O BRASIL VAI ÁS RUAS
SE QUISERMOS MUDAR A INÉRCIA DO GDF,
NOSSA POPULAÇÃO
TAMBÉM TERÁ QUE DAR O SEU GRITO
(*)
Por Geraldo Oliveira: Proprietário do blog Vicente Pires Alerta.
O
Povo brasileiro finalmente acordou, exatamente no histórico mês de junho, do
ano da graça de 2013. Magnífico! Já não era sem tempo que as massas de nosso paísdemonstrassemmais
uma vez o tamanho de sua força.Tirando as cenas de vandalismo - deploráveis, as
recentes manifestações nos encheram de orgulho. Relembraram os idos tempos das
“Diretas Já” (1984), quando lutamos pela transição democrática. E também o
chamado “Movimento dos Caras Pintadas” (1992), que destronou o presidente
corrupto Fernando Collor de Mello.
Os
acontecimentos recentes, em que déspotas do oriente médio caíram, deram o norte
do que são capazes os povos globalizados e conectados. Mesmo onde ditaduras
duradouras existiam, pessoas morreram para extingui-las. É o que sempre cito em
meus textos: é inequívoca a força que temos, quando de fato nos unimos em torno
de um objetivo. No mês passado eu concluí minha coluna neste jornal dizendo que
“vale muito à pena sacrificarmos nossa zona de conforto por nossa cidade”.
Parecia até o prenúncio do que estaria por vir Brasil afora.
Quando
estamos insatisfeitos com quem nos governa, o caminho é esse e não há outro:
mudar o governante. E enquanto não é possível fazer isso - através do voto -
devemos mostrar a ele que estamos aqui: vigilantes, atentos emobilizados. Se
ficarmos quietos e sonolentos, como na maioria do tempo fazemos, ele não nos
perceberá. Fará o que quiser, sem nossa participação e a seu bel prazer. Os
gastos com a Copa do Mundo é o maior exemplo disso. Enquanto se vê dinheiro
público se esvaindo por esse “ralo” da Copa, os serviços básicos
constitucionais são esquecidos.
Assim
como chegou o limite do povo brasileiro, o nosso povo distrital também deveria
acordar, afinal nossos problemas locais também são sérios. O Distrito Federal
tem atravessado agruras terríveis no transporte público, na saúde, na educação,
na questão da mobilidade, entre outros, e tem sofrido imensamente em função da quase
total inação do atual governo. Por onde se olha, não se enxerga realizações, ou
algo que atenda à nossa expectativa.
Em
relação à saúde, cito como exemplo o fato de ter ido ao hospital de Ceilândia
em junho, para acompanhar uma pessoa idosa com dengue, e depois acompanhei
outra ao hospital do Guará, que estava com febre alta e fortemente gripada. Pasmem! A espera pelo atendimento chegou a 8 horas corridas
em cada caso. No hospital de Ceilândia, muitos pacientes desistiram e voltaram
para suas casas passando mal, febris e com muita dor. Os poucos (ou muitos) que
perseveraram, puseram-se a reclamar e até chamaram a TV Record, para denunciar
o fato.
A
explicação do hospital foi que havia apenas um médico clínico geral plantonista
atendendo. Às favas com tal explicação! Por que será que existe dinheiro para o
estádio candidato a “elefante branco” e não há para contratar médicos, com
salários justos e equipamentos médicos? A resposta,todos sabemos: falta de
priorização e de gestão. E esse exemplo também se aplica às outras demandas
públicas, que estão precárias e desprovidas de qualidade.
Aqui
em Vicente Pires temos tentado negociar com os órgãos do governo e com diversos
políticos para sermos atendidos em relação à falta de mobilidade, à questão do
esgoto a céu aberto, pequenas obras, à falta de transparência, entre outros
temas. Mas nada acontece. O cercamento de áreas para instalar equipamentos públicos
são outras importantes ações que estão faltando. Se cobrássemos com veemência,
talvez até já tivéssemos mais escolas públicas, postos de saúde ou até um
hospital. Sim! Afinal, temos projeto urbanístico e ele só não foi instalado
ainda, com todos os equipamentos públicos previstos, porque não perseguimos
esse objetivo no momento oportuno.
Os
novos condomínios, surgidos após a assinatura do Termo de Ajustamento e Conduta
- TAC de 2006 e Aditivo posterior (para recuperar áreas degradadas), correm o risco
de sofrerem consequências pelo desagravo ao TAC.Se eles não acordarem e
articularem sua defesa desde já, correm o risco de terem a mão de ferro do
Estado batendo à sua porta. Inclusive o Termo Aditivo ao
TAC (site do Ministério Público Federal) prevê explicitamente a retirada
imediata de edificações comerciais, coletivas e outras menores, que não sejam
moradias, mesmo antes da emissão da Licença de Instalação da Cidade. Após a
emissão da Licença, estão previstas as retiradas dos imóveis residenciais, em
especial os que estejam em desacordo com os projetos de urbanismo e ambiental
(EIA/RIMA).
O
Governo, é claro, não divulga isso. Alardeia que vai regularizar a cidade e que
tem 500 milhões para começar a regularização. E nós, pobres moradores
alienados, ficamos felizes com tal perspectiva, sem imaginar o desgaste que
virá. Temos tentado mobilizar nosso povo, mas infelizmente nossa associação
AMOVIPE, recém-criada, ainda é pequena, não possui recursos nem sede e não está
devidamente estruturada. A ARVIPS, que possui fama, sede e poder é quem deveria
de fato estar agindo. Mas tornou-se Governo. Não irá desagradar ao chefe.
Enquanto
não conseguimos engrossar nossas fileiras, com mais pessoas preocupadas com o
futuro, seguimos nós, líderes comunitários e imprensa, tentando negociar
pequenas obras e melhorias de serviços públicos. A luta principal e recheada de
pontos de interrogação – a da regularização, segue obscura e tramitando. Essa
sim, precisa participação massiva de moradores, sob pena de pagarmos caro por
continuarmos sonolentos.
Fizemos
muitas reuniões em relação a esse e outros temas que não surtiram o efeito
esperado. Até o fechamento desta edição, estava prevista uma reunião na
Secretaria de Habitação – SEDHAB, para cobrarmos transparência, divulgação de
projetos da regularização na Internet e audiências públicas. Essas reuniões são
muito importantes sob o ponto de vista do registro dos pleitos, pois advertem o
poder públicode que há pessoas preocupadas e vigilantes em relação aos seus
atos. Mas está provado que só reuniões não bastam. O grito ecoado por essa
linda multidão de jovens pelo Brasil é um belo exemplo do que pode estar
faltando por aqui.
Até
o próximo mês e um grande abraço.
(*) Geraldo Oliveira é blogueiro, servidor
de carreira da Câmara Legislativa e morador de Vicente Pires.
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