NOSSA BRASÍLIA já tem 56 anos. É uma
cidade nova, como novo é o perigosamente discriminado Distrito Federal,
plantado no Planalto Central por Juscelino Kubitschek, depois abandonado por
todos os governos. O atual exagerou, atentando inclusive
contra a Constituição: embora tenha sido eleito como Governador do
Distrito Federal, se autodenomina “Governador de Brasília”. Uma
atitude infeliz que separou, mais uma vez, agora "oficialmente"
Brasília do Distrito Federal.
DESDE QUE os incomodados altos funcionários públicos,
contra a sua vontade, vieram fazer funcionar a nova capital federal, a partir
da inauguração de Brasíllia, há esta absurda separação: de um lado, estão os
planopilotenses, que tomaram a Brasília Monumental,
cercados de todas as mordomias; de outro, nas cidades-satélites, os distritofederalenses, tradicionalmente rejeitados pelas arrogantes autoridades do DF.
BRASÍLIA E O DF não tinham Poder Legislativo, uma instituição básica no regime
democrático, também conquistado. A partir da Constituição de 1988, depois de uma
luta enorme dos oradores do DF, a capital federal e as cidades-satélites passaram a ter
não só moradores, mas cidadãos – com o Direito de Voto, de onde emana todo o poder
POR
FALAR na separação entre Brasília do seu Distrito Federal, ao escrever meu mais
recente livro CIDADE CIDADÃ, provei que minha Taguatinga
foi o berço da Cidadania do Distrito Federal – porque lá é
que tinha povo de fato. Em Brasília, só tinha gente muito chateada por estar
aqui, vestida com ternos e óculos escuros e vistoso crachá. Os
vizinhos não se cumprimentavam, a menos que um fosse o chefe do outro...
É QUE,
lamentavelmente, pessoas ilustres que representavam nosso Brasil antigo lá nas
maravilhosas praias do Rio de Janeiro, que recebiam “dobradinha”, ou seja, salário em dobro, apartamentos montados e todas as
mordomias, quando este termo nem era conhecido, vinham forçados para Brasília,
de terça a quinta, voltando logo para as praias cariocas, onde o papo mais
popular era degradar a nascente Brasília. Autoridades aqui, tratavam o povo
como um incômodo forasteiro. Há exceções – que adoravam ir
ao Brasil das feiras nas cidades-satélites...
NO GERAL, é oportuno e necessário
destacar, o povo mesmo foi habitar as então chamadas cidades-satélites. É lá que viviam os seres humanos normais, gente com virtudes e
defeitos, que superavam as dificuldades – e eram tantas – praticando a solidariedade, numa sadia integração. Mas
sofriam a injustiça de terem que construir, outra vez, novas cidades – e sem qualquer apoio das autoridades engravatadas,
inacessíveis ao povo.
CIDADE
PRONTA, consolidada, era preciso construir e consolidar aqui a nova Democracia
Brasileira, a partir do cérebro das altas decisões nacionais, como a chamou JK. Apenas com o
sentimento cívico de moradores, lutamos para que a Democracia voltasse. Depois,
lutamos pela nossa transformação, de apenas moradores, em cidadãos, já que aqui
no Distrito Federal não tínhamos o mais básico direito: o do Voto.
RECÉM-FORMADO
advogado, comecei a luta pela Cidadania do Distrito Federal na minha Taguatinga – porque ela só recebia sobras do mimado Plano Piloto. Era
preciso dar poder ao povo, desprezado pelo governo. Só tinha uma forma de resolver tal injustiça: lutar pelo Direito de Voto!
OBCECADO
PELA causa do Direito de Voto, sempre em boa companhia, tive grande alegria
quando, na OABDF, em conferência do candidato à Presidência do Brasil Tancredo Neves,
a uma pergunta minha, ele disparou a frase famosa que, na Constituinte, foi
fundamental para que Brasília conquistasse sua representação política: “Conheço cidadãos cassados, conheço grupos cassados,
mas cidade cassada só conheço Brasília!”
CONQUISTAMOS, a partir dali, o Direito de Voto. Temos
nosso Poder Legislativo, nossa representação na Câmara e no Senado, como todos
os brasileiros que exercem este direito tão básico num consolidado regime
democrático.
NO
ESTADO Democrático de Direito, os bandidos poderosos mofam na cadeia. No Brasil
que construímos, a lei é para todos! Temos, com o Direito de Voto, um resultado
eleitoral que muitos condenam, culpando o povo. Mas o resultado eleitoral
reflete, legitimamente, a lamentável situação do bravo povo brasileiro – alvo de tantas agressões e traições dos políticos que
elegeram. Ainda bem que o povo tem, em sua maioria, bases na doutrina cristã, onde o amor e perdão são valores primordiais.
COMO OS nossos políticos nos decepcionam! Agora mesmo, a
maioria dos políticos do DF estão envolvidos em uma guerra por mais poder, a
ponto de ser destituída toda a Mesa Diretora da Câmara Legislativa. Analistas
políticos afirmam que até o Governador participou desta vergonha. Há quem diga
que ganha a guerra quem tiver mais vídeos escandalosos...
MESMO
INJUSTAMENTE jogados para fora de sua obra, os que ficaram não podem viver e
trabalhar em paz. Hoje, sem uma política habitacional eficaz e humana, o povão tem
de ocupar terras irregulares para abrigar suas famílias. E o governo, que tem a
obrigação de propiciar casas para todos, ao contrário, sem observar básicos
direitos constitucionais, destrói os lares destes pobres coitados que vieram,
desde o milênio passado até hoje, integrar o grande território que, antes, era
só cerrado.
NÃO ERA ASSIM no tempo de JK, que
permitiu a consolidação da Vila Sarah Kubitschek, a primeira ocupação popular
do DF, berço da hoje abandonada metrópole Taguatinga. Também não era assim no
tempo dos duros militares, que fizeram Ceilândia a partir das chamadas “invasões” do Plano Piloto. Não era assim
no tempo de Roriz, que fez Samambaia e outras tantas cidades-satélites para o
povo do Brasil morar no Brasil.
CIDADÃS
e Cidadãos brasileiros que perseguem o sonho de viver na capital de todos os
brasileiros, de repente vêem seus lares, suas dignas casas habitadas,
construídas com muito sacrifício para abrigar suas famílias, abruptamente
demolidas pela AGEFIS, um órgão do GDF, criado para fiscalizar a condenável
ação dos chamados grileiros (que devem merecer todo o rigor da lei – cadeia neles!), mas que, não cumprindo sua função de
prevenir, força seus agentes a violentar a Constituição e a agredir as vítimas,
o povo, fonte do poder que exercem. Que absurda maldade!
O QUE
FAZER? Está claro. Brasília e seu Distrito Federal precisam de melhores
políticos - que não tenham medo de vídeos escandalosos nem do cheiro do povo
das cidades-satélites!
BRASÍLIA e o Distrito Federal também não podem ser uma
praça de guerra. É preciso que o princípio constitucional
da dignidade humana vigore.
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DIZEM QUE A GUERRA só termina mesmo
quando muita gente morre. Será necessário
morrer alguém para que a guerra no DF tenha fim?
ROLLEMBERG
tem amargado grande rejeição
em todas as pesquisas
de opinião pública
que analisam seu desastrado governo
O GOVERNADOR Rodrigo Rollemberg decepcionou seus eleitores, deixando de cum-
prir promessas de campanha – inclusive não cuidou de regularizar as ocupações irregula-
res, preferindo demolir as construções, até mesmo casas habitadas, assim atentando con-
tra a Constituição Federal, o que pode até ser base para o pedido de impeachment dele
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