sexta-feira, 28 de junho de 2013

JORNAL CONVERSA INFORMAL DE JULHO









quinta-feira, 27 de junho de 2013

IBRAM dá andamento para licença ambiental para Vicente Pires.

Com este andamento fica mais perto a realização do sonho de obras definitivas, mas ainda muito longe da regularização dos documentos.


Como o projeto urbanístico da área já está aprovado, pendente apenas de alguns ajustes, alguns técnicos da GDF afirmam que com a licença prévia, Vicente Pires poderá receber infraestrutura definitiva.

O Instituto Brasília Ambiental (IBRAM) concedeu um dos documentos necessários para o início do processo de legalização da área: a Licença Prévia (LP). A partir de agora, poderão por exemplo:  movimentar recursos para obras futuras, definir pontos para instalação de equipamentos públicos e fixar metas. Na ocasião, a autorização foi assinada por representantes de órgãos ambientais do GDF.

Para finalização do trâmite, será necessária a concessão de outras duas licenças: a de Instalação e a de Operações. Contudo, ambas não têm data definida para sair do papel.

Essas licenças juntamente com as que ainda faltam, dá a Vicente Pires o direito de receber obras definitivas. Porém, a regularização de documentos não está tão próxima como se tem anunciado. Essa regularização ainda pode demorar muitos anos, pois ainda existe a pendência da fraude nos documentos e a suspensão da matrícula da fazenda Brejo ou Torto onde está localizado Vicente Pires.

Mesmo com o fim dessas pendências de fraude, ainda pode haver várias outras ações na justiça, pois legalmente os proprietários podem entrar com ações de usucapião das terras que ocupam.

Está havendo muita comemoração antecipada por parte dos candidatos quanto a essas liberações. Esses candidatos querem usar e estão usando a regularização de Vicente Pires como bandeira para as próximas eleições. Mas, isso já foi visto antes e não passava de boatos e propagandas eleitorais mentirosas. Comemorações mesmo deveriam vir quando tudo tiver resolvido. Isso inclui o que ninguém do governo, da Arvips e da Administração quer comentar, a Operação Perímetro e os documentos emitidos pela Terracap demonstrando que houve fraude nas medições das terras e isso induziu ao erro a justiça de São Paulo.

O secretário de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do DF, Eduardo Brandão, Dirsomar Chaves, Glênio Silva e outros do PT comemoraram o ato e divulgaram como o principal para regularização documental das terras, mas esqueceram de dizer dos principais problemas que ainda teremos que enfrentar.

Essa licença é muito importante, pois as outras documentações são decorrentes dela.

Com essas licenças, começarão também uma série de problemas para quem tem seus imóveis em áreas ambientais. Centenas de imóveis terão que ser retirados e não existe previsão de ressarcimento desses imóveis por parte do GDF e muito menos área destinada a esses moradores. E  isso ninguém quer comentar.

Ainda haverá muito transtorno até chegar a regularização definitiva.  
Portanto, vamos baixar a bola, mostrar a verdade e agir com cautela e  com senso.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

O BRASIL VAI AS RUAS

O BRASIL VAI ÁS RUAS

SE QUISERMOS MUDAR A INÉRCIA DO GDF, NOSSA POPULAÇÃO
TAMBÉM TERÁ QUE DAR O SEU GRITO

(*) Por Geraldo Oliveira: Proprietário do blog Vicente Pires Alerta.
           
O Povo brasileiro finalmente acordou, exatamente no histórico mês de junho, do ano da graça de 2013. Magnífico! Já não era sem tempo que as massas de nosso paísdemonstrassemmais uma vez o tamanho de sua força.Tirando as cenas de vandalismo - deploráveis, as recentes manifestações nos encheram de orgulho. Relembraram os idos tempos das “Diretas Já” (1984), quando lutamos pela transição democrática. E também o chamado “Movimento dos Caras Pintadas” (1992), que destronou o presidente corrupto Fernando Collor de Mello.
Os acontecimentos recentes, em que déspotas do oriente médio caíram, deram o norte do que são capazes os povos globalizados e conectados. Mesmo onde ditaduras duradouras existiam, pessoas morreram para extingui-las. É o que sempre cito em meus textos: é inequívoca a força que temos, quando de fato nos unimos em torno de um objetivo. No mês passado eu concluí minha coluna neste jornal dizendo que “vale muito à pena sacrificarmos nossa zona de conforto por nossa cidade”. Parecia até o prenúncio do que estaria por vir Brasil afora.
Quando estamos insatisfeitos com quem nos governa, o caminho é esse e não há outro: mudar o governante. E enquanto não é possível fazer isso - através do voto - devemos mostrar a ele que estamos aqui: vigilantes, atentos emobilizados. Se ficarmos quietos e sonolentos, como na maioria do tempo fazemos, ele não nos perceberá. Fará o que quiser, sem nossa participação e a seu bel prazer. Os gastos com a Copa do Mundo é o maior exemplo disso. Enquanto se vê dinheiro público se esvaindo por esse “ralo” da Copa, os serviços básicos constitucionais são esquecidos.
Assim como chegou o limite do povo brasileiro, o nosso povo distrital também deveria acordar, afinal nossos problemas locais também são sérios. O Distrito Federal tem atravessado agruras terríveis no transporte público, na saúde, na educação, na questão da mobilidade, entre outros, e tem sofrido imensamente em função da quase total inação do atual governo. Por onde se olha, não se enxerga realizações, ou algo que atenda à nossa expectativa.
Em relação à saúde, cito como exemplo o fato de ter ido ao hospital de Ceilândia em junho, para acompanhar uma pessoa idosa com dengue, e depois acompanhei outra ao hospital do Guará, que estava com febre alta e fortemente gripada. Pasmem!  A espera pelo atendimento chegou a 8 horas corridas em cada caso. No hospital de Ceilândia, muitos pacientes desistiram e voltaram para suas casas passando mal, febris e com muita dor. Os poucos (ou muitos) que perseveraram, puseram-se a reclamar e até chamaram a TV Record, para denunciar o fato.
A explicação do hospital foi que havia apenas um médico clínico geral plantonista atendendo. Às favas com tal explicação! Por que será que existe dinheiro para o estádio candidato a “elefante branco” e não há para contratar médicos, com salários justos e equipamentos médicos? A resposta,todos sabemos: falta de priorização e de gestão. E esse exemplo também se aplica às outras demandas públicas, que estão precárias e desprovidas de qualidade.
Aqui em Vicente Pires temos tentado negociar com os órgãos do governo e com diversos políticos para sermos atendidos em relação à falta de mobilidade, à questão do esgoto a céu aberto, pequenas obras, à falta de transparência, entre outros temas. Mas nada acontece. O cercamento de áreas para instalar equipamentos públicos são outras importantes ações que estão faltando. Se cobrássemos com veemência, talvez até já tivéssemos mais escolas públicas, postos de saúde ou até um hospital. Sim! Afinal, temos projeto urbanístico e ele só não foi instalado ainda, com todos os equipamentos públicos previstos, porque não perseguimos esse objetivo no momento oportuno.
Os novos condomínios, surgidos após a assinatura do Termo de Ajustamento e Conduta - TAC de 2006 e Aditivo posterior (para recuperar áreas degradadas), correm o risco de sofrerem consequências pelo desagravo ao TAC.Se eles não acordarem e articularem sua defesa desde já, correm o risco de terem a mão de ferro do Estado batendo à sua porta. Inclusive o Termo Aditivo ao TAC (site do Ministério Público Federal) prevê explicitamente a retirada imediata de edificações comerciais, coletivas e outras menores, que não sejam moradias, mesmo antes da emissão da Licença de Instalação da Cidade. Após a emissão da Licença, estão previstas as retiradas dos imóveis residenciais, em especial os que estejam em desacordo com os projetos de urbanismo e ambiental (EIA/RIMA).
O Governo, é claro, não divulga isso. Alardeia que vai regularizar a cidade e que tem 500 milhões para começar a regularização. E nós, pobres moradores alienados, ficamos felizes com tal perspectiva, sem imaginar o desgaste que virá. Temos tentado mobilizar nosso povo, mas infelizmente nossa associação AMOVIPE, recém-criada, ainda é pequena, não possui recursos nem sede e não está devidamente estruturada. A ARVIPS, que possui fama, sede e poder é quem deveria de fato estar agindo. Mas tornou-se Governo. Não irá desagradar ao chefe.
Enquanto não conseguimos engrossar nossas fileiras, com mais pessoas preocupadas com o futuro, seguimos nós, líderes comunitários e imprensa, tentando negociar pequenas obras e melhorias de serviços públicos. A luta principal e recheada de pontos de interrogação – a da regularização, segue obscura e tramitando. Essa sim, precisa participação massiva de moradores, sob pena de pagarmos caro por continuarmos sonolentos.
Fizemos muitas reuniões em relação a esse e outros temas que não surtiram o efeito esperado. Até o fechamento desta edição, estava prevista uma reunião na Secretaria de Habitação – SEDHAB, para cobrarmos transparência, divulgação de projetos da regularização na Internet e audiências públicas. Essas reuniões são muito importantes sob o ponto de vista do registro dos pleitos, pois advertem o poder públicode que há pessoas preocupadas e vigilantes em relação aos seus atos. Mas está provado que só reuniões não bastam. O grito ecoado por essa linda multidão de jovens pelo Brasil é um belo exemplo do que pode estar faltando por aqui.
Até o próximo mês e um grande abraço.


