segunda-feira, 2 de outubro de 2023

Como uma cidade maravilhosa foi destruída em 5 anos, gastando-se mais de 700 milhões.


URBANIZAÇÃO PROJETADA PARA SER SONHO É HOJE UM PESADELO

Parece estranho dizer isso tendo havido obras novas por aqui, mas saiba como uma cidade maravilhosa foi destruída em 5 anos, gastando-se mais de 700 milhões.

Tudo é um jogo de poder


Para ser nomeado administrador regional você não precisa ser liderança, não precisa ter feito nada e nenhuma defesa da cidade, basta que você tenha um padrinho político ou, no caso de Vicente Pires, uma madrinha, que passe por cima de tudo, inclusive da história das lideranças comunitárias.


Uma vez nomeado e tendo apoio político geral, você consegue indicar todos os seus cabos eleitorais nos cargos públicos, amigos da campanha política e aqueles que você acha que irão te defender. Os indicados normalmente não servem ao público, mas são excelentes para promover o chefe e ganhar o dinheiro suado dos impostos do cidadão.


Com a devida estratégia política, já no cargo oficial, você pode criar grupos oficiais nas redes sociais, um por rua e colocar seus indicados para administrá-los, cujo trabalho inclui a desqualificação das verdadeiras lideranças comunitárias, especialmente aquelas que têm histórico de lutas.


Uma vez dominando tudo, não precisa você saber administrar, basta somente controlar a todos com uma rede social forte, transformar-se em garoto propaganda e enviar vários vídeos por dia dizendo que a cidade está perfeita.  Quando alguém discorda e mostra a verdade, basta você espalhar que essa pessoa é do contra, tendo por prazer apenas denegrir a cidade.


Pronto! Agora você pode mudar os projetos da região, transformar tudo para a forma que você acha que está bom, por exemplo: ruas que seriam duplicadas você não vê problema que se tornem simples, as calçadas que seriam de um metro e meio você acha legal que sejam aumentadas para 3 metros. Daí você pensa: calçadas largas é melhor mesmo, o trânsito é “pequeno”, então, para que fazer pista dupla?


Tendo calçadas largas, é recomendável, então, você deixar uma faixa entre a divisa do imóvel e a calçada, assim os proprietários poderão fazer seus puxadinhos à vontade e você ficará bem politicamente. As ruas ficarem sem estacionamento e os veículos estacionando nas calçadas, tirando a acessibilidade, também não é um problema. Depois se resolve isso!


Também não importa se as ruas simples causam grandes engarrafamentos, isso você contorna nas publicidades diárias, basta ser bem convincente. Sendo um político habilidoso, você também dá um jeito de fazer apenas obras que te dão retorno político rápido e mensurável. 


Por exemplo: obras grandes já projetadas e licitadas como as do viaduto da via Estrutural, das pontes do Jóquei, da ponte da rua 1 da CAS, da pavimentação de grandes avenidas como a da Misericórdia e outras, uma vez não realizadas, podem servir para coleta de dividendo político-eleitoral futuro. Afinal, estando os projetos prontos e com dinheiro no caixa, se ocorrem em outra época, você pode dizer que foi você que as conseguiu.


Feito isso, depois de milhares de vídeos, basta você se candidatar e ser eleito, aí você triplica seus indicados em vários órgãos do governo e aumenta ao cubo tudo aquilo que você fez como administrador.


Histórico das obras de Vicente Pires: tudo poderia ser melhor


Vicente Pires passou por obras de urbanização que nos encheram de esperança de melhorar nossa qualidade de vida, porém os projetos perfeitos foram alterados para pior. Citamos a seguir alguns exemplos:


1. Alterações de projetos que comprometem a qualidade de vida desta e das futuras gerações;

2. Pontes e calçadas sumiram;


3. Vias deixaram de ser duplicadas ou alargadas;


4. Poucas vagas de estacionamento na superfície;


5. Serviços são de péssima qualidade e mesmo assim há apoio integral às empreiteiras;


6. Garantias das obras deixaram de ser exigidas.


Lideranças sérias até tentaram mudar esse quadro, mas as tentativas de negociação com a Secretaria de Obras e com a Administração Regional foram infrutíferas.


Em vez de ouvirem quem realmente luta e conhece a região, como exemplo a AMOVIPE e outras lideranças sérias, tornou-se mais vantajoso dar cargos para algumas supostas lideranças, criadas artificialmente que, claro, não irão apontar o dedo para erros, porque o que interessa é o salário.


Um exemplo do que a AMOVIPE denunciou e NADA FOI CONSIDERADO foi o asfalto definitivo ter sido feito como vemos agora – frágil e com vias simples. Outro foi as calçadas terem sido feitas ao lado dos meios-fios, aliando-se à sua falta de acessibilidade, obrigando pedestres e cadeirantes a andarem na rua.


Constata-se hoje que a Associação estava certa, não é possível instalar estacionamentos para atender a todo o contingente de veículos, que cresceu com a chegada dos prédios sem garagem. Como diz a velha Lei de Murphy, um erro previsto pode realmente tornar-se realidade, gerando outras consequências.  


Então, vê-se hoje em Vicente Pires um caos viário que só cresce, com aumento exponencial e desenfreado de prédios irregulares, que não têm garagem. Por sua vez os carros oriundos dos prédios procuram estacionamentos na obra pública que, por ter sido imperfeita, não atende ao contingente.


Quando a administração e o governo preferiram não ouvir a voz da AMOVIPE, que pensa o tempo todo no coletivo, as avenidas acabaram por ser simples em vez de duplicadas. Isso ocorreu para atender aos puxadinhos do comércio e para favorecer rampas de edifícios, jardins e outros interesses particulares.  


Outra realidade nefasta das obras: as pessoas pediram às empreiteiras para rebaixar os meios-fios e foram atendidas, sob o olhar complacente da fiscalização. Daí, as calçadas viraram estacionamentos e os pedestres e cadeirantes ficaram sem opção de se locomover.


Agora que tudo está ficando pronto sob o olhar de quem administrou, conclui-se que foram gastos mais de 700 milhões a troco de um legado aparentemente benéfico, mas que sabemos ser ruim. Para consertá-lo, somente com mais gasto público oriundo, claro, do suado dinheiro do contribuinte.


Por Gilberto Camargos




Nenhum comentário:

Postar um comentário