terça-feira, 8 de março de 2016

8 de março: Para refletir no Dia Internacional da Mulher

Por que as mulheres ganham menos que os homens?



POR SALIN SIDDARTHA 




É no mercado de trabalho que as relações de gênero se reproduzem e adquirem maior visibilidade. ... Os machistas procurariam justificar o fato de os homens ganharem mais com o falso argumento de que eles costumam escolher carreiras mais bem pagas, enquanto as mulheres escolhem carreiras em que naturalmente a condição salarial é mais baixa, como Pedagogia, Nutrição, Fisioterapia, Letras e Fonoaudiologia. O machismo também tentaria justificar o menor índice salarial da mulher, dizendo que os homens escolhem carreiras mais ligadas às exatas, como Engenharia, carreiras que estão sempre no topo das mais bem pagas.

Acontece que não é uma questão de escolha o fato de haver predomínio de mulheres nos cursos de Pedagogia, Letras e Enfermagem, enquanto nos de Engenharia ou Geologia os homens constituam maioria. É que as mulheres são vistas como “educadoras”, “maternais”, situação ligada a uma hipotética “natureza feminina”. Por causa dessa ideologia machista predominante, e não devido a aspectos naturais, as mulheres são destinadas a essas carreiras.

É sabido que o principal mecanismo de perpetuação do patriarcalismo é a naturalização das assimetrias, atribuindo a fatores biológicos ou religiosos as diferenças entre homens e mulheres para inferiorizá-las. A conquista dos direitos da mulher sempre foi um fator causador de instabilidade social, em razão de romper com os valores patriarcais arraigados historicamente na própria formação da família.

No passado, não se permitia às mulheres entrar em determinados cursos universitários. Faziam cursos geralmente ligados aos afazeres domésticos, a fim de conseguir um marido possuidor de boa condição financeira.

Ainda não houve um avanço deveras expressivo para que se possa considerar essa realidade como ultrapassada, e, ainda hoje, existe essa repressão em diversas nações. No Irã, faculdades não aceitam mulheres em cursos que “não são específicos da natureza feminina”. No caso, os cursos que formam profissionais mais bem pagos.

Além disso, as mulheres ainda ganham menos para fazer as mesmas coisas que os homens. Segundo pesquisa do IBGE, em 2011, a renda das mulheres no mercado de trabalho brasileiro equivaleu a 73,7% do que receberam os homens.

Um sistema machista cada vez mais em decadência mantém as mulheres como mão de obra barata para executar as funções descartadas pelos homens por pagar menores salários. Principalmente em situações de crise econômica ou de demissões em massa e corte de gastos, as mulheres são empurradas para o lar. E isso é hipocritamente apresentado como se fosse uma escolha natural dela.

Pesquisas têm evidenciado que efeitos mais negativos, como assédio moral e sexual, incidem em maior grau sobre as mulheres, especialmente as negras – notadamente quando exercem trabalho precário, indocumentado.

Nesse sentido, lutar por acesso igual à educação, por isonomia de direitos e de salários entre as mulheres e os homens é lutar pela mudança desta realidade para a de um mundo melhor. Infelizmente, o domínio machista continua a ver a mulher como um ser humano de segunda categoria e, lamentavelmente, os sindicatos têm-se revelado incapazes de representar suficientemente as causas feministas, talvez pelo imaginário chauvinista do qual seus dirigentes ainda não conseguiram se livrar.

O machismo é o entulho de uma cultura que continua a revelar-se na linha da disciplina industrial tradicional, atrapalhando a evolução da sociedade que se está formatando em rede, com maiores exigências de democracia direta e de concessões necessárias para a construção coletiva de espaços de esperança para todos, sem exceção.

Torna-se premente uma nova construção social da mulher. É responsabilidade de cada um de nós, homens e mulheres, mudar essa postura e preparar o devir de uma nova etapa histórica.

Fonte: Blog do Edson Sombra

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