“O problema é a ATUAL FORMA DE CONDUÇÃO DESSES PROCESSOS pelo Governo, que prejudicam o direito de propriedade e a mobilidade urbana futura”, esclarece.
Por: Geraldo Oliveira
Diferentemente
do que foi publicado na capa do jornal impresso que surgiu há cerca de um mês
em nossa região, de nome “JORNAL DE
VICENTE PIRES”, o líder comunitário e presidente da Associação de Moradores
de Vicente Pires e Região (AMOVIPE), Gilberto Camargos, rebate que seja contra
a regularização e as obras de urbanização. “Quem
é louco de não querer que tenhamos nossas escrituras ou a cidade se beneficie de
obras tão esperadas e necessárias?”, pergunta.
Ele
conta que Vicente Pires sempre foi um lugar onde muitos fizeram suas “colheitas”,
usaram e abusaram do que a região podia oferecer e tomaram o que ela não podia dar.
E que foram perdidos, de forma proposital, os momentos ideais de se regularizar
a cidade e de se fazer obras estruturantes. “Sempre
foi mais vantajoso para alguns que Vicente Pires continuasse à margem e sem
qualquer controle de suas mazelas”, acrescenta.
O
líder comunitário diz que a cidade sempre foi usada e abusada por pessoas que exploraram
e ainda exploram economicamente a região. “A
grilagem, que antes era horizontal, agora é vertical. Nossas ruas esburacadas,
por sua vez, sempre serviram para encher os cofres de empresas que fazem lobby
para a situação permanecer como está. Os sucessivos governos, lentos e lenientes,
sempre aceitaram esse jogo de interesses”, comenta.
Gilberto
diz que a população não percebe o que se passa nos bastidores, por isso tem a
obrigação de alertá-la. “Mal sabe nosso
povo que, por trás de tantas promessas de melhorias, escondem-se acordos
políticos e econômicos, que favorecem apenas a alguns e podam progressivamente
o sonho de todos. As OBRAS TÃO ESPERADAS, TÃO NECESSÁRIAS e a regularização TÃO
SONHADA, estão se transformando em um “arranjo mal feito” que iremos lamentar
muito no futuro”.
O
presidente da AMOVIPE afirma que defende uma regularização justa e com
oportunidade para todos, em que se respeitem de fato os direitos de propriedade
das pessoas que tenham ou não condições de pagar pelos lotes. “O Governo e a TERRACAP não estão aplicando
o que diz a Lei 13465/2017, a qual versa que a REURB-S (gratuidade dos lotes
para famílias de baixa renda) deve ser aplicada por condição social familiar e
não por bairro”. Ele informa que, de acordo com o edital de venda da
TERRACAP, toda a Colônia Agrícola Samambaia (CAS), será regularizada pela
REURB-E (venda direta). “Isso é injusto e
irreal, pois cerca de 30% dos moradores da região se enquadram na REURB-S”, protesta.
Gilberto ainda faz o seguinte alerta
a quem espera pela venda direta:
1)
“O
que ocorrerá na Colônia Agrícola Vicente Pires, que é a maior gleba e onde a
situação socioeconômica das famílias também é muito desigual? Será que a União
ou a TERRACAP vão adotar o mesmo procedimento feito na CAS?”
2)
“E
os critérios subjetivos que estão utilizando para descontar do valor de venda
as benfeitorias realizadas por todos? Estão levando em conta as recorrentes
destruições de vias construídas pelos moradores e a demolição de imóveis, ocorridas
no passado e até recentemente?”
Gilberto
também diz que outro critério previsto na Lei 13465/2017 não está sendo
respeitado: o de que não se pode regularizar áreas que estejam sob litígio. “A Fazenda Vicente Pires, onde se localiza a CAS,
está nessa situação, portanto se deveria aguardar a decisão judicial para
regularizar. Há ainda uma dúvida fundiária crucial, na qual a TERRACAP
apresenta uma escritura de 960 alqueires da fazenda, no entanto, o Estado de
Goiás desapropriou apenas 400 e os repassou para o DF. Será que tais terras
deram cria?”, ironiza.
“Somos pelo avanço e pela conclusão das
obras, precisamos mais do que tudo delas, contudo não podemos compactuar com a
forma que estão desvirtuando os projetos originais e executando os serviços com
alterações nocivas à cidade. Temos alternativas e não nos ouvem”, denuncia.
Segundo ele, várias ruas não serão mais duplicadas, quase todas as pontes
interbairros serão excluídas e os viadutos da Via Estrutural serão reduzidos de
três para um.
Gilberto Camargos é taxado de intransigente e pouco
conciliador, porém ele diz que age assim porque se cansou de tentar negociar e
não ser ouvido. “Infelizmente esse meu
estilo é mal interpretado, contudo é o que tem dado resultados. Defendo a
região desta forma há 25 anos como morador, há 15 pelo jornal e há 8, pela AMOVIPE”.
Por fim, cobra: “Espero que o Jornal
de Vicente Pires faça uma errata da Capa (Edição 003), que passou uma conotação
distorcida daquilo que penso e defendo”.
Geraldo Oliveira é colunista do Jornal Conversa Informal.
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