(*) Geraldo Oliveira é blogueiro, servidor de carreira da Câmara Legislativa e morador de Vicente Pires.

terça-feira, 25 de junho de 2013

ESSA É A DILMARIONETE, A INCOMPETENTE.

Depois de dez anos no poder, uma manifestação de mais de um milhão de pessoas em todo o Brasil nas ruas, Dilma é incapaz de dar uma resposta aos anseios do povo. Comentários sobre a fala da incompetenta

1. A responsabilidade fiscal nos governos federal, estaduais e municipais; Já existe uma lei de responsabilidade fiscal. Quando votada o PT votou contra.

2. A reforma política, por meio de um plebiscito popular sobre o assunto,
A reforma política está há décadas para ser votada no Congresso. Até hoje nada. A proposta de Dilma é que seja feito um plebiscito para uma assembleia constituinte especifica para elaborar uma reforma politica. Se o povo não tivesse saído as ruas tudo continuaria na mesma. Dez anos de governo incompetente.

3. E a inclusão da corrupção como crime hediondo; Já há um projeto de lei neste sentido há anos no congresso. Em dez anos com maioria parlamentar o governo lulo petista nunca tocou este projeto adiante. É o projeto Lei 2489/2011 de autoria do Deputado Roberto Lucena do PV.

4. A saúde, com a “importação” de médicos estrangeiros e novas vagas de graduação em cursos de medicina e residência médica; O problema não é a falta de médicos. Importação de médicos não vai resolver o problema da falta de equipamentos, infra estrutura e medicamentos nos hospitais públicos

5.O transporte público, com mais metrôs, VLTs e corredores exclusivos de ônibus em todo o País; Como disse hoje o Ministro das cidades, Há 30 anos não se investe em melhoria dos transportes públicos. 12 destes 30 anos são do PT. Estamos cansados de promessas.

6. A educação pública: a presidenta pediu mais recursos para a educação e voltou a falar da necessidade do Congresso aprovar a destinação de 100% dos recursos dos royalties do petróleo para a educação. Recursos do pré sal. Com maioria no congresso há 12 anos, o executivo não consegue melhorar o nível da educação pública. Agora recursos para a Copa tem. Recursos para cartões corporativos da presidência não faltam. recursos para viagens internacionais com hospedagem em hotéis de luxo não faltam.

REVOLTADOS E ATRASADOS

Revoltados e atrasados

O melhor diagnóstico até agora sobre as manifestações de rua veio do ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência. Ele disse que as revoltas são estaduais e municipais. Não deixa de ser um alívio. Quem quiser ficar a salvo da confusão, já sabe: refugie-se no Brasil federal. Nada de ficar vagando pelo Brasil estadual e municipal, porque esse anda muito perigoso, cheio de gente insatisfeita e nervosa. No Brasil federal não, está tudo tranquilo.

Por sorte, Dilma Rousseff também está no Brasil federal, portanto a salvo do tumulto. Desse lugar calmo, sem culpa, ela disse que o que os manifestantes querem é o que o governo quer. São praticamente almas gêmeas. "Meu governo está ouvindo essas vozes pela mudança. Está empenhado e comprometido com a transformação social", informou Dilma. Disse que passeata é uma coisa normal, que ela mesma já fez muito. Parecia prestes a botar uma mochila nas costas e ir para a Avenida Paulista fazer a transformação social.

E mostrou sua visão de estadista: "Esta mensagem direta das ruas contempla o valor intrínseco da democracia".

Às vezes, Dilma exagera na erudição. Vai acabar deixando Luís de Camões encabulado. Ela já explicara que o combate à inflação é "um valor em si", demonstrando conhecimento profundo sobre as coisas da vida e seus valores intrínsecos.

"Esta mensagem direta das ruas é de repúdio à corrupção e ao uso indevido de dinheiro público", afirmou Dilma, praticamente uma porta-voz dos revoltosos contra tudo isso que aí está.

Olhando para o circo, só há uma conclusão possível: os revoltosos - os do passe livre, os dos 20 centavos, os do Ocupem Wall Street sucursal brasuca, os do turismo cívico e os do civismo vândalo - merecem Dilma. Repetindo: os revoltosos merecem Dilma. Mais que isso: são cúmplices dela, pois estavam sentadinhos em casa, enquanto a grande líder mulher brasileira perpetrava suas obras completas de explosão das finanças públicas - a céu aberto, para quem quisesse ver. Agora a inflação dói no bolso? Tarde demais, meus queridos justiceiros.

Essa "presidenta", que vive lá na calmaria do Brasil federal com seus 40 ministérios (contando o do marketing, de João Santana, o único essencial), presidiu, entre outras festas, a distribuição de dinheiro público para o milagre da multiplicação de estádios da Copa. Em São Paulo, numa jogada comandada por Lula e seus amigos empreiteiros (que ele representa no exterior), o histórico Morumbi foi mandado para escanteio. Em seu lugar, surgiu o Itaquerão, novinho em folha, presente do ex-presidente ao seu clube do coração. Um mimo de R$ 1 bilhão. Sabem de onde vem esse dinheiro, bravos manifestantes? Exato: dos vossos bolsos. E onde estavam vocês quando nos esgoelávamos, aqui da imprensa, sobre essa gastança populista, protegida por índices lunáticos de aprovação da "presidenta", e avisávamos que a conta chegaria? Vocês não leem jornal?

Onde estavam vocês, quando a CPI do Cachoeira - com revelações da imprensa - estourou o esquema da Delta, empreiteira campeã de obras superfaturadas do PAC? Vocês sabiam que mais esse ralo de dinheiro público do governo popular ficou impune porque a CPI foi asfixiada por Dilma e sua turma? Por que vocês não saíram às ruas para gritar contra esse golpe?

Onde estavam vocês quando a "faxineira" asfixiou a CPI do Dnit e a investigação do maior foco parasitário de um governo que - no seu primeiro ano! -teve de demitir sete ministros suspeitos? Vocês não desconfiaram de nada? Vocês não leram que o dinheiro de vocês escoava para ONGs de fachada em convênios fantasmas? Vocês não viram essa praga, espalhada por vários ministérios do governo popular, apesar de a imprensa esfregar o escândalo na cara do Brasil? Vocês não notaram que a tecnologia do mensalão, a privatização partidária do dinheiro público, nunca saiu de cena, de Dirceu a Rosemary?

Vocês chegaram tarde, meus caros revolucionários. Quando o bolso dói, é porque o estrago nas contas públicas já é grande. Bem, antes tarde do que nunca. Mas prestem atenção: entendam logo o que vocês estão fazendo nas ruas, senão suas passeatas em breve estarão no mesmo museu dos escândalos que vocês não viram.

