quinta-feira, 27 de abril de 2023

Desarmonização urbana em Vicente Pires


 



Precisamos corrigir o que está errado, em busca de qualidade de vida  

Está muito na moda atualmente a harmonização facial - um conjunto de intervenções estéticas e até cirúrgicas realizadas com o objetivo de deixar o rosto em harmonia, mais bonito, de forma mais simétrica e principalmente melhorar a autoestima e a saúde.  

Para alcançar tal perfeição, diversos procedimentos podem ser aplicados. A primeira coisa é saber quais os pontos merecem tal intervenção, então, deve-se fazer uma avaliação de profissionais capacitados da área, que podem ser o cirurgião plástico, o dermatologista ou outro especialista. 

O que é a Desarmonização Facial? 

A desarmonização facial consiste em tirar a harmonia, ou seja, deixar o rosto estranho e com aspecto não natural. Nela, retira-se a característica natural de cada pessoa, deixando-a sem autoestima, doente e sem vontade de viver. Esse problema da desarmonização é vivenciado no dia a dia, em que pessoas lindas, famosas e quase perfeitas resolvem fazer harmonização e acabam prejudicadas com sua aparência – o que se constitui numa verdadeira agressão a seu corpo. 

E numa cidade, como se faria uma harmonização perfeita e funcional? 

Em Vicente Pires, as verdadeiras lideranças, que são profissionais capacitados e profundos conhecedores do que precisa ser feito, propuseram fazer a harmonização local, que estava feia, sem autoestima e sem vida. Para isso, planejaram junto com os melhores profissionais urbanistas os estudos necessários, detalhando todos as imperfeições existentes, através de projetos perfeitos, que dariam uma nova cara ao traçado as vias, dos logradouros, em busca da harmonização tão sonhada por todos, em que se pretendia privilegiar a qualidade de vida.  

Todo o planejamento foi feito observando-se a boa técnica, para deixar a região linda, organizada e harmonizada - até o dinheiro para todas as cirurgias as verdadeiras lideranças conseguiram, porém entrou no governo um cirurgião SEM CAPACITAÇÃO PARA FAZER AS INTERVENÇÕES CIRÚRGICAS PROPOSTAS. 

Com o cirurgião incompetente à frente, os demais assistentes trazidos para a sala cirúrgica conhecida como Administração, também não eram capacitados e tinham apenas o objetivo de SE PASSAREM por bons profissionais. Porque eles não amavam a paciente e não se preocupavam com o resultado das cirurgias, mas somente com suas promoções pessoais. 

Hoje, com mais ou menos 10 anos na sala de cirurgia, Vicente Pires apresenta graves erros de intervenções desastrosas, através dos problemas detectados na execução das obras de urbanização e harmonização geral. 

São elas: 

- Alterações graves dos projetos originais que comprometeram a qualidade de vida desta e das futuras gerações; 

- Pontes e calçadas sumiram dos projetos, transformando o trânsito em caos diário; 

- Vias deixaram de ser duplicadas ou alargadas para dar espaço a calçadas grandes demais, fora dos padrões e espaços para puxadinhos; 

- Fora dos padrões propostos, a cidade ficou sem vagas de estacionamento na superfície; 

- Os serviços são de péssima qualidade e ninguém cobra a garantia das empresas; 

- O comércio e os moradores ficaram prejudicados, pois a vista grossa feita por todos do governo, deixa surgir edifícios TOTALMENTE FORA DOS PADRÕES, sem vagas de garagem em todos os lugares. 

As más intervenções urbanas poderão ser irreversíveis – como na cirurgia estética 

Vicente Pires passou por obras de urbanização e está em fase final, uma harmonização que, a princípio, nos encheu de esperança, pois deveria ser para melhorar nossa estética urbana e qualidade de vida. Os projetos datam de 2007, porém os estudos de impacto de trânsito, de adensamento populacional, ambiental e outros estavam totalmente atualizados para a realidade que viveremos em 2035. Em 2007 não existiam prédios como agora e a população era de aproximadamente 50 mil pessoas. Hoje, existem mais de 130 mil habitantes na região, com potencial para dobrar esse quantitativo em curtíssimo prazo levando em consideração que aqui cada um faz o que quer e como bem entende, basta para isso, até que se prove o contrário, MOLHAR A MÃO DE ALGUÉM no principal órgão fiscalizatório do governo.  

