Dados da verba quase que bilionária são do Sistema Integral de Gestão Governamental (Siggo), levantados pelo gabinete da deputada Arlete Sampaio (PT), em relação aos primeiros três anos do governo. Verba permitiria concluir a linha do metrô rumo ao Setor O, da Ceilândia, ou Expansão de Samambaia. Veracidade dos conteúdos das campanhas é igualmente questionada.
Por José Silva Jr, publicado orginalmente no semanário Brasília Capital
No dia 13 de maio, ao ser questionado pelo Brasília Capital sobre o investimento do Governo do Distrito Federal na campanha publicitária do túnel de Taguatinga, o secretário de Comunicação, Weligton Moraes (foto), respondeu:
“Toda a despesa de publicidade do GDF está no Portal da Transparência e no DODF. Diferente da época do governo Arruda (à época, Moraes também comandava a Secom), quando não era tornada pública. Principalmente as despesas com uma assessoria de imprensa contratada pela Caesb”. O presidente da Caesb era Fernando Leite, atual presidente da Novacap, que não se posicionou a respeito.
Na última semana, o Brasília Capital pesquisou no Portal da Transparência e no DODF. Ao contrário do que disse o titular da Secom, não foi localizada nenhuma prestação de contas dos gastos do governo com publicidade.
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O jornal, então, recorreu ao gabinete da deputada Arlete Sampaio (PT), que pesquisou no Sistema Integral de Gestão Governamental (Siggo). Embora não detalhe os gastos por campanha, o Siggo faz um apanhado das despesas como um todo.
A constatação: nos primeiros três anos da gestão Ibaneis Rocha, o GDF torrou R$ 731,7 milhões com propaganda. Mas a Secom não tem disponibilizado o balanço trimestral da verba com o carimbo de publicidade.
Planejamento flerta com o desperdício
Todo esse gasto foi feito enquanto a máquina pública quebra engrenagens importantes no campo social. Por exemplo, com o derretimento de um programa vital para famílias carentes, como é o caso dos Centros de Referência de Assistência Social (Cras). Ou seja, Ibaneis Rocha tenta, com a gastança em propaganda, esconder o que está malfeito no seu governo.
Só para divulgar as etapas do faraônico túnel de Taguatinga o GDF tem derramado dinheiro em todo tipo de mídia – painéis eletrônicos, outdoors, circuitos fechados de TVs em restaurantes e elevadores, blogs, além de rádios, emissoras de televisão e jornais.
O planejamento da Secom flerta com o desperdício de dinheiro público. A propaganda oficial investiu, por exemplo, em painéis e outdoors e outros veículos de comunicação da parte Norte do DF, em cidades como Paranoá, Lago Norte, Sobradinho e Planaltina para anunciar o túnel de Taguatinga. Ou seja, para informar um público que não será impactado pela obra.
Sociedade de Abastecimento de Brasília (SAB), rede de supermercados estatal desativada no governo de Cristovam Buarque, na década de 1990, desembolsou R$ 65 mil em gastos com anúncio em jornais, rádios e TVs.
Falida, SAB também anuncia
O escoamento do recurso público gasto com publicidade se faz por vários canais. Por exemplo: qual é o sentido de o Serviço de Limpeza Urbana (SLU) dispor de mais R$ 500 mil para publicidade. Durante a pandemia de covid-19, a empresa desembolsou R$ 280 mil para fazer propaganda.
Pior: o que a Sociedade de Abastecimento de Brasília (SAB), que está em vias de liquidação, desde o governo de Cristovam Buarque, na década de 1990, tem a oferecer ao público? Mesmo assim, a SAB desembolsou R$ 65 mil de verba com anúncio em jornais, rádios e TVs.
Em plena pandemia, o GDF mandou veicular campanhas de propaganda nas quais as pessoas em que nela aparecem não respeitam as normas legais de prevenção à Covid-19, notadamente sem usar máscaras protetoras.
R$ 133 milhões durante a pandemia
Durante a pandemia o GDF gastou R$ 133 milhões em publicidade sob várias rubricas. Menos com o que realmente interessava – a Secretaria de Saúde, que, de acordo com a tabela do Siggo, à qual o Brasília Capital teve acesso, não fez qualquer gasto com publicidade. Desde 2019, o governo gastou R$ 66 milhões em publicidade do Detran e do DER, Daria para construir 10 UPAs.
No início desse ano, Ibaneis encaminhou à Câmara Legislativa um pedido de incremento de R$ 85,74 milhões no orçamento da Secom. A bolada se somou aos R$ 73 milhões já previstos na Lei Orçamentária Anual (LOA) para a pasta.
Arlete resumiu o levantamento de seu gabinete sobre os gastos do GDF com propaganda: “Por esses dados fica evidente qual é a prioridade do governo. Com certeza não são as pessoas”.
Fonte: Brasília Capital
Autor: Chico Sant'Anna
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