Foto do mapa - A sofrida Colônia
Agrícola Samambaia fica mais perto de Taguatinga do que de Vicente Pires
Foto do lixão - Entre a
entrada de Taguatinga e a sofrida Colônia Agrícola Samambaia, o maior lixão do
Distrito Federal
Wílon Wander Lopes (*)
Para falar sobre os problemas da Colônia Agrícola Samambaia onde moro e trabalho, atendendo a convite do polêmico e destemido editor deste jornal Conversa Informal,Gilberto Camargos, devo dizer, primeiro, como cheguei aqui na CAS.
Estou em Brasília desde 1959, morei na Cidade Livre e vim para Taguatinga em 1960. Conheço bem esta região onde está a Colônia Agrícola Samambaia, formada por chácaras da então chamada zona rural de Taguatinga, integrando o Cinturão Verde do DF.
Criado em cidade do interior, onde há espaço para quintal e até pomar, como não há áeas maiores de 300m2 em Taguatinga, tive que me mudar para o Park Way, do outro lado da EPTG, onde vivi por quase vinte anos. Incomodado com o grande movimento de carros que tomou o setor, a partir da implantação de Águas Claras, da divisão dos lotes originais em oito unidades, mais o adensamento populacional de Arniqueiras, resolvi voltar para Taguatinga, onde trabalho no JORNAL SATÉLITE, que fundei e dirijo há 49 anos.
Mineirão, procurei um local em Taguatinga que tivesse espaço para um grande quintal, pomar e área para respirar. Só encontrei áreas assim na Colônia Agrícola Samambaia, também chamada CAS. Comprei a casa, reformei e me mudei... e resolvi instalar, também na nova residência, a sede do JORNAL SATÉLITE, já que queria seguir a moderna, conveniente e confortável situação de trabalhar em casa. Assim, fugiria do estresse e das armadilhas do trânsito. Uma beleza!
Infelizmente, porém, logo depois, criaram a região administrativa de Vicente Pires – e eu, sem querer, sem poder opinar, me vi fora do território da minha Taguatinga. Aí começou o meu sofrimento, igual ao de milhares de outros moradores. Surgiam problemas e mais problemas fora das nossas casas, e não podíamos contar nem com a fraca Administração Regional de Vicente Pires, a que ficamos ligados, nem com a forte Administração de Taguatinga, da qual fomos tirados, e que ganhou o status de mais respeitada região administrativa do DF, em função do trabalho de suas lideranças.
Problemas? Quais? Começa que não há ligação física entre a Colônia Agrícola Samambaia e a antiga Colônia Agrícola Vicente Pires, que deu nome à nova RA, onde também tem sua sede. A propósito, para ir à longínqua sede da RA de Vicente Pires, temos que passar pela EPTG, muitas vezes interrompida a entrada, embaixo do viaduto Israel Pinheiro.
E aí, no meu entender, está uma clara e flagrante evidência de como o GDF tem tratado Vicente Pires. Sem ouvir nem a RA–XXX nem as lideranças comunitárias, o DER adotou ali uma malfadada “solução de prancheta” que a Administração de Vicente Pires e os líderes comunitários engoliram. Assim, para ir a Vicente Pires, temos que dar uma volta e tanto, até lá pelo Guará... Uma vergonha que mostra que não há gente que cuida da tal mal criada Região Administrativa de Vicente Pires!
Ou seja, estamos completamente abandonados pelos sucessivos governos e, por conseqüência, pelas autoridades públicas distritais. E quando o GDF vem, age como agiu o DER, numa atitude arbitrária de seus tecnocratas, sem levar em consideração as pessoas, muitas delas vindas da CAS, bem no horário do rush de trânsito mais intenso.
Assim, na nossa Colônia Agrícola Samambaia não temos delegacia de polícia, não temos posto de saúde, não temos qualquer serviço público distrital como têm todas as demais comunidades do DF.
E haja buracos, haja esgoto correndo na rua, ruas sujas, tomadas pelo lixo e entulho de obras, haja construção irregular, haja ocupações de áreas residências por atividades que incomodam muito os moradores.
Não cabe aqui – por falta de espaço – tratar de questões pontuais, que são muitas, as mais básicas. Até tentei ouvir alguns líderes comunitários daqui, mas todos estão desmotivados. Uma pena!
Há muita descrença, já que a nossa ex-Colônia Agrícola Samambaia perdeu até o nome para Vicente Pires, estando completamente condenada, pelo GDF, ao abandono. Tudo aqui tem que ser resolvido pelos moradores. E haja problema... E haja falta de governo... Em compensação, entre o viaduto de entrada de Taguatinga e a Colônia Agrícola Samambaia, temos o maior lixão do DF...
Por isso, cresce entre os moradores da CAS a vontade de voltar para Taguatinga, cuja RA sempre teve mais recursos e a cujo endereço estamos ligados pelos Correios – ou de se encetar campanha para que aqui também seja criada uma região administrativa própria. Em resumo: pelo abandono a que foi relegada, a Colônia Agrícola Samambaia não quer mais pertencer à RA de Vicente Pires!
Finalizando, clamo neste artigo: alô, alô, governantes do Distrito Federal. Aqui na CAS, perto de Taguatinga, longe de Vicente Pires, existe gente que paga imposto, que tem família, que é contribuinte e cidadão. Alô, alô, pessoal do GDF, estamos cansados de esperar. Nem a operação tapa-buraco passa por aqui. Por favor, governador Rollemberg, estamos esperançosos do cumprimento das suas promessas de campanha. Por enquanto, ao menos coloque a gente no mapa!
(*) Wílon Wander Lopes, advogado, jornalista e escritor, fundou e foi o primeiro presidente do Rotary Clube de Vicente Pires. Mora na Chácara 122, onde tem sede o seu JORNAL SATÉLITE.