domingo, 28 de janeiro de 2018

Queremos mover gente ou veículos?



A falta de política e obras para uma Brasília sustentável, mostra como estamos perdidos no que se refere à mobilidade. O governo atual e os pretendentes ao cargo executivo nas próximas eleições não apresentam nenhuma proposta plausível. Desde a criação de Brasília todos os governos e o legislativo sempre pensou em construções para os carros  sem se preocupar com as pessoas.


Quando algum governo vai pensar na importância da mobilidade e colocar em pauta esses e outros paradigmas mergulhando em um tema que tanto afeta a vida das pessoas?

Precisamos de ideias lúcidas e inspiradoras, ideias que podem nos fazer refletir sobre um jeito melhor e mais inteligente de viver e se mover como pessoas e não como carros.

Existem quatro elementos que podem causar uma mudança positiva na mobilidade: a revolução energética, com veículos elétricos movidos a energia sustentável; a direção autônoma; o compartilhamento de carros e uma atitude proativa do governo. Melhorar a mobilidade urbana depende do governo, das empresas e dos cidadãos. A questão é que a governança está estática, os novos candidatos não estão se mexendo. E todos estão despreparados para lidar com a economia compartilhada.

Temos muito trabalho pela frente.

Queremos mover gente ou veículos? Precisamos melhorar a mobilidade humana e não a dos veículos. Precisamos desestimular o uso do automóvel. E desestimular não é proibir. As cidades que estão reduzindo a poluição do ar fazem isso. Na mobilidade, a inovação tecnológica é a que aumenta a sustentabilidade das cidades. Temos que pensar no coletivo, e não no individual.

Além do tempo que o trânsito rouba da gente, cada cidadão também sente no bolso o custo altíssimo do transporte no Brasil. Paga-se muito por pouca eficiência. A família média brasileira gasta 20% da renda com transporte, boa parte disso com transporte privado. O custo do transporte público também é muito maior do que em outras grandes metrópoles do mundo. Equivale a 17% do salário, um peso enorme no bolso do brasileiro se compararmos, por exemplo, com o gasto do morador de Xangai (4%).

Em Brasília temos 3,13 milhões de pessoas e quase 3 milhões de veículos, segundo dados do Detran de 2017, e 55% de viagens feitas por pedestres. Apesar de um terço dos deslocamentos serem feito a pé, o carro ocupa a maior parte do espaço, cerca de 90% do sistema viário. Esse é o reflexo de uma verdadeira doença no Distrito Federal, desenhado para os automóveis. Temos que mudar essa realidade, valorizar o pedestre, o ciclista, a construção de metrô e proteger o ser humano. Ele que é o verdadeiro rei no universo da mobilidade.

Os transportes afetam a saúde das pessoas e a sustentabilidade da cidade. Precisamos mudar o paradigma, o nosso comportamento e renunciar ao sonho vendido durante décadas do carro individual, construindo um novo sonho de compartilhamento e uso de diversos modais, com base no transporte coletivo e no transporte ativo.


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Precisamos de novas ideias, de políticos interessados e compromissados em resolver esse problema. Construção e duplicação de vias, BRTs não são a solução. Mas, com aumento das linhas de metrôs e trens, ciclovias e principalmente reduzindo os impostos dos veículos elétricos e bikes e incentivando a carona compartilhada teremos um trânsito funcionando bem melhor.

Mudar é preciso, você tem opção!
Gilberto Camargos

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