A cidade nasceu de trás pra frente e a oportunidade direcioná-la para um contexto urbanístico equilibrado está se perdendo no tempo
(*) Por Geraldo Oliveira, do blog
Vicente Pires Alerta
Há cerca de 20
anos, quando as primeiras chácaras de Vicente Pires foram desmembradas, ninguém
dava bola para o futuro, pois quem se aventurou a adquirir um lote por aqui
vivia o presente, sonhava com qualidade de vida perto da natureza e queria
fugir da agitação existente nas cidades do Distrito Federal. Era o ambiente
perfeito, onde não se imaginava jamais o que seria a região nos dias de hoje.
A forma como
ocorreu tal ocupação, sem qualquer planejamento urbanístico, dá mostras hoje do
quão maléfico é deixar surgir uma cidade desta forma e nossa região, outrora
calma, tranquila e verde, começa a sentir hoje as consequências drásticas desse
processo de crescimento sem controle. O primeiro problema gerado e que passou a
impactar diretamente na nossa vida foram os malfadados buracos e alagamentos.
Agora, mais
consequências surgiram. Devemos nos preocupar com segurança, transporte,
trânsito e acessibilidade, com instalações sanitárias que atendam a todos,
áreas verdes, praças de convivência, atividades econômicas em seu devido lugar
e prédios construídos em locais apropriados, com o devido estudo de impacto de
vizinhança aprovado. Os equipamentos públicos? Certamente eles também são
necessários e importantes, devendo ser instalados nas áreas previstas.
Ah! E os prédios? Esses
claramente são o “calcanhar de Aquiles” da cidade e prometem ser os vilões que
irão definitivamente afundar Vicente Pires para o caos na sobrecarga das
instalações sanitárias, aliás, isso já acontece com o esgoto e o próprio
abastecimento de água. Em um lote de 800 metros quadrados onde se construía
apenas uma residência, hoje nascem prédios de até 6 pavimentos. Até em lotes
menores, de 400 metros quadrados, eles surgem com todo vigor.
Nesse sentido, o
trânsito local está ficando incontrolável e as vagas de superfície
insuficientes. As avenidas já não estão suportando o grande fluxo de carros que
cresce em progressão geométrica, porque elas são estreitas e, ao lado delas, é
necessário ter as vagas para veículos e calçadas. Portanto, o prognóstico de
futuro a se fazer não é nada bom e é preciso tomar providências urgentes. Podemos
até ter prédios sim, mas de forma controlada e distribuída dentro da cidade.
Outro problema que
todos devemos nos preocupar é com a acessibilidade das calçadas, que não
existem para os pedestres e portadores de necessidades especiais. As rampas de
garagem de edifícios e os chamados “puxadinhos” estão literalmente compondo um
traçado de descaso nesses passeios públicos, impossibilitando o seu uso. Não há
nem 100 metros de calçada livre nas avenidas comerciais de Vicente Pires,
ocupadas por tais rampas, por materiais do comércio, por placas, muretas, cones
e toda sorte de barreiras impeditivas ao trânsito de pessoas.
É triste saber que
tudo poderia ser diferente, se nós moradores fôssemos mais preocupados e
“ativistas” com estas questões. Não deveríamos estar deixando esse caos
acontecer por aqui, porque é nossa cidade que está indo para o “ralo”. O verde
e as áreas livres do passado estão dando lugar ao concreto, à impermeabilização
do solo, à verticalização. E é claro que o nosso investimento de uma vida em
nossas casas tende a se desvalorizar na medida em que os problemas externos crescem.
O governo e a
Administração Regional estão omissos com tudo isso, pois poderiam sim já estar
aplicando as diretrizes urbanísticas na região, já que elas foram definidas há
muito tempo. Infelizmente os projetos e esse planejamento urbano adormecem em
algum órgão burocrático da máquina pública, esperando que alguém o “desentoque”.
É preciso “peito” e visão de futuro para lançar mão dele, utilizando-o já.
Às favas com a
falta de licença ambiental e problemas fundiários, que são a desculpa para não
se fazer nada. Escora-se nessa justificativa, fala-se que são requisitos que
precedem às providências de urbanização, mas minha opinião é que o planejado já
deveria estar sendo executado como política pública preventiva ao agravamento
do caos que se avizinha. Que se emitam licenças pontuais, organize-se e
urbanize-se o que for possível. Os problemas fundiários e pendências ambientais?
Devem ser enfrentados junto, mas não impedir o processo.
Sugiro à
Administração Regional e aos demais órgãos do governo que iniciem uma grande
discussão sobre o tema: um grande FÓRUM DE DEBATES, com COMUNICAÇÃO VISUAL POR
TODA A CIDADE e UMA CAMPANHA DE CONSCIENTIZAÇÃO que envolva A SOCIEDADE CIVIL
DE VICENTE PIRES e os moradores. Chega de esperar, vamos tomar providências já,
para não ter de lamentar depois.
Até o próximo mês e
um grande abraço!.
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Geraldo Oliveira é blogueiro em Vicente Pires, Vice-Presidente da AMOVIPE e
servidor de carreira da Câmara Legislativa.
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