GUILHERME FIUZA
REVISTA ÉPOCA

BRASIL NERVOSO

Brasil Nervoso

Fica cada dia mais difícil, sinceramente, confiar na palavra "popularidade". O dicionário não ajuda; o que está escrito lá dentro não combina com o que se vê aqui fora. Os institutos de pesquisa ajudam ainda menos — seus números informam o contrário do que mostram os fatos. As teses do PT, enfim, não servem para nada. Garantem por exemplo, que a ladroagem, as mentiras e a incompetência sem limites do governo só afetam uma pequena minoria que lê a imprensa livre — a "direita", os "inconformados" etc. Quando Dilma fica brava, como agora, fingem ignorar o que está na cara de todos: que a ira popular vem da acumulação dos desastres noticiados por essa mesmíssima imprensa. É simples. A presidente da Republica que continua sendo apresentada como a governante mais popular que o Brasil jamais teve, não pode colocar os pés num campo de futebol em Brasília. Ia fazer isso como previa o programa oficial no jogo de abertura da Copa das Confederações no dia 15 de junho. Desistiu ao ouvir a robusta vaia que o público lhe socou em cima logo ao aparecer no estádio — e teve de ficar trancada no cercadinho das autoridades, seu habitat protegido de sempre. Para não receber uma vaia ainda pior, também desistiu de fazer o discurso solene escrito para a ocasião. Pergunta: se a presidente Dilma Rousseff não pode aparecer nem falar em público, onde foi parar aquela popularidade toda?
O problema, no caso, é que se tratava de público de verdade — e não desses blocos que o PT monta para fazer o papel de povo, transporta em ônibus fretados com dinheiro público e premia com lanche grátis, em troca de palmas para a presidente. Dilma tentou chegar perto do povo brasileiro que existe na vida real: foi um fiasco, e ela terá de lidar agora com o pânico dos magos da ""comunicação" e "imagem" que fabricam diariamente a sua popularidade. Há alguma coisa muito errada nisso tudo. Para que servem todas as pesquisas de aprovação popular e a fortuna que o governo gasta em propaganda se a rua demonstra que não está aprovando nada, nem acreditando no que a publicidade oficial sobre o Brasil Carinhoso lhe conta? A primeira explicação do Palácio foi urna piada: as vaias foram dadas pela "classe média alta" que estava no estádio no dia do jogo inicial. Mas exatamente naquela mesma hora, do lado de fora, a polícia estava baixando o sarrafo numa multidão irada que protestava contra os gastos cada vez mais absurdos, a inépcia e a roubalheira frenética nas obras da Copa de 2014 — que o ex-presidente Lula, Dilma e o PT consideram a suprema criação de seus dez anos de governo. A essa altura, no mundo real. a casa já tinha caído.
O Brasil Carinhoso que existe nas fantasias do governo havia cedido lugar, desde a semana anterior ao Brasil Nervoso que existe na realidade — nervoso, enraivecido, violento, destrutivo, irracional e exasperado contra tudo o que acontece de ruim no seu cotidiano. Sua revolta começou contra um aumento de 20 centavos nas passagens de ônibus de São Paulo, decidido pela estrela ascendente do PT o prefeito Fernando Haddad. Abriu espaço, como sempre, para marginais — gente que quebra tudo, incendeia e rouba TVs de tela plana de lojas saqueadas. Vazou rapidamente para outras trinta grandes cidades e continuou durante toda a semana passada, já envolvendo um universo de 250.000 pessoas, ou mais. e colocando à luz do sol uma revolta que ia muito além de protestos contra tarifas de transporte e atos criminais. Seu recado foi claro: o rei está nu. O povo está dizendo que este rei — o governo de farsa montado por Lula há mais de dez anos — rouba, mente, desperdiça, não trabalha, trapaceia, vai para a cama com empreiteiros de obras, entrega-se a escroques, cobra cada vez mais imposto e fornece serviços públicos que são um insulto ao país. Acha que pode comprar o povo com fornos de micro-ondas e outros badulaques de marquetagem. É covarde e hipócrita: depois de provar por A + B que o aumento das passagens era indispensável, a prefeitura paulistana, apavorada provou por A + B que não era, e cedeu a quem chamava de "baderneiros". Dilma por sua vez, elogiou a todos, dos manifestantes à polícia, e correu para pedir instruções a Lula — mas não admitiu que seu governo tenha a mais remota culpa por qualquer das desgraças que levaram o povo às ruas. Espera que a revolta se desfaça sozinha como em geral acontece com movimentos que não têm objetivos claros, liderança e disciplina — e volte à sua sagrada popularidade. Pode ser mais difícil, desta vez.
J. R. GUZZO


quinta-feira, 20 de junho de 2013

REVOLTA E FUTEBOL

Não há mais quem possa fazer por nós, exceto nós mesmos. Todos os políticos ficaram iguais no seu narcisismo e na sua surdez

Foi uma semana marcada por revoltas e conflitos. Os embates vão das disputas em aberto das terras terena pelos fazendeiros a uma surpreendente onda de tumultos urbanos motivados pela total inércia dos governantes diante do caos que todos vivemos nas cidades brasileiras sem transporte urbano, com um nível de criminalidade que tangencia ao da guerra civil e pela impossibilidade de usar o automóvel por falta de espaço e educação cívica.
A revolta contrasta com o futebol — esse conflito aberto, mas com tempo, espaço e regras explícitas. A revolta causa prejuízo e mal-estar. O pé na bola é uma fábrica dedinheiro e, entre nós, de toda uma afirmação do mundo. Afinal, o que é melhor: ser cinco vezes campeão do mundo ou ter inventado (usado) a bomba atômica? ...
Tanto o interior quanto o litoral ressuscitam conflitos reprimidos a exigir justiça, eficiência e honestidade pública. Justiça para os usuários pagadores de impostos e dependentes de transporte público e para os chamados “índios”, cujas terras foram reconhecidas e demarcadas para depois serem — eis o absurdo — “desreconhecidas”. Aqui, estamos diante de uma nova figura legal que simboliza o neoindigenismo do governo Dilma. Ao lado de um pró-capitalismo que distribui empréstimos e concessões aos companheiros, surge um aviltante anti-indigenismo em contramão ao legado de Rondon, de Darcy Ribeiro, dos Villas-Bôas, de Noel Nutels, e de todos quantos têm alguma preocupação com a responsabilidade para com essas humanidades que, por acaso, estão dentro do nosso território. Os antropólogos foram colocados sob suspeita. Seus laudos periciais vistos como bons demais para os indígenas. A Funai foi desmontada. Nunca antes na história desse país a questão indígena foi solucionada com tanto desembaraço. Agora, ela será administrada por um “conselho” — esse formato administrativo que desde Dom João Charuto é usado para nada resolver.
Ao lado desse conflito, testemunhamos demonstrações de violência urbana que nos tiram do prumo. Para quem viu a chamada revolta das barcas, na Niterói de 1959 — um protesto que levou a multidão a incendiar a residência dos donos da empresa, deixando um saldo de 6 mortos e 118 feridos e um belo estudo sociológico realizado por Edson Nunes —, a memória não pode deixar de anotar como o estar entre a casa e a rua é um momento sensibilizador do mistério chamado de “multidão” ou de “turba”, cuja conduta seria violenta e irracional.
A revolta deflagrada pelo transporte público não é nova no Brasil. Ela remonta à Revolta do Vintém, de 1880, cujo motivo foi o aumento das passagens dos bondes. A ausência de um serviço público decente na rua na hora de ir ou voltar do trabalho é uma constante. “A Banda”, a marchinha extraordinária de Chico Buarque de Holanda, exprime bem a processo. A banda passa e vai arregimentando quem ouve ou é contaminado pela sua melodia. Eis um ponto de partida para compreender como o protesto termina em revolta porque a densidade dos gestos corresponde à ausência de ação dos governantes, que não são mais distinguíveis por partido ou por atitudes. A violência igualada na sua irracionalidade é da mesma ordem de um espaço público que ficou entregue por décadas ao deus-dará da nossa passividade.