Desde que o atual cirurgião chefe assumiu o hospital de harmonização geral, sua clínica assistente - a Administração Regional, foi integrada por profissionais não capacitados para a instrumentação cirúrgica e, hoje, existe um crescimento desordenado de prédios por toda a cidade, coisa nunca vista com tamanha intensidade nos governos anteriores.  

Hoje há cerca de 740 projeções de edifícios em construção, outros já concluídos e ainda não habitados, sem vagas suficientes de garagem e que não obedecem às Diretrizes Urbanísticas Específicas - DIUPE da região. Assim, a desarmonização se acentua cada vez mais. 

Por este motivo, mesmo saindo da sala de cirurgia, a cidade precisará ser refeita assim que esses não profissionais saírem do hospital. Os projetos da obra de urbanização necessitarão ser aperfeiçoados, voltando aos originais, para se adequarem a essa realidade perigosa de crescimento desordenado, que põe em risco a qualidade de vida desta e das futuras gerações. 

Em face deste prejuízo vivenciado pela população, em que o Estado investiu recursos de grande vulto sem o devido cuidado, “desadequando” os projetos feitos para a realidade da cidade, há necessidade de adotarmos medidas drásticas, para defendermos a região. 

Medidas agora são necessárias, para tentar atenuar a desarmonização  

APÓS ESGOTADAS as tentativas de negociação com a Secretaria de Obras e Administração Regional,  em que nossas sugestões para atualização dos projetos não foram consideradas, a AMOVIPE, em defesa da coletividade, entrará com mais uma ação judicial no TJDFT e já protocolou Requerimentos junto ao TCDF e Ministério Público, para que os envolvidos nessa desarmonização geral de Vicente Pires sejam processados por improbidade – ou imperícia, nos quais está sendo exigido que o Governo de Brasília faça um estudo profundo para aperfeiçoamento dos projetos modificados para pior, voltando aos originais, com a correção dos erros cirúrgicos gravemente ocorridos.  Não dá para se promover em cima da qualidade de vida das pessoas e é inaceitável que se continuem a fazer alterações prejudiciais, como por exemplo, a exclusão da construção de pontes e a duplicação de vias. 

As obras, ao invés de melhorar, estão prejudicando a capacidade de fluidez do tráfego interno. Somando-se a isso, a forma como estão sendo projetados o asfalto definitivo e as calçadas, sendo estas feitas ao lado dos meios-fios, atrapalha instalar estacionamentos para atender o grande contingente de veículos que cresce vertiginosamente e já virou um caos viário - isso sem falar da falta de acessibilidade, mesmo com calçadas novas em todas as ruas. Se está assim agora, imagina quando todos os prédios estiverem ocupados pelo comércio e por habitantes. 

É chegada a hora de a população reagir para buscar a verdadeira harmonização urbana! 

Não podemos continuar silentes e omissos diante das consequências que estão presentes, as quais só irão piorar. 

Um bom exemplo de como nossa omissão poderá ser nefasta para todos é o caso do Viaduto Israel Pinheiro: se todos nós estivéssemos atentos na época de sua construção, ele não seria o “monstro” ineficiente de hoje. Poderíamos ter cobrado, por exemplo, que ele fosse edificado no padrão “tesourinha” do Plano Piloto, sem semáforos, pois ao seu lado já existia uma cidade com aproximadamente 60 mil pessoas, com crescimento populacional alarmante, que necessitava de um melhor projeto. Como nos calamos à época, a obra foi feita prejudicando nossa região e o problema está aí para ser enfrentado, cuja solução demandará o dispêndio de milhões de reais. 

OUTRA MOTIVAÇÃO para impetrarmos ações judiciais para adequação e voltar aos projetos originais, refazê-los, melhorando ainda mais: a desarmonização total de Vicente Pires está se mostrando algo gravíssimo neste momento, com a execução das obras de “desurbanização” e vai piorar mais ainda, pois, a pedido do governo, a Secretaria de Obras está excluindo pontes de ligação importantes dos bairros, mantendo o estreitamento de vias para beneficiar prédios e puxadinhos, entre outras alterações.

