sexta-feira, 25 de dezembro de 2020

Destaque de melhores do ano: o golpe da pesquisa e o mero certificado de bobo

 


QUEM ELEGEU OS 

MELHORES

DO ANO?

Já virou tradição, anualmente nesta mesma época do ano, deputados, administradores regionais, políticos, lideranças comunitárias, empresários, profissionais liberais e entidades de classe participarem da farsa dos "Destaques do Ano". A suposta pesquisa, que nunca acontece, elege as melhores empresas e profissionais no ramo em que atuam.   

A armação acontece em diversas cidades do interior e nas capitais.  

O esquema é muito simples: na maioria dos casos, um sujeito, normalmente ligado a uma empresa de comunicação e a um blogger,  que quer aparecer e se destacar, ou mesmo ganhar dinheiro, começa uma “promoção”, que não começou agora e é prática antiga. Ele vai até os escolhidos ou às empresas e estes contratam o serviço, da falsa "pesquisa" realizada na região, onde o nome da pessoa ou da sua empresa foi classificado em primeiro lugar pela população. No caso de personagens políticos, estes aparecem como o melhor do ano como destaque na sua área de atuação. Nem todos os certificados são cobrados, alguns são dados para pessoas influentes que poderão ajudar a dar mais credibilidade para quem promove o evento. Claro que todos os envolvidos têm conhecimento que não houve nenhuma pesquisa e eles não foram eleitos os melhores, mas o objetivo é a promoção.  

Em seguida, isso é divulgado na mídia, pessoas são convidadas e quase sempre na entrega dos certificados ou troféus aos "vencedores", tem um evento com um belo coquetel ou mesmo um jantar festivo em um clube ou salão de festas da cidade. Essa farsa chega a acontecer até nas câmaras legislativas. Porém, para receber seu "prêmio", o "agraciado" deve efetuar um pagamento. Caso não concorde, ou não seja aqueles escolhidos para darem credibilidade, uma outra pessoa ou empresa é que acabará sendo "premiada" em seu lugar. Ou seja, quem pagar leva o certificado ou troféu.  

Tentamos contato com várias empresas responsáveis por esses eventos, também com a que realizou o último onde pessoas de nossa cidade receberam o certificado, mas não tivemos retorno sobre como e onde a pesquisa foi realizada.  

Isso nada mais é do que uma possível fraude. Ou, se é que houve algum tipo de consulta popular, os métodos utilizados são tão precários e inconsistentes que jamais poderiam ser classificados como pesquisa de opinião. Mas o que importa mesmo são os “vencedores” posarem nas redes sociais com seus certificados de melhores do ano, mesmo que isso seja uma grande mentira, pois o objetivo é APARECER E SE PROMOVER A TODO CUSTO. 

 Entramos em contato com a empresa, a mesma que realizou e diz ter realizado a pesquisa deste ano, nada de resposta, outra alegou não divulgar os dados dos avaliadores e negou o acesso a pesquisa e demais dados que comprovariam a veracidade.  

Pesquisa é uma atividade que exige conhecimentos profundos e domínio específico de metodologias, onde o rigor de procedimentos técnicos é fundamental para a credibilidade dos dados colhidos. E nada disso existe nesse tipo de vigarice.  

Além de configurar o estelionato, por induzir as pessoas em erro ao acreditarem os personagens ou as empresas foram escolhidas por uma pesquisa fantasiosa, esta fraude caracteriza a propaganda enganosa, prática igualmente ilegal, que pode alcançar até as pessoas ou empresas premiadas.  

A pesquisa compromete a credibilidade de diversas outras personalidades e empresas que não são agraciadas com o certificado ou troféu "Destaque do Ano", comprometendo a credibilidade das empresas.  

Ao invés de ser agraciado com um prêmio de Destaque, os escolhidos podem estar recebendo um mero certificado de bobo.  

Gilberto Camargos

Um comentário:

  1. Tem até empresa para isto rsrs. Não sei de ninguém q foi entrevistado kkkkk

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