Ninguém pode determinar com precisão o motivo dessas manifestações. Mas todos temos consciência de suas intenções e de suas ultrapassagens do bom senso, graças à participação decisiva das forças policiais — esse ator imprescindível para criar a moldura final do drama. Numa sociedade democrática, protestar é rotina e fomos para a rua com essa intenção. Tudo ia muito bem até que surgiu a polícia que veio deturpar o nosso pacifismo e mudar as nossas intenções. A polícia, por seu turno, nega a intenção do confronto. Cumpria o seu dever, mas os mais exaltados impediam qualquer ato pacifico. Como, pergunta o cidadão disposto a aceitar tudo, sair desse enredo?

Dizem que há inflação e superfaturamento, inclusive nos estádios de futebol. Há boatos “o bicho vai pegar”. Alguns bruxos dizem que as fórmulas milenaristas se esgotaram. Não há mais quem possa fazer por nós, exceto nós mesmos. Todos os políticos ficaram iguais no seu narcisismo e na sua surdez.

Em meio a tudo isso, ocorrem torneios futebolísticos mundiais. Vencemos o primeiro jogo da primeira Copa global, a das Confederações. Mas, vejam bem o sintoma: vaiaram os presidentes da Fifa e da República. Há esperança, diz o meu lado otimista; deixa pra lá, diz-me a voz que conversa com um velho amigo escocês.


Por Roberto DaMatta é antropólogo


Fonte: O Globo

Protesto é reação ao ‘crime perfeito do PT’


GDF ENCAMPA PAUTA DE PRETESTOS


GDF encampa pauta de protestos

Canto da sereia. Manifestantes desistem de marchar até o Palácio do Buriti depois de serem atendidos por secretários de governo

A manifestação programada ontem pelo Movimento Passe livre até mudou de percurso depois que os participantes ouviram promessas do GDF, entre elas a de que a cidade ganhará transporte 24 horas no mês que vem.

O trajeto inicialmente previsto era da Rodoviária do Plano Piloto até o Palácio do Buriti , mas a marcha acabou seguindo pela W3 Sul. Iniciado às 17h, o protesto ganhou corpo apenas depois do fim do jogo do Brasil e contou com a adesão de 1,5 mil pessoas.

A reunião com os secretários de Governo, Gustavo Ponce León, e de Transporte, José Vazquez e entrevistas nas quais o governador disse que o DF não terá aumento de passagem até o fim do ano e que se sente representado pelas manifestações foram o auge de um esforço do Buriti para se aproximar da pauta dos jovens que têm tomado as ruas do DF e do país. ...

A representante do Movimento Passe Livre Leila Saraiva, 25, exigiu mais ações. “Vamos continuar nos manifestando, É nas ruas que se conquistam todas as demandas da população”, afirmou.

Novos protestos

Pelo menos outros quatro protestos estão marcados para hoje. O “Acorda, Brasília”, às 16h no Museu Nacional, é o que promete reunir mais gente 48 mil haviam confirmado pelo facebook até o fechamento desta edição.

O “Vamos pra rua – CEUB”, tem mil confirmados e está marcado para a frente do Congresso Nacional, também a partir das 16hs

Na Rodoviária, ocorrerá o “Ato nacional contra o aumento das passagens”, com concentração a partir das 17h. Pouco menos de dez mil pessoas confirmaram presença. A Rodoviária também será palco do bloco “Não à cura LGBTTT”, a partir das 17h30.


Fonte: Jornal Metro Brasília - 20/06/2013

Vista por 2 milhões, jovem pede boicote à Copa

Um vídeo viral, produzido pela brasileira Carla Dauden, que vive nos Estados Unidos, espalha-se como pólvora pela internet; ela argumenta que, sem hospitais e educação de qualidade, o Brasil não deveria gastar R$ 30 bilhões com a Copa do Mundo, diz ela

Residente nos Estados Unidos, a brasileira Carla Dauden produziu um vídeo que se espalha como pólvora pela internet. Chamado "No, I'm not going to the World Cup", o vídeo, de certa forma, organiza as ideias daqueles que protestam contra o dinheiro gasto na construção de grandes arenas, como ocorreu ontem no Castelão, em Fortaleza, antes do jogo Brasil e México.

Carla argumenta que, sem hospitais e educação de qualidade, o Brasil não deveria ter como prioridade orçamentária os R$ 30 bilhões direcionados à Copa do Mundo. "Não precisamos de estádios, precisamos de educação", diz ela. Ela afirma ainda que a maior parte da receita da Copa irá para os cofres da própria Fifa.


Fonte: Brasília 247 / Youtube - 20/06/2013

DINHEIRO DA COPA DO MUNDO DARIA PARA FAZER 8 MIL ESCOLAS

Dinheiro da Copa do Mundo daria para fazer 8 mil escolas

Os R$ 28 bilhões orçados até agora para a Copa do Mundo de 2014 dariam para a construção de 8 mil escolas, de acordo com dados da CGU (Controladoria Geral da União) comparados pela ONG Contas Abertas.

Além da construção de 12 estádios, haverá investimentos em mobilidade urbana, segurança e reformas de aeroportos.
Segundo a Contas Abertas, o dinheiro da Copa também serviria para 39 mil ônibus escolares ou 28 mil quadras poliesportivas. ...

Em outra comparação, os R$ 7,1 bilhões investidos nos estádios poderiam ser usados para construir 2.842 km de rodovias - mais da metade da BR-116, maior do país - ou 1.421 km de ferrovias.

Fonte: Jornal Destak - Brasília - 20/06/2013

ENQUANTO O BRASIL CLAMA POR MANIFESTAÇÕES MAIORES, PELEGOS DO PT TRAEM MOVIMENTO

Enquanto o Brasil clama por manifestações maiores, pelegos traem movimento

Todo mundo que ama o Brasil e quer que os movimentos que eclodem pelo país sejam vitoriosos espera que a PM não aja com violência e que deixe os manifestantes protestarem em paz. Da mesma forma, queremos que as manifestações ultrapassem o simples protesto pelo aumento de passagens. Esperamos que corruptos sejam combatidos, por isso somos contra a PEC 37 que amordaça o Ministério Público. Queremos que bandidos parem na cadeia, por isso exigimos a prisão dos mensaleiros que já foram condenados. Queremos que a justiça trate a todos com igualdade, por isso queremos o julgamento do mensalão mineiro. Exigimos que nosso dinheiro seja gasto em coisas mais importantes do que estádios de futebol e tantas outras reivindicações que já são de conhecimento público. Mas, como bem disseram os críticos, o Movimento Passe Livre (MPL) se resume a um protesto pela diminuição de R$ 0,20 nas passagens. Hoje pela manhã eles refutaram tudo o que foi enumerado acima. E não adianta tentar colocar palavras na boca dos líderes dos movimentos, a intenção deles foi exposta claramente em uma reunião hoje com a cúpula da Secretaria de Segurança do Estado de São Paulo.

Logo no início da reunião ocorrida dia 17/06 pela manhã o secretário de segurança, Fernando Grella Freire, começou se desculpando pela ação da PM na quinta e reiterou a proibição de uso de balas de borracha durante o protesto. Ele também afirmou que na reunião seriam dadas apenas sugestões para que o protesto seguisse em paz e que ninguém era obrigado a segui-las.

O secretário pediu que os manifestantes orientassem os integrantes do movimento a usar camisas brancas, para que a polícia pudesse identificar mais facilmente quem estava participando, o pedido foi recusado. Grella também sugeriu que fosse proibido o uso de máscaras, outro pedido categoricamente recusado pelos manifestantes do MPL.

Essa sugestão de “manifestação padronizada” foi de uma inocência brutal. O MPL agiu bem em não aceita-la. Como é que o povo vai demonstrar revolta todo bonitinho de branco e em formação predeterminada pelas ruas? Mas, o acerto do MPL foi seguido por uma grande traição.

A certa altura da reunião, o comandante-geral da PM fez uma declaração surpreendente ao assumir que a ação da PM foi errada na primeira manifestação. Além disso, o oficial fez uma sugestão que contemplaria a maioria absoluta dos apoiadores das manifestações. Benedito Meira sugeriu que a manifestação pelas passagens continuassem, mas que fosse incluído na manifestação de hoje o pedido de prisão dos condenados no processo do Mensalão e outras pautas como educação, saúde e combate à corrupção.