Poucos estão vendo o que está acontecendo e irão pagar caro depois, pois, a pressão de alguns poucos moradores, apoiados por algumas associações e lideranças que só enxergam suas vantagens pessoais, convenceu o governo a ajustar as obras de acordo com esses interesses setoriais, em total prejuízo à coletividade.  Em razão disso, pelo menos uma ponte ligando Vicente Pires ao Setor Jóquei e duas, ligando Vicente Pires à Colônia Agrícola Samambaia sumirão do projeto, isso sem falar do Viaduto da Estrutural que corre risco de não mais existir e não interligar bairros como Cana do Reino e 26 e Setembro, que já são realidade. E olha que eles fazem parte formalmente de nossa poligonal, segundo o PDOT – Plano Diretor de Ordenamento Territorial. 

Algumas avenidas que seriam duplicadas também se tornaram vias simples, para preservar o interesse de puxadinhos do comércio, rampas de edifícios, jardins e outros interesses particulares.  As calçadas foram reprojetadas para serem construídas ao lado do asfalto, quando poderiam ser vizinhas aos lotes, para ser possível construir estacionamentos junto do asfalto. Aí, o que ocorreu e continua ocorrendo: as pessoas pediram às empreiteiras para rebaixar os meios-fios, para poderem estacionar os carros sobre as calçadas e as empresas estão atendendo com aprovação dos gestores da obra, ou seja, com isso, as calçadas sumiram e os pedestres e cadeirantes ficaram sem opção de se locomover. QUE DEUS OS LIVRE, MAS MUITOS DESSES QUE DESTRUIRAM AS CALÇADAS AINDA PODERÃO VER SEUS FAMILIARES SEREM ATROPELADOS... talvez até seus filhos, crianças... 

Um cirurgião/governo/secretários/administradores equivocados em mudar projetos, não fazem adequações para melhorar, mas sim para piorar; não fiscalizando as obras adequadamente, fazendo REMENDOS em obras com garantias, para beneficiar empresas, abandonando ruas e condomínios, onde as empresas entraram, estragam instalações internas, rebaixam vias sem necessidades, fazem obras sem qualidade, deixando os moradores enfrentando problemas diários, sendo que TODAS AS OBRAS novas já estão se deteriorando, com poças d’água e cedendo a superfície, por deficiência na qualidade. 

A pergunta que não quer calar: por que a obra pública de harmonização e infraestrutura não leva em conta o crescimento vertical? 

Para corrigir essa situação fática, gravíssima, a primeira coisa a se fazer deveria ser uma intervenção geral na cidade, uma espécie de PAROU GERAL, PARA REPLANEJAMENTO. Primeiro com fiscalização real e embargos de tudo que estiver em desacordo com as normas urbanas, para que se resgate o que estiver em desacordo e todos se adequem, inclusive a obra pública. Depois, as áreas públicas já reservadas oficialmente, deveriam ser cercadas, muradas e emplaquetadas, com ampla fiscalização, devendo-se o poder público já começar a instalar os órgãos públicos nelas. Quem desobedecer e parcelar esses espaços, deverá sofrer os rigores da Lei. Por fim, após se controlar a desordem, tudo tenderia a se harmonizar. 

O FATO É QUE, agora com tudo pronto, todos ESTAMOS lamentando, assim como fazemos hoje em relação ao Viaduto Israel Pinheiro. Se nada for feito, vai piorar ainda mais. Infelizmente é esse o PRESENTE DE VICENTE PIRES e o pior que se projeta para o futuro. Com isso, nossos imóveis tenderão a se desvalorizar, caso esse caos anunciado seja concretizado. 

ESTAS SÃO AS RAZÕES QUE JUSTIFICAM ENTRARMOS NA JUSTIÇA, NO TCDF E NO MINISTÉRIO PÚBLICO, PARA ADEQUAÇÃO DAS OBRAS DE URBANIZAÇÃO ATUAIS À REALIDADE DE VICENTE PIRES.  

POR GILBERTO CAMARGOS 

Presidente da AMOVIPE.

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