quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

Onde você estava em 2003? - Jornal Conversa Informal 22 anos

    



    

    Essa é uma boa pergunta quando queremos pensar o passado dentro de determinada limitação, no caso, nos últimos 22 anos. Você já tinha nascido? Era casado e divorciou? Era divorciado e casou? Continuou casado ou solteiro? Viu parentes e amigos morrerem ou nascerem? Passou pela pandemia da forma que imaginou? Aumentou ou diminuiu o patrimônio? Mudou de endereço? Virou vegano? Se você é botafoguenses e tem menos de 29 anos, viu seu time ganhar a Libertadores e o Campeonato Brasileiro pela primeira vez!

 Alguns fatos foram marcantes de 2003 para cá, como a morte de Michael Jackson em 2009 ou o fiasco da seleção brasileira de futebol masculino na Copa de 2014. Mas e se falássemos de nosso bairro, uma vez que a maior parte dos residentes atuais de Vicente Pires não moravam aqui há 22 anos?


Em 2003 Vicente Pires já existia. Tinha outro nome: Colônia Agrícola Vicente Pires. Os endereços eram chácaras e não existiam ruas. Quer dizer, existia a Rua das Manilhas (rua 10), rua do Ranchão (rua 8), a primeira rua asfaltada (rua 3 entre rua 10 e Estrutural)... Pegávamos cartas na antiga sede da Arvips, localizada em frente à Escola Classe Vicente Pires, abaixo da Feira do Produtor. A Feira, aliás, ainda estava se moldando e não tinha metade do tamanho que tem hoje. Vendia praticamente frutiverles, diferentemente dos dias atuais em tem uma frente de capital mais ampla com produtos eletrônicos e bares com música ao vivo.


Em 2009, Após 20 anos administrada por Taguatinga, Vicente Pires foi emancipada e ganhou data de aniversário: 26 de maio. Passamos a ser a Região Administrativa XXX e vivemos muitas lutas desde então. Uma delas é a tentativa de sequestro da margem leste do Pistão Norte por parte de Taguatinga, que quer um Taguaparque para chamar de seu, não só no nome e sim na escritura.

Tivemos como governador, para falar apenas a partir de 2009, José Roberto Arruda, Rogério Rosso (mandato tampão após a Operação Caixa de Pandora derrubar Arruda), Agnelo Queiroz, Rodrigo Rollemberg, Ibaneis Rocha I e Ibaneis Rocha II – A Vingança. Em todos esses governos – e mesmo nos anteriores de Roriz – vimos o bairro crescer exponencialmente, primeiro de chácaras à condomínios horizontais e agora com os lotes comerciais abarcando prédios com mais de sete andares, contrariando o PDOT (Plano de Desenvolvimento e Ordenamento Territorial) e piorando consideravelmente a situação do trânsito e qualidade de vida dos moradores, com uma rede elétrica e de esgoto que não comporta a demanda.


Sobrevivemos à toda má sorte de administradores, vimos chegar o zebrinha, a UPA, mas até hoje temos apenas uma unidade básica de saúde e nenhuma escola pública de ensino médio ou praça com quadra esportiva. Os milharais e hortas deram lugar à nova classe média formada nos primeiros governos do PT, que conseguiu se abrigar mais perto do Plano Piloto ao tempo em que construiu churrasqueira e piscina com o dinheiro que teria que pagar pelo lote escriturado. Vimos a pororoca passar em frente ao condomínio – e alguns de nós no próprio quarto. Outrora engolidos por enxurradas, somos atacados por atacadões que forçaram a queda dos preços nos mercadinhos.


Como diz Roberto Carlos: são tantas emoções!


Nestes últimos 22 anos, nenhum outro veículo de comunicação acumulou mais material sobre o bairro do que o Jornal Conversa Informal. A pauta principal sempre foi a regularização, mas com espaço para piadas, receitas, manifestações religiosas e marketing, sim, porque sem “jabá” não teria nada disso. O jornal, claro, também mudou: passou a ter versão digital, mais páginas, ganhou em diversidade com a chegada de novos colunistas, acertou e errou em críticas – como qualquer jornal – e viu o público de leitores crescer, por mais que tenhamos uma geração de preguiçosos intelectuais que se educa por memes. Falta ao jornal mais dinâmica como um perfil em rede social, por exemplo, mas fazemos um trabalho de excelência com as poucas pessoas que temos.


Parabéns Conversa Informal e que venham outros 22 anos!


Rafael Ayan – Pedagogo, 

Assistente Social e Mestre em Educação.






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