E sabem qual foi a resposta do MPL, senhores e senhoras? NÃO! Pois é. O MPL é contra o alargamento das pautas e rechaça sugestões que visem transformar as manifestações naquilo que todos esperam: Um grito de revolta contra tudo o que está acontecendo no Brasil.
Mayara Vivian, uma dos representantes do MPL, deixa prédio da Secretaria de Segurança depois de trair a expectativa de milhões de brasileiros

Já aparecem pessoas tentando defender o MPL dizendo que ele não deve seguir orientação da PM. Isso é bobagem! Não é apenas o Coronel Meira que espera que as manifestações tenham sua pauta ampliada. Aliás, a sugestão dele chegou atrasada! Esse é um clamor do povo brasileiro! É a população que quer que o protestos seja maior, que reivindique outras pautas como saúde, segurança, educação e a maior delas que é o combate à corrupção . Aliás, quando críticos afirmaram que o movimento era oco por lutar apenas pela questão da passagem, os simpatizantes das manifestações saíram em defesa delas dizendo que o aumento de passagem foi apenas um estopim de causas muito maiores.

E agora? A maioria esmagadora da população defendeu as manifestações porque dizia que o aumento de passagem era apenas o estopim de algo maior. Os críticos avisaram que o tal do MPL não queria exatamente isso e foram rechaçados pelos defensores da cúpula do MPL. Hoje o próprio MPL fez questão de sufocar o aumento das pautas das manifestações. Disse que tudo terminaria se o aumento fosse revogado. E agora? Quer dizer que se o prefeito do PT, partido ligado ao MPL, conceder a diminuição das tarifas ele será carregado em praça pública e tudo será esquecido?

Agora é hora dos manifestantes darem um pé na bunda desses pelegos e mostrarem que o Brasil está lutando por algo muito maior que eles. E, faça o governo o que fizer, as manifestações não irão parar!

terça-feira, 18 de junho de 2013

GERAÇÃO SEM MEDO ESTÁ NASCENDO PARA O MUNDO

Geração sem medo está nascendo para o mundo

Terça, 18 de junho de 2013
Fabio Nassif*
Desta vez deveriam ter de 15 a 20 mil pessoas na rua. Um ato que caminhava de maneira organizada até a polícia interromper e iniciar a guerra. Toda tentativa de intimidação foi simplesmente ignorada pela manifestação. Quando se tem certeza de uma luta, não se recua diante de palavras que estamos acostumados a ouvir.

Chamou a atenção a quantidade enorme de policiais infiltrados. Eram eles que jogavam fogos a sinalizadores enquanto a absoluta maioria do ato gritava “sem violência!”. Este método estatal é antigo, muito antigo, mas o Brasil permanecia fingindo que deixou de existir. Assim como o desejo de realização de uma manifestação vitoriosa acabou novamente sendo verbalizada espontaneamente pelos manifestantes, estimulados por uma preocupação coletiva em torno da nossa pauta.

Obviamente, a repressão estava decretada. Não só pela ânsia de soldados mal pagos, treinados para reprimir a qualquer custo, mas respaldado pelos governos municipal, estadual e federal.

Haddad declara que não vai abaixar a tarifa e que considera as manifestações violentas. Alckmin vomita as mesmas palavras de sempre, pela punição, repressão e criminalização. E José Eduardo Cardozo, o “professor” de direito que, além de encabeçar o anúncio oficial do genocídio indígena com as mudanças no método de demarcação de terras, afirma que o governo federal está à disposição para ajudar na repressão.

REPRESSÃO

A repressão foi tremenda. Aliás, por curiosidade, quanto se gasta para reprimir uma manifestação? Helicópteros, 700 soldados, balas de borracha, bombas, cavalos, combustível… Gasta-se o quanto os governantes acharem necessário para proteger o Estado.  Gasta-se cotidianamente contra os pretos, pobres e periféricos. A manifestação se dispersou e se juntou mais de uma vez. Está certo, nem a polícia sabia para onde dispersar. Talvez a intenção nem fosse esta. Mas também os manifestantes não viam sentido em fazê-lo voluntariamente. Afinal, estamos certos. Agora, é hora novamente de lutarmos sem trégua pela libertação dos nossos.

Pois então. Do outro lado, até a mídia, atingida pelas balas de borracha, passa a questionar os motivos de tanta intransigência dos governos. Ora, a pauta voltou ao seu lugar! Já não é lunático pedir a revogação dos aumentos. E mais, já não é aceitável tamanha violência estatal.

Mas o emocionante nesta jornada toda, para além da gostosa e distante sensação de nos juntarmos a jovens e trabalhadores de todo o mundo que estão em luta, é saber que o Estado e a mídia burguesa estão formando uma geração de ativistas. Saber que as lutas contra o aumento ocorreram em diversas outras cidades como Porto Alegre, Natal, Maceió e Rio de Janeiro nos dá força. Saber ainda que uma manifestação foi realizada em Curitiba, simplesmente em solidariedade às demais, é arrepiante.

DEMOCRADURA

É muito possível revertermos o aumento. Porém, mesmo sob uma derrota triunfal, uma geração está sendo forjada pela experiência prática sobre o que é nossa democradura, a necessidade da organização coletiva e da disputa de uma sociedade inteira que, mesmo não entendendo essas cabeças juvenis, sabem que elas têm razão. Ah, e uma geração com um repúdio gigante à mídia da ordem.

No Chile, diante das massivas manifestações estudantis, diz-se que esta é uma geração sem medo, pois não viveu os tempos sombrios da ditadura oficial e tampouco está adaptada à ordem. E é a própria geração esmagada pela ditadura e depois pelo discurso neoliberal quem chega a esta conclusão, contribuindo assim para repassar o bastão da história. E isto se transforma em solidariedade, inclusive dos familiares e conhecidos dos manifestantes.

É cedo pra dizer isso do Brasil. Muito cedo. Ainda viveremos muita barbárie fruto da desigualdade social, adormecida enjoativamente pelo discurso da pátria de chuteiras e por uma sensação de estabilidade. Mas não é exagero afirmar que não somos a geração amorzinho, da conciliação de classes e da organização orquestrada pelo capital. E de repente, nos vácuos da calmaria e do senso comum, nasceremos para o mundo.

Fábio Nassif é jornalista
Texto publicado originariamente no Correio da Cidadania.

Sobre vândalos, antropófagos, canibais, tucanos, petistas e pessoas


Por Osvaldo Coggiola*
Texto publicado originariamente no Correio da Cidadania 
Depois da quarta jornada de protestos, em que uma manifestação de 20 mil pessoas em São Paulo foi atacada de modo selvagem pela PM (com um saldo de 150 detidos e 55 feridos), fomos informados que “o comando do PT está insatisfeito com a atuação do prefeito Fernando Haddad em relação aos protestos contra a tarifa. E, temendo a nacionalização do problema, decidiu intervir para evitar que contamine a imagem do partido em todo o país”. Tarde demais, Lula. A presidente Dilma Rousseff foi vaiada (três vezes) na abertura da Copa das Confederações. A “contaminação” chegou a Brasília. Mais significativo talvez, Joseph Blatter (presidente da FIFA e mafioso internacional, segundo Diego Maradona, que alguma coisa aprendeu a respeito em Nápoles) pediu respeito e foi vaiado mais ainda. O problema já está “nacionalizado” (Rio de Janeiro, Goiânia, Natal e Porto Alegre tiveram manifestações, além de São Paulo) e até “internacionalizado” (Blatter que o diga), com piquetes solidários com os manifestantes brasileiros em várias capitais do mundo (França, Alemanha, Portugal e Canadá). Os torcedores do Estádio Mané Garrincha foram só os (circunstancialmente) últimos da lista. Até a juventude do PT já declarou seu apoio aos protestos. E a viúva do Mané (Elza Soares) cantou um novo samba: "R$0,20 eu não pago não". O Brasil se põe em pé de luta, os jornais do mundo inteiro se fazem eco.

