Como a cidade se destacou nos últimos 4 anos
Obras e cuidados com a cidade marcaram o trabalho do governo durante os 4 anos. Em janeiro de 2019 Ibaneis Rocha assumiu o governo do Distrito Federal e deu continuidade às obras de infraestrutura iniciadas no governo anterior de Rodrigo Rollemberg.
A cidade tinha algumas ruas semiconstruídas, porém, estava com frentes de trabalho abertas na maioria das vias, o que dificultava sobremaneira a vida da população.
O compromisso de campanha do governador era de eleger os administradores regionais através dos votos da população, porém isso não aconteceu no DF e indicaram para administrador de Vicente Pires o Pastor Daniel de Castro que, embora morasse na região, até então não tinha atuações comunitárias na cidade.
Diretrizes urbanísticas – por que não são aplicadas?
Com a chegada do governo, havia uma expectativa da população de que a cidade fosse protegida, que fossem inibidos os abusos cometidos no passado, com a paralisação da construção de prédios irregulares, totalmente fora dos padrões aceitos e aprovados para a região, paralisação dos parcelamentos de área de equipamentos públicos nas chácaras inteiras, retirada de puxadinhos e rampas que adentram as calçadas e estacionamentos, prejudicando o direito de ir e vir dos moradores. Esperava-se, principalmente, que na questão das obras tudo fosse feito conforme os projetos perfeitos existentes.
Os projetos eram perfeitos. Mas foram alterados
Foi com muita euforia que a população viu o reiniciar das obras que até então vinham a passos lentos. Os projetos foram pensados de forma a contemplar todo o contexto urbano vigente e futuro, os quais foram feitos por especialistas, por lideranças e acompanhados por participação efetiva da população.
Todo esse planejamento visou atender tudo que a cidade precisava para os próximos 40 anos.
Dentre o que se planejou, previu-se a construção de galerias de águas pluviais, bacias de contenção e dissipadores, duplicação das principais vias para escoamento do trânsito já bastante caótico em 2019, construção de calçadas acessíveis, construção de estacionamento transversal em algumas ruas e linear em outras, construção de dois viadutos na Via Estrutural, duas pontes ligando Vicente Pires à Colônia Agrícola Samambaia, duas pontes fazendo a ligação para o Setor Jóquei Clube, entre outros.
Embora em obras, manchetes negativas sobre Vicente Pires persistiam Na temporada das chuvas que se iniciou em 2018 e adentrou 2019, Vicente Pires viralizou nas redes sociais, jornais e TV, de forma pejorativa, por estar repleta de buracos, lama, enxurradas invadindo casas e até morte pelos problemas estruturais. A cidade estava um caos e os moradores, em meio ao tormento, buscavam por qualquer apoio que lhes trouxesse alívio e um pouco de conforto, daí a grande expectava com o novo governo.
Para quem não tem nada, a metade é o dobro
Com a mídia batendo 24 horas sobre as condições vividas pelos moradores de Vicente Pires, o governo não tinha a opção de NÃO FAZER NADA, precisava intervir a qualquer custo. Então é que entra a política e, esperto como ninguém, o governo viu que a cidade era a única que tinha dinheiro liberado para a construção de todas as obras, projetos prontos e licitados, empresas escolhidas, contratos assinados e obras iniciadas e, claro, uma população que aceitaria qualquer coisa para sair do caos.
Obras midiáticas e promoção
Levando em consideração que Vicente Pires não reclamaria pelo que viesse, mas agradeceria pelo que ganhasse, o governo percebeu que o povo não sabia para onde ir, então, qualquer caminho servia. Aliando as estratégias e esperteza do governador, foi usada a infraestrutura em andamento para fazer promoções pessoais em vídeos e fotos, com publicações repetidas vezes por dia elogiando as obras e dando crédito ao atual mandato.
Esse foi o caminho usado pela administração, que não tendo participado do planejamento e projetos, pudesse se destacar de alguma forma. NEM FISCALIZAR a administração regional tinha prerrogativa, pois TUDO JÁ ESTAVA LICITADO, COM EMPRESAS CONTRATADAS E AS OBRAS EM ANDAMENTO, com fiscais oriundos da Secretaria de Obras já destacados.
Estratégia de persuasão e convencimento
Para não ter quem buscasse contradizer o que estava sendo feito, a administração criou vários grupos de WhatsApp, até mais de um por rua, onde poderiam participar apenas moradores ou aliados. Para não ter oposição, as verdadeiras lideranças de Vicente Pires foram excluídas dos grupos, ficando apenas como moradores nos grupos de sua rua.
Isso não bastava para avalizar e dar crédito ao que estava sendo feito, então, com apoio da administração regional se criou lideranças até então desconhecidas na cidade e até associação. Essas supostas lideranças surgiram a partir de aliados que, em troca de cargos públicos, repetissem apenas o que era dito pelo governo, secretarias do GDF e Administração.
Obras realizadas, mas com ressalvas
As obras tiveram continuidade durante os 4 anos, mas não da forma certa, não da forma como estavam nos projetos. A melhor estratégia para sua execução teria sido corrigir os eventuais problemas que surgiram, com aperfeiçoamento dos projetos e não com estreitamento de ruas, por exemplo. Com isso as ruas que deveriam ser duplicadas, passaram a ser simples. Os estacionamentos inexistiram e, somente quando os comerciantes se uniram para exigi-los, de fato tornaram-se realidade, em ruas específicas como a 4A, parte da 5 e a 12.
À exceção destas ruas, todas as calçadas foram feitas fora do lugar, sem acessibilidade e deixando tudo que tinha pelo caminho, como puxadinhos e rampas de prédios e entradas de condomínios. Viadutos e pontes foram reduzidos pela metade e apenas as obras de águas pluviais tiveram conclusão mais aproximada dos projetos, faltando, contudo, serem testadas em chuvas mais intensas.
Obras para reparação, controle urbano e mais gasto público
Por ter faltado qualidade, a pavimentação das vias e calçadas apresentaram problemas logo nos primeiros dias; ruas novas que nem foram inauguradas já estão como antigamente, cheias de remendos. Os edifícios, que deveriam ser controlados, tiveram “vista grossa” da fiscalização para continuar sendo construídos, pior do que ocorria antes.
Parcelamentos de áreas de equipamentos públicos reservados em documentos oficiais do governo passaram a receber até chancela dos órgãos que deveriam lutar para mantê-los. Tudo isso, em prol da defesa de interesses particulares, tanto é que as falas mudaram, ou seja, quem deveria ajudar a cidade, passou a divulgar que faria tudo para diminuir as áreas de equipamentos públicos, de 10% para 5% e aumentar a altura máxima permitidas para os edifícios, de térreo mais cinco, para dez andares...
Esse tipo de atitude favorece apenas parceladores que, hoje, estão vendendo, lucrando e amanhã vão embora, deixando a população a ver navios no concreto vicentepirense. Enquanto isso, nossa cidade vai ficando carente de áreas de convivência como praças, equipamentos públicos e vias realmente confortáveis, enquanto o caos no trânsito local se instala e tende a se agravar.
Em meio a tudo isso, tivemos duas cerejas no bolo - ganhamos uma UPA e uma ponte extra na marginal da Via Estrutural – que não estavam previstas no atual pacote de obras. Ambas são ainda uma tentativa tímida do governo em tentar contornar os desacertos de urbanização e conduta que prevaleceram nos últimos 4 anos, mas há muito o que melhorar a partir de 2023. Vamos cobrar!
Por: Gilberto Camargos.
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