A falta de política e obras para uma Brasília sustentável, mostra como estamos perdidos no que se refere à mobilidade. O governo atual e os pretendentes ao cargo executivo nas próximas eleições não apresentam nenhuma proposta plausível. Desde a criação de Brasília todos os governos e o legislativo sempre pensou em construções para os carros sem se preocupar com as pessoas.
Quando algum governo vai pensar na importância
da mobilidade e colocar em pauta esses e outros paradigmas mergulhando em um
tema que tanto afeta a vida das pessoas?
Precisamos de ideias lúcidas e
inspiradoras, ideias que podem nos fazer refletir sobre um jeito melhor e mais
inteligente de viver e se mover como pessoas e não como carros.
Existem quatro elementos que podem causar uma
mudança positiva na mobilidade: a revolução energética, com veículos elétricos
movidos a energia sustentável; a direção autônoma; o compartilhamento de carros
e uma atitude proativa do governo. Melhorar a mobilidade urbana depende do
governo, das empresas e dos cidadãos. A questão é que a governança está
estática, os novos candidatos não estão se mexendo. E todos estão despreparados
para lidar com a economia compartilhada.
Temos muito trabalho pela
frente.
Queremos
mover gente ou veículos? Precisamos melhorar a mobilidade humana e não a dos
veículos. Precisamos desestimular o uso do automóvel. E desestimular não é
proibir. As cidades que estão reduzindo a poluição do ar fazem isso. Na
mobilidade, a inovação tecnológica é a que aumenta a sustentabilidade das
cidades. Temos que pensar no coletivo, e não no individual.
Além
do tempo que o trânsito rouba da gente, cada cidadão também sente no bolso o
custo altíssimo do transporte no Brasil. Paga-se muito por pouca eficiência. A
família média brasileira gasta 20% da renda com transporte, boa parte disso com
transporte privado. O custo do transporte público também é muito maior do que
em outras grandes metrópoles do mundo. Equivale a 17% do salário, um peso
enorme no bolso do brasileiro se compararmos, por exemplo, com o gasto do
morador de Xangai (4%).
Em Brasília temos 3,13 milhões de pessoas e quase 3 milhões de
veículos, segundo dados do Detran de 2017, e 55% de viagens feitas por
pedestres. Apesar de um terço dos deslocamentos serem feito a pé, o carro ocupa
a maior parte do espaço, cerca de 90% do sistema viário. Esse é o reflexo de
uma verdadeira doença no Distrito Federal, desenhado para os automóveis. Temos
que mudar essa realidade, valorizar o pedestre, o ciclista, a construção de
metrô e proteger o ser humano. Ele que é o verdadeiro rei no universo da
mobilidade.
Os transportes afetam a saúde das pessoas e a
sustentabilidade da cidade. Precisamos mudar o paradigma, o nosso comportamento
e renunciar ao sonho vendido durante décadas do carro individual, construindo
um novo sonho de compartilhamento e uso de diversos modais, com base no
transporte coletivo e no transporte ativo.
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Precisamos de
novas ideias, de políticos interessados e compromissados em resolver esse
problema. Construção e duplicação de vias, BRTs não são a solução. Mas, com
aumento das linhas de metrôs e trens, ciclovias e principalmente reduzindo os impostos
dos veículos elétricos e bikes e incentivando a carona compartilhada teremos um
trânsito funcionando bem melhor.
Mudar é preciso, você tem opção!
Gilberto Camargos
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