A PM “despreparada” (na verdade, preparada demais para sua função precípua) desceu o sarrafo até em um jornalista que carregava vinagre, declarado material para preparação de explosivos por um comandante da corporação, numa linha de pensamento inaugurada há dez anos, quando comandantes militares do superpreparado exército dos EUA no Iraque exibiram tambores de inseticida como “armas de destruição em massa”, aderindo, talvez de modo involuntário, à campanha ecológica mundial contra o uso de agrotóxicos. Ninguém foi poupado, em São Paulo. Pessoas desmaiando, gritaria, centenas de homens e mulheres presos e feridos gravemente, inclusive idosos e crianças. “Segurança”.  E já nos informaram também que o principal saldo da Copa das Confederações, da Copa 2014 e da Olimpíada 2016, além das vitórias brasileiras, claro, será a institucionalização dos “novos esquemas de segurança”...

PELOS MOCINHOS

Pelos mocinhos

No mais recente episódio da triste história do auxílio-alimentação recebido por juízes dos Tribunais de Justiça de oito estados, de que falamos outro dia, o bom senso — para não dizer a honestidade — perdeu a parada.

Para quem não acompanha a novela desde o primeiro capítulo, juízes dos Tribunais de Justiça de oito estados têm recebido um auxílio-alimentação retroativo a 2004. É um benefício excepcional: os outros servidores civis do país, dos humildes aos poderosos, almoçam e jantam com o seu próprio dinheiro. ...

Recentemente, o Conselho Nacional de Justiça suspendeu a farra da boia, pelo simples e óbvio motivo de sua excepcionalidade. Foi uma decisão liminar — ou seja, provisória —, mas certamente sensata. Não faz qualquer sentido esse benefício, o que certamente explica por que era limitado a uma minoria dos estados, o que basta para se entender por que não existia em todo o país.

A sensatez saiu de cena. O mesmo CNJ, por oito votos contra cinco, mandou a liminar para o espaço. A farra está de volta, graças exclusivamente aos votos de conselheiros que são também juízes. Apenas um conselheiro-juiz, Sílvio Rocha, disse o que era óbvio: como recebe o benefício, estava moralmente impedido de votar. Compare-se o seu comportamento com o do corregedor-geral do CNJ, Francisco Falcão: foi dele o primeiro voto a favor da farra.

A história ainda não acabou. A Ordem dos Advogados recorreu ao Supremo Tribunal Federal, alegando que o Judiciário esbarra na Constituição ao dar o que equivale a um aumento salarial a si mesmo. Qualquer iniciativa nesse sentido teria de partir do Legislativo. O que parece ser óbvio.

Enfim, a opinião pública está diante de uma triste situação. Mas não deve esquecer que o Conselho Nacional de Justiça, por mais importância que tenha — e tem, mesmo — não fala por todo o Poder Judiciário. E a briga ainda não acabou. Pede-se à opinião pública que torça pelos mocinhos, e não pelo outro time.



Por Luiz Garcia


Fonte: O Globo - 18/06/2013

IMAGENS DE INDIGNAÇÃO

Imagens da indignação

Confira cenas do protesto que mobilizou brasilienses a seguirem em marcha até o Congresso Nacional


A Marcha do Vinagre tomou conta da Esplanada dos Ministérios, invadiu o espelho d’água e até mesmo a plataforma das cúpulas do Congresso Nacional. Nesse momento, cerca de 10 mil pessoas, segundo a Polícia Militar, integravam o movimento. Mas os primeiros manifestantes começaram a chegar ao Complexo Cultural da República, local marcado para a concentração, por volta das 15h. Em função do horário, no início havia mais estudantes do ensino médio e universitários. Em um dos poucos bancos da praça, uma caixa com um cartaz avisava aos participantes que a distribuição de vinagre era gratuita. Ambulantes que geralmente ficam por ali para atender a turistas e frequentadores da Biblioteca Nacional aproveitaram o público diferente e bem maior para vender água e refrigerante aos manifestantes. Enquanto esperavam a chegada de outros participantes, muitos aproveitaram o tempo para produzir cartazes com palavras de ordem, pintar camisetas e também o rosto. ...

Pouco antes das 17h, a praça abrigava em torno de 2,5 mil pessoas. Elas escutavam e repassavam orientações sobre como aconteceria a passeata. Os organizadores pregavam a não violência, o uso de apenas três faixas da Esplanada e que as pessoas se mantivessem unidas. O número de manifestantes se multiplicou no caminho para o Congresso. A Polícia Militar, baseada no estacionamento da Catedral Metropolitana de Brasília, só se aproximou quando o grupo saiu às ruas. Não houve confrontos como os vistos no sábado, mas homens da força de segurança usaram spray de pimenta nas pessoas que entraram no espelho d’água em frente ao Congresso Nacional e jogaram água nos policiais. Confira algumas imagens da manifestação:


A multidão ocupou a rampa do Congresso Nacional e a plataforma das cúpulas da Câmara e do Senado: a Marcha do Vinagre também invadiu a chapelaria do prédio na noite de ontem

Brasilienses empunhavam bandeiras e cartazes

Cordão da Polícia Militar acompanhou a marcha

Manifestantes em princípio de confronto com PMs

Militar lança spray de pimenta e outro retira jovem à força

Com as cores da bandeira e um capuz no rosto, rapaz protesta

O raso espelho d`água não foi barreira para o movimento
Deu no..

ESPANHA – El País
“O descontentamento no Brasil provoca o protesto com o maior número de pessoas em décadas”, estampou a manchete do jornal na internet. De acordo com a reportagem, dezenas de milhares de pessoas foram às ruas de São Paulo pacificamente, ao contrário do que houve no Rio.

CNN International
Matéria sobre a violência da polícia em São Paulo na última quinta-feira estava entre as mais lidas do site e um artigo do brasileiro Phillip Viana destaca que o Brasil passa por um colapso na infraestrutura, nos portos, nos aeroportos, no transporte público, na saúde e na educação.

The Guardian
O portal britânico destacou, na noite de ontem, a leva de protestos pelo Brasil. Segundo a reportagem, o país viveu uma das maiores noites de protestos em décadas em decorrência de serviços públicos precários e do alto custo da Copa do Mundo de futebol.

Le Monde
A manchete “Manifestações no Brasil, uma ameaça ao governo” trazia matéria sobre os protestos contra a alta do custo do transporte público e a fatura do Mundial de 2014. O jornal definiu o protesto como a mais importante mobilização desde 1992.

BBC: 
O site de notícias britânico destacou que dezenas de milhares de brasileiros se manifestaram nas grandes cidades. A matéria cita a invasão ao Congresso Nacional e lembra que o prédio foi projetado por Oscar Niemeyer.

The New York Times 
"Mais uma onda de protestos nas cidades brasileiras"
O periódico americano destacou que as manifestações são uma demonstração do descontentamento do povo brasileiro. Reforçou que os protestos aumentam as preocupações quanto à segurança do país em grandes eventos internacionais.


Fonte: Correio Braziliense - 18/06/2013

UM ATO, MUITAS BANDEIRAS

Um ato, muitas bandeiras

Reivindicações no atacado perdem força em Brasília com jovens mais preocupados com a atitude de protestar


Na convocação feita pelo facebook, a pauta de reivindicações da manifestação de ontem, na Esplanada dos Ministérios, tinha nove pontos; passando por temas como a obra parada do VLT e a falta de investimentos em saúde e educação. Na prática, os gritos de guerra se multiplicaram ainda mais e, no decorrer da marcha até o Congresso, as reclamações dos 10 mil manifestantes, nas contas da Polícia Militar, acabaram completamente diluídas.

Entre gritos como ‘da Copa eu abro mão’ e ‘fora Agnelo’, uma constante foi o esforço de parte da multidão para evitar depredações e provocações contra a polícia. Ao mesmo tempo, porém, outros grupos provocavam abertamente os policiais. ...


“Escutei que só tinha vagabundo protestando. Então liberei meus funcionários e vim mostrar que não é verdade.” - BRUNO CANDOTTI, 29, EMPRESÁRIO

O primeiro momento de tensão ocorreu às 17h, após a saída da marcha da área externa do Museu Nacional. Ao invés de ocuparem apenas duas faixas do Eixo Monumental, conforme o combinado com a PM, alguns manifestantes romperam o cordão de isolamento e impediram a passagem dos carros na via toda. Houve empurra-empurra e cassetetes em punho, mas ficou claro que os policiais haviam sido instruídos a evitar o confronto diante das dezenas de câmeras da imprensa e centenas de celulares dos integrantes do protesto.

