo e sobre medida, afinal o uniforme fica para o funcionário.
Luiza relatou ainda que antes de entrar para o movimento passou por uma depressão pelo termino de um relacionamento. “Eu mesma criei coisas na minha cabeça de que meu namorado tinha vergonha de mim porque eu era gorda, e eu fiz as fotos para me sentir bonita e sensual, falei para ele que era por causa dele que estava fazendo as fotos.”
Isabel Cristina
Isabel é um pouco mais tímida que as demais, mas ainda assim conseguiu relatar o preconceito familiar que sofre. Ela disse que dia sim e outro também ouvi críticas e até ofensas. “Na minha família eu sofro preconceito constantemente, ‘para de comer.’ ‘Você está muito gorda’ ‘Tá parecendo uma chupeta de baleia de tão gorda’. ‘Você está muito gorda, não tem mais numeração de roupa pra você.’”
Uma doença
As pessoas tem que encarar a obesidade como uma doença, não é por opção, não é por apologia a obesidade que as meninas dizem isso, alguns tentam emagrecer, outros nem exercícios físicos podem fazer, tomam corticoides continuamente e ainda tem a depressão que aumenta o apetite, a TPM.
A modelo de nossa entrevista Poliana declarou que já tentou fazer todos os tipos de dietas alucinantes que se conhece hoje, “já fiz a da salsicha, que você como uma salsicha por dia e divide em três pra não desmaiar, a do melão, do can..., e nunca vesti menos que 44, e isso passando muita, muita fome.”

Então as pessoas tem que entender que não é por desleixo que algumas pessoas estão acima do peso. Alguns tem tendência a ser grandes, mais gordinhos, com mais curvas que outros. As meninas pregam a saúde, se for gordo mas estiver saudável, seja feliz com seu corpo. O Movimento Psiu quer apenas abrir os olhos da sociedade para o respeito com o outro, não só os gordos, os negros, as mulheres ou os homossexuais, mas com o ser humano.

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