quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Liliane quer impedir GDF de negativar nomes de contribuintes inadimplentes

presidente da Comissão de Assuntos Sociais da Câmara Legislativa, deputada Liliane Roriz (PSD) apresentou projeto de lei complementar para alterar o Código Tributário do DF e impedir que o governo do Distrito Federal inclua em serviços de proteção ao crédito os nomes de contribuintes inadimplentes com a Secretaria de Fazenda do DF. Há poucas semanas, a ideia vem sendo ventilada pelo GDF como solução para reaver valores que o governo tem para receber em impostos atrasados. A estratégia do Buriti é negativar os nomes em serviços como Serasa, SPC e cartórios de protesto.

Para Liliane, a estratégia é equivocada. “Um governo inteligente mira em programas de incentivo ao bom pagador, estimulando a adimplência, e não penalizando o inadimplente”, argumentou. Ela é autora da lei que concede desconto no IPTU ao contribuinte que estiver com as contas em dia com o Fisco e que queira pagar à vista o imposto. Segundo a distrital, deixar o contribuinte devedor com nome sujo na praça dificultará ainda mais o recolhimento desses recursos. “Muitos pais precisam escolher entre botar comida em casa ou pagar o IPTU”, exemplifica.

De acordo com o projeto do governo local, a Secretaria de Fazenda encaminharia o nome dos inadimplentes para os serviços de controle de crédito. Quando incluídos, os contribuintes ficam impedidos de adquirir empréstimos, fazer crediários e tomarem posse ao serem aprovados em concursos públicos. “O GDF não possui controle efetivo sobre esses impostos e muitas vezes o cidadão é penalizado por erros do sistema, como aconteceu há pouco tempo com o atraso da impressão e do envio dos boletos de pagamento”, lembrou.

Atualmente, a Procuradoria do DF possui um núcleo específico para cuidar de ações de inadimplentes que estejam inscritos na Dívida Ativa do DF. O local tem como missão aumentar o índice de recuperação do crédito oficial. Hoje, o percentual de recuperação é por volta de 3,5%. A média nacional é mais baixa: de apenas 1%. Mesmo assim, a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) informou que não promove, em virtude da cobrança de seus débitos, o encaminhamento do nome dos devedores para o SERASA e SPC.

Estima-se que governo do Distrito Federal tenha um crédito de R$ 8 bilhões para receber de empresas e contribuintes inadimplentes. A parlamentar explica que a intenção desse convênio com órgãos de proteção ao crédito é penalizar o pequeno contribuinte, que possua dívidas de até R$ 5 mil em impostos. “Sabemos que os maiores devedores são grandes empresas do DF. Então por que penalizar apenas o pai de família?”, estranha ela.

De acordo com a lista de inadimplentes, os maiores devedores são 400 pessoas físicas e jurídicas que deram calote de, pelo menos, R$ 500 mil cada uma. São empreiteiras, grandes bancos, empresas de transporte coletivo, fundações e até órgãos do próprio governo, como a Companhia de Saneamento Ambiental do DF (Caesb) e a Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap).

Liliane Roriz critica a decisão do governo local de não incluir a Câmara Legislativa e a sociedade nas discussões sobre esse convênio. Para ela, o governo só pode cobrar de forma tão rigorosa do pai de família quando o valor pago dos impostos for revertido em benefícios para população, “o que está muito longe de acontecer na gestão que está no Palácio do Buriti.
Caio Barbieri

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