Tão jovens
O horário da manifestação e a mobilização via redes sociais fizeram com que a expressiva maioria dos participantes fossem jovens; secundaristas e universitários. “O país está em ebulição e a capital não poderia ficar de fora”, disparou Ana Elisa Hernandes, 15, ainda com o uniforme escolar. “Estou aqui para exigir investigações sobre o superfaturamento nas obras da Copa.”

“A violência policial em frente ao Mané Garrincha, no sábado, foi o que deu força a este ato”, opinou o universitário Andrés Oliveira, 22. “Ninguém veio aqui porque foi pago”, complementou a professora desempregada Amélia Lima, 30, em resposta à provocação do governador Agnelo Queiroz sobre outro ato, a queima de pneus no Eixo Monumental na última sexta.

Apesar da quantidade de propostas, um tipo de bandeira foi proibida pela massa, a partidária. Quando uma flámula do PSTU foi levantada, a vaia foi intensa.


Fonte: Jornal Metro Brasília - 18/06/2013

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Para PSB, governo usa máquina para sufocar adversários eleitorais

Revelado por VEJA desta semana, escândalo da espionagem no Porto de Suape provocou a reação imediata de integrantes do partido de Eduardo Campos, o alvo da mais nova ofensiva do PT

Dilma Rousseff e Eduardo Campos: Abin em ação para coletar informações que pudessem ser utilizadas contra a campanha presidencial do governador de Pernambuco (ABR/Hans Von Mante Uffel)

Após a descoberta da mais nova investida eleitoral do PT, revelada por VEJA desta semana, sobre a espionagem perpetrada por agentes do estado no Porto de Suape, em Pernambuco, o líder do PSB no Senado, Rodrigo Rollemberg (DF), afirmou que o governo lança mão de todas as armas para sufocar as movimentações que poderiam atrapalhar a reeleição de Dilma Rousseff em 2014. A reportagem mostra que quatro funcionários da Agência Brasileira de Inteligência, a Abin, se disfarçaram de agentes portuários para colher informações que poderiam ser utilizadas contra o governador Eduardo Campos, considerado pelos petistas uma ameaça para Dilma nas eleições de 2014.

“O grave é que isso demonstra um viés autoritário que nós não podemos admitir em um país que tem a democracia como uma grande conquista”, afirmou o senador. Rollemberg ressaltou que o governo, já preocupado com o processo eleitoral, “busca modificar regras para facilitar as coisas para o PT e dificultar e sufocar os outros”. O líder do PSB no Senado, responsável pelo mandado de segurança impetrado no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o projeto que atrapalha a criação de novos partidos, ressaltou que esse caso ainda é mais grave, já que atua “à sombra” para frear todas as movimentações eleitorais. ...

Na Câmara, o líder do PSB, Beto Albuquerque (RS), afirmou esperar que o governo não precise ser intimado para dar explicações sobre a espionagem no Porto de Suape. O deputado disse que vai conversar, no início desta semana, com o governador Eduardo Campos e com deputados da legenda para decidir quais serão as providências tomadas. Ele espera, porém, que o governo se antecipe nas explicações. “Temos uma denúncia grave e é preciso que haja uma explicação formal antes de uma possível convocação”, disse o parlamentar gaúcho.

“Alguém tem de ser o pai dessas quatro criaturas. Elas não estavam lá para fazer estágio ou para aprender sobre portos. E é essa explicação que tem de ser dada.” O líder do PSB reforçou que não se contentará com um posicionamento de representantes da Abin. Para ele, a resposta deverá partir do gabinete da Presidência da República.

Convocação - Ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), José Elito compareceu à Câmara dos Deputados em abril para dar explicações sobre o monitoramento dos trabalhadores portuários, caso revelado pelo jornal Estado de S. Paulo. O relatório do depoimento ainda está em fase de conclusão. O conteúdo será avaliado e pode ser utilizado como base para uma outra convocação do general. “Ele compareceu à comissão, mas, como estavam apenas deputados do governo, não valeu muita coisa. Nossa intenção é fazer novamente esse convite após esse novo episódio”, afirmou o deputado Nilson Leitão (PSDB-MT), membro da Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência.

O deputado tucano ressaltou que a espionagem no Porto do Suape não é o único caso em que o governo utiliza-se da máquina pública para interesses próprios. “O PT não pode utilizar a Abin como uma agência de partido e não de governo. Não é o objeto dela dentro do estado. O governo tem utilizado a Caixa Econômica Federal e criado uma falsa perspectiva da economia, como a distribuição de maquinários, apenas para efeito eleitoral.”

O líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN), também criticou a utilização da Abin para fins partidários e eleitoreiros. “Este governo está agindo a la Gestapo. É pior do que isso. É uma polícia política de extrema direita com procedimentos às avessas de tudo aquilo que eles pregavam. A se confirmar a suspeita, fica claro que o governo está em uma busca frenética pela manutenção do poder.”


Fonte: Veja.com - 16/06/2013

sexta-feira, 14 de junho de 2013

LIBERDADE DE IMPRENSA CERCEADA PELOS PETISTAS NA VILA ESTRUTURAL

Liberdade de imprensa cerceada

Administração da Estrutural nega informação e chama segurança para tirar repórter do Guardian do local

“Perseguição política”. Isso é o que a administradora da Estrutural, Socorro Torquato, acredita ser as denúncias feitas em reportagens do portal Guardian Notícias sobre sua gestão


Enquanto alunos não têm estrutura adequada para esperar por ônibu, Administração da Estrutural libera construções que não constava no mapa da cidade Foto: Redação

“Perseguição política”. Isso é o que a administradora da Estrutural, Socorro Torquato, acredita ser as denúncias feitas em reportagens do portal Guardian Notícias sobre sua gestão. Nesta quarta-feira, 12, seus funcionários deram mostras de que não recepcionam bem quem os criticam. Até um segurança foi chamado para retirar o repórter deste veículo do local.

A reportagem do portal esteve na administração para questionar sobre a construção de um quiosque em plena praça pública, logo em frente à sede da direção da cidade. Passavam alguns minutos depois do meio dia. Ainda havia servidores no local. Mas ninguém com vontade de responder a uma única pergunta: se realmente aquela construção seria a de um quiosque, como se suspeitava?

Uma das assessores passou pela reportagem, mas fez pouco caso. Apenas deu as costas e disse: “Estou no horário de almoço”. De fato, é compreensível que aquele momento era destinado para o tempo que os funcionários tem por direito, mas nada que impedisse de responder a uma questão simples, como a feita pelo repórter. ...

É estranho que na mesma praça, há um prédio inutilizado (veja foto) pelo Estado construído ainda na época do governo Arruda. A estrutura está toda pichada e depredada. Pior: se transformou em um ponto de drogas. Para tornar mais grave ainda a situação, este ponto fica próximo ao Creas, onde crianças fazem cursos, e a uma escola pública. Tudo “nas barbas” da administração. Tempo atrás, estudou-se a utilização do imóvel como posto policial, mas a ideia só ficou no papel e na esperança da população.




Não é a primeira vez que a administração sonega informação. O Guardian pediu há cerca de um mês, nomes de bandas contratadas para eventos culturais na cidade e os respectivos valores dos cachês. Até hoje, nada foi respondido. A Gerência de Cultura local alegou apenas que os recursos gastos por ela com festas eram os menores entre as regiões administrativas.

O portal Guardian também fez um levantamento do que foi gasto nos anos de 2011, 2012 e no primeiro trimestre deste ano pelas administrações regionais com emendas parlamentares. O objetivo era saber o que foi executado em obras e eventos culturais. O pedido foi feito por meio da Lei de Acesso à Informação. De acordo com a legislação, as informações devem ser respondidas em 20 dias, prorrogável por mais dez dias. No entanto, a Assessoria de Comunicação, novamente, até hoje nada respondeu. Já se passaram mais de 40 dias.

