terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Proteção de Deus: AGEFIS, o Corpo de Bombeiros, a defesa civil e as administrações devem colaborar

A AGEFIS, o Corpo de Bombeiros, a defesa civil, as administrações regionais, os templos religiosos, o incêndio da boate Kiss e a irresponsabilidade.




O presente artigo não guarda qualquer relação com religiosidade ou com a liberdade de crença, mas com o cumprimento de regras mínimas de segurança contra incêndio e contra pânico coletivo. Em 27 de janeiro de 2016, a tragédia da Boate Kiss, em Santa Maria, Rio Grande do Sul, completará 03 anos. À época, diante da catástrofe, vários níveis de governo anunciaram medidas preventivas que, no entanto, não foram aplicadas. Em uma breve análise dos templos religiosos no Distrito Federal, pode-se perceber que as igrejas e templos religiosos, de todas as denominações, não estão preparadas para evitar tragédias em caso de incêndio e pânico coletivo. ...

A título de exemplo, sem qualquer crítica de natureza religiosa, vamos tomar como exemplo a Paróquia São Pio, localizada no Sudoeste, região nobre da Capital da República. O local é gerenciado pelo Padre Carlos Fernando Hernandes Sanches, colombiano naturalizado brasileiro, prócere do Caminho Neocatecumenal e uma das paróquias mais ricas do Distrito Federal.

A Paróquia São Pio fica localizada no Sudoeste Econômico. Nos finais de semana, durante as Missas dominicais chega a reunir cerca de 1000 pessoas ao mesmo tempo.

Durante as Celebrações religiosas na Paróquia São Pio são utilizadas velas e outros materiais inflamáveis, próprios da utilização religiosa. Muitos objetos de madeira, carpetes, toalhas, cadeiras podem, em caso de acidente, entrar em combustão e provocar uma tragédia, caso aconteçam com lotação máxima.

Recentemente, à revelia da AGEFIS, a Paróquia São Pio foi reformada. No local em que ficam situadas as salas utilizadas para encontros de grupos menores e para Catequese, inclusive de crianças, foi erguido um segundo pavimento. A obra foi realizada em tempo recorde, mas, em um dos pilares de ferro houve uma falha, faltaram setenta centímetros. O complemento foi adquirido em um ferro-velho em Taguatinga e soldado à estrutura principal. Não sabemos se há risco de desabamento ou se a “emenda” traz risco estrutural, mas, para efeitos deste alerta, imaginemos que sim.

Pois bem, não há saída de emergência em caso de incêndio ou colapso da estrutura. A entrada e saída se dão por meio de três portas de reduzidas dimensões. Visivelmente, os requisitos mínimos necessários para que os fiéis possam abandonar a edificação em caso de incêndio e pânico não foram considerados durante a construção ou recente reforma.

A estrutura da Paróquia São Pio, frequentada por idosos, gestantes e crianças, também não permite o acesso de guarnições de bombeiros para o combate ao fogo ou retirada de pessoas, atendendo ao previsto nos regramentos de segurança.

Mais, a aglomeração de veículos, nas imediações da Paróquia São Pio, impede a fluidez da circulação de veículos. Ambulância e carros do Corpo de Bombeiro, em caso de incêndio ou desabamento, não conseguiriam fácil acesso à paróquia.

A Paróquia São Pio ainda dispõe de uma capela, localizada próxima a Igreja. A situação é ainda pior. No local, aos sábados, durante as Celebrações do Caminho Neocatecumenal, a superlotação é frequente. Além dos bancos de madeira e dos carpetes, alocam, na passagem junto à saída, cadeiras de plásticos. Em determinadas solenidades religiosas, 600 pessoas, entre idosos, crianças, gestantes e cadeirantes, se amontoam. A saída permite a passagem de no máximo 02 pessoas ao mesmo tempo.

Também não se vê, na Paróquia São Pio, avisos de alerta ou indicações de rota de fuga. Não há, como deveria, equipamentos ante incêndio e não há, nem nos dias de maior movimentação, brigadistas. O fiel, sem dúvida, só pode contar com a proteção dos santos e de Deus.

De tempos em tempos, sem qualquer análise prévia ou posterior dos órgãos de segurança, a Paróquia São Pio promove reformas para ampliar a capacidade de lotação, sem, contudo, implementar mecanismos de segurança aos frequentadores do local. E faz isso nas barbas da AGEFIS, do Corpo de Bombeiros, da Vigilância Sanitária e da defesa civil.

Como mencionado no início do texto, a Paróquia São Pio é apenas uma exemplo, porque em muitos templos religiosos, das mais diversas denominações, os problemas se repetem. Em busca de mais fiéis e, muitas vezes apenas de mais arrecadação, a capacidade de ocupação é expandida, sem qualquer estudo prévio. Durante as obras, muitas feitas sem acompanhamento técnico especializado (Leia-se: engenheiros e arquitetos), assume-se o risco de ocorrências de tragédias como a da Boate Kiss. Aliás, tragédia não, porque fatos evitáveis, quando ocorrem, devem ser tratados como crime.

DESABAFO DO INTERNAUTA 



Com a palavra, a AGEFIS, o Corpo de Bombeiros, o CREA/DF, as Administrações Regionais e as próprias denominações religiosas, responsáveis, em última análise, pela segurança física dos fieis, que, tão generosamente, contribuem para o enriquecimento dos templos religiosos.

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