Enquanto as redes sociais oficiais e particulares o administrador regional exibem diariamente vídeos e fotos cuidadosamente escolhidos, com pose, edição filtro e legenda otimista, a realidade das ruas de Vicente Pires segue imutável — e abandonada. A cidade, que clama por atenção real, recebe apenas paliativos, pequenas ações cotidianas que não exigem qualquer protagonismo político para serem realizadas.
Troca de lâmpadas queimadas, poda de mato alto, pintura de faixas e meios-fios, tapa-buracos mal feitos… Esses serviços são rotineiros e fazem parte da agenda de órgãos como a Novacap, a Neoenergia, o Detran e outros. São ações previstas no calendário do governo e que poderiam ser executadas por qualquer servidor técnico, sem a necessidade de interferência do administrador ou de nomeações políticas.
Mas o que realmente precisa ser feito — aquilo que exige coragem, articulação, gestão e comprometimento — segue ignorado. As obras mal executadas, que se deterioram dias após a entrega, continuam sem qualquer fiscalização séria. Ninguém no governo cobra a garantia dos serviços. As calçadas, em sua maioria, estão obstruídas, sem acessibilidade e tomadas por empresários “amigos” da gestão, que se sentem à vontade para bloquear espaços públicos sem sofrer qualquer consequência.
A ausência de rotatórias em cruzamentos críticos tem causado inúmeros acidentes, e a falta de estacionamentos em toda a cidade gera caos diário. Enquanto isso, áreas públicas entre calçadas e imóveis são ocupadas irregularmente por condomínios e estabelecimentos comerciais — tudo isso sob o silêncio conivente do administrador e, principalmente, do deputado distrital que age como se fosse o “dono da cidade”.
Aliás, esse mesmo deputado que sumiu por meses agora reaparece. Como num roteiro já conhecido, sua presença coincide com a aproximação das eleições. Volta a aparecer em divulgações do administrador, prometer obras e fazer postagens como se tivesse, de fato, algum legado para mostrar.
No balanço geral, a população de Vicente Pires só viu a cidade maravilhosa piorar. A sensação de abandono é real, agravada pela ausência de políticas públicas estruturantes e principalmente de coragem para mudar o quadro atual do caos gerado na gestão da cidade nas mãos do Deputado Daniel de Castro e seus aliados. Em contrapartida, sobra propaganda institucional, com uso indiscriminado das redes sociais oficiais para promover a imagem pessoal do administrador — e, por tabela, de seu mentor político.
A população já entendeu que o que está sendo feito é pouco — muito pouco para não dizer NADA. E que os verdadeiros problemas seguem sendo ignorados em nome da autopromoção e da velha prática do “faz de conta”. Para tentar se mostrar como o “salvador da pátria” e aquele que resolve tudo, o administrador regional tem extrapolado suas funções e adotado uma postura autoritária que divide a população em pequenos grupos e enfraquece a organização coletiva dos moradores.
Além disso, tem impedido que lideranças comunitárias participem das reuniões realizadas por ele, negando-lhes o direito de representar a comunidade de forma legítima. Chegando inclusive a desconsiderar lideranças barrando a entrada da Administração Regional, sendo obrigadas a esperar do lado de fora, na rua, até que o administrador decida se irá recebê-las ou não.
Essa postura, além de desrespeitosa, vai na contramão do que se espera de um servidor público. A Administração existe para servir à população — não para selecionar quem pode ou não participar das decisões que afetam a cidade.
Vicente Pires merece mais. Merece respeito, compromisso e ações concretas.
Gilberto Camargos