Com a liberação da obra em frente à administração, numa praça destinada ao lazer, a direção da cidade toma apenas medidas paliativas. A construção de uma feira permanente na região poderia resolver o problema dos feirantes e quiosqueiros.

Arrogância-Já havia valores destinados para esta obra. Entretanto a administradora Socorro, junto com o seu marido, o deputado federal Roberto Policarpo (PT-DF), que nada tem que interferir em sua gestão, achou por bem negar a ajuda da distrital Eliana Pedrosa (PSD). A parlamentar havia oferecido R$ 1 milhão para a obra, mas o casal petista alegou necessidade de R$ 4 milhões.

Os descontentamentos da administração com o Guardian teve seu ápice quando publicamos uma matéria que mostrávamos uma ciclovia inacabada que custou cerca de R$ 100 mil. E pior: a pista não é usada por ninguém e é desconhecida por boa parte da população.





Por Elton Santos

Fonte: Guardian Notícias / Redação - 13/06/2013

AULAS SUSPENSA PARA A "SELECINHA" BRASILEIRA TREINAR - ABSURDO

Aulas suspensas

Treino secreto da seleção brasileira deixa 2 mil alunos sem aula


Nem os jornalistas e muito menos os cerca de dois mil alunos do Colégio Militar Pedro II vão assistir ao treino secreto da seleção brasileira, esta tarde, no Centro de Capacitação Física dos Bombeiros (Cecaf) do Distrito Federal




Como o colégio fica dentro do mesmo complexo que o campo de treinamento, as aulas foram suspensas, tanto no turno da manhã quanto no da tarde. "A cerca do colégio fica muito perto do campo. Os alunos não iam conseguir se concentrar sabendo que o Neymar esta aqui", disse ao UOL o coronel Delfino Barbosa Guedes, responsável pela segurança do local. ...

Outras instalações do complexo também foram afetadas pelo treino da seleção. A academia de formação de oficiais e a de praças não tiveram atividades hoje.

Mesmo se quisesse manter as aulas nesta quinta-feira, o Colégio Pedro II não poderia. "Hoje a Fifa é dona dessa área aqui", diz Guedes. "Faz parte do compromisso assinado com eles." Em caso de treino fechado, diz, a exigência da organização é o isolamento total de uma área num raio de 500 metros do campo.

O Cecaf também será usado pela seleção brasileira durante a Copa do Mundo em 2014. No ano que vem, as aulas do Pedro II não precisarão ser suspensas. A área será cercada com tapumes altos, de forma a impedir contato visual com o campo.

Segundo Guedes, o dia de aula perdido será compensado sem dificuldades. Para o coronel, é motivo de orgulho ter a seleção treinando no Cecaf. O centro foi erguido entre 2011 e 2012 ao custo de R$ 17 milhões. Contém campo, vestiários, área de musculação e piscina.


Fonte: UOL - Copa do Mundo - 13/06/2013

A SECA E A INVENÇÃO DO TERCEIRO MUNDO

A seca e a invenção do Terceiro Mundo


O Nordeste brasileiro enfrenta a maior seca em meio século. São mais de 1.400 municípios atingidos. Que a região sofre com o problema há séculos, todo mundo sabe. O que poucos sabem é que suas consequências nem sempre foram tão terríveis.

O livro "Holocaustos Coloniais: Clima, fome e imperialismo na formação do Terceiro Mundo", do historiador Mike Davis, é esclarecedor. Secas prolongadas aconteceram por séculos nos países da região equatoriana devido ao fenômeno climático conhecido por “El Niño”.

As mortes sempre foram muitas, mas, a partir do final do século 19, começaram acontecer aos milhões. As três piores secas ocorreram em 1876-79, 1889-91 e 1896-1902. Pelo menos, 30 milhões de pessoas morreram. Não por acaso, exatamente quando o imperialismo começava a se espalhar pelo mundo.

Davis cita o caso da Índia. Em dois mil anos, o país havia registrado 17 casos de mortandade por fome. Mas sob 120 anos de dominação inglesa, isso aconteceu 31 vezes. É que “o dogma do livre comércio e o frio cálculo egoísta do Império justificavam a exportação de enormes quantidades de cereais para a Inglaterra, bem no meio da mais horrível hecatombe”, diz Davis.

Para o historiador, o que depois seria chamado de “Terceiro Mundo” surgiu das “desigualdades de renda e de recursos” produzidas nesse período. Felizmente, houve reação. Davis cita a revolta chinesa dos Boxers, o movimento Tonghak na Coréia, o nacionalismo extremista na Índia, a guerra de Canudos no Brasil e muitos levantes na África.

No Brasil ou fora dele, o problema nunca foi a seca. É a dominação do “Primeiro Mundo”. Contra isso, só muita luta.

AS CORRESPONDÊNCIAS DO LULISMO

As correspondências do lulismo


Fernando Henrique completou 80 anos de idade. O ex-presidente divulgou 80 mensagens de personalidades que o cumprimentavam pela data. Entre elas, uma carta de Dilma Rousseff. Eis um trecho:

O acadêmico inovador, o político habilidoso, o ministro-arquiteto de um plano duradouro de saída da hiperinflação e o presidente que contribuiu decisivamente para a consolidação da estabilidade econômica.

É mais uma carta marcante do lulismo. A primeira foi a “Carta ao Povo Brasileiro”. Foi divulgada por Lula, em junho de 2002. Prometia respeitar a política econômica de FHC. Por isso, ganhou até o apelido de “Carta aos Banqueiros”.

O lulismo mantém esse tipo de correspondência em termos bastante claros. Traz sempre a mesma mensagem. Jura fidelidade e respeito às receitas neoliberais tucanas. Infelizmente, muita gente parece não entender, ou não quer fazê-lo.

Os movimentos sociais cansaram de escrever cartas e mais cartas a Lula. Pediam ao ex-presidente para não fazer isso e aquilo. Para honrar os compromissos que o transformaram em sua maior liderança.

Nunca receberam muito mais do que promessas vazias. Ou recados pedindo paciência e apoio contra a “elite” e a “mídia golpista”. Nada tão claro quanto as cartas que são dirigidas aos que mandam na política e na economia.

Com Dilma, parece que se acabaram até os recados e as promessas vazias. Melhor assim. Menos papel desperdiçado. Mais oportunidades para priorizar a luta nas ruas. Deixar de freqüentar as longas e inúteis filas de espera nos saguões do poder.

AS PRIVATIZAÇÕES DE DILMA

As privatizações de Dilma

Em 13/05, várias entidades do movimento popular e sindical publicaram a “Carta à presidenta Dilma contra os leilões do petróleo e a privatização das hidrelétricas”. O documento queria o cancelamento dos leilões de petróleo previstos para 14 e 15 de maio.

Porém, os leilões foram realizados e 289 blocos de exploração de petróleo foram entregues ao setor privado. Renderam R$ 2,8 bilhões por reservas estimadas em mais de R$ 1 trilhão. São pelo menos 13,5 bilhões de barris à disposição de grandes exploradores de trabalho humano e do meio ambiente.

Mas o governo petista não se dedica apenas a privatizações escancaradas. As constantes e permanentes isenções fiscais para empresários representam uma privatização indireta de recursos públicos. O financiamento do MEC de vagas em universidades privadas é outro exemplo dessa prática. 

Já na Saúde Pública, a mais recente medida foi a criação da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares. A empresa é pública, mas de direito privado e contrata trabalhadores somente pela CLT. Começou a ser implantada nos hospitais universitários e já está fazendo estrago ao adotar critérios empresariais de gestão. O próximo passo é fazer o mesmo com os hospitais federais.

Não há proposta para atender clientes de planos de saúde na rede pública. Mas nem é preciso. O SUS já vem ampliando esse atendimento há muitos anos. Em 2012, foram mais de as 276 mil internações desse tipo, a um custo de R$ 537 milhões. Desse total, nem 100 bilhões foram reembolsados.

A carta dirigida a Dilma terminava assim: “Sem mais, aguardamos resposta”. A resposta veio sem meias palavras, mesmo para mau entendedor.